quarta-feira, 29 de novembro de 2017

"Mídias sociais favoreceram a imbecilidade"

O filósofo Mario Sergio Cortella comenta, em entrevista à DW Brasil, a cultura do ódio que se disseminou pelo país. Para o escritor, na internet todos têm uma opinião, mas poucos têm fundamentos para ancorá-la.
Mario Sergio Cortella - Autor Cortella: "Para quem está com o martelo na mão, tudo é prego."
A instantaneidade e conectividade das mídias sociais fomentam um ambiente hostil em que todos têm "alguma opinião sobre algo, mas poucos têm fundamentos refletidos e ponderados para iluminar as opiniões", diz o filósofo e professor universitário Mario Sergio Cortella, em entrevista à DW Brasil.
Cortella é uma figura influente na sociedade brasileira como palestrante, debatedor e comentarista de rádio. Com mais de um milhão de livros vendidos entre seus 33 títulos lançados, Cortella traduz à linguagem coloquial e adapta à realidade atual do Brasil complexos temas filosóficos, existenciais e políticos como "se você não existisse, que falta faria?" ou "o caos político brasileiro". Nesta entrevista, ele analisa como a cultura do ódio é alimentada por "analfabetos políticos".
DW Brasil: Etimologicamente, a palavra "cultura" (culturae, em latim) originou-se a partir de outro termo, colere, que indica o ato de "cultivar". Podemos considerar que a "cultura do ódio", que se vê eclodir na sociedade brasileira, é algo que já estava presente nas relações sociais, vem sendo cultivado e agora encontrou o tempo ideal para a "colheita"?
Mario Sergio Cortella: O ódio é uma possibilidade latente, mas não é obrigatório. Contudo, não havia tanta profusão de ferramentas e plataformas para que fosse manifestado e ampliado como nos tempos atuais no Brasil. A instantaneidade e a conectividade digital permitiram que um ambiente reciprocamente hostil – como o da fratura de posturas nas eleições gerais do final de 2014 – encontrasse um meio de expressão mais veloz e disponível, sem restrição quase de uso e permitindo que tudo o que estava aprisionado no campo do indivíduo revoltado pudesse emergir como expressão de discordância virulenta e de vingança repressiva.
DW: Qual o papel das redes sociais nesse fenômeno? Você concorda com Umberto Eco, para quem as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis?
MSC: As mídias sociais favoreceram, sim, o despontar de um palanque também para a imbecilidade e a idiotia. Antes delas, era preciso, para se manifestar, algum poder mais presente ou a disponibilidade de uma tribuna mais socialmente evidente. Agora, como efeito colateral da democratização da comunicação, temos o adensamento da comunicação superficial, na qual todos têm (e podem empresar) alguma opinião sobre algo, mas poucos têm fundamentos refletidos e ponderados para iluminar as opiniões. Como dizia Hegel: "quem exagera o argumento, prejudica a causa".
DW: Por que pensar e se expressar de forma distinta daquilo "com o que eu concordo" passou a ser o estopim para reações de ódio exacerbado no Brasil?
MSC: Uma sociedade antes fragmentada concentrou-se em ser mais dividida. Isto é, dois lados em confronto, agora dispondo de arsenais mais contundentes de propagação e, por outro lado, vitimadas por poderes comunicacionais dos quais desconhece a face e o interesse. O salvacionismo moral sugerido por alguns em meio a uma crise de valores republicanos e à degradação econômica encontrou fácil disseminação. Como se diz em português: "para quem está com o martelo na mão, tudo é prego..."
DW: Como explicar casos de "cidadãos de bem" sendo atores de ações de censura, de extrema intolerância e violência, verbal e física, contra outros cidadãos, igualmente "de bem"?
MSC: O "cidadão de bem", entendido como aquele que não faz o que faz por maldade, é a encarnação do que Bertolt Brecht chamava de "analfabeto político". Isto é, alguém que, portador de boas intenções, age em consonância desconhecida com as más intenções de quem almeja uma situação disruptiva e oportunista.
DW: Quem se beneficia dessa explosão de ódio?
MSC: Todos os "liberticidas" e todos os "democracidas" são herdeiros dessa seara incendiadora que exclui o conflito (divergência de ideias ou posturas) e alimenta o confronto (busca de anulação do divergente).
DW: Aonde essa cultura do ódio e intolerância no país pode nos conduzir? Tempos sombrios estão por vir?
MSC: Tempos sombrios podem vir, sempre. Contudo, podem ser evitados se houver uma aliança autêntica em meio às diferenças entre aqueles e aquelas que recusam a brutalidade simbólica e física como instrumento de convivência. Não há um caminho único para o futuro. Não há a impossibilidade de esse caminho parecer único. Não há inevitabilidade de que um caminho único venha.
DW: "Até nos tempos mais sombrios temos o direito de ver alguma luz", disse a filósofa alemã Hanna Arendt. Qual seria a luz para começar a responder a essa cultura do ódio?  
MSC: A luz mais forte é a da resistência organizada e persistente de quem deseja escapar das trevas e não quer fazê-lo sozinha, nem excluir pessoas e muito menos admitir que impere o malévolo princípio de "cada um por si e Deus por todos". Seria praticando cotidianamente o "um por todos e todos por um". Afinal, como dizia Mahatma Ghandi, "olho por olho, uma hora acabamos todos cegos".

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Pneumonia poderá ser tratada com vacina em vez de antibióticos



