O meu blog é HOLÍSTICO, ou seja, está aberto a todo tipo de publicação (desde que seja interessante, útil para os leitores). Além disso, trata de divulgar meu trabalho como economista, escritor e compositor. Assim, tem postagens sobre saúde, religião, psicologia, ecologia, astronomia, filosofia, política, sexualidade, economia, música (tanto minhas composições quanto um player que toca músicas de primeira qualidade), comportamento, educação, nutrição, esportes: bom p/ redação Enem
Pesquisa francesa divulgada recentemente
reforçou tese de que ingestão excessiva de bebidas alcoólicas é forte
fator de risco para desenvolvimento da síndrome.
BBC BRASIL.com
28 fev 2018
Há uma série de razões pelas quais beber muito álcool regularmente não é
uma boa ideia. Isso pode gerar danos ao fígado, ao coração e ao cérebro
e é ruim para a saúde em geral, por isso a recomendação de médicos
britânicos é que não sejam consumidas mais do que 14 unidades de álcool
por semana - o equivalente a quase dez latas de cerveja ou sete taças de
vinho.
Mas as pesquisas, incluindo uma divulgada recentemente, apontam que
beber em excesso pode ter outro malefício: aumentar o risco de uma
pessoa desenvolver demência.
O novo estudo foi publicado no periódico científico Lancet Public
Health e realizado na França com mais de 1 milhão de adultos que têm
esse problema. Os pesquisadores descobriram que ser hospitalizado por
alcoolismo ou outros problemas de saúde decorrentes do consumo excessivo
de bebidas é um forte fator de risco para a progressão da demência,
especialmente no surgimento precoce dos sintomas, antes dos 65 anos.
Neste grupo, o risco de surgimento da demência era três vezes maior na comparação com outras pessoas.
Mas é difícil definir se essa é uma associação direta ou apenas um dos
fatores entre muitos. Pessoas que bebem de forma excessiva têm maior
tendência a fumar, ter depressão e levar vidas pouco saudáveis - fatores
que aumentam o risco da demência.
A demência é considerada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
uma síndrome - um conjunto de sintomas que podem ter causas diversas,
como doenças e outros danos. Ela leva à deterioração da memória e de
funções cognitivas, tendo também impactos psicológicos e sociais.
Quanto os envolvidos no estudo beberam?
Ninguém sabe ao certo. O que é conhecido é que as pessoas estudadas
tinham distúrbios relacionados ao álcool, o que significa que esse
consumo abusivo estava levando a graves problemas de saúde.
Mas sabe-se que beber dessa forma aumenta o risco de pressão alta, diabetes, AVC e insuficiência cardíaca.
Pessoas que bebem moderadamente devem se preocupar?
A maior parte das pesquisas sugere que beber de uma a duas unidades de
álcool por dia - especialmente uma pequena taça de vinho tinto - pode
trazer benefícios ao cérebro.
Mas o conselho não é mais incisivo porque alguns estudos também já
mostraram que, mesmo moderado, o consumo de álcool pode aumentar o risco
de demência.
No entanto, há uma grande diferença nos impactos para a saúde entre o consumo baixo ou moderado de álcool e o excessivo.
Segundo autoridades de saúde do Reino Unido, não devemos ultrapassar
mais de 14 unidades de álcool por semana - de acordo com o governo, uma
"unidade" equivale a 10 mililitros de álcool puro.
Isso mantém os riscos à saúde em um nível seguro.
O que dizem os especialistas?
Reconhecer que o consumo excessivo e dependente de álcool aumenta o risco da demência é importante, dizem os pesquisadores.
Tara Spires-Jones, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, diz: "Está
muito claro que o abuso no consumo de álcool é ruim para o cérebro".
Mas também há a concordância de que mais estudos são necessários para
entender o papel do volume consumido versus a frequência do consumo.
A maior parte dos casos de Alzheimer, a causa mais importante da
demência, acontece depois dos 65 e aumenta de forma mais acelerada com o
envelhecimento. Descobrir formas de prevenção seria particularmente
útil.
Doug Brown, pesquisador da Sociedade do Alzheimer, diz que "o abuso no
consumo de álcool pode ser responsável por mais casos de demência
precoce do que se pensava anteriormente".
Mas ele destaca que a pesquisa publicada no Lancet não muda as
recomendações atuais e não sugere que o consumo moderado de álcool possa
causar o surgimento precoce da demência.
Entretanto, a doutora Sara Imarisio, líder de um centro de pesquisas sobre Alzheimer no Reino Unido, faz um alerta.
"As pessoas não deveriam ficar com a impressão que apenas beber ao ponto de precisar ser hospitalizado apresenta um risco."
Segundo Imarisio, há uma série de recomendações que podem ser seguidas por todos para melhorar a saúde do cérebro.
"Embora não haja nenhuma maneira segura de prevenir completamente a
demência, as melhores evidências atualmente recomendam, além de beber
com moderação, permanecer fisica e mentalmente ativo, ter uma dieta
saudável e equilibrada, não fumar e manter o peso e controlar o
colesterol e a pressão sanguínea".
Desigualdade: crise ou na prosperidade, os
mais ricos sempre ficam mais ricos e, por seu lado, os mais pobres
seguem ainda mais pobres
Álvaro Almeida
Ao final de mais uma edição do Fórum Econômico Mundial, em
Davos, fica a sensação de que as lideranças globais do capitalismo
passaram por mais uma sessão de terapia coletiva. Falaram de seus
desafios, previsões de que o futuro será melhor, mas, de fato, desviaram
ou seguiram na lenta aproximação dos problemas centrais da nossa vida
ou, digamos, da nossa coexistência em sociedade.
O esforço persistente da ONG Oxfam em demonstrar, nos últimos anos, o
progressivo, insustentável e imoral crescimento da desigualdade
econômica é uma provocação em busca de uma crise de consciência dos
líderes do capitalismo global, mas a estratégia ainda não surtiu efeito.
Como parece já não causar mais espanto o fato de 1% da população
mundial deter a mesma riqueza que os 99% restantes, a Oxfam desdobrou a
análise para a realidade local. Assim, tomamos conhecimento que os 5
brasileiros mais ricos possuem o mesmo que os 100 milhões mais pobres do
país, ou seja, metade da população.
E a Oxfam revelou mais: enquanto o patrimônio da metade mais pobre da
população diminuiu para apenas 2% do total nacional, a parcela dos
bilionários brasileiros cresceu 13% em 2017. Explicita-se, assim, o lado
mais perverso de nosso atual modelo de desenvolvimento. Faça chuva ou
faça sol, na crise ou na prosperidade, os mais ricos sempre ficam mais
ricos e, por seu lado, os mais pobres seguem ainda mais pobres.
Quem foi a Davos, constatou que o tema da desigualdade ganha força.
“Houve vários debates importantes em torno das dimensões das
desigualdades: de renda, de gênero, de acesso a educação, entre outras”,
conta o cientista político Leandro Machado, da agência Cause.
“Mas acredito que, dentre todas as dimensões, a questão da
desigualdade entre homens e mulheres foi a dominante, visto que o
próprio Fórum Econômico Mundial teve somente mulheres como anfitriãs do
evento, pela primeira vez em quase 50 anos de história”, completa.
A meritória e bem-vinda iniciativa do Fórum de tomar uma atitude
afirmativa em torno da questão de igualdade de gênero é também
reveladora: demonstra ser mais palatável neste momento abrir espaço para
o necessário equilíbrio de oportunidade, remuneração e
representatividade entre homens e mulheres do que discutir mecanismos
que limitem ou reduzam a concentração de riqueza.
Num paralelo a um processo de autoanálise, o primeiro passo é a
negação, o que parece já não ser mais possível com as recorrentes
evidências apresentadas ano a ano. Depois, vem a discussão de sintomas
periféricos, como redividir o bolo dos salários ou dos benefícios dos
aposentados. Qualquer semelhança com os debates atuais não é mera
coincidência. Podem ser medidas necessárias para resolver distorções,
mas não resolvem o problema.
Mais para frente, e pode demorar muitos anos de divã, aceita-se
discutir o centro da questão. No caso da desigualdade econômica, como
evitar ou limitar essa transferência permanente de capital para poucas
mãos.
Não será possível contar com o nível de consciência de cada
bilionário. Nem todos terão a mesma grandeza do sueco Ingvar Kamprad,
fundador da rede de móveis Ikea, que faleceu no sábado 27 de janeiro,
aos 91 anos.
Kamprad, que parecia não gostar de fazer parte das listas de
bilionários, decidiu doar toda a sua fortuna para uma fundação e chegar
ao fim da vida da mesma maneira que começou: pobre na pequena cidade em
que nasceu no interior da Suécia.
O desmatamento da
Amazônia está prestes a atingir um determinado limite a partir do qual
regiões da floresta tropical podem passar por mudanças irreversíveis, em
que suas paisagens podem se tornar semelhantes às de cerrado, mas
degradadas, com vegetação rala e esparsa e baixa biodiversidade.
O
alerta foi feito em um editorial publicado nesta quarta-feira (21/02)
na revista Science Advances. O artigo é assinado por Thomas Lovejoy,
professor da George Mason University, nos Estados Unidos, e Carlos
Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para
Mudanças Climáticas – um dos INCTs apoiados pela FAPESP no Estado de São
Paulo em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) – e pesquisador aposentado do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“O sistema amazônico está prestes a
atingir um ponto de inflexão”, disse Lovejoy à Agência FAPESP. De
acordo com os autores, desde a década de 1970, quando estudos realizados
pelo professor Eneas Salati demonstraram que a Amazônia gera
aproximadamente metade de suas próprias chuvas, levantou-se a questão de
qual seria o nível de desmatamento a partir do qual o ciclo hidrológico
amazônico se degradaria ao ponto de não poder apoiar mais a existência
dos ecossistemas da floresta tropical.
Os primeiros modelos
elaborados para responder a essa questão mostraram que esse ponto de
inflexão seria atingido se o desmatamento da floresta amazônica
atingisse 40%. Nesse cenário, as regiões Central, Sul e Leste da
Amazônia passariam a registrar menos chuvas e ter estação seca mais
longa. Além disso, a vegetação das regiões Sul e Leste poderiam se
tornar semelhantes à de savanas.
Nas últimas décadas, outros
fatores além do desmatamento começaram a impactar o ciclo hidrológico
amazônico, como as mudanças climáticas e o uso indiscriminado do fogo
por agropecuaristas durante períodos secos – com o objetivo de eliminar
árvores derrubadas e limpar áreas para transformá-las em lavouras ou
pastagens.
A combinação desses três fatores indica que o novo
ponto de inflexão a partir do qual ecossistemas na Amazônia oriental,
Sul e Central podem deixar de ser floresta seria atingido se o
desmatamento alcançar entre 20% e 25% da floresta original, ressaltam os
pesquisadores.
O cálculo é derivado de um estudo realizado por
Nobre e outros pesquisadores do Inpe, do Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e da
Universidade de Brasília (UnB), publicado em 2016 na revista Proceedings
of the National Academy of Sciences.
“Apesar de não sabermos o
ponto de inflexão exato, estimamos que a Amazônia está muito próxima de
atingir esse limite irreversível. A Amazônia já tem 20% de área
desmatada, equivalente a 1 milhão de quilômetros quadrados, ainda que
15% dessa área [150 mil km2] esteja em recuperação”, ressaltou Nobre. Margem de segurança
Segundo
os pesquisadores, as megassecas registradas na Amazônia em 2005, 2010 e
entre 2015 e 2016, podem ser os primeiros indícios de que esse ponto de
inflexão está próximo de ser atingido.
Esses eventos, juntamente
com as inundações severas na região em 2009, 2012 e 2014, sugerem que
todo o sistema amazônico está oscilando. “A ação humana potencializa
essas perturbações que temos observados no ciclo hidrológico da
Amazônia”, disse Nobre.
“Se não tivesse atividade humana na
Amazônia, uma megasseca causaria a perda de um determinado número de
árvores, que voltariam a crescer em um ano que chove muito e, dessa
forma, a floresta atingiria o equilíbrio. Mas quando se tem uma
megasseca combinada com o uso generalizado do fogo, a capacidade de
regeneração da floresta diminui”, explicou o pesquisador.
A fim de
evitar que a Amazônia atinja um limite irreversível, os pesquisadores
sugerem a necessidade de não apenar controlar o desmatamento da região,
mas também construir uma margem de segurança ao reduzir a área desmatada
para menos de 20%.
Para isso, na avaliação de Nobre, será preciso
zerar o desmatamento na Amazônia e o Brasil cumprir o compromisso
assumido no Acordo Climático de Paris, em 2015, de reflorestar 12
milhões de hectares de áreas desmatadas no país, das quais 50 mil km2
são da Amazônia.
“Se for zerado o desmatamento na Amazônia e o
Brasil cumprir seu compromisso de reflorestamento, em 2030 as áreas
totalmente desmatadas na Amazônia estariam em torno de 16% a 17%”,
calculou Nobre.
“Dessa forma, estaríamos no limite, mas ainda
seguro, para que o desmatamento, por si só, não faça com que o bioma
atinja um ponto irreversível”, disse
O editorial Amazon tipping point (doi: 10.1126/sciadv.aat2340), assinado por Thomas Lovejoy e Carlos Nobre, pode ser lido na revista Science Advances.
O
artigo Land-use and climate change risks in the Amazon and the need of a
novel sustainable development paradigm (doi: 10.1073/pnas.1605516113),
de Carlos Nobre, Gilvan Sampaio, Laura Borma, Juan Carlos
Castilla-Rubio, José Silva e Manoel Cardoso, pode ser lido na revista
PNAS em http://www.pnas.org/content/113/39/10759.
Sistemas de seguridade da Alemanha e Reino Unido têm
origens comuns, mas se diferenciaram no pós-guerra. Hoje, ambos estão em
dificuldades, e o preço pode ser colapso da coesão social e conflitos
de classes.
