A
queda do Brasil será, inclusive, maior que a do restante da América
Latina e Caribe, e a retomada do país também será em ritmo mais lento na
comparação regional.Os países latino-americanos terão queda de
5,2% no PIB deste ano e recuperação de 3,4% -enquanto o Brasil deve
retrair 5,3% e voltar em 2021 com 2,9% de crescimento.A
economista-chefe do Fundo afirma que a discrepância se dá porque o
Brasil "foi atingido por vários choques", com problemas de baixo
crescimento que vêm desde antes da pandemia e "outras crises
domésticas", mas não deu detalhes sobre as projeções do país.As
reformas estruturais, antes vistas pelo Fundo como fundamentais para o
crescimento, agora não estão em primeiro plano, ela diz. "A prioridade é
lidar com a pandemia."Se confirmadas as projeções do FMI, a
recessão no Brasil será a maior em quase 60 anos. O ministro Paulo
Guedes (Economia) já fala em retração de 4% caso a pandemia dure até o
meio do ano, mas ainda é um cenário otimista se comparado à expectativa
do Fundo e do Banco Mundial.Já a previsão para as economias
desenvolvidas deve ser de queda de 6,1%, com recuperação prevista em
torno de 4,5% no ano que vem.Entre as duas maiores economias do
mundo, EUA e China, o tamanho da queda será de grandes proporções e
também seguem as dúvidas quanto à eficiência na recuperação de cada
país.Nas projeções do fim de 2019, o FMI esperava que os EUA crescessem 2,1% em 2020, enquanto a China chegasse a 5,8%.Atuais
líderes em casos confirmados e mortes por Covid-19, os EUA devem ter
retração de 5,9% do PIB e voltarem a crescer no ano que vem na casa dos
4,7%.Na origem da pandemia, os chineses ainda devem experimentar
um crescimento positivo, de 1,2%, após terem alcançado cerca de 6% em
2019. A recuperação deve ser de 9,2% em 2020, segundo o FMI.Uma
das apostas do Fundo para a retomada da economia global após a crise de
2018, a Zona do Euro deve cair 7,5% e voltar com 4,7% em 2021. A
avaliação é que as características dessa crise não são iguais às de
nenhuma outra e que, portanto, a reação também não deve ser a habitual,
de incentivo a atividades de estímulo econômico, por exemplo.Dessa
vez, diz o Fundo, esse tipo de política é inclusive indesejável em
alguns setores por causa das restrições e regras de distanciamento
social impostas em diversos países.Frente ao debate que tem
oposto regras de isolamento e retomada econômica, o FMI lança um roteiro
objetivo de enfrentamento à crise, com uma fase de contenção e
estabilização e outra, de recuperação.Nas duas etapas, saúde
pública e economia têm papeis cruciais a desempenhar e as medidas de
distanciamento "são fundamentais para preparar o terreno para a
recuperação econômica", diz o órgão.As projeções do FMI apontam à
recuperação parcial no ano que vem considerando que a pandemia arrefeça
no segundo semestre de 2020 e que os países consigam normalizar suas
economias justamente com o suporte dessas políticas em diversas frentes.O
Fundo alerta, porém, que a recuperação mundial de 5,8% pode acontecer
depois de uma queda brusca da atividade econômica, mas os números podem
não chegar a tanto e o crescimento do PIB da maior parte dos países
ainda vai permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia.Para que os
países alcancem melhores resultados, dizem os economistas do FMI, a
chave será a colaboração multilateral, e não só compartilhamentos de
recursos médicos e conhecimento para o desenvolvimento de tratamentos e
vacinas."A comunidade internacional também precisará intensificar
a assistência financeira a muitos mercados emergentes e economias em
desenvolvimento. Para aqueles enfrentando grandes pagamentos de dívidas,
moratória e reestruturação podem precisar ser consideradas."O
Fundo afirma que é preciso aumentar as despesas de saúde para
fortalecer a capacidade de resposta ao vírus e reduzir o contágio, além
de desenvolver políticas econômicas que amorteçam o impacto do declínio
das atividades e de uma desaceleração geral, que já é inevitável.Facilidades
de estímulo e liquidez, via bancos centrais, também podem contribuir,
num movimento admitido pelo FMI de maior envolvimento do governo e dos
bancos centrais na economia neste momento.Exemplo claro desse
tipo de atuação são os EUA. Em campanha à reeleição, o presidente Donald
Trump teme que as consequências econômicas da pandemia atinjam seus
planos de ser reconduzido à Casa Branca -mais de 16 milhões de
americanos pediram acesso ao seguro-desemprego nas últimas três semanas e
73% dizem que a crise já diminuiu sua renda.O presidente
americano já anunciou o maior pacote de emergência fiscal da história
dos EUA: US$ 2,2 trilhões que, entre outras medidas, conta com pagamento
direto de dinheiro aos cidadão americanos, e estuda outros formas de
estímulo no país.As medidas de distanciamento social e bloqueios
mais restritos na maioria dos países do mundo provocaram uma onda
inicial de demissões e queda na produção cujo impacto e continuidade já
foram observados pelos analistas.No relatório do FMI, há a
indicação de que o comércio entre os países, por exemplo, deve cair 11%
este ano. Em 2020, voltaria a crescer 8,4%.A atividade industrial
e o preço das commodities também têm despencado a primeira deve cair
de maneira acentuada, em 10,2%, e voltar a crescer em 2021, em torno de
4,2%.Apesar das projeções, o FMI prefere não ser taxativo sobre o
alcance dos danos econômicos da crise. Ou seja, o quadro pode ser pior.
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