Em
maio deste ano, o Burger King anunciou o Whopper Impossível, uma versão sem carne do carro
chefe da rede de fast-food. O KFC embarcou na mesma onda, divulgando em agosto
os nuggets sem frango. E agora, até os peixes podem
ficar aliviados.
As
marcas tiveram que se adaptar para atrair o crescente público vegano e
vegetariano no mundo. De acordo com a Sociedade Vegana do Reino Unido, o número de adeptos da dieta
saltou de 150 mil em 2014 para 600 mil em 2018. No Brasil, o índice de
vegetarianos nas metrópoles dobrou entre 2012 e 2018.
Mesmo
com o aumento das dietas plant-based, não é todo mundo que está
disposto a largar o prazer de comer um hambúrguer ou frango frito de vez em
quando. É aí que surgem as “comidas fakes”, que possuem o mesmo sabor e textura
do alimento original, mas não contém nenhum traço animal em sua composição.
Tudo
isso é feito dentro de laboratórios. Vamos usar o hambúrguer do Burger King
como exemplo. Para chegar no sabor característico da carne, os pesquisadores
da Impossible Foods usaram uma molécula chamada heme, presente na soja. Nos
mamíferos, ela compõe a hemoglobina, e é justamente o que dá o gosto animal da
carne.
Mas
e quem não come nem frutos do mar? A indústria também tem uma resposta.
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também
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A
Impossible Foods anunciou estar estudando a bioquímica do
sabor do peixe para criar os próximos produtos. A matéria-prima é a mesma da
carne — a proteína heme —, mas agora ela será usada para criar a textura e o
sabor do fundo do mar.
A
empresa já conseguiu desenvolver um caldo com gosto de anchovas, mas ele ainda
não está sendo comercializado.
Enquanto
isso, outras empresas tentam fazer o mesmo usando métodos diferentes. Em 2017,
a Ocean
Hugger Foods lançou o Ahimi, uma alternativa ao atum
cru. Foram cinco anos de pesquisa para chegar no ingrediente principal: tomate.
Ele reproduz a textura do atum. Os cientistas também usam ácido glutâmico para
dar mais sabor ao “peixe fake”.
A
companhia está estudando outras combinações inusitadas para espécies de peixes
diferentes. A cenoura será usada para fazer o salmão, enquanto a berinjela vai
ser a base das enguias.
Já a
start-up americana New Wave é especialista em camarão. Ela
produz uma versão vegana que possui a mesma textura e sabor do crustáceo. A
proteína de algas marinhas é responsável pela consistência borrachuda típica do
crustáceo, enquanto o sabor vem da combinação entre extratos de plantas.
Segundo a empresa, o produto vai começar a ser distribuído para restaurantes e
hotéis em breve.
Além
dos veganos, a comida falsa também visa o público alérgico. As proteínas
presentes nos alimentos “de verdade” desencadeiam uma reação adversa no corpo
dos alérgicos. Pessoas que possuem alergias severas a frutos do mar podem
passar a vida sem conhecer o gosto de um caranguejo.
É
justamente esse o público alvo da Sophie’s Kitchen, que produz todo tipo de
frutos do mar usando konjac, uma espécie de raiz asiática. A inspiração surgiu
quando a filha da fundadora foi diagnosticada com alergia a mariscos, mas hoje
os produtos também são vendidos em sites veganos.
Seja
qual for o público alvo, o mercado das comidas falsas está em ascensão. Em
2018, quase US$ 1 bilhão foram investidos em carnes alternativas. Estima-se
que, em 2040, 60% de toda a carne
consumida no mundo não será de origem animal. Os bois (e peixes) agradecem.
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