Quem quer se manter atualizado sobre o mercado chinês, precisa ir pelo a menos uma das feiras mais importantes que ocorrem no país, quase todas concentradas em Beijing, Shanghai, Yiwu, Shenzen, Guangzhou e Hong Kong. Há feiras ótimas também em Harbin, Chengdu, Nanjing, e até em Haikou, capital da ilha de Hainan, no extremo sul da China – onde funciona o centro de comercialização para produtos agrícolas tropicais internacionais, inaugurado há dois anos, e onde houve, de 18 a 20 de dezembro, a Feira Internacional de Inverno para Produtos Agrícolas Tropicais.
Uma das feiras mais significativas é a "China Industrial Internacional Fair", com a sua 23ª edição programada para 14 a 18 de setembro de 2021, no Centro Nacional de Exposições e Convenções (NECC), em Shanghai. Nesse mesmo local, de 5 a 10 de novembro, haverá a quarta edição da já importante Feira de Importação da China (CIIE), aposta governamental para aumentar as compras do mundo com menos intermediação e maior quantidade de fornecedores. E provavelmente no final de novembro, a 13ª edição da atrativa Feira de Investimentos no Exterior, em Beijing.
Há muitos outros bons motivos para voltar à China no próximo ano, a começar pelo fato de que o governo chinês anunciou há pouco ter tirado da pobreza e incorporado na economia real mais de 700 milhões de pessoas no total nos últimos 40 anos – nesse período, o país saiu da condição de economia menor do que a da Argentina, para a de maior do mundo (pela paridade do poder de compra), com avanços tão formidáveis em quase todas as áreas que ficou cansativo relacionar uma por uma. Outra boa notícia, de 15 de novembro, foi a assinatura do acordo de Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), liderada pela China e integrada pelo Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Vietnã, Indonésia, Filipinas, e demais países participantes da Asean.
Quem se assustou com o megaprojeto chinês de logística mundial "Cinturão e Rota", inaugurado em 2015, e desde então integrando progressivamente os países da Ásia Central à Europa e à China, e por extensão à Coreia do Sul, Japão, Chile, Peru, Equador etc com o RCEP passa a ter a certeza de que o século 21 será – é – da Ásia/China. E a articulação interna dessa ofensiva comercial e de conectividade da China no mundo é expressa agora pelo seu 14º Plano Quinquenal (2021-2025).
Sempre que se comenta no Brasil sobre os planos quinquenais chineses, as pessoas se espantam – primeiro, porque planejam assim desde a década de 1950; segundo, porque são planejamentos de Estado, e não de governos; e, principalmente, porque eles executam o que planejam, e com frequência atingem a maioria das metas propostas. Detalhe: os planos nacionais são quinquenais, mas os de alguns setores vão mais longe, como, por exemplo, o de Ciência, Tecnologia e Inovação, que trabalha com horizonte de três décadas. Realmente, não é fácil aceitar que um país maior do que o Brasil, com 1,4 bilhão de pessoas, e segunda maior economia do mundo pela paridade cambial, planeje cinco anos de todas as áreas e consiga realizar as grandes questões planejadas.
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