Protestos contra cortes do NHS, em março de 2017, Londres
O mundo já está mais ou menos acostumado às tiradas do presidente
americano, Donald Trump, contra tudo e contra todos. Ainda assim, foi
uma dupla surpresa, quando, em 5 de fevereiro, ele achou por bem tuitar
seu desagrado com o estado do pilar do sistema de saúde do Reino Unido, o
National Health Service (NHS).
"Os democratas [dos Estados
Unidos] estão pressionando pelo Universal Health Care, enquanto milhares
de pessoas saem em passeata no Reino Unido porque o sistema universal
delas está falindo e não funciona. Democratas querem subir muito os
impostos em troca de assistência médica bem ruim e impessoal. Não,
obrigado!"
Em primeiro lugar, possivelmente houve uma certa
perplexidade por ele sequer ter ouvido falar do NHS. Em segundo, terá
gerado consternação a perspicácia de Trump ao descrever essa situação.
Isso
porque, de acordo com diversos observadores, o serviço nacional de
saúde britânico está, de fato, "falido" e "sem funcionar". Como provas
disso, estão seu crônico subfinanciamento, operações canceladas e
pacientes atentidos nos corredores dos hospitais ou em ambulâncias,
devido à falta de leitos. Sistema ternário britânico
Porém
não foi sempre assim. Criado em 1948 pelo então ministro da Saúde Nye
Bevan, um paladino da justiça social e dos direitos dos trabalhadores, o
NHS era igualitário e independente de contribuições, sendo diretamente
financiado pelas arrecadações tributárias. No entanto é uma abordagem
cara, por cobrir a todos, não só os trabalhadores.
"No Reino
Unido, há um sistema ternário, composto pelo indivíduo, o empregador e o
Estado", explica Chris Renwick, catedrático de História Moderna da
Universidade de York e autor de Bread for all: The origins of the welfare state (Pão para todos: As origens do Estado previdenciário).
"Então
há uma noção de que ou se encontra um modo de reformar a base
tributária, de modo a pagar pelo sistema dentro da economia que se tem;
ou é preciso que explorar um modo separado de pagá-lo através de um
modelo de seguridade. Senão, a alternativa é abandonar a ideia de que o
NHS seja uma modelo de assistência universal."
Costuma-se a
atribuir grande parte do sucesso do NHS no Estado previdenciário do
pós-guerra ao comprometimento da classe média com o sistema, diz
Renwick. Isso explicaria a continuada relutância em mexer com ele.
"Se
você introduz um sistema em que se espera que a classe média contribua
para a assistência de saúde, numa espécie de esquema transacional, há um
temor de que isso represente uma falência do contrato social, em
relação a certas coisas." Na Alemanha, governo de fora da saúde
A
Alemanha, por sua vez, tem um sistema dual de diversos pagadores,
obrigatório para todos que vivem no país. De acordo com a renda e o
estatuto empregatício, os cidadãos escolhem entre a seguridade pública,
provida por caixas de saúde não governamentais, e seguradoras privadas.
Assistir ao vídeo01:14
Imagens de um dia de fúria na Argentina
As
contribuições se baseiam ou numa percentagem da renda (público) ou na
idade e risco (privado). O Estado, nos diversos níveis administrativos,
não desempenha praticamente nenhum papel no financiamento da assistência
de saúde.
Segundo Renwick, "do ponto de vista histórico, o
sistema alemão é um importante ponto de comparação. A estrutura
bismarckiana do fim do século 19, que estabeleceu o primeiro serviço de
saúde universal, foi, de diversos modos, uma espécie de inspiração para
determinados aspectos do sistema britânico no fim do século 19 e início
do 20." Seguro-desemprego: procurar trabalho ou não?
Tradicionalmente,
a Alemanha sempre manteve um quadro bem mais generoso de benefícios
previdenciários. Isso se aplicava especialmente ao seguro-desemprego,
segundo o qual o trabalhador tinha direito a uma percentagem bastante
alta de seus últimos vencimentos, durante um ano.
"Assim, como
docente universitária, por exemplo, eu seria paga 80% do meu salário
atual, estaria muito bem e não teria muito incentivo para voltar ao
local de trabalho", comenta Patricia Hogwood, professora associada de
Política Europeia na Universidade de Westminster, com especialização na
política e sistema previdenciário alemães.
Em 2003, o governo de
coalizão entre social-democratas e verdes introduziu as reformas da
previdência conhecidas como Hartz IV, que endureceram as condições para
os desempregados, tornando-se profundamente impopulares. Em
contrapartida, os assalariados do Reino Unido têm sempre em mente que,
caso percam o emprego, sua renda será cortada inteiramente. Isso
funciona como incentivo para que se encontre trabalho o mais rápido
possível.
A Alemanha basicamente serviu como modelo para os
britânicos até meados do século 20, quando os sistemas passaram a
divergir. O Reino Unido "opta por uma versão peculiar do sistema de
contribuição para a seguridade nacional", diz Renwick. Este se define
pela adoção de taxas fixas, tanto para as contribuições como para os
benefícios: "Se você tiver pagado por 20 anos, recebe a mesma quantia do
que se contribuiu seis meses."
Hogwood frisa que o modelo
anglo-irlandês sempre teve como finalidade prover cobertura de
emergência e total. "Ele não foi realmente concebido para substituir a
renda em caso de necessidade. Para quem tivesse um emprego bem pago, não
daria nem para cobrir as despesas a que está acostumado; para os baixos
assalariados, ficaria bem parecido com o que a pessoa estava
acostumada. E os pagamentos eram por um prazo breve, pois se partia do
princípio que se encontraria emprego relativamente rápido." Sem legitimidade, colapso da coesão e conflito social
A
época atual, de mudanças estruturais e econômicas, está encarecendo
muito a manutenção dos sistemas de previdência, e os legisladores se
esforçam para encarar o desafio, diz Patricia Hogwood.
"Os
governos acham que não têm como manter esses velhos sistemas, mas ainda
querem reter o elemento de legitimidade que o sistema previdenciário
gerava para eles. Pois, se não se preserva isso, o que se tem é um
colapso da coesão social, é o conflito entre os grupos sociais que
estamos vendo agora."
Os governos tanto do Reino Unido quanto da
Alemanha têm procurado "dar um jeitinhos", com emendas ao Estado
previdenciário, a fim de torná-lo mais eficaz e economicamente viável.
Contudo o consenso parece ser que é necessária uma reforma radical do
sistema, da base até o topo.
"Acho que a mensagem final é que,
apesar das diferentes abordagens adotadas tradicionalmente, ambos os
sistemas estão indo pelo mesmo caminho, pois os dois adotaram o curso
neoliberal de priorizar a flexibilidade da mão de obra e a
competitividade da economia, na frente do que o bem-estar."
"Eles
querem cortar os benefícios previdenciários, mas ambos enfrentam o
desafio de como evitar conflito social e como manter a legitimidade do
governo, com as pessoas assim tão zangadas", analisa Hogwood.
"Gradualmente forma-se uma classe social que fica de fora por
simplesmente não poder pagar os custos suplementares."
Usadas
para fazer brilhar o corpo, a roupa, os acessórios e os trabalhos
manuais, as purpurinas, feitas com microplásticos, acabam no mar,
prejudicando a vida marítima
É
difícil imaginar o Carnaval sem purpurinas. Do corpo à roupa, passando
pelo rosto e o cabelo, o brilho parece ser indispensável para a folia.
Mas não será tão inofensivo como parece. Depois de uma rede de creches
britânica ter proibido o uso de purpurinas e glitter, várias vozes se
levantaram exigindo uma proibição a nível mundial, devido às
consequências negativas que estes produtos podem ter nos ecossistemas.
Atentas ao debate, algumas empresas estão a apresentar soluções
biodegradáveis.
Regra geral,
as purpurinas são feitas com pequenos pedaços de plástico (polietileno
tereftalato - PET) e alumínio. "Estamos a falar de microplásticos
[partículas inferiores a cinco milímetros]. A única maneira de saírem do
corpo é no banho e não há nada que as retenha. Vão parar aos oceanos,
tal como aquelas que são atiradas para o ar acabam por ir", explicou ao
DN Carla Rodrigues Lourenço, bióloga marinha e responsável pela Straw
Patrol, um projeto de sensibilização ambiental, que alerta para a
problemática do lixo marinho.
Trisia
Farrelly, antropóloga do meio ambiente na Universidade Massey na Nova
Zelândia, foi uma das vozes que sugeriram o fim destes brilhantes: "As
purpurinas deviam ser proibidas, porque são microplásticos e todos os
microplásticos acabam no meio ambiente." Ao DN, Carla Graça,
vice-presidente da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável,
defendeu também que, tratando-se de "produtos fúteis", devem ser
banidos. "Não vemos qualquer utilidade em usar um produto tóxico, com
consequências muito negativas para o meio ambiente e para a saúde
pública, já que a sua recolha e reciclagem são praticamente impossíveis.
Isto vem ao encontro do que temos vindo a pedir: é importante banir os
produtos de uso único e optar-se por produtos reutilizáveis ou que
tenham garantia de biodegradabilidade e segurança em termos de
toxicidade", disse a responsável.
Em
novembro, 19 creches da cadeia britânica Tops Day proibiram o uso de
purpurinas e glitter nos trabalhos manuais das suas salas,
intensificando a discussão. Para Carla Lourenço, proibir pode não ser a
solução indicada, "já que quando se usa esta palavra muita gente acha
mal". "Mas penso que é boa ideia", frisou a bióloga, destacando que "há a
possibilidade de ter purpurinas de forma natural, a partir de folhas
secas das árvores, por exemplo".
Quando
chegam aos oceanos, explicou a especialista, as purpurinas e o glitter,
"que já têm químicos na sua composição, agem como esponjas e absorvem
químicos, poluentes da água do mar". Como são muito pequenas, "são
ingeridas pelos organismos mais pequenos, como o zooplâncton, e a partir
daí vão escalando, acabando por entrar na alimentação humana". Por
exemplo: "O zooplâncton é ingerido por sardinhas, que são comidas por
peixes maiores, que depois são capturados. E os microplásticos chegam,
assim, aos pratos das pessoas. Isto não é raro. Já acontece em
Portugal." Um estudo recente, prosseguiu, demonstrou que um em cada
cinco peixes com interesse comercial tem microplásticos no estômago.
Até
ao momento, ainda não se sabe ao certo qual o impacto que estas
partículas têm na saúde do ser humano. "Mas sabe-se que os plásticos têm
químicos que provocam alterações no organismo ao nível das hormonas e
que podem levar ao desenvolvimento de doenças, portanto é provável que
possa haver um impacto direto na saúde humana", destacou a responsável
pela Straw Patrol.
Além do
plástico que vai parar ao oceano, Carla Graça lembra que as estações de
tratamento de águas residuais "não estão adaptadas para tratar os
microplásticos". Muitos vão parar também aos rios e a aos lagos. Por
isso, insiste, "é necessário que haja pressão da opinião pública e dos
governos para que a indústria dê um passo em frente e altere as suas
práticas, no sentido de encontrar soluções mais sustentáveis".
Alternativas ecológicas
Várias
empresas têm vindo a desenvolver purpurinas e glitter biodegradáveis.
No Brasil, por exemplo, as marcas Viva Purpurina Biodegradável e a
Glitter Ecológico estão a comercializar produtos não tóxicos, que não
prejudicam os ecossistemas. Assim como a EcoStarDust, uma empresa cuja
missão é aumentar a consciencialização sobre questões ambientais,
através da venda de brilho ecológico.
Este
não é, contudo, um problema exclusivo das purpurinas. "Há muita
cosmética que usa microplásticos, por exemplo", lembrou Carla Lourenço.
Nos últimos anos, alguns países proibiram o uso destas pequenas
partículas de plástico em cosmética e produtos de higiene, nomeadamente
em geles de banho, esfoliantes e maquilhagem. Primeiro foram alguns
estados nos Estados Unidos, em 2015, e depois o Reino Unido, já neste
ano, cumprindo uma promessa feita no ano passado. Para já está proibido o
fabrico de cosméticos e produtos de higiene pessoal com microplásticos
e, em julho, é proibida a venda dos mesmos.
Segundo sexólogos, é importante 'aposentar a
cegonha' e começar a educá-las sobre o tema, aos poucos, antes dos dez
anos - tanto para evitar problemas como gravidez na adolescência como
para ensinar a identificar o que é abuso.
BBC BRASIL.com
14 fev 2018
O filho da empresária Nathália Paschoalli, Enrico, tem apenas cinco
anos, mas já faz inúmeras perguntas sobre sexualidade desde muito
pequeno.
"Assim que começou a formular frases, o Enrico perguntava porque a
mamãe era diferente do papai, por que o 'pipi' dele era menor que o do
papai, por que ele não tinha pelos no corpo etc.", conta a empresária.
As perguntas do pequeno começaram a ficar mais complexas desde que ele
fez quatro anos. "Enrico agora tem pedido a nós um irmãozinho e pediu se
podia ele carregar o irmão na barriga. Aí teve o drama de descobrir que
meninos não podem engravidar."
A naturalidade com que Nathália e o marido tentam explicar as questões
de sexualidade para o filho vem da criação que a empresária recebeu da
família. Filha de enfermeira e professora de enfermagem, Nathália conta
que sempre acompanhava a mãe em palestras sobre Aids e doenças
sexualmente transmissíveis.
"A educação sexual que recebi dos meus pais foi muito prática, informativa e pouco romantizada", lembra.
Nem toda pessoa, contudo, recebe educação sexual durante a infância. Para muitas famílias, o tema ainda é tabu dentro de casa.
Para o médico Jairo Bouer, educador e pesquisador sobre educação
sexual, a falta de informação sobre sexualidade entre os jovens no
Brasil contribui para que sejam altos os números de transmissão do HIV, o
vírus causador da Aids, e gravidez precoce entre eles, mesmo com a
pílula do dia seguinte e inúmeros meios contraceptivos disponíveis à
população.
"Hoje, crianças e adolescentes podem pesquisar suas dúvidas na internet
ao invés de perguntar aos pais. Por isso, de modo geral, vejo que as
crianças se deparam mais cedo com o tema da sexualidade. O problema não é
buscar a informação, e sim se deparar com informações erradas e
inadequadas para cada fase de desenvolvimento da criança", diz Bouer.
O último relatório da Unaids, programa das Nações Unidas contra a Aids,
mostrou que o Brasil é responsável por 40% das novas infecções por HIV
na América Latina.
Dados de 2017 do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
mostraram que uma em cada cinco crianças no Brasil é filha de mãe
adolescente, sendo que 58% dessas adolescentes não estudavam quando
engravidaram.
Segundo dados de 2006 a 2015 da UNFPA, órgão da ONU responsável por
questões populacionais, o país tem a 7ª maior taxa de gravidez na
adolescência na América do Sul.
"A educação sexual deve começar antes dos dez anos", defende Bouer.
"Somente com informação correta aos adolescentes, sem tabus e
julgamentos, iremos reduzir os altos números de sexo sem segurança e
gravidez na adolescência na adolescência."
Desenvolvendo a identidade sexual
O primeiro contato que temos com a sexualidade, de acordo com Cláudia
Bonfim, doutora em Educação e coordenadora do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação e Sexualidade do Ministério da Educação e autora
do livro
Educação Sexual e Formação de Professores: da Educação Sexual que Temos à que Queremos
, é durante a amamentação.
"A sexualidade nos é apresentada de maneira não verbal: pelo toque dos
pais, pelo modo como a mãe amamenta, como o bebê é embalado no colo,
como o olham, se o amam etc.", explica a educadora. "Ou seja, a educação
sexual nessa fase se dá especialmente por meio dos comportamentos e
experiências afetivas-sexuais que o bebê vivencia através da sexualidade
dos pais e do meio em que ele vive."
A descoberta do próprio corpo se dá após os 18 meses de idade, quando a
criança vivencia a fase anal, que vai até os três anos e meio.
"A fase anal trata de um momento em que a criança começa a obter
controle dos esfíncteres anais e da bexiga, controlando a micção e a
evacuação. Aprender a ter o controle das suas necessidades fisiológicas
significa uma nova forma de prazer e gratificação, inclusive pela
atenção que lhes é dedicada e dos elogios que recebe quando passam a ir
sozinhas no banheiro", explica Bonfim.
É nesse momento que a criança descobre que tem um órgão sexual, pois é
quando começa a manipular estes órgãos, principalmente quando vai ao
banheiro. Por isso, a fase anal pode marcar muito a sexualidade da
criança, principalmente nos meninos, por terem o órgão sexual externo.
"É importante que os pais a ajudem a criança a reconhecer o corpo nesta
fase com naturalidade, sem reprimir suas atitudes, pois o caráter da
criança nessa etapa é de reconhecimento corporal, e não erótico",
orienta e educadora.
Bouer explica que também é nessa fase que surgem as dúvidas dos pais
sobre como agir diante de comportamentos dos filhos com o próprio corpo.
"Atendo mães que costumam reclamar que o filho fica com a mão no pênis o
dia todo. A maior aflição delas é não saber como agir: deveriam
conversar com o filho ou fingir que não estão vendo? Eu defendo que deve
haver uma conversa com a criança de maneira natural e nunca ignorar o
comportamento", defende o médico.
Nathália vivenciou essa fase com Enrico - sua primeira reação foi pedir orientação ao médico do menino.
"Estávamos na sala e o Enrico passou por cima de um brinquedo enquanto
engatinhava. Ele tinha pouco mais de um ano. Sentiu alguma coisa ali e
voltou, num movimento repetitivo. Relatamos ao pediatra e fomos
orientados a não tratarmos aquilo como tabu, nem dar a ele a impressão
de que masturbação era errado ou proibido", conta a mãe.
A solução encontrada pela empresária e pelo marido foi tentar distrair
Enrico da ação, propondo uma atividade que desviasse a atenção do órgão
sexual.
"Depois, com ele maior, explicamos que tocar no próprio pênis é
gostoso, não tem problema, mas que não é legal fazer na frente das
pessoas por ser um momento privado dele com o corpo dele", relata ela.
Quando conversar
"Em um primeiro momento, cabe aos pais ajudar a criança a construir sua sexualidade de maneira positiva", afirma Bonfim.
Mas o que e quando conversar? Para o doutor Bouer, a curiosidade de
cada criança deve ser o termômetro dos pais para saber sobre o que e
quando falar.
"As curiosidades sobre o corpo são naturais desde muito cedo, e os pais
devem sempre responder as perguntas, mas não acho que nessa fase seja
necessário dar uma aula para abordar o tema", explica o médico. "Os pais
devem ficar atentos às curiosidades que forem surgindo e sempre
explicar dentro da capacidade da criança de entender aquela conversa",
completa.
Os pais também devem considerar que cada criança tem uma personalidade e
entender o tempo de cada uma de descobrir o mundo a sua volta.
"Tem crianças mais curiosas, que perguntam sobre tudo; tem as mais
tímidas, que provavelmente terão medo de tocar no assunto. De maneira
geral, a criança que convive com outras mais velhas que ela começará a
perceber seu corpo e o corpo do outro mais cedo que crianças que
convivem somente com adultos", explica o doutor.
Independente de cada caso, para Bouer, o ideal é que conversas sobre
sexualidade comecem antes dos dez anos, tanto em casa como na escola.
Assim, quando chegarem na adolescência, questões mais complexas, como
virgindade, sexo seguro, gravidez etc., serão tratadas com atenção e
naturalidade pelo adolescente.
"Se as conversas sobre sexualidade não ocorreram até os dez anos, os
pais não deverão escolher estratégias muito invasivas para introduzir
conversas sobre sexualidade quando os filhos se tornarem adolescentes,
uma vez que eles não foram naturalizados com esse tema na infância",
afirma o médico.
Aposentar a cegonha
Muitos pais se questionam se podem ficar nus na frente dos filhos pequenos e se podem tomar banho juntos.
Para Bonfim, a dica é entender que a maneira como os pais lidam com o
corpo refletirá no modo como a criança e o adolescente lidarão com o
próprio corpo e o do outro.
"Se os pais sempre tomam banho junto com a criança, geralmente esta
fase é bem mais tranquila, pois essas diferenças corporais foram sendo
internalizadas com naturalidade, sem a curiosidade de tirar a roupa do
outro para ver como é, por exemplo", explica a educadora sexual.
Nathália conta que ela e o marido sempre tomaram banho com Enrico, e
que a primeira pergunta dele sobre sexualidade foi durante um deles.
"Primeiro ele percebeu que eu era diferente dele e não tinha pênis.
Depois, me perguntou: 'Cadê seu pipi, mamãe?'", lembra a empresária.
E como responder tal pergunta a uma criança?
Segundo doutor Bouer, muitos pais e até professores recorrem a
metáforas para explicar temas sobre sexualidade, mas nem sempre essa é
uma boa estratégia.
"Se a metáfora ajudar a criança a entender o que está sendo falado, sem
gerar mais dúvidas na cabeça dela, é válido. Porém, não vale usar uma
metáfora para inventar uma situação que não existe no mundo real, como a
história da cegonha que trouxe o bebê", adverte o médico". "Precisamos
enterrar a história da cegonha."
A mãe de Enrico conta que tenta simplificar as palavras para explicar
de um modo que o filho entenda, dentro do contexto da idade e da
experiência de mundo que o menino tem.
"O que nunca fizemos foi contar estórias de cegonha, repolho, ou coisas
do tipo. Também somos objetivos: explicamos pontualmente o que satisfaz
a curiosidade dele e não avançamos", conta a mãe.
"Já aconteceu de uma mãe grávida de uma amiguinha de classe do Enrico
tentar explicar para eles que o bebê na barriga dela era uma 'pérola'
que o papai plantou com um beijo e o Enrico dizer: 'Não é não, tia. O
papai planta a sementinha com o 'pipi'."
Não diferenciar objetos, cores e comportamentos "permitidos" para
meninos e meninas, como forçar as meninas a cruzar as pernas quando
sentam ou estimular os meninos a serem agressivos nas brincadeiras, por
exemplo, também faz parte de uma educação sexual saudável física e
emocionalmente.
"Não ter preconceitos e tabus sexuais começa dentro de casa e na
infância. Os pais não devem fazer distinção quanto à utilização de cores
e brinquedos entre meninos e meninas. É provado que estes objetos e
cores não determinam nossa sexualidade, mas podem interferir na maneira
como vemos e respeitamos o sexo oposto e o diferente de nós", afirma
Bonfim.
"O maior problema da ideia da fragilidade feminina e da mulher como um
ser mais sensível e do homem como um ser que deve reprimir seus
sentimentos e ser forte é que geramos mulheres fragilizadas e submissas e
homens insensíveis, brutos e com dificuldades de demonstrar seu afeto",
completa a educadora.
O mais importante de uma educação sexual consciente para crianças é
ensinar o que é amar, se relacionar, o que é afeto e privacidade, assim
como identificar o que é abuso. Ou seja, a reconhecer, respeitar e
defender o próprio corpo e o corpo do outro.
"Por meio da educação sexual, é possível ensinar a criança a não deixar
que nenhuma outra pessoa tire sua roupa, toque em seu corpo e em suas
partes íntimas. Também deve-se orientar desde pequeno que, caso essas
situações ocorram, ela nunca deve ter vergonha e escondê-las, devem
comunicar imediatamente os pais", alerta Bonfim.
"Isso é fundamental para que a criança possa prevenir um abuso ou
violência sexual, pois ela saberá diferenciar carinho, afeto,
privacidade, de abuso e violência."
Magistrados brasileiros em início de carreira ganham até o triplo de
seus colegas alemães. Mesmo gastando mais, Brasil tem proporcionalmente
menos juízes que o país europeu.O custo do Poder Judiciário brasileiro
voltou aos holofotes após a revelação de que juízes da Operação Lava
Jato recebem auxílio-moradia mesmo quando possuem imóveis nas cidades em
que trabalham.
Em 2017, o auxílio-moradia para juízes e procuradores custou 399
milhões de reais aos cofres públicos. O valor, no entanto, empalidece
quando comparado aos gastos totais do Judiciário: 84,8 bilhões de reais
em 2016, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os brasileiros pagam por um dos sistemas judiciários mais caros do
mundo. O valor de 2016 representou 1,4% do PIB do país. No mesmo
período, os gastos com a Justiça na Alemanha alcançaram apenas 0,4% do
PIB. Ou seja, o Judiciário brasileiro é 3,5 vezes mais caro do que o
alemão. A diferença é expressiva mesmo se for considerado que o PIB
alemão é o dobro do brasileiro.
Outras comparações também evidenciam como os brasileiros gastam mais.
Em 2015, o Judiciário alemão custou em média 150 euros (cerca de 600
reais) por habitante. No Brasil, a proporção foi de 413,51 reais no
mesmo período. O valor mais alto na Alemanha não significa que seus
habitantes pagaram proporcionalmente mais, já que a renda per capita dos
alemães é quase cinco vezes a dos brasileiros.
Salários, penduricalhos e início de carreira
Na questão salarial, o Brasil também destoa da Alemanha, especialmente
no pagamento aos juízes. Segundo dados do CNJ, cada juiz custou aos
cofres públicos 47,7 mil reais em 2016. O valor supera claramente o teto
constitucional de 33 mil reais.
Para contornar o limite, salários são turbinados com extras, como o
auxílio-moradia, auxílio-alimentação, auxílio-paletó, auxílio-educação,
adicional mais alto nas férias, entre outros, que não são descontados no
imposto de renda. Graças a esses penduricalhos, os magistrados ganham
em média 572 mil reais por ano.
Na Alemanha, os valores podem variar conforme o tribunal (instâncias
superiores pagam mais), o cargo (posições de chefia têm salário maior), o
tempo de serviço e o estado da Federação. Os maiores salários são pagos
aos juízes das cortes federais superiores. A média na Alemanha é de 110
mil euros anuais (442 mil reais) - consideravelmente inferior à dos
juízes do Brasil.
Nas cortes distritais, os valores são ainda mais baixos. Um juiz alemão
experiente, com pelo menos 20 anos de carreira num tribunal distrital,
pode almejar 77 mil euros anuais (310 mil reais) - quase a metade do
salário dos ganhos médios dos juízes brasileiros.
Para os juízes em início de carreira, os valores são ainda mais baixos.
Em alguns tribunais estaduais, como em Baden-Württemberg, um magistrado
em início de carreira recebe 3.347 euros (13.450 reais) por mês.
Em média, quando consideradas as variações regionais, o salário inicial
de um juiz é de 45 mil euros anuais (180.800 reais), segundo dados da
Comissão Europeia para a Eficiência da Justiça - juízes brasileiros
podem receber o triplo desse valor já no início da carreira, graças ao
salário-base e os penduricalhos.
Também não há extras comparáveis ao sistema brasileiro. Uma das raras
benesses que os juízes alemães recebem é um auxílio para pagamento de
despesas médicas. O mesmo vale para os procuradores.
Na Europa em geral, o auxílio-moradia que causou discórdia no Brasil só
existe em países como Portugal, Ucrânia, Rússia, Turquia e Montenegro,
segundo dados da Comissão Europeia.
Alguns estados alemães pagam um "bônus de Natal" para os servidores
públicos (inclusive juízes), mas os valores não passam de algumas
centenas de euros. Em Berlim, por exemplo, o bônus rendeu entre 640 e
900 euros extras para os magistrados no final do ano passado.
