O meu blog é HOLÍSTICO, ou seja, está aberto a todo tipo de publicação (desde que seja interessante, útil para os leitores). Além disso, trata de divulgar meu trabalho como economista, escritor e compositor. Assim, tem postagens sobre saúde, religião, psicologia, ecologia, astronomia, filosofia, política, sexualidade, economia, música (tanto minhas composições quanto um player que toca músicas de primeira qualidade), comportamento, educação, nutrição, esportes: bom p/ redação Enem
No Dia Mundial sem Tabaco, organização afirma que
componentes tóxicos do cigarro prejudicam não apenas fumantes, mas
também a natureza. Dois terços dos 15 bilhões de cigarros vendidos por
dia são lançados no solo.
Entre 340 milhões e 680 milhões de quilos de resíduos de tabaco são gerados a cada ano
O consumo de produtos derivados do tabaco não apenas prejudica
a saúde das pessoas, mas também causa um "enorme dano" ao meio ambiente,
afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS) por ocasião do Dia Mundial
sem Tabaco, comemorado nesta quarta-feira (31/05).
As cifras
mais recentes indicam que, apesar dos esforços internacionais para
diminuir o tabagismo, este provoca em um ano a morte de 7 milhões de
pessoas e gera despesas de 1,4 trilhão de dólares, pelos custos em
saúde, perda de produtividade e degradação ambiental – pouco menos de 2%
do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Em relatório, a OMS quis
evidenciar neste ano o que ocorre depois que o cigarro foi consumido,
onde vai parar a bituca e como os seus efeitos funestos persistem até
mesmo após ter sido lançado em um cesto de lixo ou nas vias públicas.
"Esta
análise é a primeira que relaciona o impacto ambiental com o cultivo,
manufatura, uso e resíduos do tabaco, apesar de a informação ser
limitada, porque a indústria não reporta dados e os governos não os
exigem", disse o coordenador da OMS para o Controle de Tabaco, Vinayak
Prased.
Os especialistas determinaram que os resíduos de tabaco
contêm mais de 7 mil substâncias químicas tóxicas, que envenenam não só
atmosfera, mas também os solos, mares e os rios. Dos 15 bilhões de
cigarros vendidos diariamente, 10 bilhões acabam no meio ambiente,
contendo uma mistura de nicotina, arsênico e metais pesados.
Assistir ao vídeo03:03
Fumar prejudica espermatozoides e compromete fertilidade
Com
dois terços dos cigarros lançados no solo, entre 340 milhões e 680
milhões de quilos de resíduos de tabaco são gerados a cada ano. Nas
áreas urbanas e litorâneas, eles representam de 30% a 40% de todos os
resíduos que são recolhidos. Mas não só o resíduo do cigarro se
transformou numa dor de cabeça para os serviços de limpeza municipal,
mas também os plásticos e os maços de cigarros.
O tabaco gera
efeitos nocivos ao meio ambiente desde o cultivo da folha de tabaco, que
requer o uso de agroquímicos, reguladores de crescimento e novas
substâncias e contribui para o desflorestamento, alertou a OMS. O
plantio, a produção e distribuição também requerem o uso extensivo de
água e energia. Outra forma de contaminação são as emissões de fumo, que
representam toneladas de gases cancerígenos, tóxicos e de efeito
estufa. Impacto econômico
A organização
também evidenciou o efeito financeiro do tabaco para o fumante e sua
família. "Muitos estudos mostram que nos lares mais pobres, a despesa em
produtos de tabaco pode representar mais de 10% do investimento
familiar, o que significa menos dinheiro para comida, educação e
atendimento médico", disse Prased.
Para os governos, o fumo
também gera despesas colossais em termos de saúde. As despesas totais
ligadas ao tabaco são dez vezes maiores àquelas gastas mundialmente em
ajuda humanitária ou de emergência; e 40% do que em 2012 gastavam os
governos de todo o mundo em educação.
Para a OMS, a proibição
da publicidade de cigarros e de fumar em lugares públicos fechados e
locais de trabalho, além de um aumento dos impostos e dos preços de
produtos de tabaco, podem ajudar a reduzir o consumo de tabaco.
PV/lusa/efe/rtr
O acesso das crianças às novas tecnologias parece não ter freios.
Antes a preocupação se limitava a que as crianças não ficassem tanto
tempo em frente à televisão,
entretanto hoje existe uma grande preocupação dos pais em relação ao
contato que as crianças têm, inclusive os bebês, com os smartphones e
tablets. Especialistas no tema alertam sobre o risco do uso desses aparelhos por bebês e crianças. São os telefones móveis e os tablets as novas babás das nossas crianças?
Como e quanto as crianças podem usar os smartphones
Há
alguns meses, a Associação Japonesa de Pediatria começou uma campanha
para restringir o uso prolongado dos celulares e tablets, sugerindo controle e mais brincadeiras entre pais e filhos.
Agora são a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de
Pediatria as que revelam 10 razões pelas quais crianças menores de 12
anos não devem utilizar esses aparelhos sem controle. Eles têm muito
claro que os bebês entre 0 e 2 anos não devem ter contato algum com a
tecnologia; entre os 3 e 5 anos, deve ser restringido a uma hora por
dia; de 6 a 18 anos a restrição deveria ser de duas horas por dia.
