terça-feira, 24 de abril de 2018

Dicas de bem-estar

Dicas de Bem-Estar
O que mais buscamos na nossa vida, no nosso dia a dia? Ter bem-estar. Sem ele não somos nada. Por outro lado, quando temos saúde, bem-estar e qualidade de vida, tudo fica em equilíbrio e harmonia.
E o que pode nos proporcionar bem estar? Em primeiro lugar, ter saúde plena: a saúde nos dá alegria de viver!
Além disso, o uso de abordagens complementares e integrativas para a saúde e o bem-estar cresceu mundialmente nos últimos anos. Estudos demonstram como movimentos corporais, massagem, meditação e plantas medicinais, entre outras, contribuem para a saúde de maneira integrada e harmoniosa com a abordagem convencional, colaborando também para a melhoria da qualidade de vida.
A ioga, alimentação saudável, massagens terapêuticas, holísticas e tântricas, a meditação, a atividade física, boas leituras, ter contato com a natureza, silêncio, respiração profunda, dar muita risada, bom humor, ter bons pensamentos, enfim, tudo isso faz parte do grande conjunto de ações que protegem o ser humano e fazem enorme diferença para manter coração, corpo, mente e espírito saudáveis. São ferramentas poderosas que previnem doenças ou tornam as pessoas mais fortes para encará-las.
Se você deseja ter um dia mais feliz, com aquela agradável sensação de bem-estar, veja algumas dicas:

Comece Bem o Dia

Dicas de Bem-Estar
  1. Ao acordar, estique lentamente os braços e pernas, depois vire o corpo jogando as pernas para um lado e depois para o outro e finalize sentada de joelhos esticando os braços para cima. Todos esses movimentos duram cerca de 1 minuto. Se tiver mais algum tempo, realize um alongamento completo, ainda deitada, esticando principalmente a coluna, braços e pernas. Lembre-se que o alongamento é essencial para manter a região das costas ereta, pois com o passar dos anos ela tende a encolher. Espreguiçar é um movimento natural que alonga toda a musculatura corporal.
  2. Comece o dia agradecendo. Procure agradecer por todas as coisas boas que acontecem na sua vida, ao invés de reclamar. Aproveite ainda esse momento para pensar nas coisas boas que irá realizar durante o dia, e tenha só pensamentos positivos.
  3. Sempre procure tomar algum líquido, antes da primeira refeição do dia, água ou suco verde. O mais aconselhável é água com limão: esta bebida possui várias funções terapêuticas como as de alcalinizar, cicatrizar e desinfetar tecidos, como também desintoxicar o sangue. O que é importante é tomá-lo fresco e não colocar açúcar. Além de tudo, ele vai hidratar seu organismo, que ficou muito tempo sem a ingestão de líquidos.
  4. Cuidado com o tipo de informação que você já encara pela manhã. Evite notícias ruins ou ver coisas que não te façam bem. Ao invés disso, opte por uma meditação.
Dicas de Bem-Estar

Cuide da Alimentação

As doenças causadas por deficiências nutricionais impedem que milhares de pessoas tenham saúde e bem-estar: uma boa alimentação é essencial para se ter bem estar.
Saúde começa pela boca. Certamente, você já ouviu essa expressão antes, mas o alimentar saudável é muito mais. O mais importante é pensar na alimentação de forma consciente. O que significa não só o que você coloca na boca, mas outras formas de se alimentar, como o ar que respira, as palavras que fala, tudo que escuta e vê, o não saber perdoar o outro e a você mesmo. Temos que entender que nos alimentamos também das nossas emoções. Portanto, se não priorizamos o alimento da mente não iremos integralizar a saúde por completo.
Procure alimentos e produtos frescos. Dê prioridade aos produtos orgânicos e agroecológicos. Se não pode consumi-los todos os dias, priorize aqueles que recebem carga menor de agrotóxicos. Dê preferência a compras em feiras e sacolões; se possível, conheça o produtor.

Movimente-se

Fazer exercícios físicos regularmente colabora para atingir e manter um peso saudável, além de ser um dos segredos da longevidade. Ser fisicamente ativo também pode fazê-lo ter mais energia, melhorar seu humor e reduzir o risco de desenvolver doenças crônicas, além de fortalecer os ossos e regular o sono.
A prática de atividade física acelera o metabolismo e ajuda a gastar energia armazenada. Auxilia também na redução de gordura, preservando a musculatura, aliviando o estresse e fazendo você se sentir melhor.
O ideal é a regularidade nos exercícios sem sobrecarregar o organismo.
Não se esquecer dos alongamentos, que estimulam a circulação sanguínea, aquecem e lubrificam a musculatura e as articulações e oferecem maior disposição.

Outras Dicas:

  • Saber administrar o estresse é algo muito importante para manter o autocontrole. Um grau elevado de estresse — ou a incapacidade de lidar com ele — pode causar acidentes e problemas de saúde. Aprender a estabelecer prioridades e dizer “não” sem sentimentos de culpa pode ajudá-lo a reduzir o estresse em sua vida.
  • Uma noite de sono tranquila é essencial para repor as energias gastas durante o dia. Um sono com qualidade contribui para seu bem estar físico e emocional.
  • Mantenha bons contatos sociais. Quando nos vemos divididos entre as demandas profissionais e da vida familiar, é fácil perder contato com amigos e familiares. Estas relações são essenciais para nosso bem estar. Trabalhe para “estar em contato”.
Dicas de Bem-Estar

Ter Bem-Estar Depende de Você: Concentre-se em tornar as coisas mais simples!

A disciplina é difícil de implantar num primeiro momento, mas conquistada, torna a vida muito mais simples e produtiva. Com disciplina, tempo e dedicação você encontra os recursos e caminhos para fazer tudo o que deseja e aprende a fazê-lo de uma forma que lhe traga muito prazer e alegria.
Simplifique os relacionamentos, espere um pouco menos das pessoas, não estabeleça expectativas muito elevadas. Cada pessoa possui uma forma de ser e um tempo para poder avançar e alcançar novos estágios de relacionamento, compreensão e atitude. Seja gentil com as dificuldades dos outros, encontre justificativas para as dificuldades deles com a mesma disposição e criatividade que encontra para a suas!
Nossas percepções do mundo ao nosso redor são profundamente influenciadas e criadas por nossas percepções do nosso mundo interior. Se quisermos um mundo melhor aqui fora, precisaremos reformar o mundo que trazemos no nosso íntimo. Vale o conselho do Mahatma Ghandi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo!”
Espero que você tenha um dia com muito bem-estar!

