terça-feira, 31 de outubro de 2017

Mais igualdade para crescer

Fernando Alexandre

O sonho americano pode estar a morrer. Entre 1940 e 1980, a percentagem de filhos com rendimentos superiores aos dos pais diminuiu de 90% para 50%

O sonho americano é ambicionar ir mais longe e poder fazê-lo com o próprio esforço, independentemente do ponto de partida. Milhões de pessoas de todo o mundo emigraram para os EUA à procura desse sonho. A realização do sonho americano é, por exemplo, os filhos terem uma vida melhor do que a dos pais: mais estudos, salários mais elevados, estatuto social superior. Um estudo de Raj Chetty, da Universidade de Stanford, concluiu que o sonho americano pode estar a morrer. Entre 1940 e 1980, a percentagem de filhos com rendimentos superiores aos dos pais diminuiu de 90% para 50%.
Os mecanismos que determinam a mobilidade social são muito complexos. Gregory Clark, da Universidade da Califórnia, propôs uma teoria geral da mobilidade social. De acordo com este autor, a mobilidade social mantém-se muito reduzida há séculos. 
O nível de mobilidade social é semelhante em sociedades tão diferentes como os EUA, a Inglaterra, a Suécia ou a China. Para Clark a mobilidade social está, em grande medida, determinada à nascença, tornando quase irrelevantes as políticas sociais de promoção da mobilidade social.
Todavia, existe um alargado consenso de que o aumento das desigualdades do rendimento e da riqueza na generalidade dos países desenvolvidos, desde a década de 70, tem contribuído para a redução da mobilidade social. Isto é, a desigualdade está a matar o sonho americano.
O aumento da desigualdade resultou de uma maior concentração dos ganhos obtidos com o crescimento económico nos grupos com rendimentos mais elevados. Nos EUA, por exemplo, Thomas Piketty refere que, entre 1980 e 2014, o rendimento médio per capita antes de impostos aumentou 61%. No entanto, o grupo dos 50% com rendimentos mais baixos não melhoraram a sua situação. Já os 10% mais ricos viram o seu rendimento aumentar 121% e os 1% mais ricos 205%. Um resultado importante desta maior concentração de rendimento tem sido o encolhimento da classe média.
O aumento das desigualdades tem sido atribuído às mudanças tecnológicas e à globalização, que têm moldado o funcionamento das economias nacionais nas últimas décadas. Aquelas mudanças têm favorecido os trabalhadores mais qualificados em detrimento dos trabalhadores menos qualificados, gerando uma forte polarização entre estes dois grupos. No entanto, as alterações institucionais, nomeadamente na área da fiscalidade, do Estado social e do funcionamento do mercado de trabalho, podem influenciar a evolução das desigualdades. De facto, apesar da tendência para um aumento das desigualdades na generalidade dos países desenvolvidos, há diferenças bastante marcadas entre países. Os países nórdicos destacam-se positivamente pelos menores aumentos da desigualdade e pela maior mobilidade social.
As desigualdades de rendimento ou na educação, num dado momento do tempo, são aceites pela sociedade se existir a perceção de que as gerações seguintes conseguirão melhorar as suas condições de vida sobretudo se conseguirem ascender a grupos da população com rendimentos e níveis de qualificação mais elevados.
A chamada ‘Curva Great Gatsby’ mostra que os países com maior desigualdade na distribuição do rendimento tendem a ter menores níveis de mobilidade social. O aumento das desigualdades pode reduzir a mobilidade social se resultar na deterioração das condições de vida, do acesso à educação e aos serviços de saúde ou na capacidade de integração social. Para além do efeito negativo imediato no bem-estar das pessoas, o aumento das desigualdades limita as possibilidades de uma parte importante da sociedade realizar as suas ambições e contribuir, através do seu desenvolvimento pessoal, para uma economia mais dinâmica e com maior potencial de crescimento.
Daqui resulta que a prioridade a políticas de promoção da igualdade de oportunidades, quer seja através do acesso a uma educação de qualidade pelas crianças mais desfavorecidas logo nos primeiros anos de vida, como propõe o Nobel da economia James Heckman, quer seja através da promoção da igualdade de género, é o melhor caminho para sociedades mais justas e coesas e economias mais competitivas. Este e outros temas serão discutidos, no próximo dia 30 de setembro, no Encontro anual da Fundação Francisco Manuel dos Santos dedicado à Igualdade.

O que acontece quando deixa de comer carne?

Rui Duarte Silva

De certeza que já ouviu falar que é mais saudável não consumir carne, principalmente carnes vermelhas, mas sabe realmente quais são os benefícios de eliminar o consumo de carne da sua dieta? Conheça os prós e os contras

Márcia G. Rodrigues
Em 2007, um estudo conduzido pela empresa Nielsen para o Centro Vegetariano concluiu que existem cerca de 30 mil vegetarianos em Portugal. Quase 10 anos depois e com uma maior preocupação em ter uma alimentação saudável, estima-se que esse número tenha subido significativamente. Segundo a Associação Portuguesa de Medicina Preventiva, em 2014 eram 200 mil os vegetarianos portugueses. Mas o que acontece quando deixa de comer carne? O The Independent respondeu a essa questão com uma lista de prós e contras. Ora veja:

Perde peso

Uma equipa de investigadores na George Washington University School of Medicine, nos Estados Unidos da América, concluiu que uma pessoa consegue perder cerca de 5kg só por eliminar o consumo de carne da sua dieta. “A mensagem a levar é que uma dieta vegetariana pode ajudá-lo a perder peso sem contar as calorias e sem aumentar a sua rotina de exercícios”, disse Neal Barnard, autor do estudo e professor de medicina na George Washington University.

A sua flora intestinal muda

Um estudo analisou a diferença entre a flora intestinal de omnívoros, vegetarianos e vegans e encontrou diferenças em todos.
Investigadores na City University of New York concluiram que os vegans – pessoas que não consomem qualquer produto de origem animal – têm mais espécies protectoras na sua flora intestinal.

Pode ficar carente em nutrientes

Este pode ser o maior contra de uma mudança radical na sua dieta. Mas uma dieta vegetariana ou vegan consegue fornecer nutrientes suficientes se for bem planeada. O mais difícil será conseguir ferro, vitamina D e vitamina B12.
Consuma feijões, lentilhas, nozes, fruta, vegetais verdes escuros, cereais integrais e ricos em ferro para obter essa substância. Pode encontrar vitamina B12 e vitamina D em cereais e produtos de soja e em ovos, margarinas e leite, respetivamente.

Diminui o risco de sofrer de cancro

Recentemente a Organização Mundial de Saúde alertou para os riscos de consumir carne processada e classificou-a como cancerígena. Consumir, por exemplo, salsichas, bacon ou presunto pode ser tão perigoso como fumar ou estar exposto a radiações gama.
Comer apenas 50gr de carne processada, ou duas fatias de bacon, pode aumentar o risco de cancro colorretal em 18%. No entanto, esta percentagem não se traduz em apenas uma pessoa, mas sim numa estimativa que 6 em 100 pessoas no Reino Unido irão sofrer de cancro do cólon e reto. Este aumento significa mais uma pessoa nessas seis.

Diminui o risco de sofrer de doenças cardíacas

Um estudo do Lerner Research Institute descobriu que a carnitina, um nutriente encontrado em carnes vermelhas, produz uma substância na flora intestinal que favorece a acumulação de gordura nas paredes arteriais, o que contribui para o desenvolvimento de doenças cardíacas. “Isto contribui para os vários dados que conectam a carne vermelha, a ingestão de carnitina e o desenvolvimento de doenças cardíacas”, comenta Stanley Haze, médico e vice-presidente de Pesquisa Translacional do Lerner Research Institute.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Tudo sobre Vitamina C



As vitaminas são elementos nutritivos essenciais para vida e possuem compostos nitrogenados. O organismo não é capaz de sintetizá-las e quando faltam na nutrição provocam carência no organismo. A vitamina C é um poderoso antioxidante e combate a formação dos radicais livres. Ela ajuda as células do organismo a crescer e permanecer sadias — principalmente as células dos ossos, dentes, gengivas e dos vasos sanguíneos. A vitamina C é necessária para combater infecções, atuar na absorção do ferro, reduzir o nível de triglicerídeos e de colesterol, além de fortalecer o sistema imunológico. Para o corpo humano estar em perfeito funcionamento, deve haver um balanço entre as substâncias oxidantes e antioxidantes. Quando as substâncias oxidantes aumentam de quantidade ou os antioxidantes diminuem, temos o chamado stress oxidativo que, em excesso, pode ser bastante tóxico para o organismo. Movimentando-se pelas células, os radicais livres — que são substâncias bastante instáveis — tentam desesperadamente se ligar à outra molécula. Os alvos preferenciais são DNA e proteínas, que acabam sofrendo lesões após essa união e se tornam disfuncionais. O resultado são doenças dos mais diversos tipos. Tudo sobre Vitamina C!Benefícios da Vitamina C   Fortalece os capilares sanguíneos. É extremamente importante em tratamentos antialérgicos. Ajuda a fortalecer o sistema imunológico. É excelente na prevenção de gripes e infecções. Atua no organismo como um poderoso antioxidante. Dá resistência aos ossos e dentes. Facilita a absorção de ferro pelo organismo. Atua no metabolismo de alguns aminoácidos. Deficiência de Vitamina C Escorbuto. Sangramento das gengivas Anemia. Depressão Hemorragia. Doenças Cardiovasculares .Envelhecimento precoce. A melhor maneira de se obter a quantidade necessária desta vitamina é através da alimentação. A vitamina C é encontrada em alimentos como frutas cítricas, tomates, morangos, pimentões e brócolis. Uma dieta rica em frutas e vegetais pode ajudar a prevenir várias doenças, inclusive determinados tipos de câncer. Tudo sobre Vitamina C!

Você sabe qual é a recomendação diária de Vitamina C?

Sempre se acreditou, pelos médicos e nutricionistas, que a quantidade recomendada de vitamina C para o organismo seria em torno de 75 a 90 mg por dia. Mas novas pesquisas apontam que a quantidade ideal para ser consumida é muito maior: 200 mg.
Cientistas da conceituada Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, divulgaram uma revisão de 29 estudos que avaliaram a pressão dos voluntários e também o consumo de vitamina C (ácido ascórbico). Eles perceberam, ao final da análise, que a ingestão média de 500 mg da substância estava associada a uma queda significativa na pressão arterial dos participantes.
Entretanto, pessoas que já apostavam em suplementação antes da pesquisa e, por isso, tinham muito da vitamina percorrendo o corpo, não obtiveram benefícios com doses extras. Na prática, isso sugere que quantidades mais modestas, como 200 mg, já seriam capazes de fazer a pressão cair — desde que consumidas regularmente.
Há duas principais hipóteses para justificar o efeito. “A vitamina C parece ter ação diurética”, relata o estudioso. Assim, ajudaria o organismo a expulsar o sódio, composto sabidamente responsável por levar a pressão às alturas. A segunda teoria é que a substância dá uma força na dilatação das artérias. Ambos os mecanismos têm impacto direto no aperto que prejudica os vasos e deixa o coração e o cérebro em perigo.

Importância e Função da Vitamina C

A vitamina C tem função antioxidante potente, a qual age diminuindo o estresse oxidativo. Ela também tem importância como um cofator de enzima para a biossíntese de vários bioquímicos importantes.

Vitamina C nos Alimentos

Quantidade em mgAlimento
42 mg1 copo de suco natural de uva
63 mg4 unidades de morango
27 mg1 fatia de abacaxi
67 mg1 prato de couve refogada
21 mgbanana
146 mg1 copo de suco de laranja
46 mg2 batatas-baroas cozidas
200 mg2 cajus
84 mg1 manga
67 mg1 goiaba
28 mg1 kiwi

É necessário tomar suplemento de vitamina C? Mesmo tendo uma boa alimentação, nem sempre conseguimos obter a quantidade de vitamina C necessária para ter todos esses benefícios. Isso porque, hoje, nossa alimentação está pobre em nutrientes — seria preciso ingerir uma quantidade absurda de frutas e hortaliças. O ideal é fazer uma suplementação de uma dose pequena. Não é necessário exagerar na dose (tomar de uma só vez suplementos que contém 1g ou 2g da vitamina). Apenas em alguns casos que a dose da suplementação pode ser um pouco maior (em torno de 500 mg), como no caso de atletas, praticantes de atividades físicas intensas, doentes crônicos, pessoas que têm gripes e resfriados recorrentes ou para aqueles que fumam, bebem demais, se alimentam mal ou vivem em locais muito poluídos. Vitamina C é bom para evitar gripes e resfriados? Sim! A vitamina C tem como principal função fortalecer o sistema imunológico, aumentando a resistência a infecções, gripes e resfriados; e favorecendo a absorção do ferro, ajudando a evitar anemia. Ela afasta problemas no trato respiratório. Isso porque estimula a formação de macrófagos, células que englobam e depois eliminam as bactérias do mal. Só que não adianta investir no nutriente com o quadro já instalado. Para deixar o sistema imune tinindo, o correto é consumir as fontes da vitamina regularmente. Ás vezes, surgem pesquisas dizendo o contrário (que ela não evita resfriados). Mesmo frente a essas pesquisas controversas, ainda que a vitamina C não previna diretamente resfriados, podemos dizer que ajuda indiretamente, já que o sistema imunológico fica mais resistente. Para melhorar ainda mais a prevenção de gripes, inclua também o zinco. A vitamina C utilizada como cosmético ajuda na hidratação e na produção de substâncias que agem na renovação da pele. Ela tem um poder antioxidante, estimulando a eliminação de radicais livres, agora na pele. Ela também atua na produção de colágeno, essencial em tratamentos de rejuvenescimento. É indicada para pessoas que apresentam linhas de expressão, rugas e outros danos causados pela exagerada exposição ao sol. O colágeno é o ingrediente responsável pela capacidade elástica e resistência da pele, ou seja, sem ele a pele fica mais flácida e frágil. A exposição continuada ao sol é um dos fatores que alteram a síntese de colágeno na pele, levando a formação das rugas. Aí entra outro papel da vitamina C: proteger contra a exposição solar. Ou seja, além de consertar os danos causados pelo sol, ela ainda evita que esses danos ocorram. Para combater o envelhecimento da pele, a forma tópica (sobre a pele) tem se mostrado a mais efetiva. Mas são necessários alguns cuidados. Primeiro é importante consultar um médico para saber qual a concentração de vitamina C é mais adequada para o seu tipo de pele. A vitamina C é muito instável, isso porque ela perde as suas propriedades em contato com a luz e com o ar. Então o creme deve ser guardado em frasco fosco e bem fechado; melhor ainda se for na geladeira. Saiba mais em Vitamina C para Pele