Por que limitar o acesso das crianças aos celulares ou tablets
1 – Desenvolvimento cerebral das crianças
Um desenvolvimento cerebral
causado pela exposição excessiva às tecnologias pode acelerar o
crescimento do cérebro dos bebês entre 0 e 2 anos de idade, e juntamente
com a função executiva e o déficit de atenção, atrasos cognitivos, problemas na aprendizagem, aumento da impulsividade e da falta de controle (birras). 2 – Atraso no desenvolvimento da criança
O excessivo uso das tecnologias pode limitar o movimento e consequentemente o rendimento acadêmico, a alfabetização, a atenção e capacidades. 3 – Obesidade infantil
O sedentarismo que implica o uso das tecnologias é um problema que está aumentando entre as crianças. Obesidade leva a problemas de saúde como o diabetes, problemas vasculares e cardíacos. 4 – Alterações do sono infantil
Os
estudos revelam que a maioria dos pais não supervisiona o uso da
tecnologia pelos seus filhos nos seus quartos. Isso faz com que seus
filhos tenham mais dificuldades para conciliar o sono. A falta de sono afetará negativamente seu rendimento escolar. 5 – Doença mental
Alguns estudos comprovam que o uso excessivo das novas tecnologias está aumentando as taxas de depressão e ansiedade infantil,
distúrbios do processo de vinculação entre pais e filhos, déficit de
atenção, transtorno bipolar, psicose e outros problemas de conduta
infantil. 6 – Condutas agressivas na infância
A exposição das crianças a conteúdos violentos e agressivos
pode alterar sua conduta. As crianças imitam tudo e a todos. Assim que
os pais devem vigiar o uso de smartphones e tablets pelas crianças. 7 – Falta ou Déficit de Atenção
O uso excessivo das novas tecnologias pode contribuir para o déficit de atenção, diminuir a concentração e a memória das crianças, graças à grande velocidade dos seus conteúdos. 8 – Vício infantil
Os
estudos demonstram que uma em cada 11 crianças são viciadas às novas
tecnologias. Cada vez que as crianças usam os dispositivos móveis, elas
se distanciam do seu meio, de amigos e familiares. 9 – Muita radiação
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os celulares como um
risco na emissão de radiação. As crianças são mais sensíveis a esses
agentes e existe o risco maior de contrair doenças como o câncer. 10 – Superexposição
A constante e superexposição das crianças à tecnologia as tornam vulneráveis, sujeitas a serem exploradas e expostas a abusos.
Além
disso, os especialistas concordam que ficar horas conectadas ao celular
ou tablet é prejudicial ao desenvolvimento das crianças. Os estudiosos
acreditam que geram crianças mais passivas e que não sabem interagir ou
ter contato físico com outras pessoas. E ainda que entendam que as novas
tecnologias façam parte da sua vida, eles acreditam que não devem
substituir a leitura de um livro ou o tempo de brincadeira com irmãos,
pais e amigos. Vilma Medina
Diretora de Guiainfantil.com
Em meio àqueles que comemoram as mais recentes denúncias e prisões da
operação Lava Jato, muitos veem nelas um motivo adicional para uma
descrença total nos políticos brasileiros.
O clima de revolta com os políticos se acirrou ainda mais após a
divulgação na semana passada das delações dos executivos da JBS e das
conversas mantidas por um dos donos da empresa com o presidente Michel
Temer e, em outra ocasião, com o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Nas redes sociais, têm sido comuns manifestações de revolta que vão
desde "prendam todos os corruptos" e até a negação quase total da
política - "ninguém presta".
Para o economista e cientista político Bruno Pinheiro Wanderley Reis,
as duas lógicas são perigosas - e nenhuma delas resolverá a crise
política que assola o país desde 2014, porque "prender corruptos não
significa extinguir a corrupção".
"A leitura aí é que você prende os corruptos, e então vão ficar só os
não-corruptos. Isso é conversa fiada, uma bobagem", afirma.
"É ingenuidade achar que a Lava Jato vai extinguir a corrupção", acrescenta.
Reis compara a corrupção aos vírus de computador - por mais que se
criem antivírus, eles não vão ser capazes de extinguir todos os vírus
existentes.
Reformas são mais importantes para elite econômica do que a preservação de Temer, diz analista
"Você tem que combater corrupção, sim, é uma tarefa permanente do
Estado, mas é mais ou menos como empresa de computação criando
antivírus. Ela não vai conseguir extinguir os vírus. Ela vai fazer
antivírus o tempo todo. Isso não tem um ponto de chegada", exemplifica.
Reis diz ainda que o desafio do Brasil não é descobrir como se livrar
de políticos corruptos, mas sim como proteger o político da corrupção
ativa praticada pela sociedade.
Para o professor na UFMG e pesquisador do estudo
Dinheiro e Política: A Influência do Poder Econômico no Congresso Nacional
, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a corrupção na
política brasileira "não é mais fator desviante, e sim comportamento
padrão".
E a solução, ele garante, não está em "prender todo mundo", mas em uma
boa reforma do atual sistema político - que, em suas palavras, "é
corrupto por lei".
Leia os principais trechos da entrevista com Bruno Pinheiro Wanderley Reis.
BBC Brasil: O senhor costuma dizer que a "conduta de corrupção na
política brasileira não é mais fator desviante, mas
comportamento-padrão". Como e por que se chegou a essa situação?
Bruno P. W. Reis:
No Brasil, o dispositivo específico, que só incide aqui, é que o teto
de doação (de campanha) tem que ser proporcional ao do doador. Até 2014
(quando doações de empresas eram permitidas), era no máximo 10% do
rendimento da pessoa ou 2% do faturamento bruto da empresa. Qual é a
lógica que isso cria? O candidato só ia pedir dinheiro às empresas que
mais faturam, às pessoas mais ricas. Aí entram bancos, mineradoras,
empreiteiras.
Então fica claro que você vai ter um jogo - porque só pouquíssimas
empresas podiam doar bilhões dentro dessa regra.Obviamente isso vicia o
sistema político e o jogo eleitoral. Vai arrecadar mais o candidato que
tiver boas relações e bom fluxo de recursos com as grandes empresas,
bancos, empreiteiras, mineradoras. É uma anomalia, essa regra só existe
aqui no Brasil.
A gente produz uma competição de centenas de candidaturas individuais
disputando dezenas de cadeiras em distritos com milhões de eleitores. E
isso é muito difícil de fiscalizar, os TREs (Tribunais Regionais
Eleitorais) são admiráveis, mas é impossível governar um sistema em que
concorrem mais de mil candidatos na mesma circunscrição.
