Massas, pizzas, paellas e tapas... Difícil imaginar como os países donos das melhores comidas do planeta têm populações mais saudáveis do planeta.
A Espanha bateu a Itália e liderou o Ranking dos países mais saudáveis do mundo, realizado e publicado no último domingo pela Bloomberg.
A Itália liderava o ranking, mas foi ultrapassada pela Espanha, que em 2017 foi colocada na 6ª posição da mesma lista.
O ranking da Bloomberg leva em consideração diversos índices essenciais para uma população ser considerada “saudável”, como expectativa de vida, índice de obesidade e doenças crônicas (como pressão alta e diabetes) e consumo de tabaco, além de considerar fatores exteriores como acesso à água potável e esgoto.
Atrás da Espanha e da Itália, aparecem respectivamente Islândia, Japão, Suíça, Suécia, Austrália e Cingapura. Para fechar o top 10, a Noruega aparece na 9ª posição, seguida por Israel.
Terra da paella e tapas
Segundo a Bloomberg, a Espanha liderou o ranking por ter a maior taxa de expectativa de vida da União Europeia, e ficar atrás apenas do Japão e da Suíça no ranking mundial elaborado pela ONU. Até 2040, a Espanha deve ter a maior expectativa de vida do mundo, com sua população chegando a quase 86 anos, em média.
Isso se deve, segundo o Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, aos esforços da Espanha para investir em políticas públicas para a população e pelo país registrar um declínio na última década de doenças cardiovasculares e de mortes por câncer.
O segredo está na dieta
É difícil imaginar que os dois países que lideram o ranking de vida saudável são os mesmos que detêm alguns dos melhores pratos do mundo, como gazpacho, paella, tapas, massas, pizzas, gelatos, entre tantas outras delícias das culinárias espanholas e italianas.
Mas pesquisadores dizem que os hábitos alimentares destes dois paísespodem ser a chave para melhorar a saúde e até dos níveis de felicidade da população, como a dieta mediterrânea, que inclui um conjunto de práticas, tradições e símbolos relacionados às culturas gastronômicas de países cercados pelo mar Mediterrâneo, como Itália, Espanha e Grécia.
A tradição da dieta mediterrânea, baseada em alimentos frescos e naturais, como frutas, azeite, legumes, cereais, queijos e peixes, foi considerada um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
“A dieta mediterrânea, baseada em peixes, legumes, azeite extra-virgem e nozes, é associada ao baixo risco de doenças cardiovasculares e à redução de gordura”, diz um estudo feito pela University of Navarra Medical School.
Fernando de la Fuente, espanhol de 61 anos que faz suas próprias compras no mercado de Maravillas (em Madri) não se surpreende ao saber que a dieta mediterrânea é associada à longevidade. “Compro frutas e vegetais, aqueles que crescem aqui o ano todo, além de peixes e carnes... Um pouco de tudo”, disse ao The Guardian. “A dieta espanhola sem frutas e vegetais é impensável.”
Não só o que comer, mas COMO comer
A dieta não é só o que se come, mas também engloba um estilo de vida mais saudável. Como escrevemos por aqui há algum tempo, a Itália tem diversos hábitos alimentares que contribuem para que os italianos permaneçam com o título de a população mais magra do Ocidente ― e muitos destes hábitos são compartilhados pelo povo espanhol.
Um dos mais importantes é ter tempo de saborear a comida. Tanto na Itália, quanto na Espanha, não é fácil achar um estabelecimento (e até igrejas!) aberto no horário do almoço e nas duas horas seguintes.
A siesta é religiosamente seguida pelos moradores e isso significa mais tempo para preparar as próprias refeições, comê-las em casa e, principalmente, ter tempo para saborear o que está comendo.
Diversos estudos que apontam que saborear a comida e mastigar lentamente está associado ao aumento da saciedade e ao ato de “comer consciente”.
“Os italianos preferem alimentos orgânicos e a dieta varia com as estações do ano, focando nos produtos sazonais”, disse a italiana Silvia Renda, jornalista especializada em alimentação e comida do HuffPost Itália. “Há interesse em experimentar novos alimentos artesanais, em vez de comidas pré-preparadas.”
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