Pneumonia poderá ser tratada com vacina em vez de antibióticos
Essa descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para a pneumonia.
[Imagem: Susanne Staubli/Kinderspital Zürich]
Pneumonia bacteriana
Por mais que a pneumonia incomode a humanidade há tanto tempo, a verdade é que a ciência ainda não tem totalmente claro como essa doença respiratória se desenvolve.
Por isso, até hoje a infecção é tratada com antibióticos. Por exemplo, sabe-se que as bactérias Mycoplasma são uma das causas mais comuns de pneumonia bacteriana em crianças.
Mas esta não parece ser a história completa.
Pesquisadores da Universidade de Zurique (Suíça) acabam de descobrir que existem células imunológicas específicas - as chamadas células B - que são cruciais para que um paciente se recupere da infecção. Diferentemente da hipótese mais aceita pelos cientistas até agora, de que o tratamento consiste em destruir as bactérias por meio de antibióticos, o que ocorre é que são os anticorpos produzidos por essas células B que eliminam o micoplasma nos pulmões - basta ver que as bactérias persistem no trato respiratório superior, onde esses anticorpos não atuam, afirmam Patrick Meyer Sauteur e seus colegas.
"Este dado é a primeira prova de que a resposta de anticorpos é crucial para limpar as infecções pulmonares causadas pelo micoplasma," afirmou o pesquisador.
Vacina para pneumonia
Essa descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para a pneumonia.
Se a infecção é combatida e debelada por células imunes do próprio corpo, pode ser possível desenvolver vacinas específicas que provoquem respostas de anticorpos para proteger da infecção tão logo as bactérias apareçam.
"Nosso trabalho abre o caminho para o desenvolvimento de vacinas contra o micoplasma. Os grupos-alvo para tais vacinas incluirão crianças pequenas sem alternativas de tratamento como resultado da resistência emergente a antibióticos contra o micoplasma em certos países," disse Sauteur.
Sistema imunológico contra bactérias
A equipe suíça cultivou a bactéria micoplasma com um corante fluorescente, o que permitiu, pela primeira vez, acompanhar visualmente o patógeno no pulmão e no trato respiratório superior durante uma infecção.
O que se verificou é que há diferenças significativas entre o pulmão e o trato respiratório superior na resposta imune após a infecção. Os anticorpos IgM e IgG apareceram em número significativamente maior no pulmão, onde há ainda um aumento e ativação das células B em linfonodos locais - por isso os patógenos puderam ser eliminados dentro de algumas semanas.
Por outro lado, no trato respiratório superior o que se detectou foram os anticorpos IgA, que não ativaram as células B, o que resultou na persistência observada da infecção bacteriana neste local.
Experimentos realizados com camundongos geneticamente modificados para não apresentarem as células B comprovaram que, quando esses animais recebiam uma injeção dessas células imunes, a bactéria era efetivamente eliminada do pulmão, mas não do trato respiratório superior.
A equipe agora pretende iniciar os primeiros experimentos para o desenvolvimento de uma vacina contra a pneumonia.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

COMPOSIÇÃO 31

DIVAGANDO DEVAGAR


Caminhos trocados
Com trocadinhos esgotados
Trancafiados no porão
Nos mercados da solidão


Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Ah! O olhar

De emergentes imersos
De insurgentes diversos
De florestas diminuídas
De sestas perdidas

Ah! O olhar

De modestas grandezas
De honestas espertezas
De testas franzidas
De festas proibidas

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Ah! Esquecido

Pelas rimas tortas
Pelas finas lorotas
De políticos influentes
De discursos reluzentes

Ah! Esquecido

Pelo Alzheimer vigoroso
Pelo passado vergonhoso
Pelas passagens secretas
Pelas viagens repletas

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)

Ah! Impedido

Pelos átomos sem alma
Pelos atos sem calma
Pelas desculpas esfarrapadas
Pelos farrapos bordados
Pelos guardanapos borrados
Borrados! Borrados! É, borrados!

Ah! Impedido


Pelo total desinteresse
Pelo que esquecesse
Pelo desprezo da elite
Pelo manejo do palpite


Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)

Ah! Vivido

Pela insônia arrependida
Pela vergonha derretida
Pela Letônia envelhecida
Pela medonha despedida

Ah! Vivido

Pelos andares desprovidos
Pelos militares embravecidos
Pelo festival de rancor
Pelo abissal fervor

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Ah! Atrevido


Pelas gorjetas tórridas
Pelas facetas mórbidas
Pelos versos controversos
Pelos versos reversos


Ah! Atrevido!

Pelas núpcias inerciais
Pelas astúcias geniais
Pelos veleiros à luz de velas
Pelos celeiros de berinjelas

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)

Caminhos trocados
Com trocadinhos esgotados
Trancafiados no porão
Nos mercados da solidão

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Ah! O olhar

De emergentes imersos
De insurgentes diversos
De florestas diminuídas
De sestas perdidas

Ah! O olhar

De modestas grandezas
De honestas espertezas
De testas franzidas
De festas proibidas

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Ah! Esquecido

Pelas rimas tortas
Pelas finas lorotas
De políticos influentes
De discursos reluzentes

Ah! Esquecido

Pelo Alzheimer vigoroso
Pelo passado vergonhoso
Pelas passagens secretas
Pelas viagens repletas

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)

Ah! Impedido

Pelos átomos sem alma
Pelos atos sem calma
Pelas desculpas esfarrapadas
Pelos farrapos bordados
Pelos guardanapos borrados
Borrados! Borrados! É, borrados!

Ah! Impedido

Pelo total desinteresse
Pelo que esquecesse
Pelo desprezo da elite
Pelo manejo do palpite

Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar desimpedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)

Ah! Vivido

Pela insônia arrependida
Pela vergonha derretida
Pela Letônia envelhecida
Pela medonha despedida

Ah! Vivido

Pelos andares desprovidos
Pelos militares embravecidos
Pelo festival de rancor
Pelo abissal fervor


Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
Mas também, vem
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Ah! Atrevido

Pelas gorjetas tórridas
Pelas facetas mórbidas
Pelos versos controversos
Pelos versos reversos

Ah! Atrevido!

Pelas núpcias inerciais
Pelas astúcias geniais
Pelos veleiros à luz de velas
Pelos celeiros de berinjelas


Divagando devagar
Sem vergonha de olhar
O cego olhar
O olhar atrevido
O olhar vivido
O olhar impedido
O olhar esquecido
Vamos lá!
Divagando devagar
(Refrão)


Divagando nas montanhas
Divagando nas entranhas
Divagando quase parando
Parando de divagar
Divagando sem parar
É isso, vamos divagar!
Vamos divagar! Lento e devagar!
Não pare, vamos divagar! Divagando sem parar!
(Refrão Final)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

"Proteger o clima requer mudança de hábitos"