Enquanto no resto do mundo você tem uma dezena de chapas disputando
favores e doações de milhares de doadores, aqui no Brasil a gente faz
uma competição em que milhares de candidatos disputam os favores
financeiros de uma dúzia de doadores potenciais.
Da pujança ao escândalo: a ascensão dos irmãos Batista, pivôs do escândalo que ameaça Temer
Você vai ter uma elite parlamentar, tanto de vereadores quanto de
deputados, extremamente dependente de poucos grandes financiadores. Isso
é um sistema que dá um poder sem igual a financiadores, a agentes
privados que legitimamente têm seus interesses políticos e as suas
prioridades próprias. Só que nenhum país deixa seu representante
político tão vulnerável a seu financiador.
São as grandes empresas, as doadoras, quem dá as cartas nesse sistema (brasileiro).
BBC Brasil: Em 2014, o senhor fez uma análise sobre a Lava Jato
dizendo que a estratégia adotada por ela com as delações premiadas seria
"autodestrutiva" para a política e que ela estaria apenas "enxugando
gelo". Por que o senhor acredita nisso?
Reis:
A delação premiada foi inventada pra pegar máfias, porque máfias têm
uma rede de silêncio. Então você pega um cara que esteja encrencado e
oferece algo em troca para pegar mais gente. E isso é eficaz. Você puxa
um fio e chega até o topo. Mas para mim esse é o pecado crucial da Lava
Jato. A gente quer desbaratar a máfia, mas a gente não quer desbaratar o
sistema político todo.
Em vez de a gente usar o sistema de controle, que está cada vez melhor,
canalizar as investigações para captar os problemas e solucionar
mudando a legislação (do sistema eleitoral), a gente está querendo puxar
o fio - e isso é extremamente destrutivo.
Líder do DEM diz que acusações são graves, mas que partido vai esperar para decidir se sai do governo Temer
Eu não aplicaria a delação premiada. A exposição do (setor do)
petróleo, com identificação de diretores que estavam recebendo propinas,
já é um mega choque no sistema, que provavelmente mudaria práticas.
Agora, o que você tem é uma clara deterioração institucional, está um
salve-se quem puder.
A capacidade da Lava Jato de investigar pessoas tão poderosas deriva da
estabilidade relativa do sistema político de 1988 para cá. Essa é a
parte mais triste. Esse sistema que está aí agora é o sistema menos
malsucedido que esse país já foi capaz de por em pé em toda a sua
história. A ideia de que o próximo vai ser melhor é só uma esperança.
BBC Brasil: Como o Sr. vê o futuro da Lava Jato?
Reis:
Estamos em uma situação em que todo mundo que é preso a gente já começa
a pensar, qual será a delação? É uma bola de neve. Isso não vai acabar.
Quando vai acabar? Quando o país todo estiver na cadeia, aí você joga a
chave fora? Quando vier um "salvador da pátria"?
Nesse momento, ninguém consegue aprovar no Congresso medidas que
limitem a atuação das investigações, mas vai acontecer. No momento em
que o sistema se reestabilizar, cedo ou tarde isso acontece, algum
salvador da pátria que vai ser eleito vai ter que voltar a ter o
dispositivo de poder. Para fazê-lo de maneira confiável, crível pelos
atores, vai precisar pôr limite na atuação do Judiciário. E é aí que a
ambição de limpeza se mostra destrutiva.
BBC Brasil: Mas não seria tarefa do Estado combater a corrupção em operações como a Lava Jato?
Reis:
Você tem que combater corrupção, sim, essa é uma tarefa permanente do
Estado. Mas é mais ou menos como funciona em uma empresa de computação
que cria antivírus. Ela não vai conseguir extinguir os vírus, aboli-los.
Ela vai fazer antivírus o tempo todo. Isso não tem um ponto de chegada.
Para isso, você tem que ir aperfeiçoando por rotinas burocráticas,
administrativas, etc. a capacidade do sistema de controlar a corrupção. A
gente vinha fazendo isso.
Nossa capacidade de combater a corrupção hoje é muito maior do que há
30 anos. Agora, do jeito que vai, vai piorar. Porque o sistema está
sendo desarticulado na sua teia de interesses, na sua capacidade de
autocontrole. A gente está num processo de autodestruição. O que poderia
acontecer de pior seria o desmantelamento do sistema partidário, que
foi o que aconteceu na Itália, algo catastrófico.
BBC Brasil: Mas se a 'culpa' pela corrupção que toma conta da política
hoje em dia é do sistema eleitoral, a Lava Jato não poderia ajudar a
"consertá-lo"?
Reis:
Não é função da primeira instância, mas o Supremo tem um papel nisso. E
nas declarações dos líderes da operação Lava Jato aparece essa intenção
também, de "limpar o sistema". E nisso eles são precisamente ingênuos.
Não é que você só pode investigar se for fulano, sicrano e beltrano, mas
não pode pegar os graúdos. Não, não é isso. Se você está tocando a
investigação e caiu no colo uma prova contra o presidente da República,
você tem que denunciar. Agora, o que a gente está fazendo aqui é uma
busca retórica de incriminação de políticos importantes, que é guiada
por uma ambição ingênua de purificação do sistema - algo que eu entendo
que é contraproducente.
A leitura da Lava Jato é a de que você prende os corruptos, e então
você vai ter somente os não-corruptos. Mas isso é conversa fiada, uma
bobagem. É demagogia.
O desafio não é como a gente se livra de político corrupto, mas como a
gente protege o político da corrupção ativa praticada pela sociedade.
Mecanismo de Antikythera: o objeto mais misterioso da história da tecnologia
Então em vez de a gente reformar a lei, a gente prende os caras. Os
representantes votados pelo eleitorado, induzidos por essa grana. Mas aí
foi preso porque estava cheio de dinheiro - e quem é o suplente? De
onde ele recebeu dinheiro? Estamos enxugando gelo, desestabilizando um
sistema que é estruturalmente viciado e mantido vigente. E ninguém fala
em mudar a lei. A discussão não vai a lugar nenhum.
