Serjão disse que a ausência de representatividade preta na mídia prejudica a autoestima dos negros e lembrou que na infância, quando brincava de “Super Amigos”, ele não tinha um super-herói preto no qual se inspirar. "É difícil a gente conseguir mensurar a falta que faz essa representatividade".
Por Nêggo Tom - Um das figuras mais talentosas e carismáticas do meio artístico, o ator, músico e apresentador Serjão Loroza mostrou-se atento às pautas raciais e presente no ativismo preto. Durante sua participação no programa “Um Tom de resistência” nesta semana na TV 247, o artista falou sobre a sua carreira, do sucesso da sua participação no quadro “Dança dos Famosos”, no programa do Faustão, e se posicionou firmemente sobre racismo. “Essa estrutura cruel chamada racismo faz com que nós, pretos, não nos identifiquemos com as nossas origens e com a nossa cultura”, disse ele.
Perguntado se a ausência de representatividade preta na mídia prejudica a autoestima dos negros, Serjão respondeu que sim e lembrou que na infância, quando brincava de “Super Amigos”, ele não tinha um super-herói preto no qual se inspirar. “É difícil a gente conseguir mensurar a falta que faz essa representatividade. Na minha época, tinha o desenho dos super amigos. Tinha o Super-Homem, Batman e Robin, Mulher Maravilha...E na hora da brincadeira, quando eu tinha que escolher um herói para ser, eu escolhia o ‘Aquaman’. As nossas referências de nós mesmos sempre foram muito poucas”, reclamou.
Loroza revelou estar fazendo terapia atualmente, para aprender a lidar melhor com as marcas que o racismo deixa no subconsciente dos pretos, em função do preconceito estrutural estabelecido em nossa sociedade, que pode causar, além da não aceitação própria, danos psicológicos difíceis de se reverter. “Eu tinha dificuldade em aceitar instrumentos percussivos, com receio de estar voltando às minhas raízes, ao que eu sou mesmo, porque a nossa cultura sempre foi alvo de discriminação. Na minha casa, assuntos que envolviam o idioma Ioruba eram evitados, por influência da aculturação a qual fomos submetidos”, confessou Serjão.
Ele também deu sua opinião a respeito da polêmica envolvendo a empresa Magazine Luiza, que abriu um programa de trainees somente para candidatos pretos. “Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que já fiz o meu pedido no site da Magalu e não estou ganhando nada para fazer propaganda deles aqui no seu programa”, brincou inicialmente. Depois Loroza falou sobre a importância da iniciativa da empresa e das reações contrárias à ação.
“É bom, porque estamos vendo os racistas saírem do armário e junto com eles, muitos brancos que dizem gostar de nós (pretos), mas que reclamam quando recebemos as oportunidades que eles sempre tiveram. O projeto é bom, mas é apenas o começo. Precisamos e queremos ainda mais. E vamos em busca disso”, pontuou.
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