quarta-feira, 29 de abril de 2020

Secretários de saúde reclamam de Teich: sem diálogo, vacilante e tutelado

Segundo os secretários, eles não conseguem reunião com o ministro da Saúde desde o dia 17 de abril, 

Nelson Teich com Jair Bolsonaro
Nelson Teich com Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa - PR)
247 - Secretários estaduais de Saúde reclamam do novo ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, Nelson Teich. Segundo informações divulgadas pelo Painel da Folha de S. Paulo, eles dizem que Teich é frio, distante, vacilante e tutelado. Além disso, afirmam não conseguem reunião com o ministro há 10 dias, desde o dia 17 de abril, quando ele tomou posse - mesmo com o aprofundamento da crise do coronavírus. Isso difere do ex-ministro, Luiz Henrique Mandetta, com quem eles afirmavam ter reuniões diárias.

Início preocupante



Há pouco mais de uma semana no cargo de ministro da Saúde, Nelson Teich tem sido criticado por secretários estaduais de Saúde pela demora na entrega de equipamentos. "A sensação é de abandono", diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame. Um dos atrasos mais sentidos é o da entrega dos 2.000 kits de UTIs, anunciados há um mês. Destes, só 17% foram distribuídos. Respiradores e testes rápidos também não chegaram. Enquanto o número de casos e mortes aumenta, Teich é acusado de não perceber a urgência da crise e se preocupar mais em criar planilhas de custos. O início preocupa.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

De onde vem a criatividade? Músicos de jazz dão algumas pistas

Redação do Diário da Saúde
De onde vem a criatividade? Músicos de jazz dão algumas pistas
Este é um guitarrista de jazz improvisando enquanto sua atividade cerebral (EEG) é gravada.
[Imagem: Drexel University]
Lados do cérebro
Segundo uma visão popular, a criatividade é um produto do hemisfério direito do cérebro - pessoas inovadoras são consideradas "pensadores do cérebro direito", enquanto "pensadores do cérebro esquerdo" são analíticos e lógicos - embora haja também um lugar para as emoções no cérebro.
Para avaliar se essas divisões do cérebro têm realmente fundamentação científica, pesquisadores do Laboratório de Pesquisas sobre Criatividade (Universidade de Drexel - EUA) analisaram a atividade cerebral de voluntários enquanto eles se dedicavam a uma tarefa que exigia criação ou improvisação.
Para isso, os voluntários eram todos guitarristas de jazz, conhecidos pela criatividade enquanto fazem suas improvisações.
Os resultados mostraram que a criatividade não está ligada aos hemisférios cerebrais da forma como se pensava.
De fato, a criatividade é mesmo impulsionada em maior medida pelo hemisfério direito naqueles músicos que são relativamente inexperientes na improvisação. No entanto, os músicos com grande experiência em improvisação dependem principalmente do hemisfério esquerdo para suas execuções.
Isso sugere que a criatividade é uma "habilidade do hemisfério direito do cérebro" quando uma pessoa lida com uma situação desconhecida, mas também que a criatividade se baseia em rotinas bem aprendidas do hemisfério esquerdo quando uma pessoa é experiente na tarefa.
De onde vem a criatividade? Músicos de jazz dão algumas pistas
Mapas de atividade cerebral mostrando áreas associadas a desempenhos de alta criatividade em comparação com desempenhos de menor criatividade. Cada mapa mostra uma vista superior da cabeça.
[Imagem: Drexel University]
Como treinar criatividade
Ao levar em consideração como a atividade cerebral muda com a experiência, esta pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de novos métodos para treinar as pessoas a serem criativas em seu próprios campos de atividade.
Por exemplo, quando uma pessoa é um especialista, seu desempenho é produzido principalmente por processos automáticos relativamente inconscientes, difíceis de alterar conscientemente, mas fáceis de se subjugar quando se faz um esforço - como quando a autoconsciência faz com que uma pessoa "engasgue" ou vacile.
Por outro lado, o desempenho dos novatos tende a estar sob controle deliberado e consciente. Assim, eles são mais capazes de fazer ajustes de acordo com as instruções dadas por um professor ou treinador.
"Se a criatividade é definida em termos da qualidade de um produto, como uma música, invenção, poema ou pintura, o hemisfério esquerdo desempenha um papel fundamental. No entanto, se a criatividade é entendida como a capacidade de uma pessoa para lidar com situações novas e desconhecidas, como é o caso de improvisadores iniciantes, o hemisfério direito desempenha o papel principal," resumiu o professor John Kounios, idealizador do estudo.

CHARGE

Charge OT 03.04.2020

Você pode gostar de informações, mas provavelmente não vai querer saber tudo

Redação do Diário da Saúde
Você pode gostar de informações, mas provavelmente não vai querer saber tudo
Também já se sabia que as pessoas frequentemente não usam informações disponíveis em suas decisões.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
Buscar ou evitar informações
Vivemos um tempo de acesso sem precedentes à informação. E, neste momento de "fique em casa" no mundo todo, o desejo de notícias pode ser maior do que nunca - pelo menos para algumas pessoas.
Mas nós realmente queremos toda essa informação, o tempo todo?
Alguns podem de fato preferir ter pensamentos mais felizes e manter uma visão otimista sobre a ameaça à saúde que enfrentamos. Por outro lado, outros podem preferir não saber o que as oscilações do mercado estão fazendo com suas economias.
Em outras palavras, a maioria das pessoas tem áreas de sua vida - incluindo saúde e finanças - nas quais prefere evitar verdades potencialmente duras e permanecer alegremente "ignorante".
"Os economistas há muito pensam 'quanto mais, melhor', quando se trata de informação," pondera o professor George Loewenstein, da Universidade Carnegie Mellon (EUA). "Esse pensamento não reflete totalmente o relacionamento complexo das pessoas com as informações. Queríamos criar uma maneira de medir a tendência de um indivíduo de buscar ou se esquivar das informações".
Evitar a verdade vs. conhecer os fatos
Para medir essa tendência em relação às informações, os pesquisadores colocaram voluntários frente a diversos cenários.
Em um deles, por exemplo, os participantes tiveram a opção de descobrir, como parte de um exame médico de rotina, até que ponto seu corpo havia sofrido danos duradouros devido ao estresse: Um terço dos entrevistados preferiu não ouvir as informações.
Em outro, entre os voluntários que pretensamente tinham dado seu livro favorito de presente a um amigo próximo, 1 em cada 4 participantes preferiu não saber se o amigo havia lido ou gostado do livro.
O estudo mostra que o desejo de evitar informações é generalizado e que a maioria das pessoas possui pelo menos alguns domínios - seja saúde, finanças ou opinião de outras pessoas - nas quais preferem permanecer desinformadas.
"É tentador pensar que as pessoas do lado oposto do seu espectro político são as que tentam evitar as informações," comentou o professor David Hagmann, membro da equipe. "Mas não encontramos diferenças na fuga das informações por ideologia política, renda, gênero ou, talvez surpreendentemente, pela educação.
Característica duradoura
O estudo também mostrou que o desejo por informações foi consistente ao longo do tempo. Ou seja, aqueles que expressaram uma preferência por evitar informações em determinado momento expressaram preferências semelhantes quando perguntados novamente semanas depois.
Além disso, o modo como as pessoas reagiram a cenários hipotéticos previram suas decisões reais quando elas foram apresentadas a casos reais de receber ou evitar a obtenção de informações.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

O poder que Bolsonaro quer

O poder que Bolsonaro almeja é aquele exercido sem que tenha de prestar conta às instituições democráticas, como o ditador Hugo Chávez

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
22 de abril de 2020 | 03h00
Em meio ao repúdio unânime das instituições à sua participação num comício de caráter golpista em Brasília no domingo passado, o presidente Jair Bolsonaro defendeu-se dizendo que “falta um pouco de inteligência para aqueles que me acusam de ser ditatorial”. Segundo Bolsonaro, “o pessoal geralmente conspira para chegar ao poder”, mas “eu já estou no poder, eu já sou presidente”. E concluiu: “Então eu estou conspirando contra quem, meu Deus do céu?”.
De fato, Bolsonaro já está no poder, conferido a ele pelos eleitores no pleito de 2018. A questão é que esse poder Bolsonaro não quer, não só porque, no fundo, sabe que não tem a menor ideia de como exercê-lo, tamanho é seu despreparo, mas principalmente porque é um poder regulado pela Constituição e limitado pelos freios e contrapesos institucionais. Um presidente “pode muito, mas não pode tudo”, como disse o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, ao criticar a convocação, feita por Bolsonaro, de protestos contra o Congresso, em fevereiro. Ou seja, já naquela ocasião, o presidente deixava explícito que não pretendia se submeter aos controles constitucionais, pois, em sua visão, sua Presidência é “o povo no poder”, como bradou aos seus seguidores no domingo passado. Depreende-se que Bolsonaro almeja presidir um regime plebiscitário, em que a voz do que ele chama de “povo” se impõe como a lei, tendo o presidente como zeloso intérprete, submetendo todos os demais Poderes a seu tacão.
Nesse regime dos sonhos bolsonaristas, nem o tal “povo” nem o presidente da República são responsáveis pelos problemas do País; estes são sempre fruto das tramoias dos demais Poderes, que se recusam a satisfazer a vontade do “povo” e são vistos como inimigos que tramam para usurpar o poder conferido ao presidente nas urnas. Não à toa, Bolsonaro vive a invocar a possibilidade de sofrer impeachment, quase como se estivesse a desejá-lo, para servir como “prova” da tal conspiração.
O poder que Bolsonaro almeja, portanto, é aquele exercido sem que tenha de prestar conta às demais instituições democráticas - que permanecem em funcionamento, mas sem condições objetivas de cumprirem suas funções. Nem é preciso ir muito longe no tempo para encontrar exemplos desse tipo de regime - a Venezuela do ditador Hugo Chávez é o caso mais bem acabado de uma autocracia construída sem a necessidade de um golpe formal. Não deve ser mero acaso que em 1999 o então deputado Bolsonaro tenha rasgado elogios ao caudilho venezuelano, dizendo que Chávez, “uma esperança para a América Latina”, faria “o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força”.
Como ensinou Chávez, a construção do poder discricionário demanda uma democracia de fachada, com eleições regulares e Parlamento em funcionamento, enquanto as estruturas democráticas vão sendo carcomidas. A imprensa livre é sufocada e a oposição é constrangida pela máquina de destruição de reputações. Já o Judiciário é tomado por governistas, transformando-se em pesadelo dos dissidentes do regime. Assim, estão dadas as condições para que a Constituição se torne letra morta.
É evidente que tal empreendimento deve ser contido já em seus primórdios. O Congresso faz sua parte quando impede Bolsonaro de aprovar medidas inconstitucionais e quando investiga a militância virtual bolsonarista que atua febrilmente para constranger os opositores do presidente.
Do mesmo modo, é alentador observar que o Supremo Tribunal Federal também está vigilante. Agora mesmo, por meio do ministro Alexandre de Moraes, atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República e mandou abrir inquérito para saber quem organizou o ato antidemocrático do qual o presidente Bolsonaro participou animadamente no fim de semana. O ministro teve que lembrar que a Constituição “não permite o financiamento e a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático, nem tampouco a realização de manifestações visando o rompimento do Estado de Direito”. Essa investigação deve ir até o fim, dando nome e sobrenome aos liberticidas - seja qual for o cargo que ocupem ou o poder que tenham - e estes devem ser punidos de acordo com a lei.

25 'pérolas' de Bolsonaro sobre a pandemia

Uma seleção das principais frases do presidente desde o início da crise do coronavírus no País

José Fucs 
 
23 de abril de 2020 | 
Contra recomendações do Ministério da Saúde, Bolsonaro cumprimenta apoiadores em Brasília  Foto: Dida Sampaio/Estadão
Desde que a pandemia do coronavírus desembarcou para valer no Brasil, no início de março, com a multiplicação do número de casos graves e de mortes , o presidente Jair Bolsonaro produziu uma série inesgotável de “pérolas” sobre a crise.
Suas declarações ironizando a gravidade do problema, defendendo a massificação de medicamentos não aprovados pela comunidade científica e se insurgindo contra o isolamento social determinado por governadores e prefeitos em todo o País tornaram-se tema recorrente dos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo.  A revista The Economist, por exemplo, chamou-o de “Bolsonero”  e o jornal Washington Post o “elegeu” como o pior líder mundial a lidar com o coronavírus.
A seguir, você poderá conferir as principais frases de Bolsonaro sobre a pandemia. Neste período, outras compilações do gênero surgiram por aí. Mas, como a produção de “pérolas” presidenciais cresce em ritmo acelerado, o blog resolveu fazer uma nova compilação, atualizando a lista e incluindo uma breve retrospectiva do que Bolsonaro já falou sobre o assunto.
  1. “Eu não sou coveiro, tá certo?” (20/4)
  2. “‘Não tem que se acovardar com esse vírus na frente” (18/4)
  3. “Os Estados estão quebrados. Falta humildade para essas pessoas que estão bloqueando tudo de forma radical.” 19/4
  4. “Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora essa questão do vírus” (12/4)
  5. “Ninguém vai tolher meu direito de ir e vir” (10/4)
  6. “Esse tratamento (com hidroxicloroquina), que começou aqui no Brasil, tem que ser feito, segundo as pessoas que a gente tem conversado, até o quarto ou quinto dia dos primeiros sintomas” 8/4
  7. “Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do covid-19. Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz” (8/4)
  8. “Se o vírus pegar em mim, não vou sentir quase nada. Fui atleta e levei facada” (30/3)
  9. “O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque” (29/3)
  10. “Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida. Você não pode parar uma fábrica de automóveis porque há mortes nas estradas todos os anos”. 27/3
  11. “Não estou acreditando nesses números de São Paulo, até pelas medidas que ele (o governador João Doria) tomou” (27/3)
  12. “Sabe quando esse remédio (hidroxicloroquina) começou a ser produzido no Brasil? Ele começou a ser usado no Brasil quando eu nasci, em 1955. Medicado corretamente, não tem efeito colateral” (26/3)
  13. “O povo foi enganado esse tempo todo sobre o vírus” (26/3)
  14. “O pânico é uma doença e isso foi massificado quase que no mundo todo e no Brasil não foi diferente” (26/3)
  15. “O brasileiro tem de ser estudado, não pega nada. O cara pula em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada.” (26/3)
  16. “São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos” (24/3)
  17. “Não podemos nos comparar com a Itália. (…) Esse clima não pode vir para cá porque causa certa agonia e um estado de preocupação enorme. Uma pessoa estressada perde imunidade” (22/3)
  18. “De forma alguma usarei do momento para fazer demagogia” (21/3)
  19. “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?” (20/3)
  20. “Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas. Tem um governo de Estado que só faltou declarar independência do mesmo” (20/3
  21. “Não se surpreenda se você me ver (sic) no metrô lotado em São Paulo, numa barcaça no Rio. É um risco que um chefe de Estado deve correr. Tenho muito orgulho disso” (18/3)
  22. “O que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos” (17/3)
  23. “Tem locais, alguns países que já tem saques acontecendo. Isso pode vir para o Brasil. Pode ter um aproveitamento político em cima disso” (17/3)
  24. “Eu não vou viver preso no Palácio da Alvorada com problemas grandes para serem resolvidos no Brasil” (16/3)
  25.  “Muito do que falam é fantasia, isso não é crise” (10/3)

Fonte: Blog do Fucs

quarta-feira, 22 de abril de 2020

CHARGE

Coronavírus: por que países liderados por mulheres se destacam no combate à pandemia?

Da Nova Zelândia à Alemanha, Taiwan ou Noruega, alguns países liderados por mulheres estão vendo relativamente menos mortes pela covid-19.
E estas lideranças estão sendo elogiadas na mídia e nas redes sociais por suas atitudes, bem como pelas medidas que introduziram em face da atual crise global de saúde.
Um artigo recente da colunista Avivah Wittenberg-Cox na revista Forbes as considerou "exemplos de verdadeira liderança".
"As mulheres estão se colocando à frente para mostrar ao mundo como gerenciar um caminho confuso para a nossa família humana", escreveu.
As mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo. Já no mundo político, em 2018, elas eram apenas dez dos 153 chefes de Estado eleitos, de acordo com a União Interparlamentar.
Apenas um quarto dos membros dos Parlamentos do mundo são mulheres.
Embora também haja outros fatores sociais e econômicos que favoreçam estes países no enfrentamento à pandemia, analistas acreditam que as trajetórias sociais das mulheres — e não qualquer condicionamento biológico — tornem sua conduta como líderes também diferentes. Entenda o porquê.

Resposta precoce

Rua vazia na IslândiaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA Islândia adotou medidas rigorosas mesmo antes do registro de primeiro caso da covid-19
A primeiro-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, apostou logo cedo em testar massivamente sua população.
Apesar da pequena população, de 360 mil habitantes, a Islândia evitou a complacência: medidas contra a covid-19, como a proibição de reuniões de 20 pessoas ou mais, foram tomadas no final de janeiro, antes mesmo do registro do primeiro caso da doença.
Até 20 de abril, nove pessoas haviam morrido da infecção pelo novo coronavírus na Islândia.
Já em Taiwan, que oficialmente faz parte da China, mas, na prática, funciona (ainda) como um país soberano, a presidente Tsai Ing-wen criou imediatamente um centro de controle de epidemias e tomou medidas para rastrear infecções.
Taiwan também aumentou a produção de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras. Até agora, registrou apenas seis mortes entre seus 24 milhões de habitantes.
Enquanto isso, na Nova Zelândia, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, adotou uma posição difícil diante da covid-19. Em vez de "achatar a curva" dos casos, como muitos países estavam buscando fazer, a abordagem de Ardern foi mais contundente, para eliminar a curva.
país impôs uma série de duras medidas quando as mortes no país por covid-19 eram apenas seis — em 20 de abril, elas totalizavam 12.
Tsai Ing-wen (no centro) aparece entre soldados e funcionários do governo posando para foto, todos de máscaraDireito de imagemSAM YEH/AFP
Image captionÀ frente de Taiwan, Tsai Ing-wen (no centro) aparece na foto entre soldados e funcionários do governo
Mas, além de ter mulheres como líderes, esses países que estão respondendo melhor à crise têm outras coisas em comum. Todos são economias desenvolvidas, com um sistema de assistência social estabelecido e alta pontuação na maioria dos indicadores de desenvolvimento humano.
São países que também tendem a ter sistemas de saúde fortes, mais preparados para lidar com emergências.
Mas qual é a parcela do papel das lideranças mulheres no relativo sucesso destes países no combate ao coronavírus?
Mulher de máscara passa ao lado de cartaz em parede com sinalização para local de testesDireito de imagemODD ANDERSEN/AFP
Image captionLocal de realização de testes em Berlim, Alemanha; a testagem massiva foi parte fundamental da estratégia conduzida por Angela Merkel no país

'Tem tudo a ver com diversidade'

A maneira como essas líderes eleitas praticam política desempenha um papel, dizem analistas.
"Não acho que as mulheres tenham um estilo de liderança diferente do dos homens. Mas quando elas estão representadas em posições de liderança, isso traz diversidade à tomada de decisões", diz Geeta Rao Gupta, diretora executiva do Programa 3D para Meninas e Mulheres e membro sênior da Fundação das Nações Unidas.
"Isso traz melhores decisões, porque você tem a visão tanto de homens quanto de mulheres", disse ela à BBC.
É um contraste com a postura explosiva e a negação a fatos científicos adotadas por alguns de seus colegas do gênero masculino, como os presidentes dos EUA e Brasil, Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Rosie Campbell, diretora do Instituto Global para Liderança Feminina no King's College London, concorda que "os estilos de liderança não são inerentes a homens e mulheres".
"Mas, devido à forma como somos socializados, é mais aceitável que as mulheres sejam líderes mais empáticas e colaborativas. E infelizmente há mais homens que se enquadram na categoria narcisista e hipercompetitiva", diz Campbell.
Ela acredita que essa característica na liderança masculina "foi exacerbada pela tendência populista na política".

A política 'ultramacho'

Populistas apostam em "mensagens simplistas" para ter apoio, explica Campbell à BBC — e isso muitas vezes determinou a abordagem escolhida para gerenciar a pandemia.
Líderes políticos nos EUA, Brasil, Israel e Hungria, para citar alguns países, tentaram, em algumas ocasiões, colocar a culpa de seus problemas em causas externas — como apontar para estrangeiros "importando" a doença, como indicou Trump.
"Trump e Bolsonaro estão optando por assumir uma personalidade ultramacho. Não é codificado em sua biologia que eles tenham que se comportar assim, mas estão optando por fazê-lo", diz Campbell.
"As mulheres são consideravelmente menos propensas a estar na direita radical populista. Existem algumas exceções notáveis, como Marine Le Pen [na França]."
"Mas, no geral, é algo associado a uma política muito individualista e machista."
Angela MerkelDireito de imagemCLEMENS BILAN - POOL/GETTY IMAGES
Image captionMerkel está sendo apontada na Europa como 'campeã' entre líderes do continente no combate ao coronavírus
As respostas à crise da covid-19 foram obviamente diversas, em parte devido às realidades socioeconômicas de cada país e à disponibilidade de recursos — aspectos nos quais o gênero pode não ter influência.
Portanto, líderes homens que não se encaixam no estereótipo descrito por Campbell também estão vendo relativamente menos mortes em seus países.
Na Coreia do Sul, o tratamento da crise pelo presidente Moon Jae-in sustentou a vitória esmagadora de seu partido nas últimas eleições parlamentares, realizadas em 15 de abril.
O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, também tem recebido elogios por gerenciar com sucesso a crise e manter as taxas de mortalidade relativamente baixas — 114 óbitos até 20 de abril, para uma população de cerca de 11 milhões. Em comparação, a Itália, com uma população de 60 milhões, sofreu 22 mil mortes.
A Grécia está passando pela crise priorizando o aconselhamento científico e tendo adotado medidas precoces de distanciamento social — antes que suas primeiras mortes fossem registradas.
E, por outro lado, há países liderados por mulheres em situação delicada diante do avanço rápido do vírus.
Por exemplo, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, conseguiu liderar a contenção do surto em um dos países mais populosos do mundo. Mas há preocupações com a capacidade limitada de testagem, além de que os profissionais de saúde de Bangladesh denunciam cada vez mais estar em risco devido à falta de equipamentos de proteção individual.
Mulher com véu vendendo floresDireito de imagemEPA
Image captionAs mulheres são mais propensas a serem afetadas pelos impactos sociais e econômicos da covid-19

Decisões difíceis

Para deter a covid-19, os líderes precisam tomar decisões difíceis, como bloquear atividades econômicas.
Mas essas escolhas têm um alto custo político no curto prazo, que é "o oposto do que os líderes populistas querem", diz a professora Campbell.
Por outro lado, algumas líderes conquistaram a opinião pública ao falar de maneira aberta e transparente sobre os desafios que seus países enfrentam.
Angela Merkel, da Alemanha, anunciou rapidamente que a covid-19 era uma ameaça "muito séria". Em números absolutos, seu país criou o maior esquema de testagem, rastreamento e isolamento da Europa. Mais de 4,6 mil pessoas morreram de covid-19 na Alemanha, que tem uma população de 83 milhões.
Na Noruega e na Dinamarca, as abordagens de suas primeiras-ministras as diferenciaram de alguns de seus colegas homens propensos a bravatas.
Colagem de fotos das primeiras-ministras da Noruega, Erna Soldberg, e Dinamarca, Mette Frederiksen
Image captionAs primeiras-ministras da Noruega, Erna Soldberg, e Dinamarca, Mette Frederiksen, conduziram falas especificamente para crianças
Tanto a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, quanto sua colega dinamarquesa, Mette Frederiksen, realizaram pronunciamentos específicos para crianças.
Jacinda Ardern, da Nova Zelândia, também tentou amenizar as preocupações dos pequenos sobre se a Páscoa, celebrada pelos cristãos este mês, seria interrompida por medidas de bloqueio. Ardern disse que o tradicional coelhinho da Páscoa era considerado um "trabalhador essencial" e teria permissão para entregar ovos de chocolate diretamente às casas.
Campbell analisa: "Falar sobre o coelhinho da Páscoa teria sido considerado ridículo para um líder de um país no passado. Mas ter mais mulheres na política está nos fazendo pensar mais sobre como a política afeta as crianças".
Ao abordar diretamente as preocupações dos cidadãos mais novos, os líderes políticos estão reconhecendo que a pandemia global está afetando a saúde mental de todas as faixas etárias, diz Campbell.
Menina coloca desenho de ovo de páscoa na janelaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOs neozelandeses foram incentivados a desenhar e exibir ovos de Páscoa em suas janelas durante a pandemia

'Decisões melhores'

Geeta Rao Gupta, que também é presidente do conselho consultivo do WomenLift Health, um programa da Fundação Bill e Melinda Gates que visa aumentar a liderança feminina no setor de saúde, pede que mais mulheres sejam colocadas em posições de liderança.
Ela defende que isso melhoraria a tomada de decisões.
Uma profissional de saúde com máscara ajuda outra a colocar equipamento de proteçãoDireito de imagemREUTERS
Image captionAs mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo, mas ainda ficam para trás em posições de liderança
"Decisões relevantes seriam tomadas considerando mais segmentos da sociedade, não apenas alguns."
"Porque, como mulheres, elas [líderes] experimentaram a vida em papéis e responsabilidades que são afetadas socialmente pelo gênero. Assim, suas perspectivas e decisões provavelmente serão afetadas por essas experiências".
Gupta adverte sobre os possíveis diferentes impactos sociais e econômicos da covid-19 sobre homens e mulheres. A violência doméstica contra elas já tem aumentando em várias partes do mundo. Elas estão mais vulneráveis ao aumento da pobreza e pode haver uma reversão às tentativas recentes — e tímidas, em muitos casos — para diminuir a diferença salarial entre os gêneros.
"Estamos recuando", diz ela. "A menos que a resposta à pandemia considere isso como fator (questões de gênero), haverá uma exacerbação dos problemas existentes."

terça-feira, 21 de abril de 2020

Receitas deliciosas

https://receitas.ig.com.br/

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Ser feliz com menos: É preciso romper normas sociais


Redação do Diário da Saúde
Escolhas versus normas sociais
Há coisas que parecem ser opções, mas também parecem ser ordens culturalmente fixadas: Pense em situações como ter muitos filhos em alguns países da África, ou consumir demais nos países ocidentais.
De fato, pesquisadores estão demonstrando que, em vez de "escolhas", questões como esses dois exemplos não são preferências pessoais, mas normas sociais às quais as pessoas aderem subconscientemente.
E mudanças nesses padrões - consumir menos do que seus amigos e vizinhos ou ter menos filhos do que costumava acontecer na sua família - aumentam a felicidade média na sociedade.
Esta é a conclusão de Scott Barrett e um grande grupo de pesquisadores de várias universidades da Europa e EUA e das Nações Unidas.
"Todo mundo tem o direito de escolher livremente. Assim, parece que há pouco que se possa fazer sobre esses assuntos," comentou o professor Marten Scheffer, da Universidade de Wageningen (Países Baixos). "No entanto, existe uma alternativa sustentável que, talvez surpreendentemente, aumentaria o bem-estar da grande maioria. Muitas pessoas sentem intuitivamente que esse poderia ser o caso, mas elevar o nível da discussão sobre questões como consumo e crescimento populacional, passando da conversa fútil infundada para ideias fundamentadas que sugiram soluções, é um desafio."
Pressão social subconsciente
O trabalho demonstra que muitas preferências aparentes surgem da pressão social percebida subconscientemente.
Por exemplo, uma pesquisa realizada entre dois grupos religiosos diferentes em Bangladesh mostrou que as mulheres tendem a querer o número de filhos que é a norma em seu grupo, e não o do outro grupo. As preferências são "contagiosas", o que pode levar a população a continuar tendo muitos filhos, mesmo que famílias menores tornem suas vidas significativamente mais confortáveis.
Os padrões de consumo nos países ricos mostram uma dinâmica semelhante. As pessoas tendem a se comparar aos outros em seus ganhos materiais, como moradia, roupas e veículos. No entanto, um desejo menor de comprar produtos caros gera espaço para empreendimentos sociais, como passeios com amigos e outras coisas que promovem uma sensação de bem-estar.
Outras pesquisas indicam que uma família menor leva a uma redução da pobreza em grande parte do mundo.
Mudança de padrões de consumo
Mas como iniciar uma mudança em larga escala em relação ao comportamento que possa contribuir para uma qualidade de vida mais sustentável e melhor?
Pesquisas mostram que educar as mulheres tem um efeito significativo no desejo de ter filhos. No quesito consumo, por sua vez, a influência das mídias sociais, mídias tradicionais e modelos de comportamento nas normas comportamentais é enorme.
"O fato de atitudes e práticas humanas serem incorporadas socialmente sugere que é possível que as pessoas reduzam suas taxas de fertilidade e demandas de consumo sem experimentar uma perda no bem-estar," concluem os autores.
Coronavírus: hora de refletir?
Scheffer também identificou outra possibilidade de ação: "Nossa publicação aparece em um momento em que tudo se tornou fluido devido ao coronavírus. Um drama global obviamente. Mas um aspecto é que muitos de nós foram subitamente colocados em uma posição em que temos mais tempo para nós mesmos e para nossas famílias. Estamos dando um passo atrás nas viagens, na compra de objetos e todo tipo de outras coisas."