BBC Brasil: Como, então, se combate a corrupção?
Reis:
O que me preocupa aí é a sustentabilidade desse combate à corrupção. Eu
não vejo isso com bons olhos quando tenho a impressão de que o lastro
institucional que viabilizou com melhoria nítida o combate à corrupção
está em desarranjo. Pode ser que dê certo? Pode ser, por acaso. O normal
é ter conflito, o que se espera de processos como o que a gente está
metido é uma desorganização profunda do lastro partidário e subsequente
comprometimento do controle da corrupção.
A mulher que fugiu para salvar dois bebês intersexuais de seus próprios pais
BBC Brasil: Qual seria o sistema político mais viável para o Brasil - e que não "favoreça" a corrupção?
Reis:
Como meu diagnóstico está baseado numa interação infeliz entre o
sistema eleitoral e as regras de financiamento, eu mudaria essas duas
coisas, no que diz respeito ao início do processo. Quer dizer, você tem
que ter tetos nominais para doações, e de números razoáveis, da ordem de
milhares de reais. Eu manteria empresa e pessoa física, desde que cada
um esteja doando (até) R$ 10 mil, R$ 50 mil... Não resolve todos os
problemas, mas fica menos ruim.
A primeira solução seria essa: tetos que não permitam que nenhum doador
individual seja o dono de uma campanha. Isso já tenta induzir uma
fragmentação da fonte de recurso.
Redes sociais validam o ódio das pessoas, diz psicanalista
Do outro lado, se o sistema eleitoral produz uma demanda muito alta por
recursos fragmentados, eu tenho que tentar concentrá-lo. O que eu
faria? Fecharia a lista (voto em lista fechada significa voto em
partidos, e não em candidatos a deputados). E diminuindo o número de
candidatos, a eleição fica mais controlável, mais fiscalizável. E por
fim, eu subiria o quociente eleitoral, que automaticamente diminuiria o
número de partidos no plenário.
.
Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da
USP, em Piracicaba, identificou genes relacionados às características de
promoção de crescimento vegetal na Rizobactéria Promotora de
Crescimento de Plantas (RPCP) Bacillus sp. RZ2MS9. O estudo
mostra que a bactéria, encontrada no solo da região amazônica, produz o
fitormônio Ácido Indol Acético (AIA), que tem efeito benéfico no
crescimento de diversos cultivos, como os de milho e soja, podendo
aumentar a produção agrícola. O trabalho da biotecnóloga Bruna Durante
Batista foi orientada pelos professores João Lucio de Azevedo e Maria
Carolina Quecine Verdi.
Na camada fina do solo ao redor das raízes das plantas, também
chamada de rizosfera, está o foco de significativo número de cientistas
em busca de um desafio: alimentar quase 10 bilhões de pessoas em 2050.
Uma dessas pesquisadoras é Bruna, que em 2010 cursava o último ano do
curso de Biotecnologia na Universidade Federal de Alfenas (Unifal),
quando veio fazer seu estágio curricular de fim de curso na Esalq.
“Naquela época, ingressei em um projeto que buscava isolar bactérias do
guaranazeiro visando especialmente o controle de um fungo nas lavouras
da planta, mas também com interesse de busca por micro-organismos com
algum potencial biotecnológico.”
Dessa primeira etapa, ainda na iniciação científica, resultou a base
do seu mestrado, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Genética e
Melhoramento de Plantas, na Esalq. “Da rizosfera do guaranazeiro
separamos um grupo de 100 bactérias com o propósito de avaliar o
potencial de crescimento das plantas, mas como o cultivo do guaraná em
São Paulo não obteve sucesso devido às condições agroclimáticas,
adotamos o milho por apresentar uma composição microbiana relativamente
compatível com o guaraná.”
Do grupo inicial, a pesquisa seguiu com a Rizobactéria Promotora de Crescimento de Plantas (RPCP) Bacillus sp.
RZ2MS9. “Trata-se de um representante da rica biodiversidade amazônica
brasileira e uma forte candidata a bioinoculante por seu efeito benéfico
em uma ampla gama de culturas, incluindo milho e soja, e facilidade de
formulação e sobrevivência em condições adversas, características
bastante buscadas em produtos biológicos”, explica.
Solução biotecnológica
.
Em 2014, parte desse trabalho de mestrado venceu o Prêmio Novos Talentos
para Agricultura Sustentável, iniciativa que aproxima jovens
universitários da tarefa de aumentar a produção de alimentos e
intensificar a sustentabilidade dos sistemas produtivos. A premiação
despertou Bruna para a necessidade de encarar um novo desafio, o de
levar essa solução biotecnológica, que ainda engatinhava em escala de
laboratório, para o campo. “Para alimentar a população mundial crescente
é necessário um aumento sustentável na produtividade agrícola. Nesse
sentido, RPCPs têm sido continuamente buscadas para formulações
inoculantes por sua capacidade de incremento na produção vegetal aliado
ao seu potencial de redução e/ou substituição do uso de fertilizantes
minerais, insumos que causam grandes impactos ambientais, na saúde
humana e econômicos”, avalia a biotecnóloga.
Da necessidade de refinar os resultados, Bruna dedicou seu doutorado,
também realizado na Esalq, à tarefa de entender de forma detalhada os
mecanismos de ação dessa rizobactéria, explorando desde seu genoma até
seu desempenho em condições de campo. No Laboratório de Genética de
Micro-Organismos, sob orientação do professor Azevedo e co-orientação da
professora Maria Carolina, identificou genes relacionados às
características de promoção de crescimento vegetal a partir do RZ2MS9.