Economista alemão afirma que não existe exemplo de país desenvolvido que coloque em prática um modo de vida realmente ecológico e defende a conjunção de política de sustentabilidade com um programa educacional.
Legumes empacotados em plástico em mercado em Nova York: para economista, clima é questão educacional Legumes empacotados em plástico em mercado em Nova York: para economista, clima é questão educacional
O economista alemão Niko Paech, professor na Universidade de Siegen, não tem celular ou carro particular. Tampouco come carne ou viaja de avião. O estilo de vida é considerado por ele o único caminho possível para a preservação ambiental. Principal nome da Economia do Decrescimento na Alemanha, Paech figurou no 18° lugar do ranking de pensadores mais influentes elaborado pelo Gottlieb Duttweiler, instituto suíço de estudos econômicos e sociais.
Nesse modelo, as jornadas de trabalho seriam reduzidas à metade. Com ajuda da tecnologia, o nível de emprego seria mantido ou elevado, e as pessoas teriam tempo para plantar seus alimentos ou consertar suas roupas e sapatos, em vez de comprar outros novos.
Paech considera os debates como o da Conferência do Clima de Bonn, que se encerrou na semana passada, um "desperdício de tempo e energia", pois não tratam do que, em sua opinião, é a real causa do problema climático: o crescimento econômico.
DW Brasil: Nas últimas duas semanas, representantes de governos e organizações civis discutiram medidas para a proteção do clima, na COP 23. O senhor acredita na eficiência desse tipo de encontro?
Niko Paech: Até hoje, não existe qualquer exemplo de país desenvolvido que coloque em prática um modo de vida realmente ecológico, que reduza sua produção e, especialmente, os transportes, de modo a servir como exemplo. Assim como um analfabeto não pode ensinar outro a ler e escrever, os que fracassam na proteção do clima não podem aprender entre si.
Por isso, essas conferências são um desperdício de tempo e energia. A proteção do clima que faria jus a essa denominação não é alcançada pelo investimento em novas tecnologias. Ela pressupõe uma inevitável mudança de hábitos. Entretanto, o estilo de vida ecológico não é pauta desses encontros.
A Alemanha é frequentemente citada como um exemplo internacional pela transição energética para fontes renováveis. O senhor não reconhece um avanço nessa política?
Trata-se de um projeto ambiental fracassado, que cobre, exclusivamente, o uso de fontes renováveis no setor elétrico. Essa política desvia da maioria dos problemas climáticos. Basta pensar nas viagens aéreas; no transporte de bens em caminhões; no processo de aquecimento usado na produção e no imenso consumo de energia na agricultura industrial.
Professor Niko Paech (Universität Oldenburg) O professor da Universidade de Oldemburgo figurou em lista de pensadores mais influentes do mundo feita por instituto suíço em 2015.
Ela resulta em uma compensação simbólica e acalma a consciência. Enquanto a responsabilidade por um desenvolvimento sustentável for delegada a inovações tecnológicas, mantém-se um álibi para a resistência ao enfrentamento da questão de acordo com o seguinte lema: "O vento e o sol vão dar conta. Felizmente, não precisamos mais falar sobre as viagens de férias e os hábitos de consumo."
Há, também, dois problemas sem qualquer solução ecológica e econômica: a volatilidade do vento e do sol e a falta de redes de transmissão. A transição energética está especialmente baseada em um múltiplo deslocamento de problemas, pois, para supostamente proteger o clima, joga contra a preservação da natureza. A construção dessas usinas e infraestruturas relacionadas demanda o uso de metais, como cobre e aço, mas também neodímio, plástico e concreto.
De toda forma, essas alternativas não desempenham um papel importante?
As fontes renováveis só poderiam cobrir a maior parte do nosso consumo energético se a capacidade industrial caísse pela metade, e a mobilidade global, reduzida ao mínimo. Atualmente, a proporção de energia eólica equivale a menos de 3% na demanda de energia primária alemã (eletricidade, aquecimento e transporte), apesar de imensos esforços e destruição de terras. Já a fotovoltaica representa pouco mais de 1%.
Esses valores risíveis permitem reconhecer o quanto a tecnologia é superestimada. Isso significa que precisamos enfrentar possibilidades limitadas da tecnologia pela redução do consumo e do sedentarismo, com menos deslocamentos. Além disso, uma parte da produção atual poderia ser substituída por meio de tecnologias de trabalho intensivo, especialmente os equipamentos mecânicos.
Um crítico poderia alegar que o senhor deseja retornar a um modelo de sociedade pré-industrial. Qual seria o papel do desenvolvimento tecnológico na Economia do Decrescimento?
A desglobalização e a desindustrialização, urgentemente necessárias, não pressupõem que a mobilidade e os produtos modernos desapareçam, mas que lidemos de forma mais equilibrada com eles. Por exemplo: eu divido uma máquina de lavar roupas com outros quatro adultos. Se o modelo fosse expandido, a produção desse eletrodoméstico seria reduzida em 80%. Nada impede que seja bastante moderno, e é diferente de renunciar a ele.
O mesmo vale para minhas roupas e sapatos, os quais preservo e conserto de forma que durem o dobro do tempo. A produção, que pode ser moderna, cai pela metade. O desmantelamento dos sistemas industrial e de transporte como os conhecemos não significa abrir mão da tecnologia contemporânea, mas restringir nossa necessidade sobre ela de forma quantitativa.
Como o senhor espera que as pessoas se adaptem a um modo de vida tão diferente do que estão acostumadas nos países desenvolvidos?
A transformação rumo à sustentabilidade, que até o momento não se traduziu em ações efetivas, está diante de um dilema. O ideal modernista de uma sociedade próspera e "verde”, construída por grandes avanços tecnológicos, fracassou. Não me refiro somente ao insucesso da política de um crescimento verde, mas à possibilidade de as decisões políticas conduzirem esse processo.
 
Assistir ao vídeo 01:08

Chineses sofrem com efeitos da poluição do ar

Sem uma dissociação técnica, a política só consegue produzir efeitos de alívio ecológico, pela imposição de medidas restritivas e de redução. O problema é que elas afetam ainda mais as condições de vida da população, já que não representam hábitos ecologicamente sustentáveis.
O que fazer, então?
Caso a sociedade deseje se adaptar fora do modelo de abundância de forma proativa, antes que se veja obrigada a isso devido a uma crise, só há um caminho: a conjunção de uma política de sustentabilidade com um programa educacional. O modelo econômico atual lembra um "monstro do mar” à deriva, irrecuperável tal como o Titanic. Por isso, seria aconselhável desenvolver "barcos de resgate” autônomos, organizados sob um controle político descentralizado e em agrupamentos menores.
Vários indivíduos conectados em um "laboratório vivo” poderiam começar a praticar um estilo de vida sustentável, pelas mudanças nos hábitos que mencionei. Com credibilidade e visibilidade, eles poderiam demonstrar que é possível existir, com alta qualidade de vida, num modelo em que cada indivíduo produz menos de 2,5 toneladas de CO2 por ano, em média. Dessa forma, vários dos álibis hipócritas que impedem uma transformação seriam destruídos. Se vários indivíduos e grupos começarem a pôr isso em prática, o colapso para o qual nos encaminhamos poderia ser possivelmente evitado.
O senhor defende um novo modelo de globalização ou é totalmente contrário a ela?
Atualmente, nenhum problema ecológico se expande com dinâmica maior que a das viagens aéreas. O objetivo não deveria ser uma "nova globalização", mas sim o mais próximo possível de "nenhuma globalização".
No Brasil, muitas pessoas compraram seu primeiro carro, smartphone ou eletrodoméstico nos últimos 15 anos. Como dizer a eles que, agora, devem abrir mão desses bens?
Ninguém pode ter o direito de viver além de suas possibilidades ecológicas só porque outra pessoa tem ou teve essa postura. Os brasileiros também precisarão aprender a viver com 2,5 toneladas de CO2 per capita no longo prazo. Mas acalme-se: uma geladeira ou um smartphone estão incluídos nesse "orçamento ecológico”.
A justiça no século 21 é, sobretudo, uma questão ecológica e não pressupõe que os ditos pobres alcancem o patamar dos ricos. A abundância dos que mais tem é que deve ser reduzida, gradualmente, sem abrir mão do nível per capita mencionado, cujos efeitos ecológicos podem ser multiplicados por 7,3 milhões, sem prejudicar os meios de subsistência. Por tratar-se de um país tão atrativo e influente, o Brasil poderia servir como um exemplo para toda a América Latina, caso se tornasse um pioneiro de uma Economia do Decrescimento.

domingo, 19 de novembro de 2017

Empresa imprime orelhas e narizes em 3D e almeja produzir órgãos humanos para transplante

Companhia sueca já produz biomaterial usado para pesquisas acadêmicas e farmacêuticas; avanços no setor esbarram em questões éticas.

