O meu blog é HOLÍSTICO, ou seja, está aberto a todo tipo de publicação (desde que seja interessante, útil para os leitores). Além disso, trata de divulgar meu trabalho como economista, escritor e compositor. Assim, tem postagens sobre saúde, religião, psicologia, ecologia, astronomia, filosofia, política, sexualidade, economia, música (tanto minhas composições quanto um player que toca músicas de primeira qualidade), comportamento, educação, nutrição, esportes: bom p/ redação Enem
Segundo os secretários, eles não conseguem reunião com o ministro da Saúde desde o dia 17 de abril,
247 - Secretários estaduais de Saúde reclamam do novo ministro
da Saúde de Jair Bolsonaro, Nelson Teich. Segundo informações
divulgadas pelo Painel da Folha de S. Paulo,
eles dizem que Teich é frio, distante, vacilante e tutelado. Além
disso, afirmam não conseguem reunião com o ministro há 10 dias, desde o
dia 17 de abril, quando ele tomou posse - mesmo com o aprofundamento da
crise do coronavírus. Isso difere do ex-ministro, Luiz Henrique
Mandetta, com quem eles afirmavam ter reuniões diárias.
Há pouco mais de uma semana no cargo de ministro da Saúde, Nelson Teich tem sido criticado por secretários estaduais de Saúde pela demora na entrega de
equipamentos. "A sensação é de abandono", diz o presidente do Conselho
Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame. Um dos
atrasos mais sentidos é o da entrega dos 2.000 kits de UTIs, anunciados
há um mês. Destes, só 17% foram distribuídos. Respiradores e testes
rápidos também não chegaram. Enquanto o número de casos e mortes
aumenta, Teich é acusado de não perceber a urgência da crise e se
preocupar mais em criar planilhas de custos. O início preocupa.
Este é um guitarrista de jazz improvisando enquanto sua atividade cerebral (EEG) é gravada.
[Imagem: Drexel University]
Lados do cérebro
Segundo uma visão popular, a criatividade
é um produto do hemisfério direito do cérebro - pessoas inovadoras são
consideradas "pensadores do cérebro direito", enquanto "pensadores do
cérebro esquerdo" são analíticos e lógicos - embora haja também um lugar para as emoções no cérebro.
Para avaliar se essas divisões do cérebro têm realmente fundamentação
científica, pesquisadores do Laboratório de Pesquisas sobre
Criatividade (Universidade de Drexel - EUA) analisaram a atividade
cerebral de voluntários enquanto eles se dedicavam a uma tarefa que
exigia criação ou improvisação.
Para isso, os voluntários eram todos guitarristas de jazz, conhecidos pela criatividade enquanto fazem suas improvisações.
Os resultados mostraram que a criatividade não está ligada aos hemisférios cerebrais da forma como se pensava.
De fato, a criatividade é mesmo impulsionada em maior medida pelo
hemisfério direito naqueles músicos que são relativamente inexperientes
na improvisação. No entanto, os músicos com grande experiência em
improvisação dependem principalmente do hemisfério esquerdo para suas
execuções.
Isso sugere que a criatividade é uma "habilidade do hemisfério
direito do cérebro" quando uma pessoa lida com uma situação
desconhecida, mas também que a criatividade se baseia em rotinas bem
aprendidas do hemisfério esquerdo quando uma pessoa é experiente na
tarefa.
Mapas
de atividade cerebral mostrando áreas associadas a desempenhos de alta
criatividade em comparação com desempenhos de menor criatividade. Cada
mapa mostra uma vista superior da cabeça.
[Imagem: Drexel University]
Como treinar criatividade
Ao levar em consideração como a atividade cerebral muda com a
experiência, esta pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de
novos métodos para treinar as pessoas a serem criativas em seu próprios
campos de atividade.
Por exemplo, quando uma pessoa é um especialista, seu desempenho é
produzido principalmente por processos automáticos relativamente
inconscientes, difíceis de alterar conscientemente, mas fáceis de se
subjugar quando se faz um esforço - como quando a autoconsciência faz
com que uma pessoa "engasgue" ou vacile.
Por outro lado, o desempenho dos novatos tende a estar sob controle
deliberado e consciente. Assim, eles são mais capazes de fazer ajustes
de acordo com as instruções dadas por um professor ou treinador.
"Se a criatividade é definida em termos da qualidade de um produto,
como uma música, invenção, poema ou pintura, o hemisfério esquerdo
desempenha um papel fundamental. No entanto, se a criatividade é
entendida como a capacidade de uma pessoa para lidar com situações novas
e desconhecidas, como é o caso de improvisadores iniciantes, o
hemisfério direito desempenha o papel principal," resumiu o professor
John Kounios, idealizador do estudo.
Vivemos um tempo de acesso sem precedentes à informação. E, neste
momento de "fique em casa" no mundo todo, o desejo de notícias pode ser
maior do que nunca - pelo menos para algumas pessoas.
Mas nós realmente queremos toda essa informação, o tempo todo?
Alguns podem de fato preferir ter pensamentos mais felizes e manter
uma visão otimista sobre a ameaça à saúde que enfrentamos. Por outro
lado, outros podem preferir não saber o que as oscilações do mercado
estão fazendo com suas economias.
Em outras palavras, a maioria das pessoas tem áreas de sua vida -
incluindo saúde e finanças - nas quais prefere evitar verdades
potencialmente duras e permanecer alegremente "ignorante".
"Os economistas há muito pensam 'quanto mais, melhor', quando se
trata de informação," pondera o professor George Loewenstein, da
Universidade Carnegie Mellon (EUA). "Esse pensamento não reflete
totalmente o relacionamento complexo das pessoas com as informações.
Queríamos criar uma maneira de medir a tendência de um indivíduo de
buscar ou se esquivar das informações".
Evitar a verdade vs. conhecer os fatos
Para medir essa tendência em relação às informações, os pesquisadores colocaram voluntários frente a diversos cenários.
Em um deles, por exemplo, os participantes tiveram a opção de
descobrir, como parte de um exame médico de rotina, até que ponto seu
corpo havia sofrido danos duradouros devido ao estresse: Um terço dos
entrevistados preferiu não ouvir as informações.
Em outro, entre os voluntários que pretensamente tinham dado seu
livro favorito de presente a um amigo próximo, 1 em cada 4 participantes
preferiu não saber se o amigo havia lido ou gostado do livro.
O estudo mostra que o desejo de evitar informações é generalizado e
que a maioria das pessoas possui pelo menos alguns domínios - seja
saúde, finanças ou opinião de outras pessoas - nas quais preferem
permanecer desinformadas.
"É tentador pensar que as pessoas do lado oposto do seu espectro
político são as que tentam evitar as informações," comentou o professor
David Hagmann, membro da equipe. "Mas não encontramos diferenças na fuga
das informações por ideologia política, renda, gênero ou, talvez
surpreendentemente, pela educação.
Característica duradoura
O estudo também mostrou que o desejo por informações foi consistente
ao longo do tempo. Ou seja, aqueles que expressaram uma preferência por
evitar informações em determinado momento expressaram preferências
semelhantes quando perguntados novamente semanas depois.
Além disso, o modo como as pessoas reagiram a cenários hipotéticos
previram suas decisões reais quando elas foram apresentadas a casos
reais de receber ou evitar a obtenção de informações.
O
poder que Bolsonaro almeja é aquele exercido sem que tenha de prestar
conta às instituições democráticas, como o ditador Hugo Chávez
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
22 de abril de 2020 | 03h00
Em
meio ao repúdio unânime das instituições à sua participação num comício
de caráter golpista em Brasília no domingo passado, o presidente Jair
Bolsonaro defendeu-se dizendo que “falta um pouco de inteligência para
aqueles que me acusam de ser ditatorial”. Segundo Bolsonaro, “o pessoal
geralmente conspira para chegar ao poder”, mas “eu já estou no poder, eu
já sou presidente”. E concluiu: “Então eu estou conspirando contra
quem, meu Deus do céu?”.
De fato, Bolsonaro já está no poder,
conferido a ele pelos eleitores no pleito de 2018. A questão é que esse
poder Bolsonaro não quer, não só porque, no fundo, sabe que não tem a
menor ideia de como exercê-lo, tamanho é seu despreparo, mas
principalmente porque é um poder regulado pela Constituição e limitado
pelos freios e contrapesos institucionais. Um presidente “pode muito,
mas não pode tudo”, como disse o ministro do Supremo Tribunal Federal
Celso de Mello, ao criticar a convocação, feita por Bolsonaro, de
protestos contra o Congresso, em fevereiro. Ou seja, já naquela ocasião,
o presidente deixava explícito que não pretendia se submeter aos
controles constitucionais, pois, em sua visão, sua Presidência é “o povo
no poder”, como bradou aos seus seguidores no domingo passado.
Depreende-se que Bolsonaro almeja presidir um regime plebiscitário, em
que a voz do que ele chama de “povo” se impõe como a lei, tendo o
presidente como zeloso intérprete, submetendo todos os demais Poderes a
seu tacão.
Nesse regime dos sonhos bolsonaristas, nem o tal
“povo” nem o presidente da República são responsáveis pelos problemas do
País; estes são sempre fruto das tramoias dos demais Poderes, que se
recusam a satisfazer a vontade do “povo” e são vistos como inimigos que
tramam para usurpar o poder conferido ao presidente nas urnas. Não à
toa, Bolsonaro vive a invocar a possibilidade de sofrer impeachment,
quase como se estivesse a desejá-lo, para servir como “prova” da tal
conspiração.
O poder
que Bolsonaro almeja, portanto, é aquele exercido sem que tenha de
prestar conta às demais instituições democráticas - que permanecem em
funcionamento, mas sem condições objetivas de cumprirem suas funções.
Nem é preciso ir muito longe no tempo para encontrar exemplos desse tipo
de regime - a Venezuela do ditador Hugo Chávez é o caso mais bem
acabado de uma autocracia construída sem a necessidade de um golpe
formal. Não deve ser mero acaso que em 1999 o então deputado Bolsonaro
tenha rasgado elogios ao caudilho venezuelano, dizendo que Chávez, “uma
esperança para a América Latina”, faria “o que os militares fizeram no
Brasil em 1964, com muito mais força”.
Como ensinou Chávez, a
construção do poder discricionário demanda uma democracia de fachada,
com eleições regulares e Parlamento em funcionamento, enquanto as
estruturas democráticas vão sendo carcomidas. A imprensa livre é
sufocada e a oposição é constrangida pela máquina de destruição de
reputações. Já o Judiciário é tomado por governistas, transformando-se
em pesadelo dos dissidentes do regime. Assim, estão dadas as condições
para que a Constituição se torne letra morta.
É evidente que tal
empreendimento deve ser contido já em seus primórdios. O Congresso faz
sua parte quando impede Bolsonaro de aprovar medidas inconstitucionais e
quando investiga a militância virtual bolsonarista que atua febrilmente
para constranger os opositores do presidente.
Do mesmo modo, é
alentador observar que o Supremo Tribunal Federal também está vigilante.
Agora mesmo, por meio do ministro Alexandre de Moraes, atendeu ao
pedido da Procuradoria-Geral da República e mandou abrir inquérito para
saber quem organizou o ato antidemocrático do qual o presidente
Bolsonaro participou animadamente no fim de semana. O ministro teve que
lembrar que a Constituição “não permite o financiamento e a propagação
de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático, nem
tampouco a realização de manifestações visando o rompimento do Estado
de Direito”. Essa investigação deve ir até o fim, dando nome e sobrenome
aos liberticidas - seja qual for o cargo que ocupem ou o poder que
tenham - e estes devem ser punidos de acordo com a lei.
Uma seleção das principais frases do presidente desde o início da crise do coronavírus no País
José Fucs
23 de abril de 2020 |
Contra recomendações do Ministério da Saúde, Bolsonaro cumprimenta apoiadores em Brasília Foto: Dida Sampaio/Estadão
Desde
que a pandemia do coronavírus desembarcou para valer no Brasil, no
início de março, com a multiplicação do número de casos graves e de
mortes , o presidente Jair Bolsonaro produziu uma série inesgotável de
“pérolas” sobre a crise.
Suas declarações ironizando a gravidade
do problema, defendendo a massificação de medicamentos não aprovados
pela comunidade científica e se insurgindo contra o isolamento social
determinado por governadores e prefeitos em todo o País tornaram-se tema
recorrente dos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo.
A revista The Economist, por exemplo, chamou-o de “Bolsonero” e o jornal Washington Post o “elegeu” como o pior líder mundial a lidar com o coronavírus.
A
seguir, você poderá conferir as principais frases de Bolsonaro sobre a
pandemia. Neste período, outras compilações do gênero surgiram por aí.
Mas, como a produção de “pérolas” presidenciais cresce em ritmo
acelerado, o blog resolveu fazer uma nova compilação, atualizando a
lista e incluindo uma breve retrospectiva do que Bolsonaro já falou
sobre o assunto.
