Existem
dois filmes de ficção científica que eu gosto muito: Matrix e Ela.
Ambos, imagem de um futuro paradoxal da relação humana com a tecnologia.
O primeiro mostra o terror, o segundo o amor. Enquanto um aborda as
necessidades humanas violadas pelo domínio das máquinas, o outro, o
afloramento emocional do ser humano por um sistema com inteligência
artificial. Qual será o nosso futuro realmente?
Para
Ginni Rometty, presidente e CEO da IBM, em apenas poucos anos cada
decisão importante, seja na vida pessoal ou nos negócios, será realizada
com a ajuda de AI e tecnologias cognitivas. A promessa é que a
computação cognitiva vai melhorar o mundo, cumprindo o propósito de não
substituir a inteligência humana, mas aumentar a sua capacidade. Mas,
isso não quer dizer que seres humanos não serão substituídos… Na
verdade, essa é uma realidade consequente da automação de processos
desde a revolução industrial. A grande diferença é que agora as máquinas
podem aprender.
Um muito citado estudo,
da Ball State University, sugere que a automação já provou ser o maior
motor de perda de emprego este milênio. O documento observa que a década
entre 2000 e 2010 marcou o maior declínio de empregos de manufatura no
Estados Unidos. Na China a fábrica Dongguan demitiu 650 funcionários,
ficando com apenas 60 e alcançando um aumento de 250% na produtividade.
Com os avanços da tecnologia, brevemente grande parte das profissões
deixarão de existir e os profissionais impactados por esta revolução,
também não terão vagas suficientes devido a escassez de oportunidades.
Não se engane, isso também inclui as profissões tradicionais, como medicina, direito e contabilidade.
Colin Parris, vice-presidente de Pesquisa de Software da GE, para o site TechCrunch,
comenta de forma mais otimista: “A única maneira de combater perdas de
emprego é treinar o talento que temos. Porque no futuro temos que
abraçar a robótica. Permite reduzir custos. Se eu reduzir o custo, eu
tenho mais dinheiro que eu posso usar para a inovação. Quanto mais
dinheiro tiver, mais novos produtos posso criar. Quanto mais produtos eu criar, mais força de trabalho posso contratar.”
O
que você pensa sobre? O paradoxo da questão é que a mesma tecnologia
que provocará desemprego, também é a que nos ajudará. Considere que a
computação de dados, a informatização pela internet, tudo isso mudou
radicalmente, para melhor, a vida do ser humano. Nos reinventamos. Vamos
evitar os avanços tecnológicos, se cada vez nos tornamos mais
dependentes deles? WhatsApp, Uber, Airbnb, Conta Azul, Contabilizei…,
você não gosta da conveniência dessas soluções? Kevin Surace, pioneiro
em inteligência artificial no Vale do Silício, afirma, toda empresa
será, eventualmente, uma empresa de software e automação.
Em
todos os sentidos, seja para saúde, diversão, comunicação, custos
operacionais…, queremos tudo cada vez mais fácil, rápido, e, barato.
Para a nossa própria conveniência, e preguiça, nós desenvolvemos
tecnologias facilitadoras. Então, o que você pensa sobre? Para mim, as
novas oportunidades são destinadas ao indivíduo com capacidade de
autodesenvolvimento contínuo e educação empreendedora, atentando
especialmente ao desenvolvimento de soluções com foco à sustentabilidade
deste novo paradigma social, político e econômico.
É
prudente investir adequadamente na educação e formação das crianças. Em
fato, na verdade é um alerta para você também. De acordo com o relatório The New Work Order,
60% dos jovens estão aprendendo profissões que vão deixar de existir
entre 10 a 15 anos. Num futuro breve, creio que aquele que não souber
programar poderá ser considerado um analfabeto. Aliás, parabéns ao
prefeito Dória, São Paulo, pela inciativa de implementar programação na grade curricular do ensino fundamental.
“O mundo é digital, precisamos preparar as nossas crianças para esta
nova realidade”, diz o prefeito em seu perfil do Facebook.
Estamos falando de adaptação.
E isso nos tira da zona de conforto. Como qualquer processo disruptivo,
há perdas, ocorre o balanço e consolidação da nova realidade. Segundo
Bill Gates, os robôs que roubarem empregos dos humanos devem pagar
impostos, disse na sua conta do Twitter. Sensacional ideia.
O filantropo sugere que o dinheiro arrecadado com impostos poderia ser
usado para financiar serviços para a sociedade, como programas de
assistência e realocação às pessoas que perderam empregos para os robôs.
Falou o mesmo homem que um dia acreditou a internet ser modismo. Tudo é
transitório.
Então,
como você pretende lidar com esse futuro factual? Eu não acredito na
rebelião das máquinas, eventualmente, alguém venha a se apaixonar por um
robô. Mas, o fato é: os computadores estão aprendendo, e enquanto as
máquinas não forem contribuintes do governo, é mais inteligente estar
atento e antecipar ações orientadas àquilo que o mercado demandar num
futuro “não tão distante”, do que simplesmente reagir às mudanças. Eu
creio na teoria de Darwin, os organismos mais bem adaptados ao meio têm
maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados. Você está
preparado para reprogramar a sua vida? Os robôs estão. Isso não é mais
ficção.
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