domingo, 19 de abril de 2020

O modus operandi da "imprensa livre"

Se tem uma coisa que os políticos adoram é flashes. E não é por acaso que os fotógrafos também. Os políticos, porque gostam de aparecer ou serem a notícia. Os fotógrafos porque assim podem por em prática o projeto ou interesse da elite endinheirada. E, qual é o modus operandi desta? Se quer apoiar alguém, estampa foto (s) de alguém sorrindo, por exemplo. E, ao contrário, se quer "fritar" alguém, estampa foto (s) de alguém bocejando, assustado, triste ou com foto cortada. Outro forma de atuar é omitir ou selecionar o acesso à informação. Enfim, políticos, vai aqui um lembrete: os fotógrafos são verdadeiros camaleões (atuam tanto como anjos quanto serpentes).

sábado, 18 de abril de 2020

Somente no comunismo, estúpidos!

Tanto os economistas Adam Smith quanto Jean-Baptiste Say já foram criticados por suas ideias. No caso de Smith, pela defesa de que a voracidade particular dos empresários acabe gerando um bem-estar geral no final, em que todos saem ganhando.
Já no caso de Say, pelo fato de que sua teoria de que toda a produção gere o seu consumo não encontrar respaldo prático, como no descompasso brutal entre produção e consumo, na crise de 29 e por exemplo.

Ora, tanto Smith quanto Say estariam corretos se aplicassem suas ideias num contexto comunista (economia de mercado + boa distribuição de renda + liberdade). Aliás, Marx deve estar rolando de rir no seu túmulo, não é mesmo? E, por quê? Porque somente no comunismo produção e consumo se encontram de forma espontânea (e geram liberdade, igualdade e fraternidade).

CHARGE

Charge O TEMPO 17/04/2020

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Por que as pessoas cometem crimes?

Redação do Diário da Saúde
Por que as pessoas cometem crimes?
"Não se trata de patologias individuais. Trata-se de histórias e circunstâncias sociais patológicas," diz o professor Craig Haney.
[Imagem: Melissa De Witte]
Origens da criminalidade
Quarenta anos atrás, Craig Haney era um jovem professor de psicologia na Universidade da Califórnia de Santa Cruz (EUA) quando ele começou a se interessar sobre as verdadeiras causas dos crimes.
Ao trabalhar com condenados em uma prisão, ele começou a verificar um padrão: a maioria dos criminosos apresentava um histórico de sofrimento na primeira infância, com experiências de trauma, abuso e maus-tratos.
Ele então se colocou a questão: E se o comportamento criminoso mais violento não for fruto de nenhum traço específico de personalidade, ou mesmo de eventos circunstanciais, mas estiver enraizado nesse sofrimento da primeira infância?
O então jovem pesquisador apresentou essa hipótese aos seus professores, que se mostraram céticos: Não havia muita literatura para sugerir que um trauma precoce pudesse moldar tão profundamente o comportamento adulto, e certamente não o comportamento criminoso adulto.
Haney então resolveu dedicar sua carreira para suprir essa falta de estudos. Nesses anos, ele publicou seus resultados, levou a discussão a congressos científicos e conseguiu dados concretos que fizeram com que muitos outros psicólogos começassem a pesquisar o assunto.
Agora, Haney reuniu todo esse corpo de pesquisa - suas e de outros - em um livro, que traz uma análise abrangente e aprofundada das causas do comportamento criminoso.
Injustiça social
O livro traz conclusões sobre o papel preponderante dos traumas evitáveis e da injustiça estrutural na sociedade sobre a criminalidade, um saber suficiente para justificar uma reforma real no sistema de justiça criminal.
"A narrativa dominante sobre o crime é que ele é cometido por pessoas más que escolhem livremente tomar más decisões, pessoas que são fundamentalmente diferentes do resto de nós," disse Haney. "Mas a única coisa que é fundamentalmente diferente sobre eles é a vida que eles viveram e os impedimentos estruturais que eles enfrentaram".
Milhares de estudos publicados nessas últimas quatro décadas estabelecem claramente que as pessoas que mais correm risco de comportamento criminoso são aquelas que foram expostas a inúmeros traumas ou "fatores de risco" em suas vidas, geralmente começando na infância.
O impacto a longo prazo do abuso e da negligência é frequentemente agravado por maus-tratos adicionais nas mãos das próprias instituições encarregadas de proteger essas pessoas, incluindo escolas, o sistema de assistência social e o sistema de justiça juvenil, diz Haney.
Além disso, ele argumenta que a pobreza e o racismo são fatores estruturais preponderantes que contribuem para o crime.
Por que as pessoas cometem crimes?
O livro do professor Haney ainda não possui tradução em português.
[Imagem: Melissa De Witte]
Origem dos crimes: Pobreza e desigualdade
A pobreza é um fator de risco que expõe as pessoas a outras formas de trauma, garante uma gama de necessidades não atendidas e pode restringir oportunidades ao longo de uma vida inteira, cita Haney: "Noventa por cento das pessoas na prisão são pobres, e a maioria são pessoas de cor."
Como raça e pobreza estão tão profundamente entrelaçadas em nossa sociedade, as pessoas de cor são mais propensas a enfrentar esses desafios. Esse fato, e seu tratamento diferenciado nas mãos do sistema de justiça criminal, explicam sua super-representação nas prisões.
Se as injustiças sociais, econômicas e raciais são as verdadeiras causas do comportamento criminoso, argumenta Haney, o único caminho real para reduzir o crime é lidar com elas de forma séria.
"A reforma fundamental da justiça criminal exigirá que mudemos nossas concepções de quem comete crime e por quê," propõe Haney. "Não se trata de patologias individuais. Trata-se de histórias e circunstâncias sociais patológicas. Nós sabemos disso não porque é politicamente liberal ou progressista dizer isso. Sabemos disso porque há uma montanha de dados nos dizendo que é verdade".
"Lidar com as terríveis consequências da pobreza e da desigualdade econômica é importante por si só, mas também deve ser visto como um avanço na meta de prevenção ao crime. Reduzir o crime e a pobreza fazem parte da mesma agenda de justiça social," concluiu o pesquisador.