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

"Cuidamos muito um do outro", diz adepto do poliamor que vive com duas mulheres

Por William Amorim | 26/10/2017
Tem vontade de viver fora da monogamia? Descubra o que é preciso para que uma relação assim dê certo com especialistas e praticantes do poliamor.
A maioria dos homens e mulheres vive em um regime de monogamia, no qual as pessoas se relacionam com apenas um cônjuge enquanto casadas. Muitos vivem bem assim, mas há quem não consegue se encaixar nesse modelo e tem receio de ser julgado por se adepto do poliamor.  Como em qualquer relacionamento, em uma vida com mais de duas pessoas é necessário cumplicidade para dar certo. Especialistas explicam sobre essa forma de amor e homem relata como é se relacionar com duas mulheres. 
Terapeutas garantem que poliamor é a forma de relacionamento ideal para o perfil da sociedade atual.

São muitas as pressões sociais que colocam a monogamia como o único modelo "certo" de relacionamento, mas as especialistas em sexualidade humana Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima, do Instituto do Casal, afirmam que há diversas formas de se relacionar e o poliamor é uma melhores delas levando em consideração o atual perfil da sociedade.
“Não podemos generalizar! Existem pessoas que ficariam mais satisfeitas e felizes se optassem por não viver na monogamia e outras que não conseguem nem ler sobre o assunto, pois consideram um tamanho desproposito. Tudo depende da pessoa e também da vivência estabelecida nessas relações”, afirma Denise.
Para as especialistas, as relações estão se transformando. As novas gerações amam de diferentes maneiras, por isso, a forma de amar está se reformulando. Elas acreditam que as pessoas estão livres para viver da forma como desejam e estão percebendo que o fundamental não é a quantidade de pessoas envolvidas, mas, sim, se existe respeito entre os envolvidos.
O que é o poliamor, afinal?
“O poliamor é uma opção ou modo de vida em que vários parceiros simultaneamente podem estar envolvidos de um modo responsável, em relações íntimas e profundas que podem ser eventuais ou duradouras”, fala Marina.  Resumindo, você pode amar a parceira fixa e outras pessoas que estabeleçam relações extra conjugais com você ou ter relações com vários outras mulheres (ou quem sabe homens) em que há sentimento de amor recíproco.
Será que funciona?
Os casais que optam por essa forma de se relacionar têm bastante transparência, honestidade e diálogos francos entre eles. “Vejo que é importante falar sobre os pontos com transparência e discutir os sentimentos e emoções caso apareçam e aflorem”, explica Marina.

Para especialistas, viver a três é a melhor forma de relacionamento.

Além das conversas francas, é indicado fazer um acordo detalhando o que será ou não permitido. “Os contratos devem ser feitos e refeitos de forma mais constante. Sempre precisa existir um combinado e um consenso e também um enorme cuidado para não magoar e enganar ninguém”, acrescenta.  
Traição x poliamor
Desejar se relacionar com mais de uma parceira é algo comum, e isso não justifica uma traição. “Geralmente, quando alguém trai está em busca de atenção, sexo e de preencher lacunas emocionais, pois isso, acaba formando vínculo com o amante”, fala Marina, que complementa dizendo que outros motivos que levam a traição são: tédio, solidão, vingança, sexo com mais intensidade ou repetição de um padrão de comportamento (aprendeu que isso é algo natural de se fazer).
“O principal é ter claro que nós somos incapazes de controlar as vontades e ações de nossos parceiros. Depois de vários relacionamentos em que a traição estava presente, alguns optam por viver o poliamor, tanto que esse modelo está se tornando o mais possível de dar certo na vida atual”, finaliza Denise.
Como é viver um relacionamento poliafetivo?
Há muitos anos, o mato-grossense Klinger de Souza deixou a monogamia para viver o poliamor. Em 2015, ele contou sua história ao Deles , mas de lá para cá muitas coisas mudaram. A primeira parceira dele, que sugeriu que outra mulher entrasse na relação, não quis mais viver dessa forma, porém ele e Angélica, a outra ponta do “trisal”, queriam manter essa forma de relacionamento.
Arquivo pessoal
Klinger e Angélia estão juntos há 5 anos e sempre optaram por viver o poliamor.


Klinger e Angélica seguiram juntos até encontrar outra mulher. Após um ano, essa terceira pessoa pediu para tornar o relacionamento aberto, como não aceitaram, houve outra separação. Atualmente, o casal segue em um poliamor fechado com outra mulher que conheceram há seis meses e os três acreditam que esse é o melhor relacionado poliafetivo que viveram até hoje.
“Angélica e eu estamos juntos há cinco anos, nesse tempo mudaram as pessoas do relacionamento, nos conhecemos mais como pessoas e amadurecemos muito sobre o que é nosso relacionamento”, afirma o mato-grossense.
Para dar certo, o “trisal” sempre presa pela verdade - um precisa ser sincero com o outro. “Não temos nenhum contrato, o único acordo é que devemos polifidelidade, ou seja, nos relacionamos só entre a gente. Qualquer relação fora é traição. Somos muito cúmplices”, conta Klinger. “Cuidamos muito um do outro. Desde carinho até obrigações financeiras e domésticas”, completa.
Sexo a três e também a dois
Ele afirma que não existe ciúmes entre os três e diz que a relação é muito estruturada, até mesmo na hora do sexo. As relações sexuais só acontecem entre os três, juntos ou separadamente.
“Nesse atual relacionamento, a relação sexual ente elas além de ser maior é muito mais natural. Assim como comigo. Coisa que não acontecia nos demais relacionamentos que tivemos”, aponta Klinger. “Inclusive achamos extremante importe ter relações sexuais separadas e não só os três, pois todos devem ter sua independência e individualidade respeitada”, acrescenta.
Aceitação e exposição
A família deles aceita bem a forma como o "trisal" se relaciona. “Respeitam e tratam todos nós muito bem. Até por que veem uma verdade e respeito muito grande em nosso relacionamento”, fala o rapaz. Porém, nem todos veem isso como algo natural. “Quando nos conhecem, algumas pessoas têm preconceito, outros não. Os ataques geralmente acontecem pelas redes socais”, relata.

O único acordo que possuem é que só podem se relacionar entre eles, pois poliamor não é relacionamento aberto.

Para compartilhar um pouco mais sobre como é viver de forma poliafetiva, eles fizeram uma página no Facebook. Entretanto, com a correria do dia-a-dia não estão conseguindo ter tempo para fazer as postagens e responder as mais de 20 mensagens diárias que recebem por inbox com dúvidas. Por conta disso, decidiram que vão encerrar a página no final deste ano e garantem que essa é a última entrevista que darão sobre o assunto.
“Achamos que já cumprimos com nosso papel de desmistificar essa forma de relacionamento e esperamos que outras pessoas a partir de agora assumam esse papel de ajudar e explicar o que é o poliamor. Precisamos dar foco em nossa vida pessoal e profissional”, expõe Klinger.
Filhos em breve 
O "trisal" também planeja ter filhos em breve. Tanto Angélica quanto a outra mulher da relação desejam ser mãe, por isso, pensam em ter duas crianças. Eles querem que esse momento seja especial e que todos estejam juntos na concepção. “Queremos e vamos registrar nossos dois filhos os três. Isso já é possível e iremos fazer dessa forma”, diz Klinger.
Por fim, ele indica que as pessoas só vivam esse tipo de relacionamento se realmente acreditam nessa forma de amor e não usem isso para tentar salvar um casamento ou colocar uma amante na relação. “Antes de se abrirem para o poliamor, devem estar cientes que existirá mais pessoas no relacionamento e todos devem ter o mesmo poder de decisão independe de dois terem mais tempo de relacionamento. Todos devem ser iguais”, conclui.

Mulher: 7 coisas que você nunca deve fazer com a sua vagina

Nem sempre odores na região íntima e corrimento indicam problemas de saúde, e tentar se livrar deles com sabonetes agressivos, lavagens internas ou receitas caseiras bizarras pode mexer com a defesa natural da vagina
De acordo com uma pesquisa recente, a cada quatro mulheres, três delas sofrem com problemas na vagina, como secura, coceira e dores. Dados da mesma pesquisa também indicam que 43% dessas mulheres não procuram ajuda para cuidar dessas questões, e talvez seja por isso que a internet está tão cheia de técnicas absurdas para "resolvê-las".
Apesar de o odor da vagina ser algo normal, muita gente tenta se livrar dele com técnicas inapropriadas e perigosas
Basta entrar em uma farmácia e procurar pela seção de higiene íntima feminina para ver o quanto as mulheres se preocupam em se livrar de corrimentos e odores. A imensa gama de produtos – que vão desde lenços umedecidos até desodorantes que prometem manter a vagina cheirando como um campo de flores – costuma passar a ideia de quem, sem eles, a mulher estará suja, mas não é bem assim que a coisa funciona.
A ginecologista Mariana Maldonado explica que, assim como outras partes do corpo, a região íntima possui um odor característico que não necessariamente indica o quão limpa ela está. Segundo ela, a presença de alguma doença ou o uso de produtos e técnicas voltadas para mascarar o odor podem fazer com que ele fique acentuado. Confira sete coisas que não substituem uma consulta ginecológica e que você não vão deixar sua vagina mais limpa, cheirosa e bonita:
1. Pepino
Apesar de ser um item bastante indicado para limpezas de pele por ter propriedades hidratantes e calmantes , pepinos devem entrar em contanto apenas com a pele do seu rosto, e não com a mucosa vaginal. Não é preciso pesquisar muito para encontrar sites e “gurus de beleza” que aconselham inserir um pepino descascado no canal vaginal para limpá-lo e dar a ele um odor agradável. Porém, além de a técnica não trazer benefício algum, o pepino – mesmo lavado – ainda pode conter bactérias e até pesticidas, tornando-se algo que você definitivamente não quer ter dentro de si.
2. Ninhos de vespas
Se você está pensando: “Isso é loucura!” e porque, bom, é uma loucura mesmo. Ainda assim, há inúmeros sites que orientam mulheres a i nserir ninhos de vespa secos e inutilizados no canal vaginal , alegando que o processo enrijece e seca a mucosa. Diante da facilidade de encontrar esse tipo de material à venda na internet, alguns especialistas se manifestaram, afirmando que deixar a vagina seca pode fazer o sexo ficar doloroso e destruir a proteção natural da região, aumentando os riscos de transmissão de doenças.
3. Remédios para tosse e resfriado
Sabe aquelas pomadinhas que você passa na região peitoral para aliviar sintomas da gripe? Pois basta uma simples pesquisa no Google para ver que muita gente aconselha utilizar esse medicamento no canal vaginal e até no clitóris. De acordo com as pessoas que são adeptas da técnica, o produto alivia coceiras e “limpa” a região quando aplicado dentro do canal, e causa uma sensação gostosa quando utilizado no clitóris.
Em primeiro lugar, se você tem uma coceira ou qualquer outro sintoma de irritação na região íntima, o mais indicado a fazer é visitar um médico que possa diagnosticar e prescrever um tratamento adequado. Utilizar o produto para resfriado com esse propósito pode causar desconfortos, já que tem uma composição agressiva demais para a pele delicada.
Em segundo lugar, há uma série de lubrificantes e camisinhas que promovem sensações gostosas e são apropriados para o contato com a mucosa vaginal. A pomada para resfriados é feita para se “fixar” na pele do peito durante horas para melhorar a respiração de quem estiver usando, então pode ser bastante difícil de removê-la do clitóris, causando uma sensação estranha e até dolorosa.
4. Sabonetes íntimos, perfumes e desodorantes
Sim, há uma variedade incrível de sabonetes íntimos que trazem inúmeras promessas nos rótulos, mas isso não quer dizer que eles sejam bons para a saúde. De acordo com ginecologistas, esse tipo de produto nunca deve entrar em contato com a vagina e, mesmo se utilizados apenas na vulva (região externa, onde ficam os grandes e pequenos lábios e o clitóris), é necessário ter moderação e ficar de olho na composição dele.
Mariana explica que composições muito elaboradas podem alterar o pH da região íntima, podendo ocasionar irritações, coceira e até alterações no odor natural, tornando-o mais forte. De acordo com ela, já que a região se regula sozinha, o mais indicado é lavá-la apenas com água, mas, se a mulher se sentir mais confortável utilizando um produto, ela deve procurar um sabonete neutro. “Não precisa ser um sabonete íntimo, pode ser um sabonete hipoalergênico ou neutro”, explica.
Quanto a perfumes, desodorantes, lenços perfumados e produtos semelhantes, é melhor mantê-los bem longe das partes íntimas. Além de poderem causar irritações, o perfume pode mascarar um odor que realmente estar alterado, fazendo com que a mulher não perceba que está com algum problema de saúde.
5. Lavagens internas
Em abril deste ano, uma usuária do Mumsnet (rede social que reúne fóruns sobre cuidados com a saúde e com crianças) chocou a todos ao dizer que fazia lavagens vaginais antes de consultas ginecológicas e após relações sexuais. A internauta afirmava ainda que o processo não era feito só com água; para “perfumar” a região e “deixá-la limpa”, ela ainda misturava algumas gotinhas de óleo de melaleuca.
Apesar de a postagem ter recebido uma enxurrada de comentários indignados com a ideia da moça, muita gente realmente acha que é preciso limpar o canal vaginal. Porém, a ginecologista afirma que, além de isso não ser necessário, ainda é um hábito perigoso. Segundo ela, fazer lavagens sem que haja recomendação médica para tratar alguma condição específica pode remover as bactérias boas que fazem a defesa da região vaginal, o que aumenta as chances de a mulher contrair infecções.
6. Maquiagem
Por mais absurdo que isso soe, há, sim, uma linha de  produtos de beleza voltados para a vulva que inclui até um iluminador para deixar a pele da região mais vistosa e “disfarçar imperfeições”. Além do item de maquiagem, a “The Perfect V” também conta com fluido de limpeza, creme esfoliante, sérum e hidratante, mas, assim como sabonetes, lenços e perfumes, esse tipo de produto pode alterar o pH vaginal, possivelmente gerando problemas de saúde.
Aqui, é importante lembrar que nem toda vulva é igual. Apesar de os lábios de uma poderem ser de tamanhos diferentes dos de outra, de a cor da pele da região ser diferente de mulher para mulher e de algumas delas terem mais pelos no local do que outras, todas tem algo em comum: nenhuma delas precisa de itens que as deixem "mais bonitas".
7. Glitter
Apesar de a ideia não parecer nada boa logo de cara, há até empresas que vendem cápsulas de glitter para a vagina . O produto promete conferir brilho e um aroma agradável à região genital quando inserido nela e, nas redes sociais, muitas mulheres manifestaram a vontade de testá-lo. Segundo especialistas, porém, o glitter pode prejudicar as defesas naturais da região e ainda gerar atrito, irritando o canal.

Movido a urina e fezes: o potencial dos dejetos humanos como combustíveis do futuro

Para nossa surpresa, aquilo que despejamos pela descarga pode ser o combustível do século 21 - melhorando o saneamento e criando energia verde no mundo todo.

26 out 2017 

O nosso planeta tem um problema. Os humanos, como todas as outras criaturas vivas, produzem muito... bem, muitos restos desagradáveis. Na forma de cocô e xixi. Se não forem tratados, podem contaminar reservatórios de água, poluir rios e acabar com áreas litorâneas.
A falta de água tratada e de saneamento básico ainda é um enorme problema em regiões em desenvolvimento, e nas áreas mais avançadas grandes quantidades de energia são necessárias para o tratamento.
Mas talvez estejamos olhando para nosso esgoto pelo lado errado - ele pode ser uma commodity preciosa, em vez de um subproduto malcheiroso das nossas vidas diárias.
Vários engenheiros criativos estão encontrando maneiras de aproveitar o potencial dos nossos dejetos corporais, transformando-os em energia para iluminar nossas casas e dar combustível aos nossos carros. Aqui estão alguns exemplos de como algumas ideias, digamos, nojentas podem ser grandiosas:
Bactérias estão gerando energia para as luzes de um banheiro de uma escola de meninas em um vilarejo em Uganda | Foto: Bristol BioEnergy Centre
Bactérias estão gerando energia para as luzes de um banheiro de uma escola de meninas em um vilarejo em Uganda | Foto: Bristol BioEnergy Centre
Foto: BBCBrasil.com

O poder do xixi

Uma abordagem inovadora é transformar urina em eletricidade com ajuda de bactérias.
Pesquisadores da Universidade do Oeste da Inglaterra criaram estações compactas de eletricidade conhecidas como pilhas de combustível microbiótico capazes de transformar xixi em energia elétrica que pode ser usada para iluminar salas pequenas ou ligar pequenos aparelhos eletrônicos.
As pilhas de combustíveis são únicas por conter bactéria que geralmente é encontrada na parte de baixo de navios ou plataformas de petróleo no oceano. Elas crescem em eletrodos e se alimentam do material orgânico presente na urina conforme ele passa por elas, produzindo uma pequena corrente de energia.
Pesquisadores já conseguiram reduzir o tamanho e aumentar a eficiência das pilhas de combustível microbiótico entre 2015 e 2017 | Foto: Bristol BioEnergy Centre
Pesquisadores já conseguiram reduzir o tamanho e aumentar a eficiência das pilhas de combustível microbiótico entre 2015 e 2017 | Foto: Bristol BioEnergy Centre
Foto: BBCBrasil.com
"Essa tecnologia não apenas limpa a água do esgoto, portanto melhora o saneamento e a higiene, como também gera energia ao mesmo tempo", diz Ioannis Ieropoulos, diretor do Centro de Bioenergia de Bristol, líder do projeto e professor da mesma universidade.
Os pesquisadores já usaram as pilhas movidas a xixi para recarregar um smartphone, apesar de ter demorado cerca de 64 horas para encher a bateria totalmente. As pilhas produzem apenas 1 AMP de corrente e cerca de 3 volts de eletricidade. Mas Ieropoulos acredita que será possível aumentar a potência com alguns ajustes ao material e ao processo.
Nas regiões do mundo onde o saneamento e a eletricidade são escassos, o impacto pode ser enorme. No mundo todo, há mais de 2,5 bilhões de pessoas sem acesso a um saneamento seguro, enquanto 1,2 bilhões não têm eletricidade.
Em julho, a equipe instalou um conjunto de pilhas em um banheiro de uma escola para meninas em Uganda para gerar luz no cubículo e na parte externa para iluminar o caminho em direção ao prédio à noite.
Um cano saindo dos banheiros em direção a um prédio onde ficam as pilhas | Foto: Bristol BioEnergy Centre
Um cano saindo dos banheiros em direção a um prédio onde ficam as pilhas | Foto: Bristol BioEnergy Centre
Foto: BBCBrasil.com
E essa tecnologia também pode ser útil a países desenvolvidos. "Há uma enorme quantidade de água de esgoto que é desperdiçada toda hora pelo mundo inteiro", diz ele. "É aí que está o maior potencial para a tecnologia, se conseguirmos implementá-la o mais perto da fonte do esgoto possível. Ela pode criar eletricidade para o uso de eletrônicos na casa e também diminuir a pressão nas plantas de esgoto."
Mas o combustível do futuro não está apenas nos nossos dejetos, bem… líquidos.

O potencial do cocô

Pilhas de combustível microbiótico podem lidar com os dejetos sólidos do nosso corpo também.
Ieropoulos está trabalhando com pesquisadores nos Estados Unidos através da Fundação Bill & Melinda Gates. Eles estão desenvolvendo técnicas para transformar fezes em um sedimento que possa passar pelas pilhas.
"Nós temos testado nosso sistema com sedimentos fecais", diz. "É muito mais enriquecido, então os micróbios geram mais energia."
"Sedimentos fecais" pode parecer uma frase estranha no contexto de energia limpa, mas esse não é o único projeto da área envolvendo o chamado número dois.
Em Bristol, na Inglaterra, a companhia Wessex Water instalou uma planta de biogás no seu tratamento de esgoto para transformá-lo em 56 milhões de litros de biometano por dia.
Segundo um relatório feito pela Universidade das Nações Unidas no Japão, se todas as fezes humanas forem transformadas em biogás, isso poderia gerar eletricidade para 138 milhões de lares.
E há outras coisas nojentas escondidas nos canos de esgoto embaixo de nossas cidades que poderiam ser utilizadas para o bem.
Em Bristol (Inglaterra), a empresa Wessex Water instalou uma planta de biogás para transformar esgoto em biometano | Foto: Wessex Water/GENeco
Em Bristol (Inglaterra), a empresa Wessex Water instalou uma planta de biogás para transformar esgoto em biometano | Foto: Wessex Water/GENeco
Foto: BBCBrasil.com

Combustível de gordura

Em quase toda cidade do mundo, há bolhas coaguladas de gordura, óleo e sebo que formam "fatbergs" ("icebergs de gordura", em português) que entopem canos.
Entre os maiores descobertos publicamente está um encontrados neste ano nos túneis vitorianos embaixo do bairro de Whitechapel, em Londres.
O fatberg de 250 metros - o dobro do comprimento de um campo de futebol do Estádio Wembley - pesava 130 toneladas e levou quase três semanas para ser limpo. Mas em vez de ser despejado em um aterro, o bloco de gordura foi enviado a uma planta de processamento inovador e transformado em 10 mil litros de biodiesel que pode ser usado em ônibus e caminhões.
A planta para onde ele foi levado é administrada pela empresa Argent Energy, na cidade de Ellesmere Port, no norte da Inglaterra. A companhia desenvolveu um processo que pode transformar fatbergs sujos e fedorentos em combustível limpo ao filtrar o lodo, alterando quimicamente a gordura em um processo chamado esterificação, e, por fim, destilando-a.
O combustível resultante pode ser misturado com diesel normal para ser usado em motores.
"Essas coisas entopem os canos, mas estão cheias de materiais que podemos transformar em combustível", explica Dickon Posnett, diretor de desenvolvimento da Argent Energy.
Posnett estima que entre 300 mil e 400 mil toneladas de gordura sejam tiradas dos encanamentos britânicos todo ano, enquanto o entupimento causado pela gordura deve custar cerca de US$ 18 milhões à cidade de Nova York no período de cinco anos.
A planta da Argent Energy atualmente recebe cerca de 30 toneladas de gordura de encanamentos de uma só estação de tratamento na cidade de Birmingham (Inglaterra) toda semana, produzindo cerca de 2 mil litros de combustível.
Mas Posnett acredita que a planta seja capaz de fazer 90 milhões de litros de biodiesel por ano quando estiver funcionando a pleno vapor.
A gordura nojenta que entope canos pode virar combustível limpo | Foto: Argent Energy
A gordura nojenta que entope canos pode virar combustível limpo | Foto: Argent Energy
Foto: BBCBrasil.com
E não são apenas os fatbergs. "A planta pode lidar com todo tipo de gorduras e óleos degradados", diz. "Então ela pode pegar algo como uma maionese rançosa ou uma sopa que passou da validade. Recebemos baldes de manteiga indiana, por exemplo, que poderia ir para o lixão."
No entanto, outra empresa - a AgriProtein, baseada na Cidade do Cabo - tem uma maneira ainda menos agradável de lidar com os restos de comida.
Ela cria larvas pretas voadoras que devoram os restos e então são mortas, desidratadas e esmagadas para extrair delas um óleo rico que pode ser vendido como um alimento ecofriendly para o gado.
A AgriProtein já tem uma fábrica operando na África do Sul para tratar essas restos, mas sua ideia agora está sendo usada com dejetos humanos.
"As moscas amam m****", diz Marc Lewis, diretor da The BioCycle, uma companhia que usa as moscas da AgriProtein para transformar dejetos humanos. Ela criou uma usina piloto em Isipingo, na África do Sul, onde recebe três toneladas de fezes de 80 mil banheiros espalhados pela região.
Essa substância malcheirosa então é inoculada em larvas jovens, que são mortas 13 dias depois. Lewis prevê que será possível gerar até 940 litros de óleo por semana com os restos recebidos quando a fábrica estiver em pleno funcionamento.
Esse óleo é vendido como combustível, mas pode ser usado como ácido láurico, um componente encontrado no óleo de coco que é usado na fabricação de sabonetes e hidratantes.
Lewis acredita que há espaço para mais expansão no futuro. "Com mais pesquisas, podemos levar nosso conhecimento industrial para outros restos que estão se tornando problemáticos globalmente", diz ele. Isso pode incluir esterco ou sobras de processamento de carne.