sábado, 21 de abril de 2018

Beber álcool todo dia reduz expectativa de vida, aponta estudo britânico

Pesquisa da Universidade de Cambridge aponta que consumir mais de sete latas de cerveja por semana ou cinco taças de vinho pode diminuir até alguns anos de vida.

20 abr 2018 

Beber álcool todos os dias pode ser ruim para a saúde e encurtar a vida, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge divulgada pela revista científica The Lancet.
A pesquisa da Universidade de Cambridge analisou 600 mil pessoas e seus hábitos com álcool
A pesquisa da Universidade de Cambridge analisou 600 mil pessoas e seus hábitos com álcool
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
O estudo, feito com 600 mil pessoas, estimou que os indivíduos que consomem e entre 10 e 15 drinks alcoólicos por semana podem ver ter a vida encurtada em um a dois anos. Quem passa desse ponto e consome mais de 18 drinks por semana pode ter quatro a cinco anos a menos de vida.
No Reino Unido, desde 2016, o sistema de saúde recomenda que as pessoas não bebam mais do que 14 "unidades" por semana - essa quantidade equivale a sete taças de vinho ou sete latas de cerveja.
Os autores do novo estudo dizem que suas descobertas estão de acordo com as novas recomendações britânicas. Eles afirmam que não há grandes riscos de saúde para pessoas que bebem pouco.
No levantamento, foram comparadas a saúde e os hábitos de bebida de pessoas em 19 países. Em seguida, os pesquisadores aplicaram aos dados um modelo de quanto tempo de vida uma pessoa perderia a partir dos 40 anos de idade se continuasse bebendo da mesma forma que antes.
De acordo com eles, pessoas que bebiam o equivalente a 10 drinks por semana encurtaram suas vidas em até seis meses.
A pesquisa também afirma que o excesso de bebida aumenta o risco de doenças cardiovasculares. A cada 12,5 unidades de álcool consumidas acima da recomendação máxima do sistema de saúde (ou seja, 12,5 após as 14 unidades semanais), o risco de ter um acidente vascular cerebral (AVC) aumenta em 14%; de hipertensão, 24%; de ataques cardíacos, 9%, e de aneurisma fatal da aorta, 15%.
Cientistas dizem que beber vinho, mesmo com moderação, não necessariamente é bom para o coração, como estudos mais antigos afirmavam
Cientistas dizem que beber vinho, mesmo com moderação, não necessariamente é bom para o coração, como estudos mais antigos afirmavam
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Controvérsias

Beber álcool foi ligado à redução de doenças cardíacas não fatais em estudos recentes, mas cientistas afirmam que esse benefício é quase anulado por outras doenças associadas ao hábito.
Estudos mais antigos sugerem que beber vinho tinto em quantidades moderadas pode ser bom para o coração, por exemplo, mas alguns cientistas sugerem que esses benefícios também contestam estes resultados.
Outro estudo dinamarquês afirma que beber três ou quatro vezes por semana pode diminuir o risco de diabetes tipo 2.
"Essa nova pesquisa deixa claro que, no geral, não há benefícios para a saúde no consumo de álcool", diz Tim Chico, professor de medicina cardiovascular na Universidade de Sheffield, que não estava envolvida no levantamento divulgado há duas semanas.
"Embora o doenças cardíacas não fatais sejam menos prováveis em pessoas que bebem, esse benefício é prejudicado pelo aumento do risco de outras formas de doenças fatais no coração", explica.
Os limites de consumo de álcool recomendados em Itália, Portugal e Espanha são quase 50% maiores que os do Reino Unido - nos Estados Unidos, esse índice é quase o dobro no caso de homens. O Brasil não tem recomendação oficial sobre os limites do consumo de álcool.
Mas Victoria Taylor, nutricionista da Fundação Britânica do Coração, instituição que financiou parte do estudo, diz que esse tipo de recomendação deve ser encarado como um limite e não como um alvo a se alcançar. "O ideal seria beber bem menos que isso", afirma.
Angela Wood, da Universidade de Cambridge, vai na mesma linha. "A mensagem da pesquisa é a seguinte: se você já bebe álcool, saiba que beber menos pode ajudá-lo a viver mais e diminuir os riscos de desenvolver várias doenças graves".

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