19 nov 2017
Erik Gatenholm aperta o botão "start" na impressora 3D. Ele vai produzir partes do corpo humano em tamanho real.
Biotinta sendo usada para produzir cartilagem humana na Cellink
Biotinta sendo usada para produzir cartilagem humana na Cellink
Foto: BBCBrasil.com
Em ritmo frenético, a agulha da impressora rabisca uma placa de Petri com tinta biológica azul, que contém células humanas. Em cerca de meia hora, é possível ver um nariz surgir sob a luz ultravioleta.
Gatenholm, de 28 anos, é cofundador da Cellink, empresa sueca de pequeno porte líder no mercado global de bioimpressão.
Atualmente, a aplicação biomédica da tecnologia de impressão 3D é voltada para a fabricação de tecidos da pele e cartilagens, usados para testar novos medicamentos e cosméticos.
Mas Gatenholm acredita que, em duas décadas, será possível produzir órgãos humanos para transplante.
"O desafio sempre foi mudar o mundo da medicina", afirma à BBC.
Ex-estudante de administração, Gatenholm foi apresentado às bioimpressoras 3D por seu pai, professor de química e biopolímeros na Universidade Chalmers, em Gotemburgo, na Suécia. Há cerca de um ano, ele criou a Cellink.
Orelha impressa em 3D
Orelha impressa em 3D
Foto: BBCBrasil.com
Gatenholm enxergou uma oportunidade para produzir e comercializar tinta biológica, líquido ao qual as células humanas são misturadas e então impressas em três dimensões. A Cellink produz essa tinta a partir de celulose, obtida em florestas suecas, e de algina, substância proveniente de algas coletadas no mar norueguês.
Em 2014, quando Gatenholm foi apresentado às impressoras 3D, a biotinta usada em pesquisas acadêmicas e farmacêuticas era, em geral, produzida internamente pelos próprios pesquisadores, e não era vendida online.
Ele decidiu então comercializar a biotinta usada na Universidade de Chalmers. E criou a primeira empresa do mundo a vender pela internet as biotintas padronizadas, adequadas para misturar com qualquer tipo de célula. Ele venderia o produto junto com impressoras 3D acessíveis.
A Cellink conta hoje com 30 funcionários espalhados por três escritórios nos EUA, além da sede na Suécia. Listada na First North, mercado da bolsa americana Nasdaq para companhias emergentes, tem clientes em mais de 40 países.
Os preços da biotinta variam entre US$ 9 e US$ 299 (entre R$ 30 e R$ 980), enquanto as impressoras são vendidas por até US$ 39 mil (R$ 128 mil). Por enquanto, os principais compradores são instituições acadêmicas americanas, asiáticas e europeias, incluindo a Universidade de Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a University College London.
Mas empresas farmacêuticas também têm se interessado pelo produto, visto como uma alternativa para testes de medicamentos que hoje são feitos em animais.
Erik Gatenholm (à esq.) e um funcionário da Cellink
Erik Gatenholm (à esq.) e um funcionário da Cellink
Foto: BBCBrasil.com

Controvérsias

Esse crescimento, porém, esbarra em algumas polêmicas.
Especialistas acreditam que a bioimpressão poderá ser usada para criar órgãos para transplantes num prazo de 10 a 20 anos, aplicação que levantará debates éticos consideráveis.
"Muitas pessoas podem achar que a bioimpressão equivale a 'brincar de ser Deus'", admite Gatenholm.
Pesquisadores do setor levantam algumas perguntas inquietantes ainda sem resposta: quão seguros e eficazes serão esses órgãos? Será que essa tecnologia poderá ser usada para produzir órgãos mais potentes do que os que temos atualmente, criando "super-humanos"?
Gatenholm afirma que, atualmente, sua equipe se esforça para respeitar as legislações específicas dos países para os quais exporta a biotinta e que defenderá regulamentações rígidas à medida que esse mercado evoluir. O objetivo principal, diz ele, será resolver o atual déficit de órgãos para transplantes no mundo.

Dia Mundial do Sanitário, uma questão de saúde pública

Nenhuma invenção salva tantas vidas como o vaso sanitário. No entanto, 4,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a um sistema sanitário eficiente.
Mulher dentro de um cubículo feito com tijolos e um pano como porta "Banheiro público" em Mator, na Índia. Na realidade, um buraco no chão
Imagine a seguinte cena de um filme: um casal de recém-casados está dormindo no interior da Índia. Os primeiros raios de sol despontam no horizonte, quando duas mulheres com lanternas batem à porta. Elas vieram buscar a noiva para acompanhá-la no trajeto até onde se faz as necessidades matinais em um matinho perto do povoado. A noiva fica tão chocada que foge do marido horrorizada.
A cena é do filme de Bollywood Toilet: A Love Story, de 2017. Trata-se da história real de um homem que lutou pela construção de instalações sanitárias no lugarejo onde mora, depois que foi abandonado pela esposa por não ter banheiro em casa.
A Índia, segundo país mais populoso do mundo, declarou guerra à falta de banheiros. Em nenhuma outra nação do mundo há mais pessoas sem acesso a condições básicas de higiene.
Só banheiros não bastam
"Os banheiros são mais importantes do que templos, anunciou recentemente o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Seu plano é que até 2019 todos os indianos tenham um banheiro seguro e sustentável", disse Arne Panesar. Ele chefia o departamento de instalações sanitárias sustentáveis ​​na Agência Alemã de Cooperação Internacional. (GIZ) e faz visitas regulares a projetos na Índia e em Bangladesh.
Segundo Panesar, só os banheiros não são suficientes, é necessário todo um sistema de tratamento de esgotos. "O prefeito de Dhaka, capital de Bangladesh, por exemplo, alega que apenas 1% dos 16 milhões de habitantes da cidade não dispõe de banheiros, mas é preciso ver o que acontece com os dejetos", adverte. Desses 16 milhões de pessoas, apenas 1 ou 2% têm instalações sanitárias seguras, em que os dejetos vão parar em bacias de captura. Mas nos demais 98%, eles acabam não sendo tratados, são canalizados para fora da vila e podem ameaçar a saúde da população.
 
Assistir ao vídeo 00:58

Alemanha em 1 minuto: cadê o ralo?

