Atualmente as mulheres estão controlando o seu tempo para se tornar mãe. Contudo, do ponto de vista da fertilidade a gravidez tardia tem um alto custo
Dr. Vamberto Maia Filho * Publicado em 15/03/2022, às 09h06 - Atualizado às 12h00
Basta olhar para os lados e ver que algo mudou com a maternidade. Até pouco tempo atrás a maternidade estava restrita apenas as mulheres jovens ou muito jovens. Gosto muito de comparar a minha família com o que vejo atualmente. Minha mãe, e da maioria dos meus amigos, nos tiveram com 25 anos de idade. Hoje está quase uma heresia!
As mulheres tomaram as rédeas de suas próprias vidas. Melhorando o seu grau educacional, criando prioridades profissionais, procurando um par ideal para realizar um projeto parental, ou realizando conquistas materiais, não importa, o fato é que estão cada vez mais controlando o seu tempo para se tornar mãe. Claro que as conquistas oriundas de todo este movimento são fantásticas. Contudo, do ponto de vista da fertilidade tem um custo, que pode ser caro.
Temos acompanhado notícias de mulheres que decidiram ser mães quando a natureza não mais permite e sem a ajuda da ciência não seria possível. Os noticiários falam de mulheres com 45, 50, 60 e até 70 anos tendo seus filhos. Não obstante mesmo mulheres sem útero podem ter seus filhos com útero de substituição ou mesmo sem óvulos, as células reprodutivas do sexo feminino, já podem ser obtidas de mulheres mais jovens para que a maternidade se torne real. Uma revolução!
Sugestão: assista ao Papo de Mãe sobre gestação tardia
Mas será que deve haver limites de idade à maternidade? Ou outro limite qualquer? O fato fisiológico é que a mulher após os 35 anos passa a ter maior dificuldades para engravidar. E que, quando falamos de técnicas de reprodução assistida, O CFM (Conselho Federal de Medicina) sugere que para a realização dos procedimentos a idade limite seja de 50 anos. Isso não é uma barreira, visto que nossa expectativa de vida já passou dos 80 anos e que a Constituição permite que qualquer mulher seja mãe. Mas o assunto gera muita discussão e cada nova mãe acima dos 40 anos vem o burburinho.
Acredito, que uma forma de atenuar essa situação seria que as mulheres recorressem ao congelamento de óvulos precoce (idealmente até os 35 anos) para poder utilizá-los quando estiverem mais velhas. Mas isso não impede que independentemente da idade a mulher experimente a maternidade. A autonomia no planejamento familiar é garantida pela constituição federal sempre baseada na parentalidade responsável. Assim, se faz de grande importância garantir o direito a uma vida saudável da criança que ainda vai nascer.
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Independente das discussões, a maternidade acima dos 40 anos já é uma realidade percebida pelo IBGE e nos postinhos de qualquer cidade. Cabe a nós, a responsabilidade com esta criança que está por vir e com os jovens pais idosos para prover o melhor e mais saudável ambiente. E deixo uma sugestão aos caros leitores - evitem perguntas como: “como é o nome do seu netinho?” Para não ter o constrangimento de uma resposta atravessada.
Bem-vindos ao mundo da gravidez tardia.
*Dr. Vamberto Maia Filho possui graduação em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (2001). Realizou residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (2004) e em Reprodução Humana (2005) pelo Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO/TEGO - 2004) e em endoscopia ginecológica (FEBRASGO -2005). Atualmente é sócio do grupo MAE (Medicina e Atendimento Especializado). Médico do setor de Ginecologia-Endócrina da UNIFESP com ênfase no ensino com linha de pesquisa em implantação embrionária. Responsável pelo ambulatório de hirsutismo do setor de Ginecologia-Endócrina da UNIFESP. Doutor pela UNIFESP. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM. Membro da Sociedade Europeia de Reprodução Humana - ESHRE.
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