Sem cortes nos salários ou elevação da carga horária diária, trabalhadores de uma companhia neozelandesa se tornaram mais proativos
Charlotte Graham-Mclay,
The New York Times
07 Agosto 2018 | 10h28
07 Agosto 2018 | 10h28
A empresa - que reduziu a semana de trabalho de 40 para 32 horas - realizou a experiência em março e abril deste ano e pediu aos pesquisadores que a analisassem.
Jarrod Haar, professor da Auckland University of Technology, constatou que os funcionários apresentaram uma melhoria do rendimento de 24%, considerando a relação trabalho e vida, e que eles voltaram ao trabalho com muito mais energia.
"Segundo os supervisores, a equipe está mais criativa, sua participação é melhor, não atrasam, não saem mais cedo, nem fazem pausas longas", explicou Haar.
Na Suécia, em um teste realizado na cidade de Gotemburgo, foi estabelecida uma jornada de trabalho de seis horas, no entanto, a direção considerou que os funcionários completaram o mesmo volume de trabalho, senão um volume maior. Mas quando a França adotou a semana de trabalho de 35 horas em 2000, as empresas se queixaram de uma diminuição da competitividade e do aumento dos custos das contratações.
No caso da Perpetual Guardian, os trabalhadores afirmaram que com a mudança eles se sentiram motivados a encontrar maneiras de aumentar a sua produtividade durante o expediente. Por exemplo, as reuniões foram reduzidas de duas horas para 30 minutos.
Andrew Barnes, fundador da companhia, acredita que sua empresa foi a primeira do mundo a pagar sua equipe por 40 horas pelas 32 horas trabalhadas; outras empresas permitiram que os funcionários adotassem um expediente semanal menor, comprimindo o padrão de 40 horas em menos dias, ou então que os funcionários trabalhassem em tempo parcial por um salário reduzido.
Segundo ele, as mães que trabalham se beneficiaram mais com esta medida, porque as que voltaram para seu posto depois da maternidade muitas vezes negociaram trabalhar em tempo parcial, mas realizaram o equivalente ao seu trabalho em horário integral.
Tammy Barker, que trabalha como gerente na empresa, concordou. Mãe de dois filhos e moradora de Auckland, ela contou que passa seu dia de folga semanal cumprindo suas tarefas e atendendo a compromissos, o que lhe permite passar mais tempo com a família nos fins de semana.
Durante o experimento, ela percebeu quantas vezes pulava de uma tarefa para outra no expediente, porque sua concentração desaparecia.
"Como a empresa estava preocupada com nossa produtividade, faço questão de fazer uma coisa de cada vez, e volto para trás quando percebo que me desviei", disse. "No fim de cada dia, tenho a sensação de ter feito muito mais".
O ministro das Relações do Trabalho do governo, Iain Leed-Galloway, explicou que muitos neozelandeses costumam trabalhar demais, e durante o experimento foi "fundamental ver uma companhia encontrando um caminho melhor".
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