Pesquisa da Universidade de Cambridge aponta que consumir mais de sete latas de cerveja por semana ou cinco taças de vinho pode diminuir até alguns anos de vida.
20 abr 2018
Beber álcool todos os dias pode ser ruim para a saúde e encurtar a
vida, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge divulgada pela
revista científica The Lancet.
O estudo, feito com 600 mil pessoas, estimou que os indivíduos que
consomem e entre 10 e 15 drinks alcoólicos por semana podem ver ter a
vida encurtada em um a dois anos. Quem passa desse ponto e consome mais
de 18 drinks por semana pode ter quatro a cinco anos a menos de vida.
No Reino Unido, desde 2016, o sistema de saúde recomenda que as pessoas
não bebam mais do que 14 "unidades" por semana - essa quantidade
equivale a sete taças de vinho ou sete latas de cerveja.
Os autores do novo estudo dizem que suas descobertas estão de acordo
com as novas recomendações britânicas. Eles afirmam que não há grandes
riscos de saúde para pessoas que bebem pouco.
No levantamento, foram comparadas a saúde e os hábitos de bebida de
pessoas em 19 países. Em seguida, os pesquisadores aplicaram aos dados
um modelo de quanto tempo de vida uma pessoa perderia a partir dos 40
anos de idade se continuasse bebendo da mesma forma que antes.
De acordo com eles, pessoas que bebiam o equivalente a 10 drinks por semana encurtaram suas vidas em até seis meses.
A pesquisa também afirma que o excesso de bebida aumenta o risco de
doenças cardiovasculares. A cada 12,5 unidades de álcool consumidas
acima da recomendação máxima do sistema de saúde (ou seja, 12,5 após as
14 unidades semanais), o risco de ter um acidente vascular cerebral
(AVC) aumenta em 14%; de hipertensão, 24%; de ataques cardíacos, 9%, e
de aneurisma fatal da aorta, 15%.
Controvérsias
Beber álcool foi ligado à redução de doenças cardíacas não fatais em
estudos recentes, mas cientistas afirmam que esse benefício é quase
anulado por outras doenças associadas ao hábito.
Estudos mais antigos sugerem que beber vinho tinto em quantidades
moderadas pode ser bom para o coração, por exemplo, mas alguns
cientistas sugerem que esses benefícios também contestam estes
resultados.
Outro estudo dinamarquês afirma que beber três ou quatro vezes por semana pode diminuir o risco de diabetes tipo 2.
"Essa nova pesquisa deixa claro que, no geral, não há benefícios para a
saúde no consumo de álcool", diz Tim Chico, professor de medicina
cardiovascular na Universidade de Sheffield, que não estava envolvida no
levantamento divulgado há duas semanas.
"Embora o doenças cardíacas não fatais sejam menos prováveis em pessoas
que bebem, esse benefício é prejudicado pelo aumento do risco de outras
formas de doenças fatais no coração", explica.
Os limites de consumo de álcool recomendados em Itália, Portugal e
Espanha são quase 50% maiores que os do Reino Unido - nos Estados
Unidos, esse índice é quase o dobro no caso de homens. O Brasil não tem
recomendação oficial sobre os limites do consumo de álcool.
Mas Victoria Taylor, nutricionista da Fundação Britânica do Coração,
instituição que financiou parte do estudo, diz que esse tipo de
recomendação deve ser encarado como um limite e não como um alvo a se
alcançar. "O ideal seria beber bem menos que isso", afirma.
Angela Wood, da Universidade de Cambridge, vai na mesma linha. "A
mensagem da pesquisa é a seguinte: se você já bebe álcool, saiba que
beber menos pode ajudá-lo a viver mais e diminuir os riscos de
desenvolver várias doenças graves".
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