segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Criptomoedas terão pouco futuro se não se submeterem a uma regulação estatal

José Roberto Mendonça de Barros

Economista e sócio da MB Associados

Foto do autor: José Roberto Mendonça de Barros

É evidente que as criptomoedas não se qualificam como verdadeiras moedas, pois a insegurança e a volatilidade as impedem que sejam relevantes como reserva de valor ou meio de troca      

De lá para cá, as criptomoedas continuaram a atrair investidores – profissionais e pequenos –, em meio a uma sucessão de problemas em várias das moedas, gerando enormes prejuízos em todos os casos. Luna/Terra, Solana, Ethereum e muitas outras colapsaram. O recente caso da implosão da FTX/Alameda foi o último exemplo, o pior até agora.

Criptomoedas continuaram a atrair investidores – profissionais e pequenos –, em meio a uma sucessão de problemas em várias das moedas. FOTO: Reuters
Criptomoedas continuaram a atrair investidores – profissionais e pequenos –, em meio a uma sucessão de problemas em várias das moedas. FOTO: Reuters 

O valor dessa classe de ativos caiu de mais de US$ 3 trilhões, no ano passado, para menos de US$ 1 trilhão atualmente. Uma grande perda, que afeta milhares de investidores, tanto no caixa quanto no valor de seu patrimônio.

No meio dessas tragédias, coisas primárias como a utilização ilegal de aplicações dos clientes em operações fracassadas continuaram existindo. No caso da FTX, uma quantidade enorme de recursos foi perdida ou roubada.

Ademais, uma proporção não desprezível dos negócios faz parte de atividades ilegais de todas as ordens.

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A regulação parece ser a única saída. Primeiro: separar “trading” de serviços. Segundo: separar dinheiro dos investidores de recursos próprios das plataformas para suas operações, o chamado “chinese wall”. Terceiro: a sede das empresas não poderia estar em lugares inacessíveis aos reguladores, como é o caso da FTX e de outras. Este é o cardápio mínimo.

Na essência, é cada vez mais evidente que as criptomoedas não se qualificam como verdadeiras moedas, pois a insegurança e a volatilidade as impedem que sejam relevantes como reserva de valor ou meio de troca em transações.

Está cada vez mais claro que ou as criptomoedas se submetem a uma regulação ou terão pouco futuro. No mínimo, teriam de ser absolutamente rigorosas na governança dos recursos de clientes, como parece ser o caso da Coinbase.

Mas essas regras podem liquidar o sonho das “finanças descentralizadas” de levar a uma revolução, apesar dos tropeços recentes. A mim, parece que apenas a fé quase religiosa de muitos (bem ao sabor dos tempos atuais) move essa classe de ativos para frente.

 

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