Tal como os juízes brasileiros, os alemães também costumam se queixar
dos salários. Os ganhos iniciais de juízes estaduais e de instâncias
superiores são menores do que em países vizinhos, como Áustria e
Bélgica.
Em 2014, um grupo de juízes e procuradores do estado alemão de
Saxônia-Anhalt se queixou dos valores junto ao Tribunal Constitucional
Federal. Meses depois, a corte avaliou que, de fato, os salários de
início de carreira do estado estavam abaixo do necessário para a
subsistência. Recentemente, juízes e procuradores da Baixa Saxônia
apresentaram queixa similar.
Segundo associações de juízes da Alemanha, tais salários desestimulam
candidatos à magistratura, que acabam sendo levados a seguir a carreira
advocatícia, onde os ganhos potenciais são maiores. Hoje há um déficit
de 2 mil juízes nos tribunais estaduais do país, e os estados enfrentam
dificuldades para preencher as vagas.
Em média, os juízes alemães em início de carreira ganham apenas 16% a
mais que a renda média do país. No Brasil, os juízes ganham em média
2.100% a mais.
Gastos com pessoal
O contraste entre o sistema alemão e o brasileiro também ocorre no
pessoal. Mesmo sendo mais caro até mesmo em valores absolutos (em 2015 o
Judiciário alemão custou cerca de 50 bilhões de reais), o Brasil tem
menos juízes do que o país europeu. São oito para cada grupo de 100 mil
habitantes. Já a Alemanha tem cerca de 24 juízes por 100 mil habitantes.
Em ambos os países, o grosso do orçamento vai para o pagamento de
pessoal. Mas as semelhanças param por aí. No Brasil, a folha de
pagamento consumiu 89,5% dos 84,8 bilhões em 2016. Só que a maior parte
desse valor não foi destinada aos magistrados, mas aos servidores
(ativos e inativos) e auxiliares (terceirizados, estagiários, entre
outros). Na Alemanha, a percentagem de gasto com pessoal se manteve em
70% do orçamento do Judiciário nos últimos anos.
O quadro do Judiciário brasileiro contava com 424 mil pessoas em 2016, e
a proporção alcançou 205 funcionários para cada grupo de 100 mil
habitantes. Na Alemanha, mal alcança 67 para cada 100 mil habitantes.
É seu aniversário e não quer fazer seu bolo. Pensando em comprar um de uma empresa do ramo? Esqueça! Você não vai comprar um bolo, mas um monte de açúcar. Não será um bolo de morango, por exemplo, mas de açúcar. Quer comprar um chocolate? Esqueça! É tanto açúcar que chega a ficar repugnante, enjoativo. Refrigerante, suco de frutas não concentrado, pão doce, bolachas, por exemplo? É só açúcar. É impressionante como as empresas são tão irresponsáveis ao exagerar na dose de açúcar, visando maximizar os lucros - e, com isso, jogando o consumidor na vala da obesidade, do diabetes, etc. O que se pode fazer corretivamente para solucionar o problema? Aumentar o imposto sobre o açúcar? Definir um limite máximo de açúcar por grama de produto? São apenas duas sugestões, mas o poder público tem que fazer algo corretivo em nome da saúde pública da população - que tem sido negligenciada em nome da maximização dos lucros empresariais.
Saiba o que fazer para fazer para ter um relacionamento feliz e saudável
Selecionamos algumas dicas de coisas que homens podem (e precisam) fazer para ter um relacionamento feliz e saudável. Confira! FOTO: Istock
Muitos homens que
recentemente se viram amarrados por alguém, isto é, apaixonados, sofrem
um pouco no início para se adaptar a rotina de um relacionamento comum.
Não porque é ruim ou mesmo estranho, mas sim porque, em muitos casos, o
cara passou meses, se não anos, curtindo a vida de solteiro – e
consequentemente pensando no próprio umbigo.
Por
esta razão, muitos não sabem lidar com determinadas situações em casal,
e veem dificuldade para manter um relacionamento com a mesma pessoa
durante meses ou anos, ou o mesmo comprometimento do início, sem deixar
que a rotina ou brigas acabe afastando os pombinhos.
Se
você é do time que se preocupa com o futuro saudável da sua vida a dois
(as mulheres agradecem), ou está procurando respostas para fazer com
que o seu relacionamento saia de uma crise brava, fique tranquilo.
Selecionamos algumas dicas simples e funcionais de coisas que homens
podem (e precisam) fazer para ter um relacionamento feliz e saudável.
Confira!
SEMPRE SEJA SINCERO
Muitas
vezes queremos parecer melhores do que somos na realidade, e por isso
ocultamos histórias desagradáveis e erros que cometemos. Mas, acredite,
alguém que te ama de verdade não vai ligar para o seu passado. Por isso,
não tenha medo de revelar seus sentimentos a sua parceira, pois ela é a
pessoa mais próxima a você. Se tem algo lhe preocupando ou faltando
para você, converse sobre isso tranquilamente. Ninguém sabe ler
pensamentos, e o primeiro passo para resolver um problema é falar sobre
ele.
APOIE SUA PARCEIRA
Todos
nós vivemos alguns fracassos que afetam nosso ânimo e autoestima. Se
alguma coisa deixar sua parceira abatida, como ficar desempregada, por
exemplo, faça com que ela sinta o seu apoio e compreensão. Assim, tudo
fica mais fácil e ela irá se sentir muito melhor; Dê também atenção aos
desejos e necessidades de quem está ao seu lado. Você deve aceitar que o
outro não é um reflexo seu nem sua propriedade. Trate os desejos dela
com compreensão, ainda que sejam diferentes dos seus.
DEMONSTRE SEUS SENTIMENTOS
Sabe
aquela história de quem não dá assistência abre concorrência? Pois é. É
muito importante lembrar a sua parceira que você a admira pelo que ela é
ou pelo que faz. Não tenha vergonha de dar amor e carinho, pois isso é
fundamental para criar um vínculo forte entre os dois. Faça com que ela
saiba o quanto é especial para você.
ENTENDA QUE CADA UM TEM SEU ESPAÇO
Duas
pessoas não podem e não devem estar juntas 24 horas por dia. Não se
oponha, então, aos interesses da sua amada e também não renuncie aos
seus hobbies. Vocês se apaixonaram um pelo outro assim como são, com
todos os hábitos e interesses. Não se deve sacrificar as próprias
vontades em nome de uma relação forte. Ninguém valoriza este tipo de
coisa. Além disso, sua parceira não quer ser a causa dos seus
sacrifícios. Nem ouvir frases como "Por sua causa, eu...". Seu
relacionamento deve agregar algo novo aos dois, e não retirar aquilo que
já possuem.
ACEITE SUA COMPANHEIRA DO JEITO QUE ELA É
Não
brigue pelos hábitos que ela tiver. E, caso você veja que tem um hábito
ruim e que uma mudança seria positiva, é sempre possível conversar
tranquilamente e corrigir pequenas coisas. Além disso, perdoe os seus
defeitos. Não fique reprovando sua amada por determinadas coisas, é
melhor sempre focar nos pontos positivos.
