segunda-feira, 6 de junho de 2022

Maternidade x dinheiro: 7 dicas financeiras para mães solos

Planejamento, reserva de emergência e investimento são algumas das dicas compartilhadas por especialistas
Atualmente, cerca de 11,5 milhões de mulheres criam seus filhos sozinhas no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além dos desafios emocionais que envolvem a maternidade solo, esse grupo ainda precisa enfrentar os obstáculos econômicos que rondam o tema. Entre eles, o controle das finanças pessoais. 

Só no primeiro ano de pandemia, quase 8,5 milhões de mulheres perderam seus empregos, fazendo com que o país atingisse o número mais baixo de participação feminina no mercado de trabalho em três décadas. Uma pesquisa promovida pelo Instituto Locomotiva ainda mostrou que, nesse período, 35% das mães solteiras não tiveram renda suficiente para comprar alimentos, enquanto 31% não conseguiram ter acesso a itens de higiene. 

“Apesar dos muitos avanços conquistados por nós, mulheres, ainda há muito o que alcançar. Principalmente no que diz respeito à equidade salarial”, aponta Ana Paula Netto, consultora financeira da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada. Para a especialista, a desigualdade de gênero fica ainda mais nítida no caso de grupos mais vulneráveis – como é o caso das mães solo. “Embora a maternidade seja um momento mágico, existe uma penalização financeira às mães, principalmente se ela for solteira”, completa.  

Sendo assim, além de ser responsável por todas as despesas das famílias, essas mulheres ainda precisam lidar com o preconceito e a falta de oportunidade no mercado nacional. Nesse cenário, cresce a necessidade por um bom planejamento financeiro. “Sua saúde financeira está diretamente ligada à sua saúde mental, física e social. Logo, com ela em dia, você terá condições de ser a melhor mãe que você pode ser”, destaca a consultora. 

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Veja,  a seguir, 7 dicas financeiras para quem vive a maternidade solo: 

Procure o auxílio-maternidade do INSS

O auxílio-maternidade concedido pelo INSS nada mais é do que um pagamento destinado a mães que precisam se afastar de suas atividades profissionais após o nascimento ou adoção de um filho. O valor varia de acordo com o tipo de emprego e contribuição, sendo que o benefício possui duração de 14 a 120 dias a depender do caso. Via de regra, para que possa receber o auxílio, a mãe deverá ter a qualidade de segurado e contribuir pelo menos há 10 meses ao INSS, salvo segurados empregados, empregado doméstico e trabalhador avulso. Segundo a especialista, é importante que a mulher procure seus direitos o mais rápido possível, de preferência ainda durante a gestação. 

Tenha um seguro saúde

Contratar um seguro saúde é uma dica valiosa para muitas mulheres que acabaram de ter um filho. Além de cobrir muitas das despesas inerentes a essa fase, como exames e consultas, a modalidade evita surpresas com as contas de hospitais e pediatras. Caso isso não seja uma opção, ainda vale procurar a rede pública para realizar os tratamentos e até se informar sobre a oferta gratuita de medicamentos e vacinas. 

Separe uma reserva para gastos extras

Em todas as etapas da vida, um filho costuma demandar gastos extras além do básico com alimentação, moradia e saúde. Antes ou logo após o nascimento, por exemplo, será necessário arcar com os custos do enxoval. Já na infância, haverá gastos com material escolar e até festas de aniversário. Em todo caso, é importante não ignorar essas despesas e, se possível, reservar uma quantia mensal para esse fim. Outra dica compartilhada por Ana Paula é que não se deve ter vergonha de aceitar doações – sejam roupas, carrinhos ou brinquedos. Afinal, isso irá contribuir para uma boa economia no orçamento. “Fora isso, não faça loucuras. Antes de fazer aquele quarto super decorado ou investir horrores na lembrancinha da maternidade, veja se isso cabe no seu bolso”, afirma. 

Faça um planejamento financeiro

Embora pareça óbvio, é imprescindível que as mães saibam exatamente qual é a sua renda e quanto gastam. Só dessa forma será possível ter controle da vida financeira e entender se aquelas despesas fazem ou não sentido com a realidade. A especialista destaca que, durante o processo, o ideal é que primeiro sejam incluídos os gastos fixos, de forma que a economia aconteça naquilo que é tido como supérfluo. Além disso, é importante que os investimentos sejam vistos com prioridade, para garantir um futuro mais tranquilo. “Separe um dinheiro para investir como se fosse um boleto, assim como você paga água, luz, condomínio”, explica Ana. 

Tenha uma reserva de emergência

O primeiro passo para fugir de empréstimos altos é ter uma reserva de emergência. Não só isso: a quantia guardada também é capaz de promover mais liberdade e segurança para quem já enfrenta o desafio da maternidade solo. Afinal, em situações inesperadas, a mãe terá para onde correr. 

De acordo com a consultora financeira, a reserva de emergência mínima deve corresponder aos gastos mensais de, pelo menos, seis meses. No entanto, caso a fonte de renda principal seja variável, o indicado é ter até um ano de despesas asseguradas. “Para quem está começando, pode ser um CDB pós-fixado com liquidez diária. Para as mais experientes pode ser Tesouro Selic ou Fundos DI com baixa taxa ou taxa zero”, destaca Ana Paula. 

Reserve dinheiro para a educação do filho

Um dos gastos mais desafiadores para uma mãe solo é a educação do filho. Além da escola convencional, surgem despesas como aulas de idiomas, reforço e até esportes. No longo prazo, ainda há os custos do ensino superior, que também devem ser incluídos no planejamento. 

Segundo a simulação elaborada pela consultora, uma faculdade de cinco anos com mensalidade média de R$ 3.200 pode sair por apenas R$ 525 mensais caso a mãe decida poupar desde o nascimento da criança. Veja:

  • Em um prazo de 18 anos: aportes mensais de R$ 525, desembolso total de R$ 113.343, com economia de 41,2%;
  • Em um prazo de 10 anos: aportes mensais de R$ 1.147, desembolso total de R$ 137.613 e economia de 28,5%;
  • Sem planejamento: pagamento mensal de R$ 3.210 e desembolso total de R$ 192.600.

Cuide do futuro financeiro

“Acredite, seu bebê vai crescer”, destaca Ana Paula. Com isso em mente,  as mães devem procurar garantir não só o dia a dia da família, mas o seu próprio bem-estar futuro. Uma forma de fazer isso é investir em si mesma por meio de capacitações que resultem no desenvolvimento da carreira e, claro, no pagamento da aposentadoria. “Além de garantir uma renda complementar à sua renda do INSS, a previdência é livre de inventário, ou seja, pode fazer parte do seu planejamento sucessório. Acredite, isso fará muita diferença no seu futuro”, conclui.

 

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