A maioria das empresas começa como micro. Se conseguir sobreviver no
período crítico, tende a crescer – tornando-se pequena, média e
até grande. É um longo processo para quem sobrevive e atinge o
estágio superior. E o retorno sobre o investimento tende a seguir a
mesma lógica para os diferentes tamanhos de empresas (via de regra,
pois empresa grande também pode vir a ter retorno negativo). Pois
bem, de que dependem as empresas para crescerem? Do nível de vendas
lucrativas. Por sua vez, as vendas e os lucros dependem da
utilidade dos produtos e da renda do consumidor. Especificamente
quanto à renda, quanto melhor distribuída, maior tende a ser o
consumo total da economia – tende em vista que a concentração de
renda tende a gerar ociosidade de consumo para uma parcela
pouco aquinhoada da população, o que impacta negativamente o
consumo total. E, em que isso impacta o lucro das empresas? Se a
empresa atua na venda de bens básicos e baratos de consumo, tende a
ter pouco impacto nas vendas. Já se atua na venda de bens mais
caros, o impacto negativo é maior. Mas, um problema importante é
que ociosidade de consumo tende a gerar, igualmente, ociosidade de
produção para aqueles produtos mais sofisticados e caros. E,
ociosidade de produção significa que a empresa tende a ter menos
tempo para amortizar (pagar) o investimento feito na criação de
determinado produto (o que é feito na venda mínima de x unidades do
produto). Esse processo é mais crítico em mercados competitivos do
que em mercados oligopolizados (poucos produtores) ou monopolizados
(um produtor apenas). Então, o importante é pelo menos amortizar o
investimento e, feito isto, aumentar a produção e venda para gerar
lucro líquido para o produto. Portanto, tanto do ponto de vista do
consumidor quanto do produtor – principalmente em mercados
competitivos -, a questão-chave encontra-se na má ou boa
distribuição da renda (deixando de lado a questão da utilidade).
Por sua vez, tal indicador tem a ver, fundamentalmente, com outro:
fertilidade (número médio de filhos por mulher). Quanto mais
filhos, pior a distribuição de renda e vice-versa (a África está
aí para comprovar isso) – pois tudo que tem em grande quantidade
tem baixo valor: Lei da Oferta e da Procura. (A África, que se
enquadra neste caso, está presa a uma armadilha cultural ou
educacional – por exemplo, ter muitos filhos é tido como algo
positivo que gera prestígio e poder, 20% das crianças não estudam,
há muitos casamentos de meninas ainda adolescentes, etc… e romper
com tais equívocos é uma tarefa complicada, principalmente quando
não há uma consciência e engajamento dos políticos).
Então, temos uma assimetria perturbadora ou problemática a
enfrentar: de um lado, os produtos tendem a ficar paulatinamente mais
complexos/sofisticados e, assim, mais caros; de outro, a população
do mundo, ao invés de cair e estacionar num nível ótimo ou
adequado, só aumenta – o que tende a piorar a distribuição da
renda, gerando diminuição ou maior ociosidade de consumo e de
produção no mundo. Portanto, temos um aumento do capital
parasitário ou ocioso no mundo. Assim, tanto o consumidor quanto
o produtor estão com um abacaxi nas mãos: o ócio financeiro, que
acaba descambando ou para a superprodução geral (caso seja usado
para investimentos) ou para a especulação (de recursos dos mais
ricos) ou para o subconsumo ou baixo consumo. Todos estes fatores são
indesejáveis para o equilíbrio ou tranquilidade econômico-social. E, mais ainda: a concentração da renda é a "droga" que leva os bilionários ao êxtase mas que, também, constitui o veneno que matará o capitalismo no longuíssimo prazo. (Eu chamo de "capitalismo" qualquer sistema que concentra vergonhosamente a renda, independentemente de se tratar de economia totalmente estatizada/centralizada ou de mercado.)
Portanto, o que me indigna é que todo ano os políticos têm o poder
de fazer alertas ou chamar a atenção para questões importantes no
mundo (e a diminuição da fertilidade das mulheres dos países
pobres e a consequente diminuição da população mundial é a mais
importante de todas, não só por questões econômicas e sociais mas
também ambientais) e só abordam questões menores, pouco
importantes na Assembleia Geral da ONU. Aliás, essa Assembleia Geral
deveria chamar-se Assembleia Geral de idiotas ou incompetentes. Por
exemplo: lá se fala de questões ambientais, mas não se fala de sua
causa principal (a superpopulação).
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