"Seis em cada 10 pessoas no mundo vivem sem sistemas sanitários sustentáveis", diz Panesar. "Isso atinge cerca de 4,5 bilhões de pessoas. Além disso, 2,1 bilhões não têm acesso à água potável".
Quase mil crianças morrem a cada dia de causas que poderiam ser evitadas. Muitos parasitas e doenças como a cólera, o tifo e a poliomielite são disseminados devido à falta de sistemas seguros de saneamento. Além da Índia, vários países africanos têm problemas para oferecer sistemas de saneamento aos seus cidadãos.
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                       Sanitários "culturalmente sensíveis" geram polêmica
                     Em 1852 foi aberto o primeiro banheiro público do mundo
Este domingo (19/11) é o Dia Mundial do Vaso Sanitário. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a meta de fornecer a todas as pessoas água potável e sistemas sanitários funcionais 2030. A OMS enfatiza a importância de atender às necessidades dos pobres – especialmente mulheres e meninas, para quem os banheiros significam mais do que higiene e saúde: eles são fonte de segurança e educação.
"É especialmente importante às mulheres jovens que tenham um lugar seguro para ir quando estão menstruadas. Por isso temos tantos projetos em escolas", disse Stefan Simon, da Ação Agrária Alemã (Welthungerhilfe). "Se não tiverem banheiros limpos e separados, as meninas simplesmente não vão à escola quando estão menstruadas. Isso provoca falhas no sistema de ensino, o que por sua vez pode ter um impacto negativo no poder econômico de um país."
Gráfico mostra as condições sanitárias no mundo
No entanto, o modelo europeu de sistema de esgoto pode não ser viável em todo o mundo. O objetivo não é que todos os países instalem sistemas de esgoto ao estilo europeu. "Isso não é viável sob o ponto de vista financeiro nem estrutural", disse Panesar. Há uma série de regiões, por exemplo, que simplesmente não dispõem de água para um sistema desses. "O mais importante é que os resíduos não sejam liberados no meio ambiente e que as pessoas tenham um banheiro seguro e digno", acrescentou.
Questão cultural
Até 2015, as metas de desenvolvimento eram outras. Foram construídos banheiros para as pessoas não defecarem no campo, mas a maioria dos dejetos ia para os lagos ou rios das proximidades. Quando foram introduzidos os novos objetivos de sustentabilidade, os números caíram porque muitos dos banheiros construídos não eram considerados seguros ".
Os banheiros de compostagem são uma solução possível. Eles coletam e decompõem os dejetos, sem liberá-los no meio ambiente. Também uma fossa pode ser uma boa solução, se estiver localizada longe de poços ou outras fontes de água.
Para que os objetivos de saneamento sejam atendidos até 2030, não basta só construir banheiros. Há a questão cultural, de conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene. "Na Etiópia, por exemplo, as pessoas ficam felizes ao ganhar banheiros, mas depois de certo tempo eles são usados também para outras coisas, como depósitos de alimentos", explica Simon, destacando a importância de deixar claro que alimentos não podem ser guardados com dejetos humanos, como fezes e urina

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A legislação sobre aborto no mundo