“Eu não sou coveiro, tá certo?” (20/4)
“‘Não tem que se acovardar com esse vírus na frente” (18/4)
“Os Estados estão quebrados. Falta humildade para essas pessoas que estão bloqueando tudo de forma radical.” 19/4
“Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora essa questão do vírus” (12/4)
“Ninguém vai tolher meu direito de ir e vir” (10/4)
“Esse
tratamento (com hidroxicloroquina), que começou aqui no Brasil, tem que
ser feito, segundo as pessoas que a gente tem conversado, até o quarto
ou quinto dia dos primeiros sintomas” 8/4
“Há 40 dias venho
falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do covid-19. Cada vez
mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz” (8/4)
“Se o vírus pegar em mim, não vou sentir quase nada. Fui atleta e levei facada” (30/3)
“O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque” (29/3)
“Alguns
vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida. Você não pode parar uma fábrica
de automóveis porque há mortes nas estradas todos os anos”. 27/3
“Não estou acreditando nesses números de São Paulo, até pelas medidas que ele (o governador João Doria) tomou” (27/3)
“Sabe
quando esse remédio (hidroxicloroquina) começou a ser produzido no
Brasil? Ele começou a ser usado no Brasil quando eu nasci, em 1955.
Medicado corretamente, não tem efeito colateral” (26/3)
“O povo foi enganado esse tempo todo sobre o vírus” (26/3)
“O pânico é uma doença e isso foi massificado quase que no mundo todo e no Brasil não foi diferente” (26/3)
“O brasileiro tem de ser estudado, não pega nada. O cara pula em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada.” (26/3)
“São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos” (24/3)
“Não
podemos nos comparar com a Itália. (…) Esse clima não pode vir para cá
porque causa certa agonia e um estado de preocupação enorme. Uma pessoa
estressada perde imunidade” (22/3)
“De forma alguma usarei do momento para fazer demagogia” (21/3)
“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?” (20/3)
“Tem
certos governadores que estão tomando medidas extremas. Tem um governo
de Estado que só faltou declarar independência do mesmo” (20/3
“Não
se surpreenda se você me ver (sic) no metrô lotado em São Paulo, numa
barcaça no Rio. É um risco que um chefe de Estado deve correr. Tenho
muito orgulho disso” (18/3)
“O que está errado é a histeria,
como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre
quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos” (17/3)
“Tem
locais, alguns países que já tem saques acontecendo. Isso pode vir para
o Brasil. Pode ter um aproveitamento político em cima disso” (17/3)
“Eu não vou viver preso no Palácio da Alvorada com problemas grandes para serem resolvidos no Brasil” (16/3)
“Muito do que falam é fantasia, isso não é crise” (10/3)
Da Nova Zelândia à Alemanha, Taiwan
ou Noruega, alguns países liderados por mulheres estão vendo
relativamente menos mortes pela covid-19.
E estas lideranças estão sendo elogiadas na mídia e nas redes sociais
por suas atitudes, bem como pelas medidas que introduziram em face da
atual crise global de saúde.
Um artigo recente da colunista Avivah Wittenberg-Cox na revista Forbes as considerou "exemplos de verdadeira liderança".
"As mulheres estão se colocando à frente para mostrar ao mundo como
gerenciar um caminho confuso para a nossa família humana", escreveu.
As mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o
mundo. Já no mundo político, em 2018, elas eram apenas dez dos 153
chefes de Estado eleitos, de acordo com a União Interparlamentar.
Apenas um quarto dos membros dos Parlamentos do mundo são mulheres.
Embora também haja outros fatores sociais e econômicos que favoreçam
estes países no enfrentamento à pandemia, analistas acreditam que as
trajetórias sociais das mulheres — e não qualquer condicionamento
biológico — tornem sua conduta como líderes também diferentes. Entenda o
porquê.
Resposta precoce
A primeiro-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, apostou logo cedo em testar massivamente sua população.
Apesar da pequena população, de 360 mil habitantes, a Islândia evitou
a complacência: medidas contra a covid-19, como a proibição de reuniões
de 20 pessoas ou mais, foram tomadas no final de janeiro, antes mesmo
do registro do primeiro caso da doença.
Até 20 de abril, nove pessoas haviam morrido da infecção pelo novo coronavírus na Islândia.
Já em Taiwan, que oficialmente faz parte da China, mas, na prática,
funciona (ainda) como um país soberano, a presidente Tsai Ing-wen criou
imediatamente um centro de controle de epidemias e tomou medidas para
rastrear infecções.
Taiwan também aumentou a produção de equipamentos de proteção
individual (EPI), como máscaras. Até agora, registrou apenas seis mortes
entre seus 24 milhões de habitantes.
Enquanto isso, na Nova Zelândia, a primeira-ministra, Jacinda Ardern,
adotou uma posição difícil diante da covid-19. Em vez de "achatar a
curva" dos casos, como muitos países estavam buscando fazer, a abordagem
de Ardern foi mais contundente, para eliminar a curva.
Mas, além de ter mulheres como líderes, esses países que estão
respondendo melhor à crise têm outras coisas em comum. Todos são
economias desenvolvidas, com um sistema de assistência social
estabelecido e alta pontuação na maioria dos indicadores de
desenvolvimento humano.
São países que também tendem a ter sistemas de saúde fortes, mais preparados para lidar com emergências.
Mas qual é a parcela do papel das lideranças mulheres no relativo sucesso destes países no combate ao coronavírus?
'Tem tudo a ver com diversidade'
A maneira como essas líderes eleitas praticam política desempenha um papel, dizem analistas.
"Não acho que as mulheres tenham um estilo de liderança diferente do
dos homens. Mas quando elas estão representadas em posições de
liderança, isso traz diversidade à tomada de decisões", diz Geeta Rao
Gupta, diretora executiva do Programa 3D para Meninas e Mulheres e
membro sênior da Fundação das Nações Unidas.
"Isso traz melhores decisões, porque você tem a visão tanto de homens quanto de mulheres", disse ela à BBC.
É um contraste com a postura explosiva e a negação a fatos
científicos adotadas por alguns de seus colegas do gênero masculino,
como os presidentes dos EUA e Brasil, Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Rosie Campbell, diretora do Instituto Global para Liderança Feminina
no King's College London, concorda que "os estilos de liderança não são
inerentes a homens e mulheres".
"Mas, devido à forma como somos socializados, é mais aceitável que as
mulheres sejam líderes mais empáticas e colaborativas. E infelizmente
há mais homens que se enquadram na categoria narcisista e
hipercompetitiva", diz Campbell.
Ela acredita que essa característica na liderança masculina "foi exacerbada pela tendência populista na política".
A política 'ultramacho'
Populistas apostam em "mensagens simplistas" para ter apoio, explica
Campbell à BBC — e isso muitas vezes determinou a abordagem escolhida
para gerenciar a pandemia.
Líderes políticos nos EUA, Brasil, Israel e Hungria, para citar
alguns países, tentaram, em algumas ocasiões, colocar a culpa de seus
problemas em causas externas — como apontar para estrangeiros
"importando" a doença, como indicou Trump.
"Trump e Bolsonaro estão optando por assumir uma personalidade
ultramacho. Não é codificado em sua biologia que eles tenham que se
comportar assim, mas estão optando por fazê-lo", diz Campbell.
"As mulheres são consideravelmente menos propensas a estar na direita
radical populista. Existem algumas exceções notáveis, como Marine Le
Pen [na França]."
"Mas, no geral, é algo associado a uma política muito individualista e machista."
As respostas à crise da covid-19 foram obviamente diversas, em parte
devido às realidades socioeconômicas de cada país e à disponibilidade de
recursos — aspectos nos quais o gênero pode não ter influência.
Portanto, líderes homens que não se encaixam no estereótipo descrito
por Campbell também estão vendo relativamente menos mortes em seus
países.
Na Coreia do Sul, o tratamento da crise pelo presidente Moon Jae-in
sustentou a vitória esmagadora de seu partido nas últimas eleições
parlamentares, realizadas em 15 de abril.
O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, também tem
recebido elogios por gerenciar com sucesso a crise e manter as taxas de
mortalidade relativamente baixas — 114 óbitos até 20 de abril, para uma
população de cerca de 11 milhões. Em comparação, a Itália, com uma
população de 60 milhões, sofreu 22 mil mortes.
A Grécia está passando pela crise priorizando o aconselhamento
científico e tendo adotado medidas precoces de distanciamento social —
antes que suas primeiras mortes fossem registradas.
E, por outro lado, há países liderados por mulheres em situação delicada diante do avanço rápido do vírus.
Por exemplo, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina,
conseguiu liderar a contenção do surto em um dos países mais populosos
do mundo. Mas há preocupações com a capacidade limitada de testagem,
além de que os profissionais de saúde de Bangladesh denunciam cada vez
mais estar em risco devido à falta de equipamentos de proteção
individual.
Decisões difíceis
Para deter a covid-19, os líderes precisam tomar decisões difíceis, como bloquear atividades econômicas.
Mas essas escolhas têm um alto custo político no curto prazo, que é
"o oposto do que os líderes populistas querem", diz a professora
Campbell.
Por outro lado, algumas líderes conquistaram a opinião pública ao
falar de maneira aberta e transparente sobre os desafios que seus países
enfrentam.
Angela Merkel, da Alemanha, anunciou rapidamente que a covid-19 era
uma ameaça "muito séria". Em números absolutos, seu país criou o maior
esquema de testagem, rastreamento e isolamento da Europa. Mais de 4,6
mil pessoas morreram de covid-19 na Alemanha, que tem uma população de
83 milhões.
Na Noruega e na Dinamarca, as abordagens de suas primeiras-ministras
as diferenciaram de alguns de seus colegas homens propensos a bravatas.
Tanto a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, quanto sua colega
dinamarquesa, Mette Frederiksen, realizaram pronunciamentos específicos
para crianças.
Jacinda Ardern, da Nova Zelândia, também tentou amenizar as
preocupações dos pequenos sobre se a Páscoa, celebrada pelos cristãos
este mês, seria interrompida por medidas de bloqueio. Ardern disse que o
tradicional coelhinho da Páscoa era considerado um "trabalhador
essencial" e teria permissão para entregar ovos de chocolate diretamente
às casas.
Campbell analisa: "Falar sobre o coelhinho da Páscoa teria sido
considerado ridículo para um líder de um país no passado. Mas ter mais
mulheres na política está nos fazendo pensar mais sobre como a política
afeta as crianças".
Ao abordar diretamente as preocupações dos cidadãos mais novos, os
líderes políticos estão reconhecendo que a pandemia global está afetando
a saúde mental de todas as faixas etárias, diz Campbell.
'Decisões melhores'
Geeta Rao Gupta, que também é presidente do conselho consultivo do
WomenLift Health, um programa da Fundação Bill e Melinda Gates que visa
aumentar a liderança feminina no setor de saúde, pede que mais mulheres
sejam colocadas em posições de liderança.
Ela defende que isso melhoraria a tomada de decisões.
"Decisões relevantes seriam tomadas considerando mais segmentos da sociedade, não apenas alguns."
"Porque, como mulheres, elas [líderes] experimentaram a vida em
papéis e responsabilidades que são afetadas socialmente pelo gênero.
Assim, suas perspectivas e decisões provavelmente serão afetadas por
essas experiências".
Gupta adverte sobre os possíveis diferentes impactos sociais e
econômicos da covid-19 sobre homens e mulheres. A violência doméstica
contra elas já tem aumentando em várias partes do mundo. Elas estão mais
vulneráveis ao aumento da pobreza e pode haver uma reversão às
tentativas recentes — e tímidas, em muitos casos — para diminuir a
diferença salarial entre os gêneros.
"Estamos recuando", diz ela. "A menos que a resposta à pandemia
considere isso como fator (questões de gênero), haverá uma exacerbação
dos problemas existentes."
Há coisas que parecem ser opções, mas também parecem ser ordens
culturalmente fixadas: Pense em situações como ter muitos filhos em
alguns países da África, ou consumir demais nos países ocidentais.
De fato, pesquisadores estão demonstrando que, em vez de "escolhas",
questões como esses dois exemplos não são preferências pessoais, mas
normas sociais às quais as pessoas aderem subconscientemente.
E mudanças nesses padrões - consumir menos do que seus amigos e
vizinhos ou ter menos filhos do que costumava acontecer na sua família -
aumentam a felicidade média na sociedade.
Esta é a conclusão de Scott Barrett e um grande grupo de
pesquisadores de várias universidades da Europa e EUA e das Nações
Unidas.
"Todo mundo tem o direito de escolher livremente. Assim, parece que
há pouco que se possa fazer sobre esses assuntos," comentou o professor
Marten Scheffer, da Universidade de Wageningen (Países Baixos). "No
entanto, existe uma alternativa sustentável que, talvez
surpreendentemente, aumentaria o bem-estar da grande maioria. Muitas
pessoas sentem intuitivamente que esse poderia ser o caso, mas elevar o
nível da discussão sobre questões como consumo e crescimento
populacional, passando da conversa fútil infundada para ideias
fundamentadas que sugiram soluções, é um desafio."
Pressão social subconsciente
O trabalho demonstra que muitas preferências aparentes surgem da pressão social percebida subconscientemente.
Por exemplo, uma pesquisa realizada entre dois grupos religiosos
diferentes em Bangladesh mostrou que as mulheres tendem a querer o
número de filhos que é a norma em seu grupo, e não o do outro grupo. As
preferências são "contagiosas", o que pode levar a população a continuar
tendo muitos filhos, mesmo que famílias menores tornem suas vidas
significativamente mais confortáveis.
Os padrões de consumo nos países ricos mostram uma dinâmica
semelhante. As pessoas tendem a se comparar aos outros em seus ganhos
materiais, como moradia, roupas e veículos. No entanto, um desejo menor
de comprar produtos caros gera espaço para empreendimentos sociais, como
passeios com amigos e outras coisas que promovem uma sensação de
bem-estar.
Outras pesquisas indicam que uma família menor leva a uma redução da pobreza em grande parte do mundo.
Mas como iniciar uma mudança em larga escala em relação ao
comportamento que possa contribuir para uma qualidade de vida mais
sustentável e melhor?
Pesquisas mostram que educar as mulheres tem um efeito significativo
no desejo de ter filhos. No quesito consumo, por sua vez, a influência
das mídias sociais, mídias tradicionais e modelos de comportamento nas
normas comportamentais é enorme.
"O fato de atitudes e práticas humanas serem incorporadas socialmente
sugere que é possível que as pessoas reduzam suas taxas de fertilidade e
demandas de consumo sem experimentar uma perda no bem-estar," concluem
os autores.
Coronavírus: hora de refletir?
Scheffer também identificou outra possibilidade de ação: "Nossa
publicação aparece em um momento em que tudo se tornou fluido devido ao
coronavírus. Um drama global obviamente. Mas um aspecto é que muitos de
nós foram subitamente colocados em uma posição em que temos mais tempo
para nós mesmos e para nossas famílias. Estamos dando um passo atrás nas
viagens, na compra de objetos e todo tipo de outras coisas."
Se tem uma coisa que os políticos adoram é flashes. E não é por acaso que os fotógrafos também. Os políticos, porque gostam de aparecer ou serem a notícia. Os fotógrafos porque assim podem por em prática o projeto ou interesse da elite endinheirada. E, qual é o modus operandi desta? Se quer apoiar alguém, estampa foto (s) de alguém sorrindo, por exemplo. E, ao contrário, se quer "fritar" alguém, estampa foto (s) de alguém bocejando, assustado, triste ou com foto cortada. Outro forma de atuar é omitir ou selecionar o acesso à informação. Enfim, políticos, vai aqui um lembrete: os fotógrafos são verdadeiros camaleões (atuam tanto como anjos quanto serpentes).
Tanto os economistas Adam Smith quanto Jean-Baptiste Say já foram criticados por suas ideias. No caso de Smith, pela defesa de que a voracidade particular dos empresários acabe gerando um bem-estar geral no final, em que todos saem ganhando.
Já no caso de Say, pelo fato de que sua teoria de que toda a produção gere o seu consumo não encontrar respaldo prático, como no descompasso brutal entre produção e consumo, na crise de 29 e por exemplo.
Ora, tanto Smith quanto Say estariam corretos se aplicassem suas ideias num contexto comunista (economia de mercado + boa distribuição de renda + liberdade). Aliás, Marx deve estar rolando de rir no seu túmulo, não é mesmo? E, por quê? Porque somente no comunismo produção e consumo se encontram de forma espontânea (e geram liberdade, igualdade e fraternidade).
"Não se trata de patologias individuais. Trata-se de histórias e
circunstâncias sociais patológicas," diz o professor Craig Haney. [Imagem: Melissa De Witte]
Origens da criminalidade
Quarenta anos atrás, Craig Haney era um jovem professor de psicologia
na Universidade da Califórnia de Santa Cruz (EUA) quando ele começou a
se interessar sobre as verdadeiras causas dos crimes.
Ao trabalhar com condenados em uma prisão, ele começou a verificar um
padrão: a maioria dos criminosos apresentava um histórico de sofrimento
na primeira infância, com experiências de trauma, abuso e maus-tratos.
Ele então se colocou a questão: E se o comportamento criminoso mais
violento não for fruto de nenhum traço específico de personalidade, ou
mesmo de eventos circunstanciais, mas estiver enraizado nesse sofrimento
da primeira infância?
O então jovem pesquisador apresentou essa hipótese aos seus
professores, que se mostraram céticos: Não havia muita literatura para
sugerir que um trauma precoce pudesse moldar tão profundamente o
comportamento adulto, e certamente não o comportamento criminoso adulto.
Haney então resolveu dedicar sua carreira para suprir essa falta de
estudos. Nesses anos, ele publicou seus resultados, levou a discussão a
congressos científicos e conseguiu dados concretos que fizeram com que
muitos outros psicólogos começassem a pesquisar o assunto.
Agora, Haney reuniu todo esse corpo de pesquisa - suas e de outros -
em um livro, que traz uma análise abrangente e aprofundada das causas do
comportamento criminoso.
O livro traz conclusões sobre o papel preponderante dos traumas
evitáveis e da injustiça estrutural na sociedade sobre a criminalidade,
um saber suficiente para justificar uma reforma real no sistema de
justiça criminal.
"A narrativa dominante sobre o crime é que ele é cometido por pessoas
más que escolhem livremente tomar más decisões, pessoas que são
fundamentalmente diferentes do resto de nós," disse Haney. "Mas a única
coisa que é fundamentalmente diferente sobre eles é a vida que eles
viveram e os impedimentos estruturais que eles enfrentaram".
Milhares de estudos publicados nessas últimas quatro décadas
estabelecem claramente que as pessoas que mais correm risco de
comportamento criminoso são aquelas que foram expostas a inúmeros
traumas ou "fatores de risco" em suas vidas, geralmente começando na
infância.
O impacto a longo prazo do abuso e da negligência é frequentemente
agravado por maus-tratos adicionais nas mãos das próprias instituições
encarregadas de proteger essas pessoas, incluindo escolas, o sistema de
assistência social e o sistema de justiça juvenil, diz Haney.
Além disso, ele argumenta que a pobreza e o racismo são fatores estruturais preponderantes que contribuem para o crime.
O livro do professor Haney ainda não possui tradução em português. [Imagem: Melissa De Witte]
Origem dos crimes: Pobreza e desigualdade
A pobreza é um fator de risco que expõe as pessoas a outras formas de
trauma, garante uma gama de necessidades não atendidas e pode
restringir oportunidades ao longo de uma vida inteira, cita Haney:
"Noventa por cento das pessoas na prisão são pobres, e a maioria são
pessoas de cor."
Como raça e pobreza estão tão profundamente entrelaçadas em nossa
sociedade, as pessoas de cor são mais propensas a enfrentar esses
desafios. Esse fato, e seu tratamento diferenciado nas mãos do sistema
de justiça criminal, explicam sua super-representação nas prisões.
Se as injustiças sociais, econômicas e raciais são as verdadeiras
causas do comportamento criminoso, argumenta Haney, o único caminho real
para reduzir o crime é lidar com elas de forma séria.
"A reforma fundamental da justiça criminal exigirá que mudemos nossas
concepções de quem comete crime e por quê," propõe Haney. "Não se trata
de patologias individuais. Trata-se de histórias e circunstâncias
sociais patológicas. Nós sabemos disso não porque é politicamente
liberal ou progressista dizer isso. Sabemos disso porque há uma montanha
de dados nos dizendo que é verdade".
"Lidar com as terríveis consequências da pobreza e da desigualdade
econômica é importante por si só, mas também deve ser visto como um
avanço na meta de prevenção ao crime. Reduzir o crime e a pobreza fazem
parte da mesma agenda de justiça social," concluiu o pesquisador.
Uma sociedade de pessoas boas torna-se mais facilmente uma sociedade próspera. [Imagem: Damian J. Ruck et al. - 10.1098/rsos.190725]
Religião e riqueza
É bem conhecido o fato de que os países mais ricos apresentam uma população com menor dependência das religiões convencionais.
Mas o que os pesquisadores queriam saber é se é a menor ligação a
instituições religiosas que leva a uma maior prosperidade, ou se é a
prosperidade que diminui a adesão de pessoas a religiões
institucionalizadas.
Para isso, eles entrevistaram quase meio milhão de pessoas em 109 países.
A conclusão clara é que as culturas seculares - nas quais a religião
tem menor influência - e que são tolerantes com grupos minoritários e
respeitam os direitos dos indivíduos tendem a ter mais riqueza, melhor
educação e mais democracia, dizem pesquisadores da Universidade de
Bristol (Reino Unido) e da Universidade do Tennessee (EUA).
Especificamente, eles usaram os dados para mostrar como o secularismo
e a boa convivência com as minorias podem ser usados para prever
estatisticamente o futuro PIB per capita, o número de crianças na escola
e a democratização.
Sociedade boa
Os dados mostram que - pelo menos no século 20 - os lugares que
tiveram as maiores melhorias econômicas e sociais também tendiam a ter
culturas seculares e tolerantes antes desses ganhos.
"Com acesso a conjuntos de dados digitalizados em massa, a história
está-se tornando uma ciência. Nossa análise orientada por dados dá
sustentação à noção de que uma sociedade 'boa' - que valoriza a
diversidade, a tolerância e a abertura - também pode ser uma sociedade
'produtiva', o que é uma razão para termos esperança no futuro," disse o
professor Daniel Lawson, um dos coordenadores da pesquisa.
Uma das implicações principais deste estudo é que a promoção do
desenvolvimento de um país deve levar em consideração os valores
culturais preexistentes. Por exemplo, a promoção da democracia, seja por
meio de trocas econômicas ou mudanças de regime, só terá êxito se
combinada com a promoção da abertura e da tolerância aos grupos
minoritários.
O recado teve endereço certo: os ministros, particularmente os superministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, que apoiam, ou apoiavam, a posição de Mandetta, do Ministério da Saúde, da OMS
e de todos os países desenvolvidos do mundo pró-isolamento social como a
melhor forma de conter a contaminação e, consequentemente, as mortes
pela covid-19.
Ainda
no carro, a caminho do Ministério da Saúde para se despedir, Mandetta
me disse num rápido telefonema que a derradeira conversa com Bolsonaro
foi “cordial, gentil”. “Eu não posso entregar o que ele me pede”,
conformava-se. “Vem aí uma dinâmica social totalmente nova, que muda
tudo”, explicou, desejando sorte ao “Nelson, como é mesmo o nome dele?”.
“Que Deus nos ajude a todos”, concluiu.
Para
amenizar o cavalo de pau, ou o “redirecionamento”, como anunciou o
presidente, ou a “nova dinâmica social”, como chama Mandetta, o dr.
Nelson Teich tratou de deixar claro que a flexibilização do isolamento
virá, mas não será “brusca nem radical”.
Isso pode ser bom, se
significar cautela, dentro da técnica e da ciência e com base sólida de
dados, como prometeu. Mas pode ser ruim, se ele esperar para agir só
depois de “um diagnóstico da doença”, de um trabalho de inteligência e
de uma massificação de testes (como? de onde?) que, em resumo, pode
corresponder a começar do zero. No meio da pandemia? Com o número de
mortos batendo em 2 mil pessoas? Emergência é emergência.
Mandetta
se vai, aliás, com alta aprovação popular, mas a pandemia fica e, o
pior, o presidente Jair Bolsonaro e suas manias também ficam. O novo
ministro conseguiu arrancar o compromisso do presidente de parar com
provocações, de causar aglomerações, tocar pessoas nas ruas sem máscara,
pular de absurdos em absurdos públicos? Provavelmente sim, o que vai
confirmar que, mais do que uma questão “técnica e científica” em torno
da quebra do isolamento, a birra de Bolsonaro era pessoal, contra
Mandetta, e política, por ciúme da sombra que o ministro lhe fazia.
A quebra do isolamento é
certa, mas é preciso saber como, quando, em que bases. E como Teich,
muito respeitado no ambiente médico, vai tratar a questão, que exige não
só liderança na equipe da Saúde, que não terá dificuldade em
conquistar, mas também negociação com governadores, o Congresso e, eventualmente, o Supremo – que estão em pé de guerra com Bolsonaro. Teich tem de ter estratégia e também se familiarizar com a máquina e a política.
Outro grande embate entre Bolsonaro e Mandetta era em torno da cloroquina
como a varinha de condão. Alguém notou que o presidente nunca mais
falou nisso? E que a cloroquina foi a grande ausente dos discursos no
derradeiro dia de Mandetta na Saúde? Pode ser, pode não ser, mas parece
que Bolsonaro perdeu essa. Quanto à quebra do isolamento, ao qual o
destino de Bolsonaro e de milhões está atrelado, o futuro dirá.
Embora
a ciência e as estatísticas mostrem que ainda não é o momento de
afrouxar o isolamento social, o governo deve flexibilizar a quarentena
com a chegada do oncologista Nelson Teich ao Ministério da Saúde. A
aposta é arriscada, como mostra a reportagem de capa de VEJA desta semana. A intenção de Jair Bolsonaro e seus auxiliares é fazer com que
municípios e regiões industriais voltem a funcionar, bem como cidades
brasileiras que ainda não foram atingidas pelo novo coronavírus. Como
não chegamos ao pico da doença, o presidente arrisca ao trocar a
estratégia no meio da pandemia e acreditar que o vírus não sairá do
controle. Se sua aposta estiver errada, o preço a pagar será alto.
Cientistas alertam há décadas para o risco de novas
doenças como consequência da destruição de florestas. Assim como a Ásia,
origem do novo coronavírus, a Amazônia é vista como possível polo de
enfermidades.
"Se a Amazônia virar uma savana, não dá nem para imaginar o que pode sair de lá em termos de doenças", diz pesquisadora
Faz pelo menos duas décadas que cientistas repetem o alerta: à medida
que populações avançam sobre as florestas, aumenta o risco de
micro-organismos – até então em equilíbrio – migrarem para o cotidiano
humano e fazerem vítimas. Foi por isso que a notícia sobre a propagação
do novo coronavírus, detectado pela primeira vez na China em dezembro
passado e que se espalhou pelo mundo, não pegou Ana Lúcia Tourinho de
surpresa. Doutora em Ecologia, ela estuda como o desequilíbrio ambiental
faz com que a floresta e sociedade fiquem doentes.
"Quando um
vírus que não fez parte da nossa história evolutiva sai do seu
hospedeiro natural e entra no nosso corpo é o caos. Está aí o novo
coronavírus esfregando isso na nossa cara", argumenta Tourinho,
pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
No
caso do novo coronavírus, batizado de Sars-CoV-2, muito antes de
infectar os primeiros humanos e viajar a partir da China, abrigado no
corpo de viajantes, para outras partes do mundo, ele habitava outros
hospedeiros num ambiente selvagem – morcegos, provavelmente.
Isolados
e em equilíbrio em seu habitat, como florestas fechadas, vírus como
esse não ameaçariam os humanos. O problema é quando esse reservatório
natural começa a ser recortado, destruído e ocupado.
Estudos
científicos publicados anos antes da atual pandemia já mostravam a
conexão entre perda florestal, proliferação de morcegos nas áreas
degradadas e coronavírus. Análises assinadas por Aneta Afelt,
pesquisadora da Universidade de Varsóvia, na Polônia, descrevem como os
altos índices de destruição florestal nos últimos 40 anos na Ásia eram
um indicativo de que a próxima doença infecciosa grave poderia sair
dali.
Para chegar a essa conclusão, Afelt seguiu o rastro de
pandemias prévias provocadas por outros coronavírus, como a da Sars, em
2002 e 2003, com taxa de mortalidade de 10%, e a Mers, em 2012, que
matou 38% das vítimas infectadas.
"Por ser uma das regiões do
mundo onde o crescimento populacional é mais intenso, onde as condições
sanitárias permanecem ruins e onde a taxa de desmatamento é mais alta, o
Sudeste Asiático atende a todas as condições para se tornar o local de
emergência ou reemergência de doenças infecciosas", afirmou Afelt num
artigo de 2018.
Tais condições não se aplicam apenas a essa parte
do mundo. Na Amazônia, onde em 2019 o desmatamento bateu o recorde
desta década, com 9.762 km² destruídos, e os alertas de desmatamento
aumentaram 51,4% entre janeiro e março de 2020 em relação ao período
anterior, o cenário é parecido.
A região com a maior floresta
tropical do mundo também é considerada um provável polo de epidemias,
como mostrou uma análise feita por uma equipe liderada por Simon
Anthony, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Só de
coronavírus que circulam em morcegos também no Brasil, o levantamento
contabilizou pelo menos 3.204 tipos.
O risco que vem da Amazônia
Tourinho
não gosta nem de pensar sobre o impacto na saúde pública se a
destruição da Floresta Amazônica seguir o ritmo acelerado. "Se a
Amazônia virar uma grande savana, não dá nem para imaginar o que pode
sair de lá em termos de doenças. É imprevisível", diz a pesquisadora.
"Além de ser importante para nós por causa do clima, da fauna, ela é
importante para nossa saúde."
Estudos feitos no país já traçaram a
relação direta entre o corte da Amazônia e o aumento de doenças. Em
2015, por exemplo, uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) constatou que, para cada 1% de floresta derrubada por
ano, os casos de malária aumentavam 23%.
A pesquisa foi feita com
dados de 773 cidades no Projeto de Monitoramento de Desmatamento da
Amazônia, de 2004 a 2012. Além da malária, a incidência de leishmaniose
também se mostrou diretamente relacionada ao desmatamento.
"A
floresta fechada é como um escudo para que comunidades externas entrem
em contato com animais que são hospedeiros de micro-organismos que
causam doenças. E quando a gente fragmenta a floresta, começa a fazer
vias de entrada no seu seio, isso é uma bomba-relógio", conclui
Tourinho, mencionando ainda o perigo trazido por grandes
empreendimentos, como hidrelétricas na Amazônia.
O entra e sai da
floresta fragmentada para tirar madeira, colocar gado, abrir garimpo
também é apontado como um perigo para a saúde. "As pessoas que entram
nessas áreas podem ter contato com esses vírus e levar dentro delas o
problema para centros urbanos", exemplifica Tourinho.
Nesse
cenário, indígenas conseguem ser mais resistentes devido ao convívio por
séculos com a floresta intocada, pontua a pesquisadora.
"Quando
esses vírus chegam às cidades, a disseminação é muito rápida, justamente
por toda a facilidade de deslocamento nesses centros, possibilidade de
deslocamentos internacionais. As cidades repetem o mesmo estilo de
confinamento que a gente faz com os animais e são gatilhos para
proliferação de doenças contagiosas", acrescenta a bióloga.
Uma
dessas rotas pode explicar a origem da pandemia do Sars-Cov-2. A
covid-19, doença respiratória provocada pelo coronavírus, infectou mais
de 2 milhões de pessoas e matou mais de 128 mil no mundo, segundo dados
atualizados pela Universidade Johns Hopkins nesta quarta-feira (15/04)
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O
avanço vertiginoso da pandemia do coronavírus fez com que o FMI (Fundo
Monetário Internacional) projetasse um cenário econômico sombrio para
este ano em todo o mundo. Baixe o app do Yahoo Mail em menos de 1 min e receba todos os seus emails em 1 só lugar Siga o Yahoo Finanças no Google News
Segundo
relatório divulgado nesta terça-feira (14), a economia global vai
sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 29, e a
recuperação deve aparecer somente no ano que vem, ainda de forma parcial
e bastante incerta.
No
fim de 2019, a projeção do Fundo para o crescimento da economia mundial
em 2020 era de 3,4%, ou seja, o tombo de mais de 6% é muito maior do
que o registrado na crise financeira de 2008, por exemplo.
"É
muito provável que este ano a economia global experimente sua pior
recessão desde a Grande Depressão, superando a vista durante a crise
financeira de dez anos atrás", diz o documento assinado por Gita
Gopinath, economista-chefe do FMI.
"A 'Grande Paralisação' [Great Lockdown],
podemos chamá-la, é projetada para encolher dramaticamente o
crescimento global", completa o texto que equipara a magnitude da crise
deste ano somente com a vivida na depressão que assolou o mundo na
década de 1930.
Em seu Panorama da Economia Mundial, o Fundo traça
um paralelo entre a pandemia e uma guerra ou crise política, e diz que
ainda existe uma "severa incerteza" sobre a duração e a intensidade do
choque que esse surto vai provocar.
Com as ponderações à mesa, o
FMI afirma que é possível esperar a retomada no crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) mundial na casa dos 5,8% no ano que vem, mas que
isso vai depender da implementação de medidas e políticas públicas em
cada país.
Durante entrevista coletiva online na manhã desta
terça, a economista-chefe do FMI mostrou gráficos que ilustravam os
números alarmantes da perda cumulativa do PIB global, que deve chegar a
US$ 9 trilhões (R$ 45 trilhões) entre 2020 e 2021.
Gopinath falou
em "desastre raro", que custou milhares de vidas ao redor do mundo, ao
se referir à pandemia e reforçou a ideia de que a recuperação esperada
para o ano que vem é "apenas parcial."
Os danos econômicos vão
atingir de economias ricas a países emergentes e em desenvolvimento,
como o Brasil, mas estes serão os mais prejudicados.
Segundo o
FMI, a economia brasileira deve ter queda de 5,3% em 2020, com
crescimento previsto em 2,9% no ano que vem. Neste domingo (12), o Banco
Mundial já havia divulgado projeções para uma baixa brusca do PIB do
Brasil, na casa de 5%.
No relatório mais recente do FMI - em
outubro de 2019, ainda antes da pandemia -, a previsão era de que a
economia brasileira crescesse 2% em 2020. Se comparado a essa última
expectativa, o tombo é de 7,3%.
A
queda do Brasil será, inclusive, maior que a do restante da América
Latina e Caribe, e a retomada do país também será em ritmo mais lento na
comparação regional.Os países latino-americanos terão queda de
5,2% no PIB deste ano e recuperação de 3,4% -enquanto o Brasil deve
retrair 5,3% e voltar em 2021 com 2,9% de crescimento.A
economista-chefe do Fundo afirma que a discrepância se dá porque o
Brasil "foi atingido por vários choques", com problemas de baixo
crescimento que vêm desde antes da pandemia e "outras crises
domésticas", mas não deu detalhes sobre as projeções do país.As
reformas estruturais, antes vistas pelo Fundo como fundamentais para o
crescimento, agora não estão em primeiro plano, ela diz. "A prioridade é
lidar com a pandemia."Se confirmadas as projeções do FMI, a
recessão no Brasil será a maior em quase 60 anos. O ministro Paulo
Guedes (Economia) já fala em retração de 4% caso a pandemia dure até o
meio do ano, mas ainda é um cenário otimista se comparado à expectativa
do Fundo e do Banco Mundial.Já a previsão para as economias
desenvolvidas deve ser de queda de 6,1%, com recuperação prevista em
torno de 4,5% no ano que vem.Entre as duas maiores economias do
mundo, EUA e China, o tamanho da queda será de grandes proporções e
também seguem as dúvidas quanto à eficiência na recuperação de cada
país.Nas projeções do fim de 2019, o FMI esperava que os EUA crescessem 2,1% em 2020, enquanto a China chegasse a 5,8%.Atuais
líderes em casos confirmados e mortes por Covid-19, os EUA devem ter
retração de 5,9% do PIB e voltarem a crescer no ano que vem na casa dos
4,7%.Na origem da pandemia, os chineses ainda devem experimentar
um crescimento positivo, de 1,2%, após terem alcançado cerca de 6% em
2019. A recuperação deve ser de 9,2% em 2020, segundo o FMI.Uma
das apostas do Fundo para a retomada da economia global após a crise de
2018, a Zona do Euro deve cair 7,5% e voltar com 4,7% em 2021. A
avaliação é que as características dessa crise não são iguais às de
nenhuma outra e que, portanto, a reação também não deve ser a habitual,
de incentivo a atividades de estímulo econômico, por exemplo.Dessa
vez, diz o Fundo, esse tipo de política é inclusive indesejável em
alguns setores por causa das restrições e regras de distanciamento
social impostas em diversos países.Frente ao debate que tem
oposto regras de isolamento e retomada econômica, o FMI lança um roteiro
objetivo de enfrentamento à crise, com uma fase de contenção e
estabilização e outra, de recuperação.Nas duas etapas, saúde
pública e economia têm papeis cruciais a desempenhar e as medidas de
distanciamento "são fundamentais para preparar o terreno para a
recuperação econômica", diz o órgão.As projeções do FMI apontam à
recuperação parcial no ano que vem considerando que a pandemia arrefeça
no segundo semestre de 2020 e que os países consigam normalizar suas
economias justamente com o suporte dessas políticas em diversas frentes.O
Fundo alerta, porém, que a recuperação mundial de 5,8% pode acontecer
depois de uma queda brusca da atividade econômica, mas os números podem
não chegar a tanto e o crescimento do PIB da maior parte dos países
ainda vai permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia.Para que os
países alcancem melhores resultados, dizem os economistas do FMI, a
chave será a colaboração multilateral, e não só compartilhamentos de
recursos médicos e conhecimento para o desenvolvimento de tratamentos e
vacinas."A comunidade internacional também precisará intensificar
a assistência financeira a muitos mercados emergentes e economias em
desenvolvimento. Para aqueles enfrentando grandes pagamentos de dívidas,
moratória e reestruturação podem precisar ser consideradas."O
Fundo afirma que é preciso aumentar as despesas de saúde para
fortalecer a capacidade de resposta ao vírus e reduzir o contágio, além
de desenvolver políticas econômicas que amorteçam o impacto do declínio
das atividades e de uma desaceleração geral, que já é inevitável.Facilidades
de estímulo e liquidez, via bancos centrais, também podem contribuir,
num movimento admitido pelo FMI de maior envolvimento do governo e dos
bancos centrais na economia neste momento.Exemplo claro desse
tipo de atuação são os EUA. Em campanha à reeleição, o presidente Donald
Trump teme que as consequências econômicas da pandemia atinjam seus
planos de ser reconduzido à Casa Branca -mais de 16 milhões de
americanos pediram acesso ao seguro-desemprego nas últimas três semanas e
73% dizem que a crise já diminuiu sua renda.O presidente
americano já anunciou o maior pacote de emergência fiscal da história
dos EUA: US$ 2,2 trilhões que, entre outras medidas, conta com pagamento
direto de dinheiro aos cidadão americanos, e estuda outros formas de
estímulo no país.As medidas de distanciamento social e bloqueios
mais restritos na maioria dos países do mundo provocaram uma onda
inicial de demissões e queda na produção cujo impacto e continuidade já
foram observados pelos analistas.No relatório do FMI, há a
indicação de que o comércio entre os países, por exemplo, deve cair 11%
este ano. Em 2020, voltaria a crescer 8,4%.A atividade industrial
e o preço das commodities também têm despencado a primeira deve cair
de maneira acentuada, em 10,2%, e voltar a crescer em 2021, em torno de
4,2%.Apesar das projeções, o FMI prefere não ser taxativo sobre o
alcance dos danos econômicos da crise. Ou seja, o quadro pode ser pior.Siga o Yahoo Finanças noInstagram,Facebook,Twittere YouTube eaproveite para se logare deixar aqui abaixo o seu comentário.