Secularismo e tolerância preveem prosperidade de países

Redação do Diário da Saúde
Secularismo e tolerância preveem prosperidade futura de países
Uma sociedade de pessoas boas torna-se mais facilmente uma sociedade próspera.
[Imagem: Damian J. Ruck et al. - 10.1098/rsos.190725]
Religião e riqueza
É bem conhecido o fato de que os países mais ricos apresentam uma população com menor dependência das religiões convencionais.
Mas o que os pesquisadores queriam saber é se é a menor ligação a instituições religiosas que leva a uma maior prosperidade, ou se é a prosperidade que diminui a adesão de pessoas a religiões institucionalizadas.
Para isso, eles entrevistaram quase meio milhão de pessoas em 109 países.
A conclusão clara é que as culturas seculares - nas quais a religião tem menor influência - e que são tolerantes com grupos minoritários e respeitam os direitos dos indivíduos tendem a ter mais riqueza, melhor educação e mais democracia, dizem pesquisadores da Universidade de Bristol (Reino Unido) e da Universidade do Tennessee (EUA).
Especificamente, eles usaram os dados para mostrar como o secularismo e a boa convivência com as minorias podem ser usados para prever estatisticamente o futuro PIB per capita, o número de crianças na escola e a democratização.
Sociedade boa
Os dados mostram que - pelo menos no século 20 - os lugares que tiveram as maiores melhorias econômicas e sociais também tendiam a ter culturas seculares e tolerantes antes desses ganhos.
"Com acesso a conjuntos de dados digitalizados em massa, a história está-se tornando uma ciência. Nossa análise orientada por dados dá sustentação à noção de que uma sociedade 'boa' - que valoriza a diversidade, a tolerância e a abertura - também pode ser uma sociedade 'produtiva', o que é uma razão para termos esperança no futuro," disse o professor Daniel Lawson, um dos coordenadores da pesquisa.
Uma das implicações principais deste estudo é que a promoção do desenvolvimento de um país deve levar em consideração os valores culturais preexistentes. Por exemplo, a promoção da democracia, seja por meio de trocas econômicas ou mudanças de regime, só terá êxito se combinada com a promoção da abertura e da tolerância aos grupos minoritários.

Podcast: se a crise apertar, que recursos o governo tem guardado no colchão?

A grande cartada




Com quebra do isolamento, Bolsonaro joga o destino dele e de milhões. O futuro dirá

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo 
 
17 de abril de 2020 
O presidente Jair Bolsonaro jogou sua maior cartada na última quinta-feira, 16, ao demitir Luiz Henrique Mandetta, o ministro mais popular do seu governo, e substituí-lo por Nelson Teich, que vai começar tudo de novo com a função de dar um cavalo de pau na política do isolamento social – ou, como disse Bolsonaro, “redirecionar a posição do governo e dos 22 ministros”.
O recado teve endereço certo: os ministros, particularmente os superministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, que apoiam, ou apoiavam, a posição de Mandetta, do Ministério da Saúde, da OMS e de todos os países desenvolvidos do mundo pró-isolamento social como a melhor forma de conter a contaminação e, consequentemente, as mortes pela covid-19.
Ainda no carro, a caminho do Ministério da Saúde para se despedir, Mandetta me disse num rápido telefonema que a derradeira conversa com Bolsonaro foi “cordial, gentil”. “Eu não posso entregar o que ele me pede”, conformava-se. “Vem aí uma dinâmica social totalmente nova, que muda tudo”, explicou, desejando sorte ao “Nelson, como é mesmo o nome dele?”. “Que Deus nos ajude a todos”, concluiu.
Para amenizar o cavalo de pau, ou o “redirecionamento”, como anunciou o presidente, ou a “nova dinâmica social”, como chama Mandetta, o dr. Nelson Teich tratou de deixar claro que a flexibilização do isolamento virá, mas não será “brusca nem radical”.
Isso pode ser bom, se significar cautela, dentro da técnica e da ciência e com base sólida de dados, como prometeu. Mas pode ser ruim, se ele esperar para agir só depois de “um diagnóstico da doença”, de um trabalho de inteligência e de uma massificação de testes (como? de onde?) que, em resumo, pode corresponder a começar do zero. No meio da pandemia? Com o número de mortos batendo em 2 mil pessoas? Emergência é emergência.
Mandetta se vai, aliás, com alta aprovação popular, mas a pandemia fica e, o pior, o presidente Jair Bolsonaro e suas manias também ficam. O novo ministro conseguiu arrancar o compromisso do presidente de parar com provocações, de causar aglomerações, tocar pessoas nas ruas sem máscara, pular de absurdos em absurdos públicos? Provavelmente sim, o que vai confirmar que, mais do que uma questão “técnica e científica” em torno da quebra do isolamento, a birra de Bolsonaro era pessoal, contra Mandetta, e política, por ciúme da sombra que o ministro lhe fazia.
Mandetta sai da Saúde e entra nas bolsas de apostas políticas, mexendo sobretudo com o tabuleiro do DEM, seu partido e dos presidentes da Câmara e do Senado e do mais novo adversário do presidente, Ronaldo Caiado (GO). Mas o que interessa nesse momento não é política, é saúde, vida, combate ao coronavírus e o equilíbrio de tudo isso com economia, empresas e empregos. Um equilíbrio delicadíssimo, agora nas mãos de Nelson Teich. Mas com Bolsonaro mandando.
A quebra do isolamento é certa, mas é preciso saber como, quando, em que bases. E como Teich, muito respeitado no ambiente médico, vai tratar a questão, que exige não só liderança na equipe da Saúde, que não terá dificuldade em conquistar, mas também negociação com governadores, o Congresso e, eventualmente, o Supremo – que estão em pé de guerra com Bolsonaro. Teich tem de ter estratégia e também se familiarizar com a máquina e a política.
Outro grande embate entre Bolsonaro e Mandetta era em torno da cloroquina como a varinha de condão. Alguém notou que o presidente nunca mais falou nisso? E que a cloroquina foi a grande ausente dos discursos no derradeiro dia de Mandetta na Saúde? Pode ser, pode não ser, mas parece que Bolsonaro perdeu essa. Quanto à quebra do isolamento, ao qual o destino de Bolsonaro e de milhões está atrelado, o futuro dirá.

