(Bloomberg) -- Os principais bancos centrais sinalizaram esta semana sua disposição de tolerar uma recessão global em 2023 e prometeram subir juros ainda mais na luta contra a inflação.
Após cada um dos aumentos de meio ponto percentual, os chefes do Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco da Inglaterra disseram que mais aumentos são prováveis no ano que vem, mesmo reconhecendo que suas economias estão enfraquecendo.
O risco crescente é que um aperto monetário ainda maior após o maior arrocho em quatro décadas prejudicará tanto a demanda e as contratações que afundará a economia mundial em uma contração no ano que vem, logo após a crise causada pela pandemia.
“Estamos à beira de uma recessão global”, disse Ethan Harris, chefe de pesquisa de economia global do Bank of America.
A taxa de inflação mais rápida desde a década de 1980 alterou o que os economistas chamam de “função de reação” dos formuladores de política monetária, incluindo o presidente do Fed Jerome Powell. Normalmente, espera-se que eles afrouxem o crédito à medida que as economias desmoronam para limitar os danos às famílias e às empresas.
Mas com a alta de preços bem acima de suas metas de 2%, as autoridades dos principais BCs se movem na direção oposta, mesmo diante dos riscos econômicos. E eles insistem que os juros permanecerão mais altas por mais tempo para acabar com a inflação — embora muitos investidores apostem que essa postura não persistirá à medida que as economias cedem e o desemprego aumenta.
“Há uma sensação crescente entre os bancos centrais de que é preferível pecar pelo excesso”, disse Harris. “Eles não querem fazer de menos e depois ter que voltar a subir juros mais adiante.”
O perigo é que eles cometam o erro oposto ao do ano passado.
Em 2021, eles subestimaram os perigos das crescentes pressões de preços com economias que ainda sofriam o impacto da pandemia. Isso permitiu que a inflação saísse do controle, levando à rápida reversão deste ano com enormes aumentos de juros.
Depois de serem criticados, as autoridades monetárias agora prometem manter sua luta contra a inflação, embora as pressões de preços possam estar começando a diminuir, especialmente para bens, à medida que as economias desaceleram e as cadeias de suprimentos se desobstruem.
Eles continuam particularmente preocupados com o risco de que expectativas de inflação e pressões elevadas se cristalizem, como aconteceu na década de 70.
“Quanto mais tempo durar o atual surto de inflação alta, maior a chance de que as expectativas de inflação mais alta se consolidem”, disse Powell na quarta-feira.
--Com a colaboração de Zoe Schneeweiss e James Hirai.
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