A doença não tem cura, mas o tratamento adequado pode ter resultados consideráveis caso seja seguido de uma forma correta, conforme o médico Felipe Guardini
Abril é o mês da conscientização da Doença de Parkinson. É a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. É essencial o diagnóstico precoce, para garantir ao paciente uma melhor qualidade de vida durante o tratamento, ao lado de uma equipe multidisciplinar.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que aproximadamente 11% da população mundial com idade superior a 65 anos têm a doença. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo o neurocirurgião Felipe Guardini, o Parkinson é mais comum em idosos acima de 60 anos, mas também pode acometer pessoas mais jovens. Os sintomas mais frequentes são dificuldade de caminhar e tremores de repouso. Eventualmente, pode até haver dificuldade para engolir.
“É bem comum a gente observar o idoso… parece que ele está contando moedas, com a mão parada. O polegar tocando sobre o indicador, junto com o tremor. O idoso começa a ter chance de queda, que é a chamada instabilidade postural. A face também não apresenta mais a mesma capacidade de demonstrar emoções. Chamamos de face robotizada”, disse o especialista.
Tratamento
De acordo com Guardini, o tratamento da doença evoluiu muito, mas ainda não há cura. Na atualidade, além das medicações, o tratamento multidisciplinar faz-se muito importante ao paciente. Ou seja, inseri-lo na reabilitação física, junto com estímulo cognitivo para que haja uma qualidade de vida maior.
“As medicações, aliadas ao estilo de vida, fazem com que a gente consiga trazer ao paciente uma percepção que ele não tinha antes. O paciente com parkinson diagnosticado tardiamente dificulta o tratamento, inclusive o diagnóstico. Mas depois que ele é diagnosticado, e o tratamento medicamentoso é iniciado, a qualidade de vida do paciente melhora muito. Inicialmente a gente sempre faz medicação e tratamento multidisciplinar”, explicou.
O médico explica ainda que pacientes com Parkinson podem praticar atividade física, desde que ela seja orientada por meio de um educador físico ou terapeuta. Como muitos pacientes têm perda de músculo, os exercícios são importantes, já que precisa-se manter uma mobilidade.
Procedimento cirúrgico
Felipe Guardini revela que muitos chegam ao consultório já perguntando sobre o procedimento cirúrgico, que, segundo ele, tem resultados incríveis, mas não é a primeira opção, que continua sendo o diagnóstico correto, seguido do tratamento multidisciplinar com medicação.
“Ela (cirurgia) não resolve tudo. Na verdade, é uma das armas dentro do arsenal que nós temos para tratar o Parkinson. E ela é uma das armas que utilizamos um pouco tardiamente. Nunca começamos com a cirurgia. Para os pacientes que depois de muitos anos tomando medicação, e que tem uma função cognitiva boa, junto com uma condição cardiológica correta, aí a gente pode considerar o tratamento cirúrgico do Parkinson”, assegurou o neurocirurgião.
Caso não seja tratado, o Mal de Parkinson pode tornar a pessoa inválida, porque, conforme avança e compromete o sistema nervoso, pode afetar as habilidades da pessoa de viver sozinha, tornando-a dependente de outras pessoas.
Importância da equipe multidisciplinar para o tratamento
Natalie Balster Moreira de Castilho, farmacêutica e presidente da Regional da Anfarmag (Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais) de Mato Grosso, reforça a relevância da equipe multidisciplinar no tratamento do paciente com Parkinson.
“O médico vai identificar a dificuldade do paciente, e vai encaminhá-lo para a farmácia. Juntos, nós vamos resolver o melhor modo para fazer a medicação dele”, diz a profissional.
Muitos pacientes com a Doença de Parkinson apresentam dificuldades para ingestão, por causa do enfraquecimento da musculatura da boca, atingindo cerca de 50% dos pacientes. Em vista da chance de o paciente ter que ingerir vários medicamentos em um único dia, Natalie explica que ele tem a opção unir tudo em uma única fórmula para ingestão.
“Podemos juntar, desde que esses ativos não sejam incompatíveis farmacologicamente, e desde que esses ativos também sejam compatíveis entre si. Então, nós juntamos todas em uma formulação só, diminuindo a quantidade de cápsulas se for o caso, ou a quantidade do sachê, deixando essa fórmula mais agradável para o paciente”, afirmou.
Os medicamentos, conforme explica a farmacêutica, podem ser ingeridos de uma forma que seja mais agradável ao paciente que não consegue engolir ou mastigar, como, por exemplo, diluir um sachê de sabor na água, comer gomas mastigáveis, chocolates ou tomar xaropes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário