Redação do Diário da Saúde
Argumentos anticonsumistas têm efeitos surpreendentes sobre os consumidores.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
Escolhas versus normas sociais
Há coisas que parecem ser opções, mas também parecem ser ordens
culturalmente fixadas: Pense em situações como ter muitos filhos em
alguns países da África, ou consumir demais nos países ocidentais.
De fato, pesquisadores estão demonstrando que, em vez de "escolhas",
questões como esses dois exemplos não são preferências pessoais, mas
normas sociais às quais as pessoas aderem subconscientemente.
E mudanças nesses padrões - consumir menos do que seus amigos e
vizinhos ou ter menos filhos do que costumava acontecer na sua família -
aumentam a felicidade média na sociedade.
Esta é a conclusão de Scott Barrett e um grande grupo de
pesquisadores de várias universidades da Europa e EUA e das Nações
Unidas.
"Todo mundo tem o direito de escolher livremente. Assim, parece que
há pouco que se possa fazer sobre esses assuntos," comentou o professor
Marten Scheffer, da Universidade de Wageningen (Países Baixos). "No
entanto, existe uma alternativa sustentável que, talvez
surpreendentemente, aumentaria o bem-estar da grande maioria. Muitas
pessoas sentem intuitivamente que esse poderia ser o caso, mas elevar o
nível da discussão sobre questões como consumo e crescimento
populacional, passando da conversa fútil infundada para ideias
fundamentadas que sugiram soluções, é um desafio."
Pressão social subconsciente
O trabalho demonstra que muitas preferências aparentes surgem da pressão social percebida subconscientemente.
Por exemplo, uma pesquisa realizada entre dois grupos religiosos
diferentes em Bangladesh mostrou que as mulheres tendem a querer o
número de filhos que é a norma em seu grupo, e não o do outro grupo. As
preferências são "contagiosas", o que pode levar a população a continuar
tendo muitos filhos, mesmo que famílias menores tornem suas vidas
significativamente mais confortáveis.
Os padrões de consumo nos países ricos mostram uma dinâmica
semelhante. As pessoas tendem a se comparar aos outros em seus ganhos
materiais, como moradia, roupas e veículos. No entanto, um desejo menor
de comprar produtos caros gera espaço para empreendimentos sociais, como
passeios com amigos e outras coisas que promovem uma sensação de
bem-estar.
Outras pesquisas indicam que uma família menor leva a uma redução da pobreza em grande parte do mundo.
O dinheiro pode não comprar felicidade, mas a pobreza impede que ela venha.
[Imagem: Princeton University]
[Imagem: Princeton University]
Mudança de padrões de consumo
Mas como iniciar uma mudança em larga escala em relação ao
comportamento que possa contribuir para uma qualidade de vida mais
sustentável e melhor?
Pesquisas mostram que educar as mulheres tem um efeito significativo
no desejo de ter filhos. No quesito consumo, por sua vez, a influência
das mídias sociais, mídias tradicionais e modelos de comportamento nas
normas comportamentais é enorme.
"O fato de atitudes e práticas humanas serem incorporadas socialmente
sugere que é possível que as pessoas reduzam suas taxas de fertilidade e
demandas de consumo sem experimentar uma perda no bem-estar," concluem
os autores.
Coronavírus: hora de refletir?
Scheffer também identificou outra possibilidade de ação: "Nossa
publicação aparece em um momento em que tudo se tornou fluido devido ao
coronavírus. Um drama global obviamente. Mas um aspecto é que muitos de
nós foram subitamente colocados em uma posição em que temos mais tempo
para nós mesmos e para nossas famílias. Estamos dando um passo atrás nas
viagens, na compra de objetos e todo tipo de outras coisas."
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