17 out 2017
Fracassar em dar às mulheres mais pobres o controle sobre seus corpos
pode ampliar a desigualdade em países em desenvolvimento e prejudicar o
progresso rumo a metas globais que visam a erradicar a pobreza até 2030,
disse o Fundo de População das Nações Unidas (FPNU) nesta terça-feira.
Incontáveis mulheres e meninas do mundo todo não têm o direito de
opinar em decisões sobre sexo e natalidade e têm dificuldade de acesso a
serviços de saúde, como planejamento familiar, correndo o risco de
gestações indesejadas e abortos, informou um relatório do FPNU.
O acesso ao controle de natalidade permite que as mulheres adiem e
criem intervalos entre os nascimentos, reduzindo a mortalidade de mães e
filhos, fortalece economias liberando as mulheres para o trabalho e
induz famílias menores nas quais os pais conseguem dedicar mais tempo à
saúde e à educação dos filhos.
Mesmo assim, muitas das mulheres mais pobres do mundo --especialmente
as mais jovens, menos educadas e moradoras de áreas rurais-- não
usufruem destas oportunidades porque tais serviços são escassos, muito
caros ou desdenhados por suas famílias e comunidades, dizem
especialistas.
Isso pode agravar a diferença de gêneros, reforçar a desigualdade entre
os mais pobres e os mais ricos e em última instância enfraquecer as
economias, alertou o FPNU em seu relatório anual "Estado da População
Mundial".
Negar às mulheres o acesso a serviços de saúde reprodutiva também pode
minar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das
Nações Unidas (ONU), um plano global para acabar com a pobreza e a
desigualdade até 2030, segundo o levantamento.
"Hoje a desigualdade não diz respeito só a ter ou não ter... diz
respeito cada vez mais a poder e não poder", disse a diretora-executiva
do FPNU, Natalia Kanem, em um comunicado.
"As mulheres pobres que carecem dos meios para tomar suas próprias
decisões sobre o tamanho da família ou que estão com a saúde ruim por
causa de cuidados de saúde reprodutiva inadequados dominam as fileiras
do 'não poder'", afirmou ela antes do lançamento do relatório em
Londres.
Ao menos 214 milhões de mulheres de países em desenvolvimento não
conseguem ter acesso a contraceptivos, o que resulta em 89 milhões de
gestações indesejadas e 48 milhões de abortos por ano, segundo o FPNU.
Mas um número crescente de países vêm prometendo elevar seus gastos com
serviços de saúde reprodutiva, parte da iniciativa Planejamento
Familiar 2020, que almeja oferecer acesso a métodos de controle de
natalidade a 120 milhões de mulheres a mais em todo o planeta.
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