“A análise genômica revelou que diversos genes potencialmente contribuem
com seu efeito promotor de crescimento vegetal, no entanto pudemos
confirmar que a produção do fitormônio Ácido Indol Acético (AIA) por
essa bactéria está diretamente envolvido nesse efeito benéfico.”
Na sequência, foi avaliado em condições de campo o efeito sobre o
desenvolvimento e produtividade de milho e soja com a aplicação do
bacilo. “No milho, o efeito da inoculação bacteriana foi, ainda,
associado à adubação nitrogenada para verificar a possibilidade de
redução desses insumos”, revela. Segundo a autora do trabalho,
bioinoculantes formulados com RPCPs consistem em uma fonte barata e não
danosa ao ambiente de suplementação nutricional vegetal. “Por esse
motivo, a busca por micro-organismos que possuam a capacidade de manter
relações benéficas, especialmente com gramíneas, é cada vez maior.”
E, de fato, os resultados foram animadores. O potencial do Bacillus sp.
RZ2MS9 mostrou-se bastante claro pois, com um custo de produção
inferior a R$1,00 por hectare, sua aplicação aumentou o desenvolvimento
de milho e soja e causou incremento de 16 sacas de milho por hectare com
redução de 30% na adubação nitrogenada, assim como um incremento de 11
sacas de soja por hectare, ambos comparados ao controle não inoculado.
“As culturas do milho e da soja representam mais de 80% da área
cultivada com grãos no Brasil, considerando o tamanho desses mercados,
incrementos relativamente modestos de crescimento e produtividade podem
gerar riqueza significativa ao País. Portanto, é imprescindível dar
continuidade a estudos utilizando o Bacillus sp. RZ2MS9 em diferentes condições para a validação dos resultados”, conclui. Caio Albuquerque / Assessoria de Comunicação da Esalq
O monge budista Matthieu Ricard é a "pessoa mais feliz do mundo".
Esse título foi dado por cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, que estudaram seu cérebro.
Eles descobriram que Ricard produz um nível de ondas cerebrais de gama sem precedentes na literatura científica.
Essas ondas estão ligadas à capacidade de atenção, consciência, aprendizado e memória.
Além disso, Ricard manifesta um nível de atividade no seu córtex
pré-frontal esquerdo bem acima do direito, o que reduz sua propensão à
negatividade, explicaram os pesquisadores.
"Felicidade não é a busca infinita por uma série de experiências
prazerosas. Isso é uma receita para a exaustão", diz o monge tibetano.
Mas qual é, na visão dele, o segredo para tanta felicidade? Aos 70 anos, Ricard dá cinco conselhos.
1. Defina o que é felicidade
"Felicidade é um jeito de ser. É um estado mental ótimo,
excepcionalmente saudável, que dá a você os recursos para lidar com os
altos e baixos da vida."
2. Seja paciente
"Não seja como uma criança que faz pirraça. 'Eu quero ser feliz agora',
isso não funciona. A fruta amadurece com paciência e vira uma fruta e
uma geleia deliciosas. Você não pode fazer isso com uma fruta verde.
Leva tempo cultivar todas aquelas qualidades humanas fundamentais que
geram bem-estar."
3. Saiba que você pode treinar sua mente
"O que você fizer vai mudar seu cérebro. Se você aprender malabarismo, a
mergulhar ou a esquiar, seu cérebro vai mudar. Da mesma forma, se você
treinar sua concentração, se você treinar para ter mais compaixão, se
você treinar para ser mais altruísta, seu cérebro vai mudar, você será
uma pessoa diferente. Todas essas habilidades podem ser aprendidas,
assim como tocar piano ou jogar xadrez."
4. Pratique pouco e com frequência
"É como quando você rega as plantas no seu apartamento. Você precisa
regar um pouco todos os dias. Se você derramar um balde uma vez por mês,
a planta vai morrer. É melhor fazer sessões curtas de meditação com
frequência do que uma muito longa de tempos em tempos, porque o processo
de neuroplasticidade não será ativado ou mantido."
5. Não deixe o tédio desencorajá-lo
"Devemos perseverar, porque, às vezes, quando está chato é que uma
mudança de verdade ocorre. A regularidade é uma das grandes dicas de
meditação e treinamento mental para se tornar uma pessoa melhor, mais
feliz e mais altruísta."
Como sabemos, o lucro (positivo ou negativo) se mede pelas receitas menos os custos e, por sua vez, a receita se mede pelas vendas totais. Assim, ampliando-se as receitas e diminuindo-se os custos, maximizam-se os lucros e vice-versa. Mas, então, surge a questão óbvia de como operacionalizar isso num ambiente recheado de SUBCONSUMO (em função da MÁ DISTRIBUIÇÃO GLOBAL DA RENDA). Ora, o capital é teimoso ou ignorante e tenta contornar tal paradoxo sem sucesso, como veremos a seguir (afinal de contas, ele já deveria ter desconfiado que não dá para tirar leite de pedra). Ora, uma forma de ampliar as receitas é via exportação de capital (vendas ao exterior). Mas, isso só funciona durante um certo período, dado que os mercados externos não são ilimitados, mas inelásticos e protegidos. E, também, a renda do consumidor externo não é ilimitada e, uma vez esgotada ou preenchida, não tem como ampliar-se. Portanto, este caminho não representa uma saída consistente a longo prazo. Outra forma de aumentar as vendas é lançar produtos inovadores no mercado. Mas, aqui, a eficácia de tal medida também é passageira pois logo a concorrência lança cópias ou produtos-imitação. Aqui, novamente, a maximização dos lucros encontra barreiras mercadológicas.
Mas, se a ampliação das receitas/vendas encontra seus obstáculos naturais para a maximização dos lucros, o outro caminho é a redução dos custos. Uma forma de conseguir isso é incentivar a expansão do exército industrial de reserva ou contingente de desempregados (via, por exemplo, propagandas empresariais que, sutilmente misturam a venda de um produto com uma mensagem disfarçada ou de fundo de incentivo à procriação - e uma empresa de propaganda sabe como fazer isso muito bem), a fim de abaixar os salários. Aqui, também, encontram-se barreiras naturais, como: ampliação problemática dos gastos do governo com o seguro-desemprego, o desgaste político dos partidos que estão no poder e que não querem perdê-lo, os riscos de se estourar revoltas ou revoluções sociais, a diminuição da demanda agregada da economia, o aumento da criminalidade/violência. Outro caminho capitalista tentado para a diminuição dos custos (salariais) é a elevação da composição orgânica do capital ou de tecnificação ou robotização da economia - o que implica substituição de trabalhadores por máquinas, a fim de ampliar a produtividade. Aqui, além do alto custo da tecnificação, constata-se que de nada adianta aumentar a produtividade se o ambiente reinante é de subconsumo em função da concentração global da renda. (No tocante especificamente à robotização, pesquisas mostram que cada robô implantado gera até 6 demissões de trabalhadores e cerca de uns 2 trabalhadores especializados em robôs são admitidos para cuidarem de todos os mesmos robôs, o que evidencia uma perda líquida agregada de consumo no embate entre homem e máquina.) Novamente, percebe-se que o capital encontra obstáculos ou para ampliar as vendas ou para reduzir os custos, num ambiente de subconsumo global. Aliás, uma prova prática de que a Lei da Tendência Decrescente da Taxa de Lucro de Marx é correta e real é que uma das economias mais tecnificadas ou avançadas do mundo, como a japonesa, é simplesmente a mais endividada de todo o mundo - um caso clássico de "eficiência"... FRACASSADA! Concluindo: como mostramos, nenhuma das principais medidas de neutralização da tendência decrescente da taxa de lucro marxista é eficaz a longo prazo num ambiente de SUBCONSUMO OU DE CONCENTRAÇÃO DE RENDA e o futuro da economia mundial será sombrio, por um longo período, se o quadro problemático descrito acima não for revertido.
Enquanto o Brasil busca mudar a sua Previdência para, segundo o governo
Michel Temer, combater um rombo fiscal que está se tornando
insustentável para as contas públicas, o Chile, o primeiro país do mundo
a privatizar o sistema de previdência, também enfrenta problemas com
seu regime.
Reformado no início da década de 80, o sistema o país abandonou o
modelo parecido com o que o Brasil tem hoje (e continuará tendo caso a
proposta em tramitação no Congresso seja aprovada) - sob o qual os
trabalhadores de carteira assinada colaboram com um fundo público que
garante a aposentadoria, pensão e auxílio a seus cidadãos.
No lugar, o Chile colocou em prática algo que só existia em livros
teóricos de economia: cada trabalhador faz a própria poupança, que é
depositada em uma conta individual, em vez de ir para um fundo coletivo.
Enquanto fica guardado, o dinheiro é administrado por empresas
privadas, que podem investir no mercado financeiro.
Trinta e cinco anos depois, porém, o país vive uma situação
insustentável, segundo sua própria presidente, Michelle Bachelet. O
problema: o baixo valor recebido pelos aposentados.
A experiência chilena evidencia os desafios previdenciários ao redor do
mundo e alimenta um debate de difícil resposta: qual é o modelo mais
justo de Previdência?
Impopular
Como as reformas previdenciárias são polêmicas, impopulares e
politicamente difíceis de fazer, não surpreende que essa mudança
profunda - inédita no mundo - tenha sido feita pelo Chile em 1981,
durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
De acordo com o economista Kristian Niemietz, pesquisador do Institute
of Economic Affairs ( IEA, Instituto de Assuntos Econômicos, em
português), o ministro responsável pela mudança, José Piñera, teve a
ideia de privatizar a previdência após ler o economista americano Milton
Friedman (1912-2006), um dos maiores defensores do liberalismo
econômico no século passado.
Hoje, todos os trabalhadores chilenos são obrigados a depositar ao
menos 10% do salário por no mínimo 20 anos para se aposentar. A idade
mínima para mulheres é 60 e para homens, 65. Não há contribuições dos
empregadores ou do Estado.
Agora, quando o novo modelo começa a produzir os seus primeiros
aposentados, o baixo valor das aposentadorias chocou: 90,9% recebem
menos de 149.435 pesos (cerca de R$ 694,08). Os dados foram divulgados
em 2015 pela Fundação Sol, organização independente chilena que analisa
economia e trabalho, e fez os cálculos com base em informações da
Superintendência de Pensões do governo.
O salário mínimo do Chile é de 264 mil pesos (cerca de R$ 1,226.20).
No ano passado, centenas de milhares de manifestantes foram às ruas da
capital, Santiago, para protestar contra o sistema de previdência
privado.
Como resposta, Bachelet, que já tinha alterado o sistema em 2008,
propôs mudanças mais radicais, que podem fazer com que a Previdência
chilena volte a ser mais parecida com a da era pré-Pinochet.
'Exemplo de livro'
De acordo com Niemietz, o modelo tradicional, adotado pela maioria dos
países, incluindo o Brasil, é chamado por muitos economistas de "Pay as
you go" (Pague ao longo da vida).
Ele foi criado pelo chanceler alemão Otto von Bismarck nos anos 1880,
uma época em que os países tinham altas taxas de natalidade e
mortalidade.
"Você tinha milhares de pessoas jovens o suficiente para trabalhar e
apenas alguns aposentados, então o sistema era fácil de financiar. Mas
conforme a expectativa de vida começou a crescer, as pessoas não morriam
mais (em média) aos 67 anos, dois anos depois de se aposentar. Chegavam
aos 70, 80 ou 90 anos de idade", disse o economista à BBC Brasil.
"Depois, dos anos 1960 em diante, as taxas de natalidade começaram a
cair em países ocidentais. Quando isso acontece, você passa a ter uma
população com muitos idosos e poucos jovens, e o sistema 'pay as you go'
se torna insustentável", acrescentou.