Saiba qual é a fase do casamento em que os casais são mais felizes

  Reprodução/Pixabay PublicDomainPictures

Mitos e verdades sobre amamentação



Por Cinthia Calsinski, Enfermeira Obstetra

Mitos e verdades sobre amamentação:

1-Seios grandes muito leite, seios pequenos pouco leite.
Mito.
O tamanho do seio é devido à composição corporal de glândulas, músculos e gordura. Portanto não se pode estimar a produção de leite pelo tamanho do seio.

2- Mamilos planos ou invertidos inviabilizam amamentação.
Mito.
Para ordenhar o leite da mama de sua mãe o bebê deve realizar a famosa “pega correta” em que ele abocanha a maior parte da aréola possível. Desta maneira, mamilos planos ou invertidos podem dificultar um pouco nas primeiras mamadas, mas apenas até o bebê entender como deve ser feito. Mulheres com mamilos planos e invertidos amamentam normalmente.

3- Beber água aumenta o volume de leite produzido.
Mito.
Ingerir uma boa quantidade de líquidos no período de amamentação é muito importante para própria mãe/funcionamento do seu organismo, inclusive para a produção de leite. Mas não significa que quanto mais água a ingerida mais leite irá produzir.

4- Bebê deve ser amamentado a cada 3 horas.
Mito.
O bebê dever ser amamentado em livre demanda. Quando chora e sua mãe identifica o choro como fome (é hora de amamentar). Ninguém gosta de comer com intervalos rígidos, e sabemos que conforme foi à alimentação anterior, a próxima pode ser antecipada ou retardada, e isso acontece também com o bebê. Amamentação não é apenas matar a fome, no verão por exemplo, o bebê pode ir mais vezes ao seio, e por temposextremamente curtos como 3 minutos. Esta é uma maneira de matar a sede.

5- Até a descida do leite se deve alimentar o bebê com leite artificial.
Mito.
Logo após o parto já existe a produção de colostro, que é um tipo de leite com características especiais para os primeiros dias de vida. A descida do leite ocorre geralmente por volta de 72 horas após o parto e o colostro é o suficiente para o bebê neste período.

6-Se o seio não fica cheio e duro, não está produzindo leite suficiente.
Mito.
É comum que nos primeiros dias a produção de leite não esteja ajustada à demanda do bebê, assim muitas mães sentem o seio cheio e duro. Logo a produção se torna equilibrada e o leite é produzido no momento da amamentação, não havendo produção em demasia, o que faz com que o seio esteja mais flácido.

7- Na volta ao trabalho é necessário desmamar o bebê.
Mito.
A mãe que volta ao trabalho antes dos 6 meses, o que infelizmente é maioria, pode ordenhar seu leite e outra pessoa pode oferecê-lo para que se continue em amamentação exclusiva.
A recomendação é amamentar pela manhã, no final da tarde e no meio da noite diretamente ao seio, e no momento que mãe e bebê não estão juntos a administração se faça através do copinho.
*Cinthia Calsinski é enfermeira obstetra há cinco anos, é preparada para analisar criticamente a situação da paciente e investigar problemas que possam prejudicá-la ou a seu filho, sempre buscando soluções através de diversos métodos científicos, é habilitada para conduzir um parto quando acontece de forma natural, analisar a gestante, verificar contrações, dilatações e demais alterações no funcionamento do organismo feminino no momento do parto, e discernir quaisquer alterações patológicas que possam requerer um atendimento médico especializado. Por meio de consultorias domiciliares, Cinthia prepara a mãe para o parto, amamentação, como lidar com um recém-nascido com todos os desafios que ele proporciona, cuidados de higiene, preparo do ninho (ambiente do quarto, disposição de móveis, enxoval, treinamento de babás), curso de primeiros socorros, reciclagem para avós, colocação de brincos em meninas. Tudo na tranquilidade do lar, com hora marcada.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Computação quântica: a física abre espaço para nova era das máquinas

Computadores quânticos já passam por testes nos EUA, apesar de inúmeros desafios técnicos

 Por Bruno Capelas e Cláudia Tozetto - O Estado de S. Paulo
Computador quântico ainda está em testes
Desde 1965, quando o fundador da Intel, Gordon Moore, publicou sua profecia sobre a evolução dos chips, conhecida como Lei de Moore, a indústria dos computadores segue o mesmo ritmo: a cada um ano e meio, o número de transistores dentro de um único chip dobra, aumentando o desempenho das máquinas e reduzindo o consumo de energia. A máxima, porém, está com os dias contados. Os transistores dos chips mais avançados já chegaram ao tamanho de 10 nanômetros e, se diminuírem muito mais que isso, podem parar de funcionar. Isso pode fazer os computadores pararem no tempo pela primeira vez desde que foram criados.
“Há uma preocupação de que a computação como conhecemos entre em colapso”, diz o líder do grupo de Computação Quântica do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e fundador da startup StrangeWorks, o americano William Hurley, o “whurley”, em entrevista ao Estado. “Um dia, a forma como desenvolvemos chips não vai mais funcionar.”
A academia e a indústria não estão esperando essa crise chegar de braços cruzados. Na última década, pesquisadores de todo o mundo e gigantes de tecnologia, como a IBM e o Google, têm investido milhões de dólares na criação dos chamados computadores quânticos. Quando estiverem prontas, essas máquinas serão capazes de fazer, mais rápido e com menor consumo de energia, alguns tipos de cálculo que mesmo supercomputadores de hoje não dão conta.
“A computação clássica é ineficiente para processar cálculo molecular, como analisar o comportamento de uma proteína ou desenvolver uma nova droga”, explica o pesquisador do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) Renato Portugal. Outro exemplo está na meteorologia: hoje, só é possível prever com exatidão o clima para os próximos dois dias. “Depois disso, há muita imprecisão, devido às limitações computacionais”, diz.
Fundamentos. A computação quântica funciona melhor para analisar e simular fenômenos naturais, porque se baseia nos conceitos da Mecânica Quântica – ramo da Física que estuda o comportamento de moléculas, átomos, elétrons e outras partículas subatômicas. Na computação clássica, toda e qualquer informação é armazenada ou processada na forma de bits – que podem ser representados por 0 ou 1. Mas, na quântica, os chamados qubits podem assumir inúmeros estados entre 0 e 1, num fenômeno chamado superposição.
“Nos computadores quânticos, é como se a corrente pudesse passar por um transistor e não passar, ao mesmo tempo”, diz Ivan Santos, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e doutor em Física pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Esse conceito é algo que vai totalmente contra nossa intuição.” Essa característica faz a velocidade de processamento atingir níveis exponenciais – segundo os pesquisadores ouvidos pelo Estado, não é possível comparar, em termos de medição, o desempenho dos computadores clássicos e quânticos, já que têm naturezas diferentes.
Testes. O desenvolvimento dos computadores quânticos se acelerou desde 2016, quando a IBM anunciou uma máquina com processador de 5 qubits e passou a permitir que pesquisadores de todo o mundo a testem por meio de seu site. Em novembro do ano passado, a companhia liberou o acesso a uma segunda máquina, com processador de 20 qubits – já há um terceiro computador, de 50 bits, em testes internos.
“Mais de 3 milhões de experimentos já foram feitos e 75 artigos científicos publicados desde 2016”, diz o diretor do laboratório de pesquisas da IBM Brasil, Ulisses Mello. “As universidades estão usando nossos computadores quânticos por meio da nuvem e agora passamos a permitir o uso também por startups.”
O Google, que começou fazendo experimentos com máquinas de terceiros, anunciou em março deste ano a criação de um processador de 72 qubits. Como o computador ainda não está disponível para testes, o anúncio é visto com ceticismo pela comunidade acadêmica. “Uma coisa é falar e outra é entregar”, afirma Portugal. Procurado pelo Estado, o Google não concedeu entrevista sobre o projeto.
Mesmo as máquinas que já estão operando têm uma série de limitações. Por ora, elas só permitem o processamento de simulações e algoritmos simples e que sejam rápidos de processar, já que é difícil manter o computador quântico estável. “Esses computadores têm de ficar num ambiente onde não haja nenhuma interferência, nenhuma troca de energia”, explica Portugal.
Além disso, para o sistema funcionar, a temperatura tem de ser mantida muito baixa: -272,99ºC (ou 0,01 miliKelvin), temperatura mais baixa que no espaço. “Somente nessa temperatura é que as propriedades quânticas dos materiais se manifestam.”
Por isso, os computadores quânticos, por enquanto, ficam apenas em laboratórios especializados e não há plano de criar uma versão de mesa ou portátil, como um notebook ou smartphone. O plano das companhias que investem na tecnologia é comercializar a capacidade das máquinas como serviço, como é comum atualmente em serviços de computação em nuvem.
A resolução dos desafios técnicos depende, em grande parte, da própria existência da computação quântica. É por meio dela que pesquisadores vão entender melhor como se manifestam os fenômenos quânticos e, em última medida, como controlá-los. “Eles vão propiciar o estudo de novos materiais, que um dia podem permitir a criação de máquinas que façam na temperatura ambiente o que hoje só é feito em baixíssimas temperaturas”, diz Santos.
Procuram-se desenvolvedores. Não são só desafios técnicos que a computação quântica precisa superar para se tornar realidade. Há quem tema um ‘apagão’ de desenvolvedores, quando ela chegar à fase comercial.
É para resolver isso que o empreendedor americano William Hurley, o “whurley”, fundou, em março, a startup StrangeWorks. A empresa, que tem sete funcionários, se dedica a criar ferramentas para facilitar a criação de programas para os desenvolvedores acostumados a programar para computadores clássicos.
“Quero que milhões de pessoas possam ‘brincar’ com essas máquinas”, diz whurley.

