Na África Subsaariana, 40% das menores se casam antes dos 18 anos, e 15
dos 20 países com as taxas mais altas de casamento precoce no mundo
todo estão no continente, denunciou a organização por causa do Dia da
Criança Africana.
"Os Governos devem se centrar em ajudar as menores a prevenir
gravidezes não desejadas e apoiar os seus esforços para permanecer na
escola", afirmou a pesquisadora da HRW, Elin Martínez, em um comunicado.
Ainda que a maioria dos países se tenha se comprometido a garantir o
ensino fundamental e médio obrigatório para todos os menores, muitos
excluem ou expulsam as grávidas e jovens mães da escola.
Uma investigação da HRW detectou Tanzânia e Serra Leoa entre os países
com as políticas e práticas mais discriminatórias para as estudantes
grávidas e casadas.
"Os professores descobriram que estava grávida", relatou Rita, uma jovem do norte da Tanzânia que ficou grávida aos 17 anos.
"Descobri que nenhuma estudante tem permissão para permanecer na escola
se estiver grávida... Não tinha a informação (educação sexual) sobre
gravidezes e nem sobre o que ia acontecer", contou.
Muitas adolescentes ficam grávidas porque carecem de informação
necessária para tomar decisões sobre sua sexualidade, planejamento
familiar e saúde reprodutiva, enquanto outras são forçadas a ter
relações sexuais.
80% das mulheres entre 15 e 24 anos que vivem com HIV estão na África,
enquanto as meninas de entre 15 e 19 anos têm cinco vezes mais
probabilidade de contrair o HIV que os meninos, segundo dados das Nações
Unidas.
Ainda que outros países como Camarões, África do Sul e Zâmbia tenham
adotado políticas para que as mães adolescentes possam retornar à escola
após o parto, a HRW alertou que as jovens carecem de apoio para voltar:
o custo é elevado, elas enfrentam o estigma na escola e não têm com
quem deixar seus filhos.
"Os Governos têm a responsabilidade principal de garantir que as
menores tenham acesso à educação fundamental e média gratuita, sem
enfrentar o estigma e a discriminação", afirmou Martínez.
Neste sentido, indicou que "é preciso eliminar as políticas que excluem
as jovens grávidas ou casadas, e criar medidas especiais para garantir
que todas as adolescentes possam ir à escola".
Também é necessário que os Governos adotem leis que estabeleçam
claramente os 18 anos como idade mínima para contrair matrimônio,
acrescentou a HRW.
Nenhum comentário:
Postar um comentário