Mas ainda há dúvidas sobre se a moderação esperada vai permitir um alívio maior nos índices de inflação no Brasil e em outros países
12 de janeiro de 2022
Um dos vilões da inflação mais alta ao redor do mundo em 2021, as commodities não devem provocar o aumento na mesma intensidade dos custos de combustíveis e de alimentação neste ano, em meio à alta de juros pelos principais bancos centrais, à desaceleração no crescimento da China e ao aumento da oferta de algumas matérias-primas, como grãos.
Mas ainda há dúvidas sobre se a moderação esperada, em 2022, nos preços dos principais insumos, como petróleo, minério de ferro e soja, vai permitir mesmo um alívio maior nos índices de inflação no Brasil e em outros países.
Com a recuperação da demanda após o auge da pandemia de covid e os gargalos na cadeia mundial de produção, que levaram à escassez de muitos produtos, os preços de algumas commodities dispararam no ano passado. Muita gente chegou a falar em novo superciclo de commodities.
O barril do petróleo Brent subiu 50,5%. O café arábica registrou alta de 76%, enquanto o alumínio avançou quase 42% e o cobre, 26%. O preço do trigo subiu mais de 20%. O índice de commodities S&P Goldman Sachs (GSCI), que acompanha as cotações das principais matérias-primas, teve valorização de 37% em 2021.
O impacto foi imediato sobre os preços de energia e de alimentos. Segundo a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), das Nações Unidas, os preços mundiais de alimentos subiram 28% em 2021, para o maior nível em uma década.
O índice oficial de inflação no Brasil (IPCA) subiu 10,06% em 2021, maior patamar desde 2015, e foi pressionado por, entre outros itens, uma alta acumulada de 47,49% da gasolina no período, além de um aumento de 62,23% do etanol, de mais de 21% da energia elétrica residencial e de 37% do botijão de gás de cozinha. A alimentação no domicílio ficou 8,24% mais cara.
“O choque de preços advindos do mercado de commodities deve arrefecer muito neste ano, pois 2021 se mostrou um ano completamente atípico com choques recorrentes, inusitados e persistentes”, diz o economista-chefe do Bradesco BBI, Dalton Gardimam.
Para ele, a China terá um crescimento menor não somente em 2022, como também nos próximos cinco a dez anos. E a China é o maior importador de várias matérias-primas, como soja, petróleo e minério de ferro. Muitos analistas apostam que o PIB chinês irá crescer menos de 5% neste ano.
A dúvida sobre uma perda de fôlego na inflação de commodities paira sobre os preços do petróleo. Analistas do Bank of America, por exemplo, projetam o preço do petróleo Brent chegando a US$ 120 o barril até junho deste ano. A esse preço, o alívio é pouco.
*COLUNISTA DO BROADCAST
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