quinta-feira, 28 de março de 2019

Como aumentar a saúde do solo de forma sustentável


A terra sobre a qual pisamos muitas vezes é ignorada e Mesmo assim, não existe vida sem ela.
Solos saudáveis são essenciais para nossa segurança alimentar: 95% dos nossos alimentos vêm do solo. Ele também é o maior filtro natural de água do planeta, ajudando a abastecer o mundo com água limpa. O solo ajuda até mesmo a regular o clima, armazenando mais carbono do que todas as florestas do mundo juntas.
Os solos também são um dos ecossistemas mais ativos da Terra. Um punhado de solo contém mais organismos e micro-organismos do que toda a população humana do planeta. O solo presente em todo o mundo representa 25% da biodiversidade da Terra, incluindo bilhões de micróbios que são a base dos antibióticos usados atualmente.
Em resumo, o solo é fundamental na manutenção da saúde do nosso planeta. Os solos férteis estão sendo perdidos com uma rapidez preocupante. A fertilidade deles está diminuindo, e a erosão aliada ao uso excessivo, nos faz perder áreas produtivas para sempre.

O tamanho do problema

Os números são preocupantes: as erosões eliminam cerca de 24 bilhões de toneladas por ano de camadas superficiais do solo, provocando perdas anuais na produção de cereais de aproximadamente 7,6 milhões de toneladas. Se nenhuma medida for tomada para reduzir a erosão, poderemos deixar de produzir mais de 253 milhões de toneladas de cereais até 2050. Essa diminuição na produtividade seria equivalente à remoção de 1,5 milhão de quilômetros quadrados de terra para produção agrícola, aproximadamente toda a área cultivável da Índia.


Parte do motivo para a perda de solo fértil vem da crescente disputa por terra e a forma como estamos administrando essa questão.
O rápido e contínuo crescimento da população urbana em todo o mundo também representa um aumento na necessidade de alimentos e de áreas para construções. Como consequência, a agricultura se tornou cada vez mais intensiva para ajudar a alimentar populações cada vez mais numerosas. As práticas mais recentes buscam a especialização por meio de monoculturas (plantações ou cultivos de uma única cultura), que podem destituir o solo de nutrientes vitais e aumentar a vulnerabilidade à erosão pelo vento e pela chuva.
A FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura prevê que se essa tendência continuar nos padrões atuais, teremos apenas mais 60 anos de produção agrícola. Como disse uma vez o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt, “A nação que destrói seu solo, destrói a si mesma.”

“Compre terras, porque não as produzem mais” – Mark Twain

O problema é que o solo fértil é um recurso limitado. Não podemos simplesmente criar novas áreas sempre que for necessário. Aquilo que já perdemos não volta mais.
O processo de criação do solo é complexo, envolvendo a meteorização física e química que transformam rochas em partículas minerais de areia, silte e argila combinadas com água, ar e matérias orgânicas que foram decompostas por micróbios e reações químicas durante centenas de anos.


Leva aproximadamente 2 mil anos para criar apenas 10 centímetros de camada superficial do solo e, no entanto, esse solo pode ser destruído em instantes. Portanto, evitar a erosão do solo é vital.
“Se o solo tiver apenas pedras, não importa quantos fertilizantes ou micróbios você usar, não será possível desenvolver uma plantação,” afirma Magalie Guilhabert, responsável por Eficiência de Cultivos em Pesquisa Biológica na Bayer.
Mas então, a situação é irreversível ou podemos fazer algo para mudar esse quadro?

A ciência e uma solução sustentável para o solo

O mundo demorou para perceber a necessidade urgente de conservarmos os nossos solos, mas pelo menos agora já existe um esforço generalizado para resolver o problema. A ONU está pressionando governos a introduzir políticas que estimulem agricultores, por meio de ensino, legislação e incentivos financeiros, a adotar práticas agrícolas mais sustentáveis a fim de impedir uma maior degradação.
Avanços científicos também estão fazendo a diferença na restauração da qualidade dos solos.
Nos últimos dez anos, avanços no sequenciamento genético ajudaram a identificar ainda mais micro-organismos que podem ajudar a recuperar a fertilidade dos solos e auxiliar as plantas a usar os nutrientes do solo de forma mais efetiva.
“A ciência que permite o uso de micro-organismos em plantações não é nova”, diz Guilhabert. “A novidade são as ferramentas que usamos para entender a complexidade da genética desses seres e para aproveitá-los de forma mais eficaz, permitindo maximizar a produtividade do solo sem causar danos em longo prazo.”
Atualmente, uma grande variedade de micro-organismos está sendo usada por agricultores para otimizar a aplicação de fertilizantes (ou seja, são necessários menos fertilizantes) para estimular o crescimento de raízes, ajudar as plantas a crescerem em solos normalmente considerados precários, e eliminar poluentes presentes no solo e na água. Esses organismos microscópicos estão devolvendo a vida dos solos.
A agricultura digital também está exercendo seu papel, ajudando produtores rurais não somente a aumentar sua produtividade para atender a uma demanda alimentar cada vez maior, mas a fazer isso de forma mais sustentável. Os productores estão usando agricultura de precisão para monitorar constantemente a condição de suas plantações e do solo utilizado, ajudando a manter as terras mais saudáveis e produtivas.
No futuro, o uso cada vez mais constante de sensores e até mesmo de micro-organismos especializados tem o potencial de aperfeiçoar o uso de fertilizantes, irrigações e micro-organismos para otimizar a revitalização dos solos, ajudando a aumentar a produtividade de plantações e garantir o futuro do fornecimento de alimentos em todo o mundo.
Por enquanto, o mais importante é oferecer aos agricultores a tecnologia e o suporte necessários para que administrem suas terras de forma sustentável e produtiva. Como diz Josse Peeters da fazenda Hof ten Bosch, na Bélgica: “Para cada agricultor, um dos maiores desafios é manter a fertilidade e reduzir a erosão do solo. É preciso encontrar um equilíbrio entre o aumento da produtividade e a proteção da biodiversidade.”

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