Dois terços dos resultados das empresas brasileiras vão para o governo
Os
dados são do relatório Doing Business 2019, elaborado pelo Banco MundialPor
Agência Brasilredacao@amanha.com.br A tributação sobre a renda das
empresas brasileiras é uma das mais elevadas do mundo, segundo levantamento da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, a alíquota
nominal sobre as empresas que recolhem pelo regime de lucro real (regra geral
para a apuração de tributos, determinada pelo lucro contábil acrescido de
ajustes) é de 34%. Esse é o pior índice em um ranking com 18 países que
competem diretamente com o Brasil no mercado internacional, segundo análise a
partir da base de dados Tax Rates Online da KPMG, elaborada pela confederação.
O documento revela também que quando
o total de impostos e contribuições recolhidos pelas empresas é medido como
percentual do lucro, o Brasil está entre os últimos colocados. Essa proporção é
de 65,1% no Brasil, à frente da Colômbia (71,9%) e da Argentina (106%), no
comparativo internacional. Sob outra ótica, o valor registrado no Brasil chega
a ser três vezes maior que o verificado para o Canadá (20,5%), o melhor
colocado no ranking. Os números são do relatório Doing Business 2019, do Banco
Mundial. Segundo o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio
Castelo Branco, esse dado indica que cerca de dois terços dos resultados das
empresas brasileiras são transferidos para o erário. Castelo Branco argumenta
que a tributação elevada reduz a capacidade de investimento das empresas. “Isso
é ruim porque grande parte dos investimentos é realizado a partir do lucro que
as empresas conseguem separar para aumentar a sua capacidade produtiva”,
afirmou.
O gerente da CNI acrescentou que como
a tributação sobre a renda das empresas é mais alta do que em outros países,
também fica reduzida a capacidade de atrair investimentos externos para o
Brasil. “Na última década, vem sendo observada uma tendência de redução da
tributação sobre o lucro das empresas. Mais recentemente, os Estados Unidos e a
Argentina reduziram, e a Europa já vem nesse movimento há muito tempo. Isso faz
com que fiquemos atrasados nesse processo e com isso perdemos a nossa
capacidade de atrair empresas estrangeiras para cá. Ou, no caso das empresas
que já operam aqui, ficam sem capacidade de realizar novos investimentos porque
suas matrizes preferem operar a partir de países que têm condições melhores de
tributação”, afirmou, ao defender a redução no Brasil do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica.
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