sábado, 20 de maio de 2017

É O SUBCONSUMO, ESTÚPIDO!

                       Como sabemos, o lucro (positivo ou negativo) se mede pelas receitas menos os custos e, por sua vez, a receita se mede pelas vendas totais. Assim, ampliando-se as receitas e diminuindo-se os custos, maximizam-se os lucros e vice-versa. Mas, então, surge a questão óbvia de como operacionalizar isso num ambiente recheado de SUBCONSUMO (em função da MÁ DISTRIBUIÇÃO GLOBAL DA RENDA). Ora, o capital é teimoso ou ignorante e tenta contornar tal paradoxo sem sucesso, como veremos a seguir (afinal de contas, ele já deveria ter desconfiado que não dá para tirar leite de pedra). Ora, uma forma de ampliar as receitas é via exportação de capital (vendas ao exterior). Mas, isso só funciona durante um certo período, dado que os mercados externos não são ilimitados, mas inelásticos e protegidos. E, também, a renda do consumidor externo não é ilimitada e, uma vez esgotada ou preenchida, não tem como ampliar-se. Portanto, este caminho não representa uma saída consistente a longo prazo. Outra forma de aumentar as vendas é lançar produtos inovadores no mercado. Mas, aqui, a eficácia de tal medida também é passageira pois logo a concorrência lança cópias ou produtos-imitação. Aqui, novamente, a maximização dos lucros encontra barreiras mercadológicas.
                        Mas, se a ampliação das receitas/vendas encontra seus obstáculos naturais para a maximização dos lucros, o outro caminho é a redução dos custos. Uma forma de conseguir isso é incentivar a expansão do exército industrial de reserva ou contingente de desempregados (via, por exemplo, propagandas empresariais que, sutilmente misturam a venda de um produto com uma mensagem disfarçada ou de fundo de incentivo à procriação - e uma empresa de propaganda sabe como fazer isso muito bem), a fim de abaixar os salários. Aqui, também, encontram-se barreiras naturais, como: ampliação problemática dos gastos do governo com o seguro-desemprego, o desgaste político dos partidos que estão no poder e que não querem perdê-lo, os riscos de se estourar revoltas ou revoluções sociais, a diminuição da demanda agregada da economia, o aumento da criminalidade/violência. Outro caminho capitalista tentado para a diminuição dos custos (salariais) é a elevação da composição orgânica do capital ou de tecnificação ou robotização da economia - o que implica substituição de trabalhadores por máquinas, a fim de ampliar a produtividade. Aqui, além do alto custo da tecnificação, constata-se que de nada adianta aumentar a produtividade se o ambiente reinante é de subconsumo em função da concentração global da renda. (No tocante especificamente à robotização, pesquisas mostram que cada robô implantado gera até 6 demissões de trabalhadores e cerca de uns 2 trabalhadores especializados em robôs são admitidos para cuidarem de todos os mesmos robôs, o que evidencia uma perda líquida agregada de consumo no embate entre homem e máquina.) Novamente, percebe-se que o capital encontra obstáculos ou para ampliar as vendas ou para reduzir os custos, num ambiente de subconsumo global. Aliás, uma prova prática de que a Lei da Tendência Decrescente da Taxa de Lucro de Marx é correta e real é que uma das economias mais tecnificadas ou avançadas do mundo, como a japonesa, é simplesmente a mais endividada de todo o mundo - um caso clássico de "eficiência"... FRACASSADA! Concluindo: como mostramos, nenhuma das principais medidas de neutralização da tendência decrescente da taxa de lucro marxista é eficaz a longo prazo num ambiente de SUBCONSUMO OU DE CONCENTRAÇÃO DE RENDA e o futuro da economia mundial será sombrio, por um longo período, se o quadro problemático descrito acima não for revertido.

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