quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Tratamento com anticorpos pode conferir imunidade instantânea contra covid-19

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Investigadores britânicos estão a testar um novo medicamento que, a cumprir as expectativas, será capaz de impedir que uma pessoa exposta ao coronavírus desenvolva a Covid-19

Imagine-se o cenário: um elemento do agregado familiar fica infectado. Apesar dos numerosos casos destes que não resultam no contágio de todos os elementos da casa, este é, sem dúvida um contacto de alto risco. E se um medicamento puder garantir que não ficam infectados? E se puder ser aplicado para travar surtos em hospitais, lares, residências universitárias? É este o plano de um grupo de cientistas britânicos que está a testar tratamento que pode impedir alguém que esteve exposto ao SARS-CoV-2 de desenvolver a doença.

Trata-se de um cocktail de anticorpos monoclonais (não os produzidos pelo organismo de um infetado mas sim em laboratório) que, a resultar, conferirá uma espécie de imunidade instantânea para ser usada como tratamento de emergência (válido para uma exposição nos oito dias anteriores) e que poderá prolongar-se durante seis a 12 meses.

O medicamento foi desenvolvido pela University College London Hospitals NHS Foundation Trust (UCLH) e pela empresa AstraZeneca, a mesma farmacêutica responsável pela produção de uma das vacina contra a Covid-19, em parceria com a Universidade de Oxford.

Se pudermos provar que este tratamento funciona e impede pessoas expostas ao vírus de desenvolver a Covid-19 será um acréscimo entusiasmante ao arsenal de armas que está a ser desenvolvido para combater este vírus

Catherine Houlihan , virologista

A proteção imediata que os investigadores esperam obter com esta terapia teria um papel fundamental da redução do impacto do vírus até à imunização pela vacina em números suficientes para se garantir a imunidade de grupo. Se for aprovada, poderá estar disponível já em março ou abril.

“A vantagem deste medicamento é que confere anticorpos imediatos”, sublinha Catherina Houlihan, virologista da UCLH, que usa o exemplo dos participantes nos ensaios clínicos, que foram expostos ao vírus. “Podíamos dizer-lhes que sim, que podem levar a vacina. Mas não podíamos dizer-lhes que esta os protegeria da doença porque seria demasiado tarde”, explica.

A melhor perspectiva? Salvar vidas, claro. Muitas, espera Paul Hunter, infecctologista e professor de medicina da Universidade de East Anglia. “Se estivermos a lidar com surtos em locais como lares de idosos, ou se tivermos pacientes em risco de ter uma versão grave da Covid, como os mais idosos, isto pode muito bem salvar muitas vidas.”

E continua, citado pelo The Guardian: “Se tivermos um surto num lar, podemos usar esta espécie de cocktails de anticorpos para controlar o surto o mais rapidamente possível, administrando o medicamento a todos, residentes e funcionários, que não foram vacinados. Da mesma forma, quem viver com a avó e fica infectado, pode dar-lhe este medicamento para a proteger.”

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