Leis relativas à interrupção da gravidez variam bastante de país para país, da proibição absoluta à despenalização em alguns casos e à permissão em todas as circunstâncias.
Manifestantes com cartazes nas ruas de Santiago em comemoração à descriminalização do aborto no país. Manifestantes com cartazes nas ruas de Santiago em comemoração à descriminalização do aborto no Chile, em agosto 2017
Segundo dados da ONU, em dois terços de 195 países analisados pela ONU, a interrupção da gravidez só é permitida quando a saúde física ou psíquica da mulher está ameaçada.
Na metade desses países, a intervenção é permitida quando a gravidez é resultado de estupro ou incesto, ou se é comprovado que o feto possui alguma malformação que pode colocar sua vida em risco. Somente um terço desses países leva em consideração a situação econômica ou social da mãe para permitir um aborto.
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Metade dos abortos realizados no mundo coloca vida de mulheres em risco
El Salvador, Nicarágua, República Dominicana, Malta e Vaticano ainda mantêm a proibição absoluta da prática. Confira como são as leis de aborto em outros países mundo afora:
Brasil
No Brasil, o aborto só é permitido quando há risco de morte para a gestante, quando a gravidez resulta de estupro ou quando o feto é anencéfalo.
Alemanha
Desde 1976, as mulheres podem interromper a gravidez legalmente, mas sob determinadas condições. O aborto deve ser realizado até a 12ª semana de gestação. É preciso que, ao menos três dias antes do procedimento, a mulher passe por uma consulta num centro de aconselhamento reconhecido pelo Estado ou que apresente um boletim de ocorrência que indique que a gravidez decorreu de um crime sexual. A partir da 12ª semana, o aborto é permitido somente por recomendação médica.
Áustria
O aborto é legal desde 1975 e pode ser feito por decisão da mulher ou motivos médicos. O procedimento é permitido até a 16ª semana, e a gestante precisa ser aconselhada por um médico antes da intervenção. Depois desse período, o aborto só é permitido em casos de risco à saúde física ou psicológica da mulher, se o feto apresentar alguma deficiência grave ou se a gestante for menor de 14 anos.
França
O aborto foi legalizado em 1975 e, desde 2001, é permitido até a 14ª semana de gestação. Neste mesmo ano, houve outras alterações importantes na legislação relativa à interrupção da gravidez, como o fim da obrigatoriedade de autorização dos pais para gestantes menores de idade em todos os casos.
Holanda
Ainda que a interrupção da gravidez possa ser feita até a 22ª semana de gestação por decisão da mulher, a Holanda é um dos países com menor nível de abortos do mundo. A política de educação sexual e o fácil acesso a métodos contraceptivos são considerados motivos para esse baixo número.
Em 2016, mulheres polonesas protestando com bandeiras negras contra projeto de lei que proíbe totalmente o aborto no país. Em 2016, mulheres polonesas protestaram contra projeto que queria proibir por completo o aborto no país
Polônia
O aborto é permitido somente em casos de estupro, incesto, malformação grave do feto ou risco à vida da mulher. Há pouco mais de um ano, apósprotestos em todo o país, o Parlamento rejeitou uma proposta que visava a proibição total do aborto.
Portugal
O aborto foi legalizado em 1984 em casos de risco à vida da mulher, malformação fetal ou estupro. Em 2007, após um referendo nacional, a interrupção da gravidez por opção da mulher até a 10ª semana de gestação passou a ser permitida. Há pouco mais de um mês foi divulgado um estudo que aponta que Portugal é o país europeu com menos abortos por cada mil nascimentos vivos. Segundo o diretor-geral da Saúde do país, Francisco George, isso demonstra que o acesso à interrupção voluntária da gravidez foi "um grande sucesso".
Espanha
Em 1985, o aborto foi legalizado em três casos: risco à saúde física ou psíquica da mulher, estupro e malformação do feto. Desde 2010, o procedimento é permitido por decisão da mulher até a 14ª semana e, em casos especiais, até a 22ª semana de gestação. Uma grande mobilização nacional surgiu em 2014 frente à tentativa do governo de reduzir o acesso ao aborto legal no país. Em 2015, o Senado determinou que menores de idade precisam da autorização dos pais para a intervenção.
Mulher com cartaz protesta por legalização do aborto na Irlanda. Setembro de 2017: Milhares de irlandeses protestam pelo direito ao aborto legal no país
Irlanda
Segundo a Anistia Internacional, o país tem uma das leis de aborto mais restritivas do mundo, sendo considerado pela organização injusto e intolerante em relação às mulheres. O aborto é permitido somente em caso de risco à vida da gestante. Há casos documentados pela Anistia em que o aborto foi negado a mulheres cujos fetos já estavam mortos em seus ventres; obrigando-as a prosseguir com a gravidez durante meses. O aborto ilegal pode render uma pena de até 14 anos de prisão.
Argentina
O país ainda tem restrição ao aborto voluntário. O artigo 86 do Código Penal declara a interrupção da gravidez como ato não punível se a vida ou a saúde da mulher estão em risco, se é fruto de estupro ou atentado ao pudor cometido contra uma mulher com deficiência intelectual. Em 2012, a Corte Suprema, em uma ação inédita, declarou que o aborto é permitido ante violência contra toda vítima, já que o termo anterior dava margem à interpretação de que somente vítimas com deficiência intelectual tinham direito ao aborto. Além disso, foi também determinado que médicos não necessitam requerer nenhuma autorização judicial para realizar a intervenção nas situações citadas previamente. Ainda que o aborto voluntário seja punível, estima-se que, anualmente, são realizados cerca de 500 mil abortos ilegais em toda Argentina.
Uruguai
Em 2012, foi aprovada a lei que descriminaliza o aborto em qualquer circunstância até a 12ª semana de gravidez. Em caso de estupro, o procedimento é permitido até a 14ª semana de gravidez. A legalização do aborto no país teve impacto imediato sobre a redução de mortalidade de gestantes.
Michele Bachelet, presidente do Chile, decreta lei de legalização do aborto. Michelle Bachelet decreta aborto legal no Chile, em setembro deste ano
Chile
Em agosto desde ano, o Chile aprovou a legalidade do projeto de lei que descriminaliza o aborto no país sob três circunstâncias: inviabilidade fetal, risco de morte da mulher e fruto de estupro. Em 1989, em meio à ditadura de Augusto Pinochet, o aborto havia sido absolutamente proibido. Sua descriminalização nos três casos acima havia sido uma das promessas políticas da presidente Michelle Bachelet.
México
Cada um dos estados tem uma legislação própria sobre o aborto. Desde 2007, o aborto é permitido na Cidade do México até 12ª semana de gestação, por decisão da mulher.
China
O aborto é totalmente legalizado. Durante a vigência da chamada política do filho único, entre o fim dos anos 1970 e 2015, estima-se que foram realizados cerca de 336 milhões de abortos. A decisão de acabar com a política do filho único foi motivada pelo envelhecimento da população e pela queda na taxa de natalidade. Os casais podem agora ter no máximo dois filhos.
Rússia
Em 1920, a Rússia se tornou o primeiro país do mundo em permitir o aborto sob qualquer circunstância. Sendo proibido entre 1936 e 1954, a intervenção foi novamente legalizada, tornando-a permitida até a 12ª semana. Na União Soviética, pela falta de métodos anticoncepcionais e de educação sexual, o aborto era tido como a única ferramenta de planejamento familiar. Atualmente, a Rússia é o país com a maior quantidade de interrupções voluntárias da gravidez: calcula-se que, em média, são feitos 1 milhão de abortos voluntários por ano no país.
EUA
O aborto é um tema controverso nos Estados Unidos. Desde 1973, a intervenção é legal em todo o país, porém, o acesso ao procedimento varia de estado para estado, assim como as circunstâncias em que é permitido. Segundo levantamento do Instituto Guttmacher, após um momento específico da gravidez, 43 estados americanos só permitem o aborto caso a gestação represente risco à vida ou à saúde da mulher. Uma série de projetos de lei vem tentando restringir a prática no país.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

