sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Novos megaprojetos da China serão chave para reavivar economia

(Bloomberg) -- A China já disponibilizou 6,8 trilhões de yuans (US$ 1 trilhão) em fundos do governo para projetos de infraestrutura, segundo cálculos da Bloomberg, e o gasto total pode chegar a três vezes esse valor com empréstimos bancários e fundos corporativos, segundo algumas estimativas.

No curto prazo, o investimento em infraestrutura pode impulsionar o mercado de trabalho, proporcionando alívio a milhões de candidatos a emprego atingidos pela recessão. No longo prazo, o estímulo ajuda na ambição da China de se tornar uma economia mais urbanizada e de alta renda, e mais capaz de competir com os EUA em áreas de alta tecnologia, como semicondutores.

O sucesso ou fracasso dos projetos ajudará a determinar as perspectivas para a China nos próximos anos. Segue um guia para onde os fundos serão destinados.

Mais energia renovável que a Europa

Os desertos do norte da China serão palco de uma onda de instalações de energia renovável. Nos últimos meses, começaram as obras de bases de energia eólica e solar que até 2030 conterão tanta capacidade quanto atualmente em toda a Europa.

A primeira fase, com cerca de 100 gigawatts de turbinas e painéis solares, deve ser concluída no próximo ano, e a outra fase de 450 gigawatts também já foi iniciada este ano.

A segunda fase custará mais de 3 trilhões de yuans, segundo a mídia estatal. Linhas de transmissão de ultra-alta tensão transportarão a energia para a costa leste densamente povoada.

Túnel de água mais longo do mundo

A construção de canais, barragens e reservatórios foi intensificada, com mais de 800 bilhões de yuans previstos para serem investidos nesses projetos este ano.

O mais ambicioso é um túnel de 200 quilômetros que transporta água do rio Yangtze para um reservatório que alimenta o norte da China. Será o túnel de água mais longo do mundo.

O governo favorece estes projetos porque são altamente intensivos em mão de obra. Cerca de 30.000 projetos de conservação de água em andamento empregam cerca de 1 milhão de trabalhadores.

Cidades mais verdes

A construção de infraestrutura urbana - como vias, redes de tubulação de gás e água e parques – é a escolha preferida para gastos de governos locais, que respondem pela maior parte do investimento em infraestrutura na China.

Após décadas de expansão do concreto, o foco está mudando para cidades mais verdes. A “Nova Cidade Ecológica do Lago Songya”, no centro da China, que começou a ser construída este ano com um custo estimado de 200 bilhões de yuans, especificou que deixará 70% da área para espaços verdes e água. Essa é a mesma proporção de edifícios em relação ao espaço natural da cidade em construção de Xiong’an, perto de Pequim, que planejadores de todo o país estão tomando como modelo depois de ter sido defendida pelo presidente Xi Jinping.

O outro investimento favorecido pelos governos locais são os parques industriais que oferecem instalações de baixo custo para as empresas. Um exemplo té o Qingdao Integrated Circuit Park, de 20 bilhões de yuans, no leste da China, iniciado este ano em uma tentativa de apoiar a indústria de chips, que se tornou uma prioridade nacional devido às sanções dos EUA.

Trens de alta velocidade

A China já tem 40.000 quilômetros de ferrovias de alta velocidade - mais que o dobro do resto do planeta combinado - e dezenas de projetos de grande porte ainda estão em andamento.

A mais ambiciosa é uma linha de 1.629 quilômetros da província de Sichuan, no sudoeste, até a capital tibetana Lhasa, subindo mais de 3.000 metros através de terrenos propensos a terremotos e geleiras. Espera-se que seja concluído em 2030. O custo total de todo o projeto é de cerca de 320 bilhões de yuans.

A China disse este ano que planeja ter 70.000 km de ferrovias de alta velocidade até 2035. O mesmo vale para rodovias e metrôs. A China planeja construir ou restaurar 58.000 km de vias expressas até 2035.

Data centers

Como parte de um esforço para construir uma economia mais digital, o plano “East Data West Computing” da China envolve a construção de enormes centros de dados em províncias ocidentais mais pobres para armazenar dados gerados por empresas de internet baseadas no leste. A construção de oito clusters de data centers custará cerca de 400 bilhões de yuans por ano – a maioria dos quais virá de empresas estatais de telecomunicações.

More stories like this are available on bloomberg.com

©2022 Bloomberg L.P.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário