Redação do Diário
da Saúde
Unicidade
As pessoas que acreditam na unicidade
- a ideia de que tudo no mundo está conectado e é interdependente - têm maior
satisfação com a vida do que aquelas que não acreditam nessa totalidade
imanente, independentemente de pertencerem a uma religião ou não.
"O sentimento de estar em
harmonia com um princípio divino, a vida, o mundo, outras pessoas ou mesmo
atividades, tem sido discutido em várias tradições religiosas, como também em
uma ampla variedade de pesquisas científicas de diferentes disciplinas. Os
resultados deste estudo revelam um significativo efeito positivo das crenças
unicistas sobre a satisfação com a vida, mesmo descontando as [diferenças das]
crenças religiosas," disse Laura Marie Edinger-Schons, da Universidade de
Mannheim (Alemanha).
A equipe de Schons realizou duas
pesquisas envolvendo quase 75.000 pessoas na Alemanha. Na primeira, mais de
7.000 participantes, recrutados como parte de um projeto de cooperação entre a
universidade e uma empresa, responderam uma série de declarações destinadas a
medir sua crença na unicidade (por exemplo, "Eu acredito que tudo no mundo
é baseado em um princípio comum" ou "Tudo no mundo é interdependente
e influenciado pelo outro"). Eles também responderam a itens que medem outros
conceitos associados à unicidade, como a conexão social, a conexão com a
natureza e a empatia, assim como a satisfação com a vida.
Os resultados mostraram que pessoas
com escores mais altos em uma escala que mede a visão individual da unicidade
também relatam uma satisfação com a vida significativamente maior.
Para determinar se os escores de
unicidade seriam variáveis ao longo do tempo ou se seriam um construto mais
fixo, a mesma pesquisa foi administrada ao mesmo grupo de pessoas seis semanas
depois. Embora pouco mais de 3.000 dos voluntários iniciais tenham respondido
ao novo contato, os resultados mostraram que as crenças sobre a unicidade não
haviam mudado significativamente e, portanto, parecem ser estáveis ao longo do
tempo.
"Obviamente, as crenças
unicistas são mais do que um sentimento ou humor específico relacionado a uma
situação," disse a pesquisadora. "Elas parecem representar uma
atitude geral em relação à vida".
Satisfação com a vida e religião
Em uma segunda pesquisa, envolvendo
mais de 67 mil pessoas, a equipe analisou se as crenças unicistas poderiam
explicar a satisfação com a vida dos indivíduos mais do que o efeito da
religião. Muito já se pesquisou sobre a associação
entre religião e satisfação com a vida, mas Schons se perguntou se não
poderia haver outra coisa operando nessa associação - especificamente, sua
hipótese era que crenças unicistas poderiam explicar a satisfação das pessoas
com a vida ainda melhor do que a religião.
Embora os escores de unicidade tenham
variado por religião (os muçulmanos apresentaram o maior escore mediano,
enquanto os ateus apresentaram os mais baixos), eles se mostraram preditores
muito melhores da satisfação de vida do que as crenças religiosas de cada
indivíduo.
"Eu não achei surpreendente que
os ateus tivessem os níveis mais baixos de crenças na unicidade na amostra, mas
o que me surpreendeu foi que as crenças da unicidade eram realmente diferentes
em várias afiliações religiosas, com os muçulmanos tendo os níveis mais
altos," disse ela. "Além disso, quando as crenças na unidade foram
levadas em conta, muitos dos efeitos positivos da afiliação religiosa na
satisfação com a vida desapareceram."
Prática para a Unicidade
Muitas pessoas hoje praticam
ioga, meditação, esportes de ação
e outras atividades que visam alcançar um estado de unidade ou fluxo.
Schons acredita que essa é uma boa
técnica, já que o fortalecimento da crença mais geral na unicidade de tudo tem
o potencial de melhorar a vida das pessoas e pode até ser mais eficaz do que as
crenças e práticas religiosas tradicionais.
Como todos os participantes eram da
Alemanha, a pesquisadora ressalta que não está claro se esse efeito se
traduziria em residentes de outros países e sugere que mais pesquisas sejam
feitas em outras partes do mundo.
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