SAÚDE
Relatório da OCDE aponta obesidade como fardo para a sociedade e a economia, que nos próximos 30 anos consumirá mais de 8% dos orçamentos nacionais destinados à saúde.
O 11 de outubro é Dia Mundial da Obesidade. Mas não há muita razão para comemorar.
"A obesidade está saindo de controle", diz a personal trainer e empresária Jillian Michaels, atribuindo o fenômeno ao acesso fácil ao que chama de "fake foods". "Isso estimula as pessoas a comerem mais, pois pensam que estão economizando dinheiro, quando, na verdade, estão comprando uma doença cardíaca", explica.
Em seu último estudo sobre o tema, intitulado O pesado fardo da obesidade, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) confirma exatamente isso. Os pesquisadores constataram que existem atualmente em todo o mundo duas vezes mais seres humanos com excesso de peso e obesos do que subnutridos, o que representa um fardo para a sociedade e a economia.
O excesso de peso está associado a uma série de doenças crônicas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e câncer, reduzindo em 2,7 anos, em média, a expectativa de vida nos países da OCDE. Segundo o estudo, nos próximos 30 anos 8,4% do orçamento de saúde dos países da organização serão destinados a tratar as consequências do excesso de peso, uma vez que os afetados necessitam de serviços de saúde com maior frequência e para tratamentos mais complicados e dispendiosos.
A obesidade reduz, ainda, as oportunidades de emprego e a produtividade dos trabalhadores: "O impacto pode ser quantificado como equivalente a uma redução da mão-de-obra de 54 milhões de pessoas por ano na OCDE, na União Europeia, no G20 e em determinados países parceiros."
Segundo os pesquisadores, os indivíduos com doenças crônicas têm mais probabilidades de estar desempregados e de perder mais dias de trabalho. Assim, "o efeito no nível macroeconômico é que o excesso de peso reduz o PIB em 3,3%, em média, tanto nos Estados-membros da OCDE como na UE".
Não há sinais de que a obesidade em larga escala vá desaparecer tão cedo. Pelo contrário, a OCDE sugere que os números vão aumentar ainda mais. Nos EUA, estima-se que um em cada dois cidadãos terá excesso de peso até 2030. A pesquisa não aponta nenhum país desenvolvido que tenha encontrado uma solução para o problema.
Entre os custos diretos da obesidade estão maiores despesas médicas e implicações no mercado de trabalho, mas os custos indiretos podem ser ainda mais significativos, segundo o estudo. Pesquisadores de todo o mundo apontam, por exemplo, um maior consumo geral de alimentos, com impacto negativo sobre as emissões de gases de efeito estufa (mais animais produtores de metano, mais embalagens plásticas, mais transporte para levar as mercadorias aos supermercados, etc.).
Num estudo anterior, a OCDE calculara que uma redução média do peso da população do planeta significaria a economia de cerca de 10 milhões de toneladas de CO2 por ano.
Quase todos os 52 países analisados no relatório de 2019 já têm planos de ação nacionais em vigor para lidar com dietas insalubres e falta de exercício físico. Esses planos se concentram principalmente em fornecer informações relevantes, mas poucos cobram impostos sobre itens insalubres, como alimentos e bebidas muito açucarados, e a restrição ou proibição da publicidade para escolhas pouco saudáveis.
"Em alguns casos, as políticas são implementadas de formas que não são as mais eficazes", observa a OCDE em seu relatório. "Em outros, recursos limitados ou problemas práticos acabam por limitar o número de indivíduos que potencialmente se beneficiariam da intervenção."
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