"Brasil é outro mundo", diz ex-ministra da Justiça alemã

Em entrevista à DW, jurista e ex-deputada Herta Däubler-Gmelin afirma que nunca aconteceria na Alemanha de um presidente sob suspeita de corrupção e alvo de denúncia não renunciar imediatamente ao cargo.
A social-democrata Herta Däubler-Gmelin ocupou o cargo de ministra entre 1998 e 2002, no governo Gerhard Schröder A social-democrata Herta Däubler-Gmelin ocupou o cargo de ministra entre 1998 e 2002, no governo Gerhard Schröder
Para Herta Däubler-Gmelin, que ocupou o cargo de ministra da Justiça na Alemanha entre 1998 e 2002, é inconcebível  manter um político na liderança do país quando suspeitas de corrupção são apontadas pela Procuradoria-Geral. Mas isso é na Alemanha. O Brasil, segundo ela, "é outro mundo".
A advogada, deputada federal por mais de 30 anos pelo Partido Social-Democrata (SPD), é professora na Universidade Livre de Berlim e veio ao Brasil participar de um debate público sobre democracia. Na visão de Däubler-Gmelin, magistrados não devem se intrometer nos conflitos políticos cotidianos. "Isso compromete a neutralidade e a independência do juiz", afirma, em entrevista à DW.
DW Brasil: A senhora veio ao Brasil participar de um debate ao lado do ex-ministro Tarso Genro que, pelo título – "Política x Justiça: Qual o futuro da democracia?" –, coloca Justiça e política em lados opostos.
Herta Däubler-Gmelin: A intenção é refletir sobre a democracia que queremos. É uma democracia em que as decisões são tomadas de cima para baixo, em que algumas pessoas não são consideradas cidadãs, em que o sistema judiciário é usado apenas para privilegiar ricos e poderosos, para preservar privilégios? Ou queremos uma democracia participativa? Quais elementos precisam pertencer a essa democracia? Há bons exemplos, mas há exemplos muito ruins nesse sentido.
DW: Dentro dessas reflexões, qual é a tendência do Brasil?
Eu ouço que existem muitos acontecimentos preocupantes. Sob a perspectiva alemã, devo dizer que não é comum ver juízes interferirem nas disputas políticas cotidianas na Alemanha. Esse comportamento é, absolutamente, um "no go". Isso não pode acontecer de forma alguma. Isso compromete a neutralidade do juiz, sua independência e até jurisdição. Isso coloca também a confiança da população na instituição em xeque.
Por outro lado, nunca aconteceria na Alemanha de um presidente sob suspeita de corrupção, com denúncia apresentada pela própria Procuradoria-Geral da República, não renunciar imediatamente ao cargo.
Tivemos um caso notório na Alemanha [renúncia do presidente Christian Wulff, em fevereiro de 2012]. Tratava-se de 700 Euros. Mas, obviamente, assim que o procurador-geral apresentou a denúncia, estava claro para a opinião pública que o presidente tinha que renunciar. E foi o que ele fez.
Aqui é outro mundo. Então eu posso entender a certa descrença que há aqui no atual desempenho do Judiciário, de alguns juízes e juízas – mas é claro que não estamos falando de todos, também há tendências completamente diferente, como sabemos.
DW: Como a senhora acompanha e avalia a atual crise política no Brasil?
Os acontecimentos políticos no Brasil estão sendo noticiados pela imprensa alemã e internacional. E depois de tudo o que vi e li nestes últimos dias, temo que esteja havendo um retrocesso cruel com impactos para a população mais pobre. É lamentável.
DW: O Brasil tem um sistema presidencialista, e, atualmente, boa parte do Congresso está sendo investigada. Como a senhora avalia o desempenho do Judiciário em garantir o bom funcionamento da democracia?
Quando o objetivo é garantir uma democracia participativa, os elementos que pude observar na Justiça daqui nem sempre são favoráveis. Existem muitas possibilidades de que alguns atores influenciem e conduzam processos de maneira parcial. E nessa interação, quando também se considera o papel do presidente, vemos uma estranha parcialidade entre Judiciário e Legislativo, ou até uma cegueira em relação às suspeitas de corrupção envolvendo políticos que precisam ser investigadas. Isso é muito preocupante e não é de se admirar a queda extraordinária da confiança nas instituições.
DW: Quão importante é investigar suspeitas de corrupção para manter a democracia fortalecida?
A corrupção parece ser um problema muito grave no Brasil. Por isso eu apoio muito o combate a corrupção. Mas é necessária uma luta ampla, em todas as direções, independentemente do partido. Se um presidente governa pelos interesses de poucos poderosos e recebe um tratamento diferente, mesmo anteriormente tendo se posicionado a favor de uma democracia participativa e da inclusão dos mais pobres, então é uma catástrofe.
DW: O autoritarismo e extremismo político parecem estar se espalhando pelo mundo. Como a senhora avalia essa tendência?
Há diferentes ameaças à democracia. As correntes mais autoritárias e conservadoras estão mais fortes não apenas na América Latina, mas também na Europa. Lá também vemos uma queda significativa da confiança na democracia, por motivos diferentes. Também há a questão do autoritarismo, como alguns partidos na Polônia ou na Hungria, que pregam de maneira muito forte elementos antidemocráticos e que tentam, dessa forma, se estabilizar como um poder. Pessoalmente, não acho que isso possa se concretizar em médio prazo.
Por outro lado, naturalmente há também problemas relacionados à globalização que têm um efeito muito negativo sobre a democracia. Pois muitas pessoas têm a impressão de que as decisões não acontecem mais na política, mas no campo da economia. Então elas ficam inquietas quando têm a sensação de que os políticos não cuidam mais de seus interesses ou de suas necessidades.

Que países fazem mais pelo clima global?

Protagonistas da COP23 se esforçam para se apresentar o mais verde possível. Enquanto isso, outros, como o Marrocos, despontam como inesperados exemplos positivos. Índice mostra quem está fazendo mais progresso.
Também crianças se manifestaram em Bonn em favor do clima global Também crianças se manifestaram em Bonn em favor do clima global
Muitos países estão exibindo na conferência COP23, em Bonn, os seus sucessos no combate à mudança do clima global. Mas isso faz com que sejam mais verdes?
O Índice de Desempenho na Mudança Climática (CCPI, na sigla em inglês) 2017, divulgado nesta quarta-feira (15/11), lista 56 nações e a União Europeia de acordo com suas emissões de gases-estufa, desenvolvimento de energias renováveis, uso energético e política para o clima. O relatório é publicado pela ONG ambiental alemã Germanwatch e a rede Climate Action Network.
Suécia, Lituânia e Marrocos obtiveram as melhores cotações, cabendo as piores a Coreia do Sul, Irã e Arábia Saudita. Como no ano anterior, a Alemanha teve uma colocação relativamente modesta, em 22º lugar, especialmente devido a seu uso maciço de carvão mineral. Outros países desenvolvidos, como Canadá, EUA e Japão, aparecem entre os dez últimos colocados.
O Brasil é 19º - o primeiro país na categoria desempenho mediano. O relatório atribui o posicionamento ao uso de energia hidroelétrica, que ajuda a limpar a matriz energética nacional. Porém, o texto destaca que nos últimos cinco anos o país fez muito pouco para cortar suas emissões e alerta para uma tendência negativa no atual governo.
Ninguém é "muito bom"
A boa notícia é que o crescimento médio das emissões de CO2 caiu, em relação ao CCPI 2016. Por outro lado, nenhum país se comportou de modo a merecer o predicado "muito bom".
Apesar de a Suécia liderar a lista, graças a uma queda das emissões e alta percentagem de fontes renováveis em sua matriz energética, ainda lhe falta ambição. Segundo os autores do relatório, as metas do país escandinavo para a energia renovável até 2030 não bastarão para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC em relação à era pré-industrial.
Marrocos, por sua vez, está em ascensão, tendo promovido intensamente a transição para a energia renovável, que agora está implementando. A previsão é que nos próximos anos a nação norte-africana alcançará rankings ainda mais altos.
Fórmula de sucesso do Reino Unido
O primeiro a ancorar a redução de emissões em sua legislação nacional foi o Reino Unido, em 2008. Isso ajudou o país a avançar, pois, pelo menos nesse aspecto, a política energética não está à mercê dos caprichos de quem quer que chefie o governo.
"Reduzimos as emissões carbônicas em 40% desde 1990, enquanto a economia cresceu 70%", disse Nick Bridge, representante especial de Londres para a mudança climática. As taxas cobradas sobre o CO2 estiveram entre os principais motores do sucesso britânico.
"Fomos de 40% de carvão em nossa geração de eletricidade, cinco anos atrás, para quase nada", acrescentou. No ano corrente, o país, que ocupa a 8ª colocação no CCPI, conseguiu ter até mesmo um dia de emissão zero. O bom desempenho se deve também à produção de energia eólica offshore, em que o Reino Unido é campeão mundial, e uma guinada em direção à economia circular.
No entanto, segundo o relatório apresentado na COP23, "as metas do país para 2030, em emissões e energia renovável, não são suficientemente ambiciosas para uma trajetória bem abaixo dos 2ºC".
Alemanha e o carvão
Como coanfitriã da conferência internacional do clima, a Alemanha desfila seu inventário de fontes de energia limpa. Na prática, porém, o país segue sendo um dos dez maiores emissores do mundo, estando ameaçado de descumprir suas metas climáticas.
Embora os alemães se comprometam a reduzir em 40% seus gases-estufa até 2020, as medidas atualmente adotadas só bastarão para uma redução de cerca de 30%. Uma enorme indústria de linhita e o setor de transporte são os maiores obstáculos ambientais do país.
"O carvão não tem futuro, o mundo está se afastando dele. A Alemanha tem que seguir a tendência", apelou Eberhard Brandes, da WWF Germany. "Senão, nós nem seremos um modelo a ser seguido, nem vamos cumprir nossos compromissos internacionais."
Gás na Rússia, atraso na Coreia do Sul
Os autores do Índice de Desempenho situam a Rússia entre os últimos da lista climática, devido a suas emissões elevadas e pouco uso de energias renováveis. O país possui a maior reserva de gás natural do mundo, assim como algumas das maiores de carvão e petróleo.
Esse fato não impediu Alexey Kulapin, diretor do Departamento Estatal de Política de Energia em Moscou, de afirmar, numa coletiva de imprensa na COP23, que o sistema russo é um dos mais verdes do planeta.
"O gás natural responde por mais da metade das fontes energéticas da Rússia, e todos sabem que gás é uma das fontes mais ecológicas", insistiu. Segundo os especialistas, o país carece de ambição na política climática doméstica e tem um longo caminho a percorrer, até melhorar sua colocação no CCPI.
Com um emprego extremamente reduzido de fontes renováveis, a Coreia do Sul consta em antepenúltimo lugar na lista. "Temos que incrementar nossas energias renováveis, mas com sabedoria", explicou Yoo Young-sook, diretora da ONG The Climate Change Center.
Ela teme que um abandono drástico da energia nuclear só acarretará o aumento das emissões de combustíveis fósseis: para seu país, as fontes renováveis ainda são coisa do futuro, reconhece a ex-ministra do Meio Ambiente da Coreia do Sul.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Globo e duas empresas pagaram propina de R$ 49 milhões por copas, diz Burzaco



Empresário argentino Alejandro Burzaco presta depoimento no julgamento do ex-presidente da CBF, José Maria Marin


O Estado de S.Paulo
15 Novembro 2017 
A Rede Globo, Televisa e uma terceira empresa entraram em acordo para pagar US$ 15 milhões (R$ 49 milhões) em suborno a Julio Grondona, presidente da Federação Argentina de Futebol durante três décadas e falecido em 2014, em troca de apoio para a obtenção dos direitos de transmissão das Copas de 2026 e 2030.
'Del Nero tomava as decisões', diz defesa de Marin em julgamento nos EUA
A afirmação foi feita pelo empresário argentino Alejandro Burzaco, ex-presidente da empresa Torneos y Competencias nesta quarta-feira, durante depoimento no Tribunal do Brooklin, em Nova York, no julgamento do ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Burzaco é testemunha-chave de acusação no maior escândalo de corrupção da história da Fifa.


Alejandro Burzaco
Alejandro Burzaco foi ouvido como testemunha de acusação no processo Foto: John Taggart/Reuters
De acordo com o depoimento, o suborno foi acertado em 2013 durante uma reunião da Fifa, em Zurique, na Suíça. Além dos gigantes da comunicação do México e do Brasil, a terceira companhia envolvida era a Datisa, uma sociedade entre a própria Torneos y Competencias e as empresas Traffic e Full Play. Ainda de acordo com Burzaco, o dinheiro foi depositado em uma conta na Suíça.
Na primeira parte do depoimento, ainda na segunda-feira, Burzaco afirmou que a Rede Globo foi uma das companhias de mídia que pagaram subornos para vencer a concorrência por direitos de transmissão de competições internacionais, como a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana.
Após o primeiro dia de depoimento, o Grupo Globo enviou a seguinte nota oficial ao Estado:
"O Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos. Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige".  
Comentários deste blogueiro: Ora, as tais "investigações internas" da Globo são suspeitíssimas e não querem dizer ou provam nada. Acreditar nelas seria o mesmo que pôr o lobo para vigiar o galinheiro ou, então, os partidos políticos dizerem ao TSE que usaram caixa dois. (Isto fica na clandestinidade, omitido, não registrado - ainda mais em "investigações internas" isto jamais acontece, haja vista que a Globo não seria burra de auto-incriminar-se. Eu conheço muito bem esta Globo. Como já mostrei em post anterior, ela fez uma novela para eleger o Collor (Que rei sou eu?) e outra para eleger o Lula (O salvador da pátria). Também fez duas novelas para os judeus processados por mim na justiça brasileira (O DONO DO MUNDO e O REI DO GADO). Recentemente teve participação numa grande sacanagem tramada contra mim (via programa Vídeo Show), além da participação da empresa de informática de Cuiabá (Kadri) e uma funcionária sua judia e a multinacional japonesa EPSON e a empresa de software Iobit. Enfim, de santa essa Globo não tem é nada. Conheço essa empresinha de submundo mais que o leitor. Sei muito bem o que estou afirmando.

Estão aí as previsões para 2018 do homem que previu o Brexit e a vitória de Trump. E a maioria não é boa

A menos de sete semanas de 2018, a Internet debruça-se sobre as previsões para o próximo ano do auto-proclamado "vidente profissional" que previu o Brexit e a vitória de Donald Trump

Se o britânico Craig Hamilton-Parker tiver razão, avizinha-se um ano pouco tranquilo. Mais ataques terroristas, o derrube de Kim Jong-un, mais um noivado real e uma grande erupção vulcânica estão entre os acontecimentos anunciados pelo "vidente profissional" no seu canal no YouTube.
Um olhar pelas previsões anteriores Hamilton-Parker permite perceber que nem sempre acerta (para este ano, por exemplo, previu a saída de Itália e da Dinamarca da União Europeia), mas a seu favor falam o anúncio antecipado da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas e o Brexit.
Entre as suas previsões mais sombrias para 2018 está uma série de ataques terroristas, assim como uma retração económica a nível mundial.
Já o Reino Unido, acredita o vidente, enfrentará várias greves em massa e assistirá ao anúncio do noivado do príncipe Harry e Meghan Markle.
Os EUA devem, por seu lado, preparar-se para perder um navio de guerra, que afundará algures durante o próximo ano, mas não o Presidente: Trump irá resistir a uma tentativa de "impeachment".
Hamilton-Parker prevê ainda que o líder norte-coreano Kim Jong-un vai ser deposto pelo próprio povo depois de um ataque dos EUA, que um vulcão perto de Nápoles vai entrar em erupção (não refere claramente o Vesúvio) e que um grande pedaço de gelo da Antártida vai soltar-se.
Coisas boas para 2018? Um "crescimento da espiritualidade". "O conflito e a adversidade, juntamente com problemas ambientais crescentes vão unir as pessoas e desencadear o desejo de procurar o verdadeiro propósito da vida humana."