[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
Emoções à solta
Você já ficou zangado com alguma coisa para logo em seguida dar-se conta de que sua bronca tinha mais a ver com o fato de você estar tendo um dia ruim do que com o fato em si?
A maioria de nós já teve momentos como esse, em que deixamos nossas emoções tomarem conta de nós ou permitimos que elas influenciem nossas decisões.
Você se culpa por isso, e pode ser levado a crer que o envolvimento das emoções - intencionais ou não - seria sempre prejudicial à sua capacidade de fazer boas escolhas.
Nada mais longe da verdade, garante o professor Leonard Mlodinow, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA). Ele argumenta que, embora possa parecer que ficar emotivo é uma má ideia, nossos sentimentos na verdade desempenham um papel essencial na formação dos nossos pensamentos e decisões, ajudando-nos a reagir de forma flexível às situações e motivando-nos a perseguir nossos objetivos.
Sim, para ele, nossos pensamentos são eles próprios moldados pelas nossas emoções, algo muito diferente do modelo científico padrão de emoções e racionalidade como coisas separadas.
Revolução da emoção
Citando as pesquisas mais recentes, Mlodinow nos guia pelas maneiras pelas quais os neurocientistas estão mudando sua compreensão dos sentimentos humanos - o que ele chama de "revolução da emoção".
Um dos avanços na ciência da emoção é a descoberta de que o pensamento racional por si só não é suficiente para processar as massas de informações a que estamos expostos em nosso ambiente. Para pensar de forma eficaz, nós também precisamos sentir. "A emoção não está em guerra com o pensamento racional, sendo antes uma ferramenta dele," escreve Mlodinow em seu livro mais recente Emocional: O novo pensamento sobre o sentimento, ainda sem tradução em português.
Isso vai de encontro a duas suposições estabelecidas há muito tempo por alguns dos maiores pensadores da história, como Platão: Que a mente humana poderia ser dividida em uma parte racional e outra não racional, razão e emoção, e que tirar proveito da primeira e domar a segunda seria a chave para o sucesso e para tomar boas decisões.
Mas, agora que temos a tecnologia para sondar o cérebro humano mais profundamente do que nunca, a ciência moderna está descobrindo a complexa dinâmica neural que está envolvida na geração das nossas emoções e, por sua vez, remodelando nosso conhecimento de sua importância.
Mlodinow explora como e por que os sentimentos evoluíram, surgindo inicialmente de comportamentos puramente reflexivos a estímulos ambientais, antes que ocorresse o "aprimoramento" da emoção, o que forneceu uma maneira mais flexível e eficaz para os organismos reagirem aos desafios encontrados.
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Práticas de emoção
As pesquisas também ilustram a universalidade da emoção e seus benefícios - os cientistas viram comportamentos guiados pela emoção em jogo não apenas em humanos, mas também em roedores, moscas da fruta e abelhas.
No final do livro, os leitores têm a chance de determinar e refletir sobre seu próprio perfil emocional, usando vários questionários que foram desenvolvidos para pesquisar sentimentos específicos como felicidade e ansiedade.
Esse é um dos elementos mais provocativos do livro: A ideia de que podemos ganhar poder sobre nossas emoções aprendendo a entendê-las e navegar melhor por elas. É um conceito tentador que Mlodinow apoia com numerosos estudos e casos curiosos. Ele também dá conselhos sobre como podemos gerenciar melhor nossas próprias emoções e obter mais controle sobre nossas vidas.
O livro pode ocasionalmente parecer pertencer ao gênero de autoajuda, mas ele não deixa de ser uma leitura esclarecedora que lida bem com a complexidade da emoção e a ciência emergente por trás dela. E pode ajudá-lo a permanecer calmo e sereno, mesmo em um dia ruim.
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