A aposta arriscada de Bolsonaro



Embora a ciência e as estatísticas mostrem que ainda não é o momento de afrouxar o isolamento social, o governo deve flexibilizar a quarentena com a chegada do oncologista Nelson Teich ao Ministério da Saúde. A aposta é arriscada, como mostra a reportagem de capa de VEJA desta semana . A intenção de Jair Bolsonaro e seus auxiliares é fazer com que municípios e regiões industriais voltem a funcionar, bem como cidades brasileiras que ainda não foram atingidas pelo novo coronavírus. Como não chegamos ao pico da doença, o presidente arrisca ao trocar a estratégia no meio da pandemia e acreditar que o vírus não sairá do controle. Se sua aposta estiver errada, o preço a pagar será alto.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

O elo entre desmatamento e epidemias investigado pela ciência


Especial Amazônia

Cientistas alertam há décadas para o risco de novas doenças como consequência da destruição de florestas. Assim como a Ásia, origem do novo coronavírus, a Amazônia é vista como possível polo de enfermidades.
Árvore sozinha em área desmatada "Se a Amazônia virar uma savana, não dá nem para imaginar o que pode sair de lá em termos de doenças", diz pesquisadora
Faz pelo menos duas décadas que cientistas repetem o alerta: à medida que populações avançam sobre as florestas, aumenta o risco de micro-organismos – até então em equilíbrio – migrarem para o cotidiano humano e fazerem vítimas. Foi por isso que a notícia sobre a propagação do novo coronavírus, detectado pela primeira vez na China em dezembro passado e que se espalhou pelo mundo, não pegou Ana Lúcia Tourinho de surpresa. Doutora em Ecologia, ela estuda como o desequilíbrio ambiental faz com que a floresta e sociedade fiquem doentes.
"Quando um vírus que não fez parte da nossa história evolutiva sai do seu hospedeiro natural e entra no nosso corpo é o caos. Está aí o novo coronavírus esfregando isso na nossa cara", argumenta Tourinho, pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
No caso do novo coronavírus, batizado de Sars-CoV-2, muito antes de infectar os primeiros humanos e viajar a partir da China, abrigado no corpo de viajantes, para outras partes do mundo, ele habitava outros hospedeiros num ambiente selvagem – morcegos, provavelmente.
Isolados e em equilíbrio em seu habitat, como florestas fechadas, vírus como esse não ameaçariam os humanos. O problema é quando esse reservatório natural começa a ser recortado, destruído e ocupado.
Estudos científicos publicados anos antes da atual pandemia já mostravam a conexão entre perda florestal, proliferação de morcegos nas áreas degradadas e coronavírus. Análises assinadas por Aneta Afelt, pesquisadora da Universidade de Varsóvia, na Polônia, descrevem como os altos índices de destruição florestal nos últimos 40 anos na Ásia eram um indicativo de que a próxima doença infecciosa grave poderia sair dali.
Para chegar a essa conclusão, Afelt seguiu o rastro de pandemias prévias provocadas por outros coronavírus, como a da Sars, em 2002 e 2003, com taxa de mortalidade de 10%, e a Mers, em 2012, que matou 38% das vítimas infectadas.
"Por ser uma das regiões do mundo onde o crescimento populacional é mais intenso, onde as condições sanitárias permanecem ruins e onde a taxa de desmatamento é mais alta, o Sudeste Asiático atende a todas as condições para se tornar o local de emergência ou reemergência de doenças infecciosas", afirmou Afelt num artigo de 2018.
Tais condições não se aplicam apenas a essa parte do mundo. Na Amazônia, onde em 2019 o desmatamento bateu o recorde desta década, com 9.762 km² destruídos, e os alertas de desmatamento aumentaram 51,4% entre janeiro e março de 2020 em relação ao período anterior, o cenário é parecido.
A região com a maior floresta tropical do mundo também é considerada um provável polo de epidemias, como mostrou uma análise feita por uma equipe liderada por Simon Anthony, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Só de coronavírus que circulam em morcegos também no Brasil, o levantamento contabilizou pelo menos 3.204 tipos.
O risco que vem da Amazônia
Tourinho não gosta nem de pensar sobre o impacto na saúde pública se a destruição da Floresta Amazônica seguir o ritmo acelerado. "Se a Amazônia virar uma grande savana, não dá nem para imaginar o que pode sair de lá em termos de doenças. É imprevisível", diz a pesquisadora. "Além de ser importante para nós por causa do clima, da fauna, ela é importante para nossa saúde."
Estudos feitos no país já traçaram a relação direta entre o corte da Amazônia e o aumento de doenças. Em 2015, por exemplo, uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou que, para cada 1% de floresta derrubada por ano, os casos de malária aumentavam 23%.
A pesquisa foi feita com dados de 773 cidades no Projeto de Monitoramento de Desmatamento da Amazônia, de 2004 a 2012. Além da malária, a incidência de leishmaniose também se mostrou diretamente relacionada ao desmatamento.
"A floresta fechada é como um escudo para que comunidades externas entrem em contato com animais que são hospedeiros de micro-organismos que causam doenças. E quando a gente fragmenta a floresta, começa a fazer vias de entrada no seu seio, isso é uma bomba-relógio", conclui Tourinho, mencionando ainda o perigo trazido por grandes empreendimentos, como hidrelétricas na Amazônia.
O entra e sai da floresta fragmentada para tirar madeira, colocar gado, abrir garimpo também é apontado como um perigo para a saúde. "As pessoas que entram nessas áreas podem ter contato com esses vírus e levar dentro delas o problema para centros urbanos", exemplifica Tourinho.
Nesse cenário, indígenas conseguem ser mais resistentes devido ao convívio por séculos com a floresta intocada, pontua a pesquisadora.
"Quando esses vírus chegam às cidades, a disseminação é muito rápida, justamente por toda a facilidade de deslocamento nesses centros, possibilidade de deslocamentos internacionais. As cidades repetem o mesmo estilo de confinamento que a gente faz com os animais e são gatilhos para proliferação de doenças contagiosas", acrescenta a bióloga.
Uma dessas rotas pode explicar a origem da pandemia do Sars-Cov-2. A covid-19, doença respiratória provocada pelo coronavírus, infectou mais de 2 milhões de pessoas e matou mais de 128 mil no mundo, segundo dados atualizados pela Universidade Johns Hopkins nesta quarta-feira (15/04)
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terça-feira, 14 de abril de 2020

'Grande paralisação' levará economia global a pior recessão dede 1929, diz FMI

Finanças

MARINA DIAS

O avanço vertiginoso da pandemia do coronavírus fez com que o FMI (Fundo Monetário Internacional) projetasse um cenário econômico sombrio para este ano em todo o mundo.
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Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (14), a economia global vai sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 29, e a recuperação deve aparecer somente no ano que vem, ainda de forma parcial e bastante incerta.

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No fim de 2019, a projeção do Fundo para o crescimento da economia mundial em 2020 era de 3,4%, ou seja, o tombo de mais de 6% é muito maior do que o registrado na crise financeira de 2008, por exemplo.
"É muito provável que este ano a economia global experimente sua pior recessão desde a Grande Depressão, superando a vista durante a crise financeira de dez anos atrás", diz o documento assinado por Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.
"A 'Grande Paralisação' [Great Lockdown], podemos chamá-la, é projetada para encolher dramaticamente o crescimento global", completa o texto que equipara a magnitude da crise deste ano somente com a vivida na depressão que assolou o mundo na década de 1930.
Em seu Panorama da Economia Mundial, o Fundo traça um paralelo entre a pandemia e uma guerra ou crise política, e diz que ainda existe uma "severa incerteza" sobre a duração e a intensidade do choque que esse surto vai provocar.
Com as ponderações à mesa, o FMI afirma que é possível esperar a retomada no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mundial na casa dos 5,8% no ano que vem, mas que isso vai depender da implementação de medidas e políticas públicas em cada país.
Durante entrevista coletiva online na manhã desta terça, a economista-chefe do FMI mostrou gráficos que ilustravam os números alarmantes da perda cumulativa do PIB global, que deve chegar a US$ 9 trilhões (R$ 45 trilhões) entre 2020 e 2021.
Gopinath falou em "desastre raro", que custou milhares de vidas ao redor do mundo, ao se referir à pandemia e reforçou a ideia de que a recuperação esperada para o ano que vem é "apenas parcial."
Os danos econômicos vão atingir de economias ricas a países emergentes e em desenvolvimento, como o Brasil, mas estes serão os mais prejudicados.
Segundo o FMI, a economia brasileira deve ter queda de 5,3% em 2020, com crescimento previsto em 2,9% no ano que vem. Neste domingo (12), o Banco Mundial já havia divulgado projeções para uma baixa brusca do PIB do Brasil, na casa de 5%.
No relatório mais recente do FMI - em outubro de 2019, ainda antes da pandemia -, a previsão era de que a economia brasileira crescesse 2% em 2020. Se comparado a essa última expectativa, o tombo é de 7,3%.

A queda do Brasil será, inclusive, maior que a do restante da América Latina e Caribe, e a retomada do país também será em ritmo mais lento na comparação regional.Os países latino-americanos terão queda de 5,2% no PIB deste ano e recuperação de 3,4% -enquanto o Brasil deve retrair 5,3% e voltar em 2021 com 2,9% de crescimento.A economista-chefe do Fundo afirma que a discrepância se dá porque o Brasil "foi atingido por vários choques", com problemas de baixo crescimento que vêm desde antes da pandemia e "outras crises domésticas", mas não deu detalhes sobre as projeções do país.As reformas estruturais, antes vistas pelo Fundo como fundamentais para o crescimento, agora não estão em primeiro plano, ela diz. "A prioridade é lidar com a pandemia."Se confirmadas as projeções do FMI, a recessão no Brasil será a maior em quase 60 anos. O ministro Paulo Guedes (Economia) já fala em retração de 4% caso a pandemia dure até o meio do ano, mas ainda é um cenário otimista se comparado à expectativa do Fundo e do Banco Mundial.Já a previsão para as economias desenvolvidas deve ser de queda de 6,1%, com recuperação prevista em torno de 4,5% no ano que vem.Entre as duas maiores economias do mundo, EUA e China, o tamanho da queda será de grandes proporções e também seguem as dúvidas quanto à eficiência na recuperação de cada país.Nas projeções do fim de 2019, o FMI esperava que os EUA crescessem 2,1% em 2020, enquanto a China chegasse a 5,8%.Atuais líderes em casos confirmados e mortes por Covid-19, os EUA devem ter retração de 5,9% do PIB e voltarem a crescer no ano que vem na casa dos 4,7%.Na origem da pandemia, os chineses ainda devem experimentar um crescimento positivo, de 1,2%, após terem alcançado cerca de 6% em 2019. A recuperação deve ser de 9,2% em 2020, segundo o FMI.Uma das apostas do Fundo para a retomada da economia global após a crise de 2018, a Zona do Euro deve cair 7,5% e voltar com 4,7% em 2021.  A avaliação é que as características dessa crise não são iguais às de nenhuma outra e que, portanto, a reação também não deve ser a habitual, de incentivo a atividades de estímulo econômico, por exemplo.Dessa vez, diz o Fundo, esse tipo de política é inclusive indesejável em alguns setores por causa das restrições e regras de distanciamento social impostas em diversos países.Frente ao debate que tem oposto regras de isolamento e retomada econômica, o FMI lança um roteiro objetivo de enfrentamento à crise, com uma fase de contenção e estabilização e outra, de recuperação.Nas duas etapas, saúde pública e economia têm papeis cruciais a desempenhar e as medidas de distanciamento "são fundamentais para preparar o terreno para a recuperação econômica", diz o órgão.As projeções do FMI apontam à recuperação parcial no ano que vem considerando que a pandemia arrefeça no segundo semestre de 2020 e que os países consigam normalizar suas economias justamente com o suporte dessas políticas em diversas frentes.O Fundo alerta, porém, que a recuperação mundial de 5,8% pode acontecer depois de uma queda brusca da atividade econômica, mas os números podem não chegar a tanto e o crescimento do PIB da maior parte dos países ainda vai permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia.Para que os países alcancem melhores resultados, dizem os economistas do FMI, a chave será a colaboração multilateral, e não só compartilhamentos de recursos médicos e conhecimento para o desenvolvimento de tratamentos e vacinas."A comunidade internacional também precisará intensificar a assistência financeira a muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Para aqueles enfrentando grandes pagamentos de dívidas, moratória e reestruturação podem precisar ser consideradas."O Fundo afirma que é preciso aumentar as despesas de saúde para fortalecer a capacidade de resposta ao vírus e reduzir o contágio, além de desenvolver políticas econômicas que amorteçam o impacto do declínio das atividades e de uma desaceleração geral, que já é inevitável.Facilidades de estímulo e liquidez, via bancos centrais, também podem contribuir, num movimento admitido pelo FMI de maior envolvimento do governo e dos bancos centrais na economia neste momento.Exemplo claro desse tipo de atuação são os EUA. Em campanha à reeleição, o presidente Donald Trump teme que as consequências econômicas da pandemia atinjam seus planos de ser reconduzido à Casa Branca -mais de 16 milhões de americanos pediram acesso ao seguro-desemprego nas últimas três semanas e 73% dizem que a crise já diminuiu sua renda.O presidente americano já anunciou o maior pacote de emergência fiscal da história dos EUA: US$ 2,2 trilhões que, entre outras medidas, conta com pagamento direto de dinheiro aos cidadão americanos, e estuda outros formas de estímulo no país.As medidas de distanciamento social e bloqueios mais restritos na maioria dos países do mundo provocaram uma onda inicial de demissões e queda na produção cujo impacto e continuidade já foram observados pelos analistas.No relatório do FMI, há a indicação de que o comércio entre os países, por exemplo, deve cair 11% este ano. Em 2020, voltaria a crescer 8,4%.A atividade industrial e o preço das commodities também têm despencado –a primeira deve cair de maneira acentuada, em 10,2%, e voltar a crescer em 2021, em torno de 4,2%.Apesar das projeções, o FMI prefere não ser taxativo sobre o alcance dos danos econômicos da crise. Ou seja, o quadro pode ser pior.Siga o Yahoo Finanças no Instagram, Facebook, Twitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário.