Coronavírus
ONU defende renda básica para um terço do planeta
Nações Unidas temem que pandemia mate mais de 1,6
milhão em países em desenvolvimento e defende US$ 200 bilhões para que
mais vulneráveis possam ficar em casa. "Tempos sem precedentes exigem
medidas sem precedentes".
Para impedir o avanço do coronavírus, a Organização das Nações Unidas
(ONU) propôs nesta quinta-feira (23/07) a introdução imediata e urgente
de uma renda básica temporária para cerca de 2,7 bilhões de pessoas, de
132 países, que vivem abaixo ou muito perto da linha de pobreza.
De
acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), a medida permitiria que cerca de um terço da
população mundial ficasse em casa. Segundo projeções da ONU, o
coronavírus pode matar 1,67 milhão de pessoas em 30 países em
desenvolvimento.
A entidade estima que a medida custaria US$ 199
bilhões por mês e possibilitaria que cerca de um terço da população
mundial aderisse às medidas de confinamento. Em países em
desenvolvimento, sete em cada dez trabalhadores atuam no mercado
informal e, portanto, não podem ficar em casa.
"Tempos sem
precedentes exigem medidas sociais e econômicas sem precedentes. A
introdução de uma renda básica temporária para as pessoas mais pobres do
mundo surgiu como uma opção. Isso poderia parecer impossível há alguns
meses", disse o chefe da PNUD, o teuto-brasileiro Achim Steiner.
De
acordo com a entidade, uma renda básica temporária é financeiramente
possível. Por exemplo: um auxílio de seis meses exigiria apenas 12% da
resposta financeira total à covid-19 esperada para 2020, ou o
equivalente a um terço do que os países em desenvolvimento devem ao
exterior.
As economias em desenvolvimento e emergentes gastarão
US$ 3,1 trilhões em pagamento de dívidas este ano, segundo dados
oficiais. Uma paralisação abrangente da dívida para todos os países em
desenvolvimento permitiria que os países redirecionassem temporariamente
esses fundos em medidas de emergência para combater os efeitos da
crise.
Em abril, o G20 , grupo das principais economias do mundo,
concordou em suspender o pagamento da dívida dos países mais pobres do
mundo até o final do ano. No entanto, o secretário-geral da ONU, Antonio
Guterres, pediu que o alívio da dívida fosse oferecido a todos os
países em desenvolvimento e de renda média, o que ainda não foi acatado.
O
relatório também destaca que com mais de 100 milhões de pessoas sendo
empurradas para a pobreza extrema em 2020, 1,4 bilhão de crianças
afetadas pelo fechamento de escolas e com o desemprego recorde, o
desenvolvimento humano global deve declinar pela primeira vez desde que o
conceito foi introduzido.
O estudo aponta que vários países já
optaram por ações na linha sugerida pela entidade. A Espanha, por
exemplo, aprovou em junho uma renda vital mínima que beneficia centenas
de milhares de famílias. Com bem menos recursos, o Togo colocou em
andamento um programa de ajuda para 12% da população.
Muitos
outros países decidiram estender os benefícios já oferecidos por seus
sistemas de proteção social. A medida frequentemente entra em choque com
o problema de que muitos dos cidadãos mais vulneráveis estão fora
desses sistemas, já que são, por exemplo, trabalhadores informais,
imigrantes não remunerados ou irregulares.
"Acreditamos que,
neste momento, os aspectos pandêmicos, socioeconômicos e de saúde devem
ser reunidos e que essa é uma ferramenta que pode ser útil para impedir a
propagação do vírus", explicou George Gray Molina, um dos autores da
relatório.
Molina enfatizou que um dos fatores pelos quais a
covid-19 continua a ganhar terreno é o fato de muitos trabalhadores
serem forçados a continuar com suas atividades para sobreviver e, assim,
se exporem ao contágio repetidamente.
Em todo o mundo, já foram
registrados mais de 15 milhões de casos de covid-19 e mais de 620 mil
mortes em decorrência da doença, segundo dados da universidade americana
Johns Hopkins.
LE/afp, efe, rtrs, ots
______________
Nenhum comentário:
Postar um comentário