Aviões elétricos podem ser realidade em 20 anos

Os carros elétricos vão conquistando a Europa. Quanto aos aviões, a tecnologia está bem avançada, assegura especialista em entrevista à DW. Primeiro voo elétrico poderá decolar em duas décadas – se a indústria quiser.
Avião modelo da Easyjet com propulsão elétrica Empresa aérea Easyjet experimenta com a propulsão elétrica em colaboração com a americana Wright Electric
Entre as diversas pesquisas em andamento no sentido de incrementar a mobilidade, mas contribuindo o mínimo possível para a mudança climática, o desenvolvimento de aviões movidos a eletricidade merece destaque especial.
Josef Kallo trabalha no Instituto de Termodinâmica da Engenharia, no Centro Aeroespacial Alemão (DLR) em Stuttgart. Desde 2006 ele encabeça o Departamento Sistemas Eletroquímicos, Células de Combustível e Sistemas de Baterias.
Ele explica que, à medida que os obstáculos tecnológicos vão sendo sucessivamente superados, e com os primeiros protótipos já em construção, adotar ou não essa forma de transporte é, cada vez mais, uma questão de investimentos.
Pouco poluentes, e com autonomia para viagens de até 2 mil quilômetros, os aviões elétricos poderiam ser uma alternativa perfeita para deslocamentos entre grandes centros urbanos ou em locais onde o transporte de passageiros é incipiente.
Empresas aeronáuticas também já começam a se interessar pela tecnologia e, segundo Kallo, a cooperação entre ciência e indústria é bem-vinda.
DW: Professor Kallo, o senhor está pesquisando sobre aeronaves propelidas por baterias em vez de querosene no Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Quando será possível viajar em aviões elétricos?
Josef Kallo pesquisa no Instituto de Termodinâmica da Engenharia do Centro Aeorespacial Alemão (DLR) Josef Kallo pesquisa no Instituto de Termodinâmica da Engenharia do Centro Aeorespacial Alemão (DLR)
Josef Kallo: Eu diria que dentro de uns 20 anos. O voo elétrico faz mais sentido nas viagens regionais, ou seja, para distâncias de 250 a 2 mil quilômetros, uma vez que os aviões movidos a eletricidade têm apenas 60% da autonomia dos abastecidos com querosene.
Já estamos construindo protótipos, mas vou continuar desenvolvendo e certificando modelos pelos próximos 10 a 15 anos. O voo elétrico é definitivamente possível do ponto de vista tecnológico. Se vai ser mesmo implementado, entretanto, é uma questão de investimento.
Como funcionaria o transporte local com aviões elétricos na prática?
Criaríamos pequenos terminais para "ônibus aéreos" com dez a 12 lugares, talvez até 40 lugares. Como essas aeronaves são muito silenciosas e só precisam de uma pista relativamente curta para decolar e aterrissar, esses terminais poderiam ser construídos perto de cidades. Os passageiros reservariam a viagem num aplicativo e decidiriam se preferem tomar o trem ou o ônibus aéreo, ou uma combinação de ambos.
Na Alemanha, os aviões elétricos conectariam áreas rurais onde o transporte público ainda não está bem desenvolvido. No estado de Baden-Württemberg, por exemplo, são necessárias três horas de trem para se ir de Aalen a Freiburg. De avião elétrico, seriam menos de 45 minutos.
Os aviões elétricos seriam antes uma adição ou um substituto para o transporte público local?
As aeronaves movidas a eletricidade poderiam ser empregadas em áreas que não estão bem conectadas, sem que se tenha de investir em trilhos ferroviários ou autoestradas. Essa concepção poderia ser útil para países como a China ou a Índia, onde ficaria relativamente fácil conectar grandes áreas entre si.
Também veremos o crescimento de megacidades onde o transporte de solo, como ônibus e trens, talvez não possa operar com a flexibilidade necessária. Aí os aviões elétricos conectariam gente e lugares sem afetar o meio ambiente urbano.
Capaz de decolar verticalmente, Lilium Jet Flying exige pouca infraestrutura em terra Capaz de decolar verticalmente, Lilium Jet Flying exige pouca infraestrutura em terra
Por falar de meio ambiente: quão ecológicos são os aviões elétricos? Hoje em dia o CO2 é responsável por menos da metade de todas as emissões relacionadas ao tráfego aéreo: rastros de inversão, óxido de nitrogênio e micropartículas são fatores significativos de aquecimento global.
Ao todo, as aeronaves com propulsão elétrica vão ser 10% mais eficientes do que as convencionais. A fonte de energia – uma bateria com células de combustível ou um gerador de turbina movido a gás – pode ser separada do motor elétrico, possibilitando um design mais flexível. Por conseguinte, todo o sistema é mais eficiente: precisa de menos energia para voar e causará menos emissões.
Além disso, as células de combustível não emitem nenhum CO2, benzeno, partículas, óxido de nitrogênio, e assim por diante. No total, seriam ambientalmente menos agressivas. Ainda não podemos dizer nada sobre os rastros de inversão, pois temos que realizar mais experimentos.
No entanto os aviões elétricos só serão menos nocivos para o clima se propelidos com energias renováveis. Vamos ser capazes de gerar suficiente energia solar ou eólica para movimentá-los?
Na Alemanha, o mercado determina que não se produza mais energia do que o efetivamente necessário. Portanto precisaríamos criar capacidades para projetos de tráfego elétrico. Tecnicamente seria possível. Já vemos que, em algumas regiões da Itália, da Espanha e do sudoeste dos Estados Unidos, é gerada tanta energia solar e eólica que ela pode suprir o voo elétrico, na forma de eletrólise de hidrogênio [produção de hidrogênio para células de combustível].
Companhias como a Boeing e a Airbus também estão experimentando com aeronaves movidas a eletricidade. Ocorre um intercâmbio entre a comunidade científica e a indústria?
É ótimo os fabricantes aeronáuticos estarem indo nessa direção. Se fizermos os nossos deveres de casa, nos próximos dois a três anos talvez possamos colaborar, talvez desenvolver um protótipo juntos.

