Coronavírus
Ministro da Saúde anuncia compra de medicamento à base de anticorpos. Terapia foi aplicada em Donald Trump. País será pioneiro na UE no uso da droga, a ser enviada primeiro a clínicas universitárias.
O ministro da Saúde alemão, Jans Spahn anunciou que o governo da Alemanha comprou uma nova droga contra o coronavírus à base de anticorpos. "A partir da próxima semana a Alemanha será o primeiro país da UE onde serão usados anticorpos monoclonais. Inicialmente isso ocorrerá em clínicas universitárias", disse Spahn, em entrevista publicada neste domingo (24/01) no jornal Bild am Sonntag.
"O governo alemão comprou 200 mil doses por 400 milhões de euros", acrescentou. Isso corresponde a um preço de 2 mil euros (cerca de R$ 13 mil) por dose. Os medicamentos serão gradativamente colocados à disposição dos hospitais especializados, gratuitamente, dentro das próximas semanas.
O tratamento com anticorpos visa beneficiar pacientes adultos com sintomas leves ou moderados e com risco de agravamento da doença. "Eles funcionam como uma vacinação passiva. A administração desses anticorpos pode ajudar os pacientes de alto risco na fase inicial a prevenir um agravamento da doença", disse Spahn.
De acordo com o Ministério da Saúde da Alemanha, a administração da terapia será baseada em uma avaliação individual de risco e benefício realizada pelo médico responsável pelo tratamento.
Os anticorpos monoclonais são produzidos em laboratório com função de desativar o vírus após a infecção. "Monoclonal" significa que os anticorpos usados são todos iguais e atacam o vírus num alvo claramente definido. "De acordo com os estudos disponíveis, o medicamento pode ajudar a limitar a quantidade de vírus no corpo e, assim, ter uma influência positiva no curso da doença", disse uma porta-voz do ministério.
Uso possível sem aprovação
De acordo com a informação do ministério, o órgão garantiu contingentes de dois medicamentos. Um é o bamlanivimab, desenvolvido pela farmacêutica americana Eli Lilly; o outro são os dois anticorpos casirivimab e imdevimab da empresa americana Regeneron, que devem ser administrados ao mesmo tempo.
Nos EUA, a agência reguladora de medicamentos e alimentos FDA concedeu uma aprovação emergencial para esses medicamentos. Eles ainda não foram aprovados na União Europeia.
O ministério da Saúde alemão afirma que, segundo a avaliação do Instituto Paul Ehrlich (PEI), órgão federal alemão encarregado de vacinas e medicamentos biomédicos, é possível, a princípio, uma utilização na Alemanha após uma avaliação individual, caso a caso, pelo profissional médico, da relação entre benefício e risco, já que há outras opções terapêuticas aprovadas.
Trump
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump também recebeu esse tipo de terapia quando contraiu o coronavírus. Trump foi tratado no início de outubro com o coquetel de anticorpos REGN-COV2, da Regeneron.
O ingrediente ativo do REGN-COV2 é uma combinação de dois anticorpos especialmente desenvolvidos que se ligam à chamada proteína spike do coronavírus e podem, assim, deformar sua estrutura, impedindo que o coronavírus ataque as células humanas e se multiplique. De acordo com a Regeneron, a combinação de dois anticorpos diferentes visa evitar a mutação do vírus Sars-cov2.
Na entrevista, Spahn também alertou contra atribuições de culpa durante a pandemia, num momento em que muitos criticam a demora da campanha de vacinação no país e a falta de imunizantes suficientes. "Falar sobre erros e omissões é importante. Mas sem que isso se torne algo implacável. Sem que se torne apenas uma questão de colocar a culpa nos outros", disse o ministro.
Spahn descartou o relaxamento das restrições para contenção do coronavírus só para pessoas vacinadas até que haja uma vacinação disponível para todos os cidadãos. "Nós nos solidarizamos em meio a esta pandemia durante um ano. Agora, podemos muito bem seguir as regras pelos meses restantes até que todos possam ser vacinados", disse ele.
Nesta terça-feira, a Alemanha estendeu seu lockdown nacional até 14 de fevereiro, apesar de crescentes pedidos pela flexibilização de algumas medidas. Epidemiologistas do país afirmam que o debate sobre um relaxamento ainda é prematuro. "Do ponto de vista epidemiológico, não está claro para mim por que uma flexibilização precoce (das restrições) está sendo discutida agora", disse Hajo Zeeb do Instituto Leibniz para Pesquisa de Prevenção e Epidemiologia à agência de notícias alemã dpa, citando as ainda altas taxas de infecção.
Eva
Grill, presidente da Sociedade Alemã de Epidemiologia, disse estar
profundamente preocupada. "Se o atual lockdown for relaxado muito cedo,
corremos o risco de uma terceira onda, que nos atingirá com mais força,
porque a nova variante do vírus é muito mais contagiosa."
MD/dpa/kna/afp
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