NÃO DEIXE QUE O CIÚME ATRAPALHE VOCÊS
Tente
não sentir ciúmes. Com isso, você enfrenta o seu medo de ser
abandonado, seus complexos e a falta da confiança em si mesmo. A
desconfiança, em muitos casos, machuca seu amor e ainda acaba provocando
justamente os pensamentos que você quer evitar.
CRIE LEMBRANÇAS A DOIS
Não
há nada capaz de unir mais você e sua parceira do que as experiências e
lembranças em comum. Viagens, aulas de dança, idas ao cinema,
participação em concursos, festas em família... façam juntos tudo aquilo
que acham interessante e divertido.
A IMPORTÂNCIA DO RESPEITO MÚTUO SEMPRE
É
preciso respeitar a opinião e as decisões do outro, mesmo que você não
concorde com elas. Não esqueça da importância do respeito até mesmo
durante uma briga, por exemplo. As discussões geralmente trazem
reprovações mútuas, por isso, tenha cuidado com as palavras que usar. A
irritação passa, mas é difícil desfazer as ofensas. Não importa quantas
vezes você peça perdão após uma briga, as palavras duras deixam
cicatrizes profundas.
SURPREENDER FAZ PARTE DO RELACIONAMENTO
Nenhum
casal merece entrar na rotina e não fazer nada para sair dela. Deixe os
dias de vocês mais emocionantes e superem juntos os dias difíceis.
Leve-a para jantar, vá ao cinema juntos, acompanhe naquela comédia
romântica que ela tanto gosta ou mesmo compre chocolates e pequenos
presentes fora de datas comemorativas. Seja imprevisível (no bom
sentido, é claro).
SEJA POSITIVO SOBRE VOCÊS
Pessoas
alegres emanam felicidade e boas energias. Dá vontade de estar o tempo
todo ao lado de gente assim. Por outro lado, as queixas e reclamações
constantes dão lugar a emoções negativas, pioram o humor e os
relacionamentos. Por esta razão, estimule a atitude positiva perante a
vida e a sua parceira, e não deixe que ela desanime. Seja otimista, pois
independentemente do que aconteça vocês têm um ao outro.
O
envelhecimento da população mundial é hoje uma realidade. Portugal é um
dos países europeus onde o envelhecimento da população tem uma
expressão mais significativa. De acordo com dados do INE, Portugal
tinha, em 2015, 2,1 milhões de idosos, número que tenderá a crescer de
forma exponencial e que representa um dos maiores crescimentos numa
Europa a 28.
A Organização das
Nações Unidas adotou um conjunto de princípios relativos à proteção das
pessoas idosas através da Resolução n.º 46, de 16 de dezembro de 1991, e
mais recentemente a Assembleia Geral de Nova Iorque, realizada em 30 de
março de 2007, adotou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, também abrangendo os idosos, que vão precisamente nesse
sentido.
Dando execução a esta
nova visão, o atual governo assumiu uma clara mudança de paradigma
relativamente à forma de enfrentar este problema, o qual é de natureza
transversal e que convoca respostas em diferentes vertentes.
Esta
nova abordagem assenta em medidas muito concretas, como por exemplo: a
Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025,
que já se encontra em inquérito público; o denominado Estatuto do
Cuidador Informal, pelo qual se procura responder a um problema
gravíssimo, que passa pela criação de condições para quem tem a seu
cargo idosos e cujo projeto foi já apresentado ao Ministério da Saúde; e
a necessária revisão do Código Civil e demais legislação conexa, que
permitirá alterar o paradigma estabelecido no Código Civil de 1966, no
que respeita ao instituto das incapacidades e ao seu suprimento, cujo
anteprojeto de reforma já foi apresentado e que assenta no princípio da
primazia da autonomia do visado e cuja vontade deve ser respeitada e
aproveitada até aos limites do possível, ou seja a figura do "maior
acompanhado" versus o interdito/ inabilitado.
Este
é o momento de prosseguir o caminho que muitos dos sistemas
inspiradores do nosso ordenamento jurídico já fizeram nas últimas duas
décadas e estruturar o nosso ordenamento jurídico-civil com base nos
princípios da preservação máxima da capacidade, da necessidade e da
proporcionalidade, orientados sempre em função do interesse e da
necessidade da pessoa que se pretende proteger, criando um novo regime
de suprimento das denominadas incapacidades dos maiores.
Estas
respostas estão na antítese da ideia que a solução dos problemas
emergentes do envelhecimento e da proteção dos idosos e das pessoas
especialmente vulneráveis passa por uma resposta no plano criminal ou
pela manutenção do quadro vigente do suprimento das incapacidades, ainda
que com algumas soluções de cosmética, como as que estão
consubstanciadas nas propostas que alguns partidos apresentaram na
Assembleia da República e que serão objeto de debate nesta semana.
A
grave situação em que vivem muitos dos idosos portugueses, sem qualquer
apoio, em situação de exclusão social e de completo isolamento, exige
que toda e qualquer conduta que possa ser nefasta e contrária ao
interesse dos idosos e a quem deles se pretenda aproveitar, deverá
merecer a inerente censura social e ser sancionada, quando a mesma se
enquadrar em tipo penal legalmente previsto.
Temos,
porém, de ter a consciência de que é precisamente nos grupos de mais
baixa condição económica que, na maior parte dos casos, as alegadas
situações de abandono ocorrem, pois tanto os cuidadores como o idoso
vivem em condições abaixo do limiar da pobreza e, portanto, com maiores
dificuldades em prestar um apoio e uma mais cuidada assistência.
Esta
realidade exige do legislador que não ceda à tentação de fazer leis que
visem incriminar e sancionar quem não tem recursos, reconduzindo tudo a
uma questão de condição económica, sem a inerente resposta social, que é
exigida do Estado.
Desvalorizar
a falta de resposta social, como transparece de alguns setores de
opinião que assumem um discurso público de resposta no plano criminal,
não é o caminho certo.
Soluções
estribadas na criminalização de comportamentos, ou no agravamento das
sanções penais, padecem da incapacidade em perceber a dimensão social da
questão, assim como tentativas de alteração do Código Civil,
modificando o regime das incapacidades e o seu suprimento e de adequação
da legislação avulsa a este novo regime, que não assentem na primazia
da autonomia do visado, respeitando a sua vontade, capacidade e
autonomia, correm contra os ventos do tempo.
Deputado eleito pelo PS
Acréscimos deste blogueiro: a questão do envelhecimento populacional, que levou recentemente o governo inglês a criar o ministério da solidão, tem a unir tal questão com a inteligência artificial e o pagamento público de servidores imbuídos de prestar serviços aos idosos que se encontram em situação de solidão e necessitam de cuidados subvencionados pelo Estado, sendo parte dos recursos provenientes da taxação da empresas de Inteligência Artificial. Assim, encaixa-se a panela à sua tampa e tenta-se equacionar os dilemas do envelhecimento crescente das sociedades modernas.