A canoa solar na Amazônia que ajuda comunidades a navegar sem gasolina pela selva

Projeto inédito, barco liga cerca de mil pessoas que moram em nove assentamentos ao longo de rios no Equador.

23 abr 2018 
Sob a pálida luz de uma lâmpada que pendura do teto de um abrigo de madeira, um círculo de homens bebe litros e litros de uma infusão de folhas preparada na noite anterior pelas mulheres da casa.
São quatro da manhã e ainda falta um par de horas para que amanheça em Kapawi, uma pequena comunidade indígena achuar em um canto remoto da Amazônia equatoriana.
Os homens bebem e bebem até que o corpo lhes diz que basta.
E, um a um, desaparecem na escuridão desta noite sem lua para esvaziar o conteúdo de seus estômagos com ruidosos vômitos.
Hilario Saant foi um dos quatro tripulantes que trouxeram a canoa do porto de Iquitos, no Peru, até o território achuar. Foi uma viagem por 1.800 km do rio que demorou 25 dias
Hilario Saant foi um dos quatro tripulantes que trouxeram a canoa do porto de Iquitos, no Peru, até o território achuar. Foi uma viagem por 1.800 km do rio que demorou 25 dias
Foto: BBCBrasil.com
Na volta, mais acordados e energizados pela limpeza, começam a relatar e interpretar os sonhos da véspera.
O mundo onírico tem um papel central na vida dos achuar: não só guia suas ações do dia, mas também seus planos a longo prazo, o futuro da comunidade.
E foi justamente em uma dessas cerimônias, um ritual ancestral conhecido como "guayusada", que os anciãos compartilharam, há mais de meio século, um sonho que acabou sendo premonitório: pelas águas marrons do rio, viram descer "um barco de fogo".
Mito ou história genuína, o certo é que essa visão se transformou recentemente em uma realidade para um grupo de comunidades achuar.
Desde abril de 2017, uma canoa alimentada por energia solar percorre 67 km pelos rios Capahuari e Pastaza e liga cerca de mil pessoas divididas em nove assentamentos isolados que vivem em suas margens.
Para os mais pequenos, viajar na canoa é um acontecimento especial
Para os mais pequenos, viajar na canoa é um acontecimento especial
Foto: BBCBrasil.com
"Meus pais, meus avós sonharam com isso. O sonho é uma mensagem. Os achuar conhecem pelos sonhos. O sonho não é mentira, é a verdade", diz Hilario Saant, um ancião de Kapawi.
A canoa se chama Tapiatpia em homenagem a um lendário peixe-elétrico da área, e é o primeiro sistema fluvial comunitário solar da Amazônia.
Esse modelo de transporte sustentável que percorre o território por suas rotas ancestrais, os rios, não só materializa um antigo sonho: também responde ao desejo profundo dessa cultura de viver em harmonia com o meio ambiente.
O projeto ainda está em sua etapa inicial. Mas se for bem-sucedido, tem o potencial de ser implementado em outros rios da bacia amazônica, um ecossistema ameaçado pelo desmatamento e pela exploração petroleira e de cujo futuro o clima do planeta depende.

Tecnologia de ponta, desenho ancestral

"A canoa solar é uma solução ideal para esse lugar porque aqui não há rede de rios navegáveis, interconectados e há uma grande necessidade de transporte alternativo", explica à BBC Mundo Oliver Utne, o americano que deu vida ao projeto Kara Solar (Kara significa "sonho" em achuar), depois de conviver com a comunidade durante anos.
"Como a gasolina só pode chegar aqui por avião, custa cinco vezes mais que no resto do país", explica. É um luxo que não se podem dar.
"Por outro lado, a ameaça de chegada de estradas a esse território, um dos lugares com maior biodiversidade do mundo, está muito presente."
"Trazê-las até aqui significaria a destruição dessa biodiversidade e produziria um impacto muito forte nessas culturas", argumenta o jovem de pouco mais de 30 anos, cabelos loiros e olhos azuis que os achuar tratam como mais um da família.
Por causa da canoa, as crianças podem ir ao centro de saúde quando estão doentes
Por causa da canoa, as crianças podem ir ao centro de saúde quando estão doentes
Foto: BBCBrasil.com
Com um teto de 32 painéis solares sobre uma canoa tradicional de 16 metros de comprimento e dois de largura, Tapiatpia encarna a fusão da tecnologia moderna com o conhecimento ancestral.
Feita com fibra de vidro em vez de madeira para estender sua vida útil, a canoa tomou emprestado o desenho de embarcação típica dos indígenas cofanes do norte do Equador.
Depois de vários estudos de navegabilidade, foi o modelo que melhor se adaptou às condições amazônicas.
Desde que a viagem ficou mais barata (a viagem custa US$1, mas os estudantes pagam um preço mais barato), há mais alunos inscritos na escola
Desde que a viagem ficou mais barata (a viagem custa US$1, mas os estudantes pagam um preço mais barato), há mais alunos inscritos na escola
Foto: BBCBrasil.com
As rotas, os horários, o porto central e outros assuntos relativos a seu funcionamento foram decididos pelas próprias comunidades com ajuda da "Plan Junto", uma organização que se encarrega do aspecto comunitário do empreendimento.
"De nada serve o barco se não houver um grupo de gente pensando em como usá-lo e como aproveitá-lo", explica Celia Salazar, gerente de operações de campo de Plan Junto.