Segundo Niemietz, a mudança implementada pelo Chile em 1981 era apenas um exemplo teórico nos livros de introdução à Economia.
"Em teoria, você teria um sistema em que cada geração economiza para
sua própria aposentadoria, então o tamanho da geração seguinte não
importa", afirmou ele, que é defensor do modelo.
Para ele, grande parte dos problemas enfrentados pelo Chile estão
relacionados ao fato de que muitas pessoas não podem contribuir o
suficiente para recolher o benefício depois - e que essa questão, muito
atrelada ao trabalho informal, existiria qualquer que fosse o modelo
adotado.
No Brasil, a reforma proposta pelo governo Temer mantém o modelo "Pay
as you go", em que, segundo economistas como Niemietz, cada geração
passa a conta para a geração seguinte.
Para reduzir o rombo fiscal, Temer busca convencer o Congresso a
aumentar a idade mínima e o tempo mínimo de contribuição para se
aposentar.
No parecer do deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da proposta,
mulheres precisariam ter ao menos 62 anos e homens, 65 anos. São
necessários 25 anos de contribuição para receber aposentadoria. Para
pagamento integral, o tempo sobe para 40 anos.
Na prática
De acordo com o especialista Kaizô Beltrão, professor da Escola de
Administração Pública e de Empresas da FGV Rio, várias vantagens
teóricas do sistema chileno não se concretizaram.
Segundo ele, esperava-se que o dinheiro de aposentadorias chilenas
poderia ser usado para fazer investimentos produtivos e que a
concorrência entre fundos administradores de aposentadoria fariam com
que cada pessoa procurasse a melhor opção para si.
Ele explica que, como as administradoras são obrigadas a cobrir taxas
de retornos de investimentos que são muito baixas, há uma uniformização
do investimentos. "A maior parte dos investimentos é feita em letras do
Tesouro", diz.
Além disso, segundo Beltrão, "as pessoas não têm educação econômica
suficiente" para fiscalizar o que está sendo feito pelas
administradoras, chamadas AFPs (administradoras de fundos de pensão).
Essas cinco empresas juntas cuidam de um capital acumulado que
corresponde a 69,6% do PIB do país, de acordo com dados de 2015 da OCDE
(Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica), grupo de 35
países mais desenvolvidos do qual o Chile faz parte.
As maiores críticas contra o sistema chileno se devem às AFPs, que
abocanham grande parte do valor das aposentadorias das pessoas. De
acordo com Beltrão, o valor pago às administradoras não é muito
transparente, pois é cobrado junto ao valor de seguro em caso de
acidentes.
Justo ou injusto?
A BBC Brasil perguntou ao especialista em desigualdade Marcelo
Medeiros, professor da UnB (Universidade de Brasília) e pesquisador do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da Universidade Yale,
qual modelo de previdência é o mais justo - o brasileiro ou o chileno.
"Justo ou injusto é uma questão mais complicada", disse. "O justo é
você receber o que você poupou ou é reduzir a desigualdade? Dependendo
da maneira de abordar esse problema, você pode ter respostas distintas."
De acordo com Medeiros, o que existe é uma resposta concreta para qual
modelo gera mais desigualdade e qual gera menos desigualdade.
"A previdência privada só reproduz a desigualdade ao longo do tempo", explicou.
O sistema "Pay as you go" brasileiro é comumente chamado de
"solidário", pois todos os contribuintes do país colocam o dinheiro no
mesmo fundo - que depois é redistribuído.
Mas Medeiros alerta para o fato de que a palavra "solidária" pode ser
enganosa, pois um fundo comum não é garantia de que haverá redução da
desigualdade.
"Esse fundo comum pode ser formado com todo mundo contribuindo a mesma
coisa ou ele pode ser formado com os mais ricos contribuindo mais",
explicou. "Além disso, tem a maneira como você usa o fundo. Você pode
dar mais dinheiro para os mais ricos, você pode dar mais dinheiro para
os mais pobres ou pode dar o mesmo valor para todo mundo", acrescentou.
Atualmente, o Brasil possui um fundo comum, mas tende, segundo o
professor, a replicar a distribuição de renda anterior. "Ele dá mais
mais dinheiro para quem é mais rico e menos para quem é mais pobre",
disse.
"Se é justo ou injusto, isso é outra discussão, mas o sistema brasileiro replica a desigualdade passada no presente".
Reformas no Chile e no Brasil
As diferentes maneiras de se formar e gastar um fundo comum deveriam
ser, segundo Medeiros, o foco da discussão da reforma no Brasil, cujo
projeto de reforma enviado ao Congresso mantém o modelo "solidário", ou
"pay as you go".
O pesquisador aponta que há quase um consenso de que o país precisa
reformar sua Previdência. "A discussão é qual reforma deve ser feita."
No Chile, Bachelet já tinha em 2008 dado um passo rumo a um modelo que
mistura o privado e o público - criou uma categoria de aposentadoria
mínima para trabalhadores de baixa renda financiada com dinheiro de
impostos.
Agora, ela propõe aumentar a contribuição de 10% para 15% do salário.
Desse adicional de 5%, 3 pontos percentuais iriam diretamente para as
contas individuais e os outros 2 pontos percentuais iriam para um seguro
de poupança coletiva. De acordo com o plano divulgado pelo governo, a
proposta aumentaria as pensões em 20% em média.
Bachelet também propõe maiores regulamentações para as administradoras
dos fundos, em sintonia com as demandas dos movimentos que protestaram
no ano passado. Um dos grupos, por exemplo, chama-se "No+AFP" (Chega de
AFP, em português).
Em conferência em Oxford, Delaíde Arantes faz duras
críticas à proposta aprovada pela Câmara. Projeto é defendido por
diretor executivo do Banco Mundial. Reforma da Previdência também foi
tema do debate.
Juíza Delaíde Arantes (dir.) fala no Brazil Forum
Durante uma palestra neste domingo (14/05) em Oxford, que abordou as
controversas reformas trabalhistas e previdenciárias propostas pelo
governo de Michel Temer, a ministra do Tribunal Superior do Trabalho
(TST) Delaíde Arantes criticou duramente a proposta que modifica a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Para Arantes, a reforma
trabalhista, aprovada pela Câmara dos Deputados no fim de abril, retira
todos os direitos de trabalhadores autônomos e terceirizados, além de,
por meio de negociações coletivas, possibilitar essa precarização dos
assalariados.
"Na reforma, não está listada como proibida a
negociação coletiva para pactuar trabalho escravo, que, portanto, passa a
ser permitido", alertou Arantes, ao abrir na conferência Brazil Forum a
mesa que também reunia o diretor executivo do Banco Mundial para o
Brasil, Otaviano Canuto, o copresidente do conselho de Administração do
Itaú-Unibanco, Roberto Setúbal, e a economista da UFRJ e assessora
econômica do Senado, Esther Dweck.
A juíza criticou
principalmente a falta de debate na realização de uma reforma que altera
"profundamente" a CLT, "num momento de vulnerabilidade política e de
crise de legitimidade e de representação", e a aceleração nos trâmites
do processo.
Arantes destacou, ainda, que o projeto original da
reforma que foi debatido era composto de 20 artigos e o substitutivo
aprovado na Câmara tem temas e matérias que não foram discutidos, ao
propor alterações que abrangem 121 dispositivos da CLT.
A
magistrada ressaltou que a mudança, da maneira como ela está sendo
realizada, em tramitação de urgência e sem debate amplo, vai contra uma
convenção da Organização Internacional de Trabalho (OIT) ratificada pelo
Brasil. Por isso o Ministério Público do Trabalho solicitou uma
consulta junto ao organismo internacional, ao denunciar o descumprimento
do tratado pelo país.
Arantes igualmente criticou a reforma
trabalhista que abrange o trabalhador rural, a qual regulamentaria
condições análogas à escravidão.
Opiniões
contrastantes sobre a reforma trabalhista em Oxford (da esq. para a
dir.): Otaviano Canuto, Delaíde Arantes, Roberto Setúbal e Esther Dweck
"Reforma para criar empregos"
Numa
visão diferente da magistrada, o copresidente do conselho de
Administração do Itaú-Unibanco Roberto Setúbal e o diretor executivo do
Banco Mundial para o Brasil, Otaviano Canuto, defenderam as reformas que
estão atualmente em trâmite.
Para Setúbal, a CLT impossibilita o
aumento da produtividade, o que acaba com as chances de um crescimento
econômico sustentável. "Atualmente ela é muito complexa, impossível
cumpri-la com todos os detalhes. A atual legislação é muito burocrática e
intervencionista ao extremo, e não favorece a criação de emprego",
ressaltou.
Setúbal afirmou que o principal ponto da reforma é a
flexibilização maior, com a possibilidade de negociação para ajuste da
legislação de acordo com as necessidades de cada setor. O banqueiro
argumentou que a mudança criará empregos.
"Nunca vamos conseguir
resolver os problemas sociais sem uma legislação equilibrada que permita
às empresas aumentarem a produção e criarem riquezas", destacou o
Setúbal, acrescentando que é impossível cumprir a atual CLT, por ser
extremamente complexa.
Argumento semelhante apresentou o diretor
executivo do Banco Mundial para o Brasil, Otaviano Canuto, que defendeu
também a flexibilização da relação entre empresas e funcionários para a
geração de emprego e aumento da produtividade.
Segundo Canuto, a
"anemia da produtividade" seria um dos principais males presentes da
economia brasileira que contribui em peso para a crise atual no país. O
outro problema seria a ausência de distribuição de riquezas. Com remédio
para tratar a atual situação econômica do Brasil, o economista citou as
duas principais reformas do governo Temer.
A assessora econômica
do Senado, Esther Dweck, argumentou, porém, que a geração de emprego
não depende das reformas. "Quem gera emprego não são empresários, é a
demanda", alertou, afirmando que a atual CLT não é ruim no todo, mas
precisa apenas de alguns ajustes.
"A preocupação é que se o
remédio for errado, ele pode matar o paciente", comentou Dweck, em
referência à palestra de Canuto. A economista argumentou que a
produtividade tem que ser vista de maneira mais ampla e não agregada.
Assim, teria ocorrido um aumento nos últimos anos.
Dweck destacou
ainda que os acordos coletivos nunca ocorrerão de igual para igual,
pois o empresário quase sempre tem melhores posições para negociar com
trabalhadores que temem pelo emprego. Reforma da Previdência
Tanto
Dweck, quanto Canuto e Setúbal concordaram da necessidade de uma
reforma previdenciária no Brasil. Para a economista da UFRJ, no entanto,
ela não deveria estar sendo tramitada em caráter de urgência, com
impactos a curto prazo, e sem um amplo debate entre a população.
Para
a especialista, os principais problemas da reforma proposta por Temer
são o tempo mínimo de contribuição de 25 anos, num "país com um mercado
extremamente informal para os mais pobres"; os 40 anos para o acesso ao
benefício integral; e o cálculo do benefício feito a partir da média de
todos os salários e não excluindo os 20% mais baixos.
"A reforma
proposta tem um efeito fiscal associado ao teto imposto", ressaltou em
referência à proposta do governo, aprovada pelo Congresso, que limita os
gastos federais por 20 anos.
Já Canuto afirmou que essa reforma
deveria ter sido feita há 20 anos, devido à transição demográfica
acelerada que ocorre no país: "O Brasil é muito mais generoso aos
aposentados do que outros países avançados."
Setúbal argumenta
que a mudança contribuirá para o ajuste de contas necessário para
equilibro orçamentário, combatendo dessa maneira a estabilidade
econômica do país.