quarta-feira, 22 de junho de 2022

Cérebro é muito mais quente que restante do corpo, superando os 40 graus


20/06/2022
Redação do Diário da Saúde
Qual é a temperatura normal do cérebro humano?
Calma, seu cérebro não está com febre; ele é quente mesmo.
[Imagem: N Rzechorzek/MRC LMB/Brain]

Temperatura do cérebro

A temperatura normal do cérebro humano varia muito mais do que médicos e cientistas pensavam - e essa temperatura pode ser um indicador usado para medir uma função cerebral saudável.

Em homens e mulheres saudáveis, onde a temperatura corporal é tipicamente inferior a 37 ºC, a temperatura cerebral média é de 38,5 ºC, com regiões cerebrais mais profundas muitas vezes superando os 40 ºC - particularmente em mulheres durante o dia.

Os estudos de temperatura do cérebro humano tipicamente têm-se baseado na captura de dados de pacientes com lesão cerebral em terapia intensiva, onde o monitoramento direto do cérebro é frequentemente necessário. Mais recentemente, uma técnica de varredura do cérebro, chamada espectroscopia de ressonância magnética (MRS), permitiu aos pesquisadores medir a temperatura do cérebro de forma não invasiva em pessoas saudáveis.

Agora, pela primeira vez, a MRS foi usada para pesquisar como a temperatura do cérebro varia ao longo do dia, considerando como o relógio biológico de um indivíduo influencia a temperatura cerebral.

Qual é a temperatura normal do cérebro?

Nos voluntários saudáveis, a temperatura média do cérebro foi de 38,5 ºC, mais de dois graus mais quente do que a temperatura medida sob a língua dos mesmos voluntários.

E a temperatura do cérebro varia dependendo: da hora do dia, da região do cérebro, do sexo da pessoa, do ciclo menstrual das mulheres e da idade.

Se a superfície do cérebro já é mais quente do que o resto do corpo, as estruturas cerebrais mais profundas frequentemente são muito mais quentes, acima dos 40 ºC - a temperatura cerebral mais alta observada foi de 40,9 ºC.

Em todos os indivíduos, a temperatura do cérebro mostrou uma variação consistente de quase 1 ºC conforme a hora do dia, com temperaturas cerebrais mais altas observadas à tarde e as mais baixas à noite.

Cérebro quente normal

Em média, os cérebros femininos eram cerca de 0,4 ºC mais quentes do que os cérebros masculinos nas mesmas condições. Essa diferença entre os sexos foi provavelmente impulsionada pelo ciclo menstrual, uma vez que a maioria das mulheres foi examinada na fase pós-ovulação do ciclo e sua temperatura cerebral era cerca de 0,4 ºC mais quente do que a das mulheres examinadas na fase pré-ovulação.

Os resultados também mostraram que a temperatura cerebral aumenta com a idade ao longo da faixa de 20 anos, principalmente nas regiões profundas do cérebro, onde o aumento médio foi de 0,6 ºC. Os pesquisadores propõem que a capacidade do cérebro de esfriar pode se deteriorar com a idade e são necessários mais trabalhos para investigar se há ligação com o desenvolvimento de distúrbios cerebrais relacionados à idade.

"Para mim, a descoberta mais surpreendente do nosso estudo é que o cérebro humano saudável pode atingir temperaturas que seriam diagnosticadas como febre em qualquer outro lugar do corpo. Essas altas temperaturas foram medidas em pessoas com lesões cerebrais no passado, mas foram presumidas como resultado da lesão," comentou o professor John O'Neill, coordenador do estudo.

Mapa da temperatura cerebral

Graças às novas medições, os pesquisadores elaboraram o primeiro mapa 4D (local mais variação no tempo) da temperatura saudável do cérebro humano. Este mapa derruba várias suposições anteriores e mostra a notável extensão em que a temperatura varia de acordo com a região do cérebro, idade, sexo e hora do dia.

É importante ressaltar que essas descobertas também contestam um saber científico amplamente aceito de que o cérebro humano e a temperatura corporal seriam os mesmos.

A pesquisa também incluiu a análise de dados de pacientes com lesão cerebral traumática, mostrando que a presença de ciclos diários de temperatura cerebral se correlaciona fortemente com a sobrevivência. Essa descoberta pode ser usada para melhorar a compreensão, o prognóstico e o tratamento das lesões cerebrais.

 

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