Mais alunos nas classes

De pé na popa do Tapiaptia, com os olhos direcionados à rota, Saant me conta orgulhoso como pouco a pouco a canoa está mudando a vida da comunidade.
Os jovens Achuar querem aproveitar novas tecnologias, mas sem destruir seu território
Os jovens Achuar querem aproveitar novas tecnologias, mas sem destruir seu território
Foto: BBCBrasil.com
"Estamos ajudando a comunidade quando há crianças doentes. Me chamam por rádio e levamos as crianças ao centro de saúde. Tapiaptia ajuda a salvar vidas", me diz, emocionado.
É que sua relação com o barco se remonta aos dias em que era só uma ideia.
Além disso, ele foi um dos quatro tripulantes que fizeram a viagem épica de 1,8 km durante 25 dias para trazer a canoa do longínquo porto de Iquitos, no Peru, até o território achuar.
Sem deixar de olhar para frente, indica com sinais a rota ao capitão sentado na parte traseira da embarcação.
As pistas de aterrisagem são as únicas lisas da selva
As pistas de aterrisagem são as únicas lisas da selva
Foto: BBCBrasil.com
"Agora as crianças podem fazer passeios escolares", continua. "E, se moram longe, podem ir à escola e voltar no fim de semana e ajudar seus pais."
Mateo Tseremp é testemunha disso. Professor da única escola secundária para 15 comunidades da área, viu um incremento no número de alunos.
"Nos ajuda a trazer mais estudantes à unidade educativa Tuna. É muito mais econômico", me diz durante uma pausa depois da aula.
A canoa também ajuda os jovens a praticar esporte. Além disso, diz Sant, "na canoa podemos conversar". O ruído de um motor elétrico é quase um sussurro comparado com o ensurdecedor ruído do barco típico da Amazônia que funciona a gasolina. Outro ponto a favor: como o barco é silencioso, não espanta os animais - em um das viagens, a reportagem viu um boto-cor-de-rosa a poucos metros do barco.

Contra as estradas

Mais além das vantagens econômicas de um transporte de custo baixo para essas comunidades que vivem principalmente da caça, a agricultura de subsistência e a pesca, um benefício que eles consideram crucial é que não destrói nem polui o meio ambiente.
"Queremos que as crianças conheçam a mesma selva que eu conheço", diz Saant com firmeza.
A ameaça dos caminhos que vêm da indústria petroleira e madeireira, contudo, está cada vez mais próxima.
Canelos quer desenvolvimento, mas sem estradas em seu território
Canelos quer desenvolvimento, mas sem estradas em seu território
Foto: BBCBrasil.com
Em janeiro desse ano, por exemplo, o governo começou a perfurar a primeira de uma centena de poços petroleiros dentro do Parque Nacional Yasuní, no nordeste do país, em plena Amazônia equatoriana.
Essa área abriga nacionalidades indígenas que vivem em isolamento voluntário.
Cada comunidade tem uma pista de terra para permitir a chegada de aviões -é a única via de acesso
Cada comunidade tem uma pista de terra para permitir a chegada de aviões -é a única via de acesso
Foto: BBCBrasil.com

Impacto

Mas que impacto pode ter um projeto tão pequeno como esse na luta global contra a mudança climática?
Na Amazônia, uma região que perdeu cerca de 17% de seus bosques nos últimos 50 anos, segundo o Fundo Mundial para a Natureza, e em que o desmatamento continua crescendo a um ritmo alarmente, o que pode fazer uma pequena canoa?
E mesmo se se multiplicarem, que impacto real podem ter duas, três, dez canoas solares diante do avanço incessante da mineração e da indústria madeireira e petroleira?
A canoa foi batizada de Tapiatpia, em homenagem a um peixe-elétrico lendário da região
A canoa foi batizada de Tapiatpia, em homenagem a um peixe-elétrico lendário da região
Foto: BBCBrasil.com
Para Utne, "a ideia fundamental é que se possa servir como exemplo de um projeto que funciona para uma economia amazônica".
"E, se não, ao menos pode ter impacto na vida das pessoas daqui", diz, com humildade.
*Kara Solar é um projeto conjunto dos achuar, a Fundação ALDEA (sigla em espanhol para Associação Latino-americana para o Desenvolvimento Alternativo) e Plan Junto.

sábado, 21 de abril de 2018

A poderosa e invisível razão pela qual pessoas com pouco talento se tornam bem-sucedidas

Pesquisa italiana tenta entender como pessoas ascendem profissionalmente não por mérito próprio, mas por acaso e sorte.

21 abr 2018 09h27

Às vezes relutamos em creditar nosso êxito na vida à sorte. Preferimos atribuir um ganho material ou um resultado positivo à nossa inteligência, nossas habilidades ou ao trabalho árduo.
Mas se nosso sucesso está diretamente relacionado à nossa capacidade, por que parece haver tantas pessoas bem-sucedidas com talento medíocre? E por que será que as pessoas mais inteligentes do mundo não são também as mais ricas?
Um novo estudo, escrito por uma equipe de pesquisadores italianos, os físicos Alessandro Pluchino e Andrea Rapisarda, e o economista Alessio Biondo, usou um programa de computador que simula o sucesso definido pela riqueza financeira para mostrar que as pessoas mais bem-sucedidas do mundo não são necessariamente as mais talentosas. Elas são, segundo eles, as mais sortudas.

Coisas boas acontecem com pessoas medíocres

Para conduzir a pesquisa, os pesquisadores criaram um mundo imaginário, com 1.000 pessoas de diferentes graus de talento em posições aleatórias que foram expostas a acontecimentos de sorte e azar.
Cada pessoa começou com a mesma quantidade (10 unidades) de capital. Seu nível de talento (características como inteligência, habilidade ou esforço) influenciava a probabilidade de que seriam capazes de transformar uma oportunidade de sorte em mais capital.
Depois de uma simulação de 40 anos, cujo objetivo era representar a carreira de uma pessoa, a distribuição da riqueza parecia péssima, como acontece no mundo real, com uma pequena porcentagem de pessoas obtendo o maior capital.
"As pessoas mais bem-sucedidas também eram as mais talentosas? Era de se esperar... Se presumirmos que recompensamos as pessoas mais bem-sucedidas porque são mais talentosas ou inteligentes do que os demais", diz Pluchino.
"Mas descobrimos que não é o que acontece. Em vez disso, muitas vezes, as pessoas mais bem-sucedidas têm um talento moderado, mas muita sorte. Descobrimos que há uma correlação entre sorte e sucesso. Deparar-se com uma série de eventos de sorte foi causa de sucesso, mesmo que o talento individual da pessoa fosse inferior. Isso é o que geralmente vemos ao nosso redor no mundo real. Há muitos exemplos de pessoas que não consideramos particularmente inteligentes, mas que de certa forma alcançam um bom nível de riqueza e sucesso", explica o pesquisador.
É preciso um certo nível de talento para explorar essas oportunidades de sorte, dizem os especialistas, e esse "talento" pode ser qualquer coisa, desde inteligência até trabalho duro.
Mas só talento não é suficiente. Na simulação, as pessoas que tinham o maior nível de talento representavam apenas uma pequena parcela de pessoas bem-sucedidas.

Mudanças nos bônus

Os resultados desse estudo podem ter implicações na maneira como os formuladores de políticas e as agências de financiamento distribuem oportunidades. Um exemplo é a distribuição de subsídios financeiros para pesquisa acadêmica. E isso pode significar que as pessoas mais talentosas - quem têm maior probabilidade de levar inovação adiante - terão uma chance melhor de brilhar.
A equipe encontrou várias alternativas que podem mudar a forma como atualmente recompensamos pessoas que já são bem-sucedidas.
Em vez de distribuir bônus para executivos de alto desempenho, por exemplo, uma estratégia seria dar uma pequena quantia de dinheiro para todos - algo mais eficaz do que o sistema meritocrático na simulação por computador.
Mesmo distribuir dinheiro a 25% dos funcionários aleatoriamente (independentemente do seu desempenho prévio) beneficiou uma percentagem mais elevada de gente talentosa, em relação a casos em que a recompensa é dada apenas às pessoas mais bem-sucedidas.
Mas o desempenho no passado não é garantia de um desempenho no futuro, adverte Biondo.
"Se você valorizar o mérito exclusivamente pelos resultados passados, ao perceber que seus resultados passados são fruto não apenas do talento, mas também de eventos aleatórios de sorte, você verá que está recompensando a sorte, não o mérito", diz.
Essa conclusão tem implicações interessantes para a sociedade como um todo e poderia criar mais oportunidades para pessoas em todos os setores.
"Melhorar a educação, saúde, tudo isso faz parte do projeto", diz Rapisarda.
"Ao expor as pessoas, especialmente na juventude, a acontecimentos com mais fortúnios, você oferece mais oportunidades para que talentos ocultos surjam na sociedade", acrescenta.
Um novo estudo, escrito por uma equipe de pesquisadores italianos, os físicos Alessandro Pluchino e Andrea Rapisarda, e o economista Alessio Biondo, usou um programa de computador que simula o sucesso definido pela riqueza financeira para mostrar que as pessoas mais bem-sucedidas do mundo não são necessariamente as mais talentosas. Elas são, segundo eles, as mais sortudas.
Um novo estudo, escrito por uma equipe de pesquisadores italianos, os físicos Alessandro Pluchino e Andrea Rapisarda, e o economista Alessio Biondo, usou um programa de computador que simula o sucesso definido pela riqueza financeira para mostrar que as pessoas mais bem-sucedidas do mundo não são necessariamente as mais talentosas. Elas são, segundo eles, as mais sortudas.
Foto: BBCBrasil.com

Os ricos ficam mais ricos

Além de fornecer dados para a elaboração de políticas em um nível macroeconômico, entender o papel da sorte - por exemplo, nascer em um país desenvolvido, ou de pais ricos - é benéfico em nível individual.
Na vida, costumamos dar mais atenção aos fatores que parecem nos impedir de ter sucesso, esquecendo todos os outros que nos ajudam.
Um estudo de 2016 rotulou nossa tendência de ignorar a sorte como uma espécie de assimetria de "ventos desfavoráveis": nos lembramos de quando superamos barreiras (trabalhando contra um vento contrário), mas muitas vezes negligenciamos as vantagens que recebemos na busca por nossas metas (como um vento favorável).
A sorte também pode nos tornar mais generosos. Outro estudo, do autor do livro Sucesso e Sorte: Fortúnios e o Mito da Meritocracia Robert Frank, demonstrou que quando as pessoas se davam conta de como eram afortunadas, ficavam mais propensas a dar dinheiro para caridade.
No estudo, três grupos foram convidados a contar um acontecimento positivo. Um grupo foi solicitado a listar as características pessoais que possibilitaram o acontecimento, outro foi solicitado a listar as causas externas que provocaram o evento e um grupo de controle apenas relatou a experiência positiva. Eles receberam um bônus monetário e a oportunidade de doá-lo. Os participantes que listaram causas externas doaram 25% a mais para caridade.
"É difícil levar as pessoas a pensar em forças e eventos externos", diz Frank.
"Mas achamos que, se você pedir que reflitam sobre isso - perguntando sobre uma ocasião em que tiveram sorte, em vez de dizer que tiveram sorte -, as pessoas se tornam mais generosas e dispostas a contribuir para o bem comum", completa.
Por definição, acontecimentos ou experiências de sorte - onde você nasceu, em que família você nasceu, quem você conhece - estão em grande parte fora do seu controle. Dependem do acaso. Mas até mesmo os pesquisadores italianos acreditam que há coisas que podemos fazer para tentar aumentar nossa sorte.
"Exponha-se a tantas interações casuais e oportunidades quanto possível", diz Pluchino. "Você ainda precisará de sorte, no entanto. Mas provavelmente você não encontrará oportunidades de sorte se ficar trancado em seu quarto."

Beber álcool todo dia reduz expectativa de vida, aponta estudo britânico

Pesquisa da Universidade de Cambridge aponta que consumir mais de sete latas de cerveja por semana ou cinco taças de vinho pode diminuir até alguns anos de vida.

