Diminuir a natalidade, aumentar as férias, elevar a idade de aposentadoria e taxar mais os ricos e consumidores de recursos do planeta são algumas das sugestões apresentadas para combater o desemprego e a desigualdade.
Os pesquisadores Jorgen Randers (e) e Graeme Maxton apresentam o mais novo relatório do Clube de Roma
Menos nascimentos, mais férias para os trabalhadores e um início mais tardio das aposentadorias. Em seu mais recente relatório, o Clube de Roma quer impulsionar uma reforma radical nas políticas das nações industrializadas.
No livro Um por cento é suficiente – combater desigualdade social, desemprego e mudança climática com pouco crescimento, lançado nesta terça-feira (13/09) em Berlim, os autores Jorgen Randers e Graeme Maxton estabeleceram 13 teses. E, como já diz o título, elas teses visam erradicar em longo prazo os dois principais problemas do mundo rico e moderno: o desemprego e a crescente desigualdade.
"Não temos outra opção a não ser mudar nossas ações", afirmou Maxton, que também é o secretário-geral do Clube de Roma – uma organização composta por figuras ilustres que se reúnem para debater assuntos relacionados a política, economia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Segundo Maxton, durante décadas os governos seguiram a premissa de que maior crescimento econômico traria prosperidade a todos, mas a desigualdade tornou-se cada vez maior.
"Com apenas um por cento do trabalho e do capital mundial de setores que prejudicam o meio ambiente sendo transferido a setores favoráveis ao clima, poderíamos manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus", escreveram Maxton e Randers no livro. Randers foi também coautor do livro Os limites do crescimento, que gerou polêmica em 1972.
De concreto, os dois pesquisadores propõem que o imposto de renda dê lugar a uma taxação sobre o consumo de recursos do planeta. Além disso, o período de férias anuais deve ser aumentado constantemente. Ao mesmo tempo, a idade mínima para a aposentadoria deve ser elevada para 70 anos.
Já as mulheres das nações ricas deveriam receber um fomento especial caso tenham apenas um filho. O declínio da população na Alemanha é um mito, afirmou Randers: é verdade que cresce o número de idosos, mas o total de pessoas profissionalmente ativas pouco variou.
Além disso, crianças de países industrializados consomem cerca de 30 vezes mais recursos do que uma criança na África ou na Índia. Assim, o Ocidente deveria dar o exemplo e começar com a redução da população mundial, argumentaram os autores.
Ainda segundo eles, deveriam ser lançados mais pacotes de estímulo à proteção ambiental, para os quais seria necessário imprimir dinheiro extra. Além disso, combustíveis fósseis deveriam ser mais tributados, e as receitas fiscais daí oriundas, distribuídas de forma justa entre todos os cidadãos.
Pessoas que optarem por empregos que não agridam o meio ambiente deveriam receber benefícios, assim como aqueles que cuidam de pessoas que precisam de assistência em suas casas. De forma geral, ricos, herdeiros e empresários deveriam ter encargos tributários maiores. O imposto sobre herança deveria ser progressivamente aumentado até chegar a 100%, sugerem.
Em suas análises, os dois autores do livro do Clube de Roma alertam: depois de 30 anos de crescimento e globalização, a situação tornou-se pior. Milhões de pessoas estão sem emprego, e a desigualdade aumentou.
O Clube de Roma, porém, não está livre de controvérsias. Na sua nova análise sobre as "falhas do sistema", há lacunas claramente visíveis. Nos últimos anos, milhões de pessoas foram retiradas da pobreza absoluta em todo o mundo. Outros milhões conseguiram, graças à globalização, ascender à classe média na China e na Índia. A Alemanha é considerada modelo na Europa por apostar no crescimento econômico. E as crises no sul europeu se devem também a decisões políticas fracassadas que nada tem que ver com o sistema econômico.
O Clube de Roma é uma organização fundada em 1966 pelo industrial italiano Aurelio Peccei, na época membro do órgão administrativo da montadora Fiat e da Olivetti, e pelo cientista escocês Alexander King, que foi diretor-geral para educação e ciência na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Atualmente a sede fica em Winterthur, na Suíça.
PV/kna/epd/dpa/dw
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