20 abr 2018 

Beber álcool todos os dias pode ser ruim para a saúde e encurtar a vida, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge divulgada pela revista científica The Lancet.
A pesquisa da Universidade de Cambridge analisou 600 mil pessoas e seus hábitos com álcool
A pesquisa da Universidade de Cambridge analisou 600 mil pessoas e seus hábitos com álcool
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
O estudo, feito com 600 mil pessoas, estimou que os indivíduos que consomem e entre 10 e 15 drinks alcoólicos por semana podem ver ter a vida encurtada em um a dois anos. Quem passa desse ponto e consome mais de 18 drinks por semana pode ter quatro a cinco anos a menos de vida.
No Reino Unido, desde 2016, o sistema de saúde recomenda que as pessoas não bebam mais do que 14 "unidades" por semana - essa quantidade equivale a sete taças de vinho ou sete latas de cerveja.
Os autores do novo estudo dizem que suas descobertas estão de acordo com as novas recomendações britânicas. Eles afirmam que não há grandes riscos de saúde para pessoas que bebem pouco.
No levantamento, foram comparadas a saúde e os hábitos de bebida de pessoas em 19 países. Em seguida, os pesquisadores aplicaram aos dados um modelo de quanto tempo de vida uma pessoa perderia a partir dos 40 anos de idade se continuasse bebendo da mesma forma que antes.
De acordo com eles, pessoas que bebiam o equivalente a 10 drinks por semana encurtaram suas vidas em até seis meses.
A pesquisa também afirma que o excesso de bebida aumenta o risco de doenças cardiovasculares. A cada 12,5 unidades de álcool consumidas acima da recomendação máxima do sistema de saúde (ou seja, 12,5 após as 14 unidades semanais), o risco de ter um acidente vascular cerebral (AVC) aumenta em 14%; de hipertensão, 24%; de ataques cardíacos, 9%, e de aneurisma fatal da aorta, 15%.
Cientistas dizem que beber vinho, mesmo com moderação, não necessariamente é bom para o coração, como estudos mais antigos afirmavam
Cientistas dizem que beber vinho, mesmo com moderação, não necessariamente é bom para o coração, como estudos mais antigos afirmavam
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Controvérsias

Beber álcool foi ligado à redução de doenças cardíacas não fatais em estudos recentes, mas cientistas afirmam que esse benefício é quase anulado por outras doenças associadas ao hábito.
Estudos mais antigos sugerem que beber vinho tinto em quantidades moderadas pode ser bom para o coração, por exemplo, mas alguns cientistas sugerem que esses benefícios também contestam estes resultados.
Outro estudo dinamarquês afirma que beber três ou quatro vezes por semana pode diminuir o risco de diabetes tipo 2.
"Essa nova pesquisa deixa claro que, no geral, não há benefícios para a saúde no consumo de álcool", diz Tim Chico, professor de medicina cardiovascular na Universidade de Sheffield, que não estava envolvida no levantamento divulgado há duas semanas.
"Embora o doenças cardíacas não fatais sejam menos prováveis em pessoas que bebem, esse benefício é prejudicado pelo aumento do risco de outras formas de doenças fatais no coração", explica.
Os limites de consumo de álcool recomendados em Itália, Portugal e Espanha são quase 50% maiores que os do Reino Unido - nos Estados Unidos, esse índice é quase o dobro no caso de homens. O Brasil não tem recomendação oficial sobre os limites do consumo de álcool.
Mas Victoria Taylor, nutricionista da Fundação Britânica do Coração, instituição que financiou parte do estudo, diz que esse tipo de recomendação deve ser encarado como um limite e não como um alvo a se alcançar. "O ideal seria beber bem menos que isso", afirma.
Angela Wood, da Universidade de Cambridge, vai na mesma linha. "A mensagem da pesquisa é a seguinte: se você já bebe álcool, saiba que beber menos pode ajudá-lo a viver mais e diminuir os riscos de desenvolver várias doenças graves".

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Não é só gordura: proteínas da carne aumentam risco cardiovascular

Não é só gordura: Proteínas da carne aumentam risco cardiovascular
Proteínas das nozes, castanhas e sementes diminuem risco de doenças cardiovasculares.
[Imagem: Loma Linda University Health]
Gorduras, proteínas e coração
Pesquisadores norte-americanos e franceses confirmaram que a proteína da carne - e não apenas a gordura - está associada a um aumento acentuado no risco de doenças cardíacas, enquanto a proteína das nozes, castanhas e sementes é benéfica para o coração humano.
Pessoas que consumiram grandes quantidades de proteína da carne apresentaram um aumento de 60% nas doenças cardiovasculares, enquanto as pessoas que consumiram grandes quantidades de proteína de nozes, castanhas e sementes tiveram uma redução de 40% nas mesmas doenças cardiovasculares.
Incluindo dados de mais de 81 mil participantes, este foi um dos maiores trabalhos a examinar em detalhes não apenas as fontes de gordura, mas também as proteínas animais e vegetais em relação às doenças cardíacas e coronarianas.
"Embora as gorduras alimentares sejam parte do risco das doenças cardiovasculares, as proteínas também podem ter efeitos independentes importantes e largamente negligenciados sobre esse risco," disse o Dr. Gary Fraser, da Universidade Loma Linda (EUA), que trabalhou com a equipe do Dr. François Mariotti, do Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas (França).
Proteínas animais e vegetais
Segundo o Dr. Fraser, os nutricionistas tradicionalmente olham para o que ele chamou de "gorduras ruins" nas carnes e "gorduras úteis" nas nozes, castanhas e sementes como agentes causais de diversas condições de saúde.
No entanto, os novos resultados sugerem mais. "Esta nova evidência sugere que o quadro completo provavelmente envolve também os efeitos biológicos das proteínas nesses alimentos," disse ele.
O pesquisador afirma que o trabalho diferiu de maneira significativa das pesquisas anteriores. Embora estudos anteriores tenham examinado as diferenças entre as proteínas animais e vegetais, este estudo não parou em apenas duas categorias, mas optou por especificar as proteínas da carne e as proteínas das nozes, castanhas e sementes juntamente com outras fontes alimentares importantes - as gorduras.
"Esta pesquisa está sugerindo que há mais heterogeneidade do que apenas a categorização binária de proteína vegetal ou proteína animal," afirmou.
O estudo deixa outras questões em aberto para uma investigação mais aprofundada, como quais aminoácidos específicos das proteínas da carne contribuem para as doenças cardiovasculares e se as proteínas de fontes específicas afetam fatores de risco cardíaco conhecidos, como os lipídios sanguíneos, a pressão arterial e o excesso de peso, que estão associados às doenças cardiovasculares.
O estudo foi publicado no International Journal of Epidemiology.

Dívida explosiva

O Estado de S.Paulo
20 Abril 2018 | 03h00
Dez anos depois do início da última crise global, o mundo está pendurado em dívidas e vulnerável a novos abalos. Há dois anos a soma dos débitos privado e público chegou a US$ 164 trilhões, um recorde equivalente a 225% do produto mundial. A última grande crise começou com o estouro de uma bolha financeira. Riscos de novas turbulências têm sido apontados por economistas e dirigentes de instituições multilaterais. Nenhum governo deveria ignorá-los, e isso vale especialmente para o caso do Brasil, um campeão do endividamento público entre os grandes países emergentes.
As advertências podem parecer estranhas, quando a atividade se intensifica na maior parte do mundo e as previsões de crescimento para este e para o próximo ano são revistas para cima. Mas os fatos parecem claros. Fatores favoráveis à prosperidade, como juros baixos, crédito fácil e vigor crescente nos mercados de ações e de commodities, criam ambiente para a imprudência e para o surgimento de novas vulnerabilidades.
Não é hora para complacência, insiste o diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Vitor Gaspar. A dívida pública tem crescido em todo o mundo e atingiu no ano passado o equivalente a 82,4% do produto global. Entre os países desenvolvidos, a proporção chegou a 105,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 e deve recuar ligeiramente, para 103,9%, neste ano. O endividamento médio dos países emergentes e de renda média é muito menor: 49% do PIB no ano passado e provavelmente 51,2% neste ano. A situação brasileira é bem mais preocupante.
Pelo critério do FMI, o endividamento do governo geral – federal, de Estados e municípios – chegou a 84% do PIB no ano passado, deve bater em 87,3% neste ano e alcançar 96,3% em 2023. Pelo critério oficial brasileiro, a dívida continua pouco abaixo de 80%. Nos cálculos de Brasília, papéis do Tesouro mantidos na carteira do Banco Central (BC) são desconsiderados. Isso explica a diferença. Em qualquer caso, a situação do governo geral, no Brasil, é muito mais precária que a da maior parte das economias emergentes e de renda média.
Com os juros básicos em queda, o endividamento do Tesouro Nacional, de longe o mais importante do conjunto, tem crescido pouco mais lentamente. Mas continuará a crescer enquanto o governo for incapaz de pagar pelo menos os juros vencidos em cada período. Só se pode cobrir essa despesa quando há superávit primário, isto é, quando sobra algum dinheiro depois de pagas as despesas de operação do governo, tanto de custeio quanto de investimento. Mas o saldo primário tem sido negativo desde os tempos de gastança irresponsável da presidente Dilma Rousseff. Tem sido preciso rolar o principal e os juros e, além disso, tomar mais algum dinheiro no mercado para manter as luzes acesas nos escritórios federais.
Até agora o Tesouro tem tido acesso aos mercados, e em condições até razoáveis, embora o crédito soberano continue classificado em grau especulativo pelas principais agências de avaliação de risco. Mas o endividamento crescente, consequência do desajuste fiscal prolongado, pode afetar o humor dos financiadores. Endividamento em alta combinado com financiamento em baixa significa risco de insolvência. Esse risco parece por enquanto remoto, mas pode tornar-se bem mais sensível se o quadro político evoluir de maneira preocupante.
Além disso, mesmo uma administração severa e respeitável das contas públicas será insuficiente para anular novos perigos, se as condições do mercado financeiro forem afetadas por algum novo choque. A possibilidade de um choque desse tipo tem crescido, nos últimos tempos, com a expansão do endividamento e das operações de risco nos mercados de ações e de outros ativos. O FMI e outras instituições têm alertado para esse perigo.
O cenário agora se complica, segundo o FMI, com a política fiscal expansionista do presidente Donald Trump. Essa política pode impulsionar, a curto prazo, uma economia já em expansão desde o governo anterior, mas tende a acentuar, a médio prazo, os desequilíbrios internos dos Estados Unidos e os externos. Há muitos motivos para os governos aproveitarem a boa fase econômica para criar amortecedores fiscais, preciosos no caso de um novo choque.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Novo satélite ajuda a monitorar deslizamentos de terra pelo mundo

Modelo desenvolvido pela NASA identifica deslizamentos a cada 30 minutos

18 abr 2018 
Um novo satélite desenvolvido pela NASA (agência espacial americana) irá permitir que, pela primeira vez, cientistas examinem ameaças de deslizamentos de terra causadas pela chuva em qualquer lugar do mundo, a cada 30 minutos. Junto a ele, o modelo "Landslide Hazard Assessment for Situational Awareness (LHASA)" foi criado para identificar quando e onde os riscos de deslizamento estão ocorrendo, além de entender padrões de longo prazo destes acontecimentos.

Foto: Climatempo
Média de deslizamentos com base nos anos de 2001 a 2016
Fonte: NASA
A animação acima mostra o potencial de deslizamentos de terra anual, baseado na média dos últimos 15 anos. As imagens revelam uma "época de deslizamento global", com pico no número do potencial de desastres em julho e agosto no leste e sul da Ásia - grande parte deles associado às monções asiáticas e às estações de ciclones tropicais. Já no hemisfério sul, o pico fica no Peru, próximo do mês de março. Confira a imagem aproximada.

Foto: Climatempo
Fonte: NASA
Em algumas áreas, o LHASA revelou deslizamentos que não foram registrados em base de dados ou noticiários. O modelo mostrou também que ocorreram mais deslizamentos de terra no sul da Cordilheira dos Andes, Rifte Africano Ocidental, Turquia e Irã do que foi contabilizado pelo Catálogo de Deslizamentos da NASA.
O mapa abaixo mostra mais de dois mil deslizamentos de terra que provocaram mortes.

Foto: Climatempo
Fatalidades provocadas por deslizamentos de terra entre 1988 e 2017
Fonte: NASA

Como funciona o LHASA

Para estimar potenciais deslizamentos, o modelo LHASA identifica, primeiramente, áreas com precipitação forte, persistente e recente. As estimativas de precipitação são fornecidas por Satélites de multi-domínios integrados à Global Precipitation Measurement (GPM). Os sensores terrestres e de satélite fornecem estimativas de precipitação em todo o mundo, a cada 30 minutos. O LHASA, por sua vez, compila os dados dos últimos sete dias e analisa quando cada área excede o limite crítico.
Em lugares onde a precipitação é raramente abundante, o modelo combina os dados a um mapa de suscetibilidade para determinar se a área é propensa à ocorrência de deslizamentos de terra. O mapa considera cinco características que desempenham um papel importante na atividade de deslizamentos: se estradas foram construídas em localidades próximas; se árvores foram retiradas ou queimadas; se houve alguma falha tectônica nas proximidades; se o alicerce local é fraco; se as encostas são íngremes.
Quando o mapa de suscetibilidade revela que uma área com chuvas fortes é vulnerável, o LHASA produz uma espécie de alerta com o nível de probabilidade de deslizamento de terra para os pesquisadores. O modelo pode produzir novos alertas a cada 30 minutos.
Fonte: Earth Observatory/NASA
Tradução: Amanda Sampaio