18/07/2022
[Imagem: Stefan Keller/Pixabay]
Espiritualidade e saúde
A espiritualidade deve ser incorporada ao cuidado tanto da doença grave quanto da saúde em geral, afirmam mais uma vez especialistas preocupados com os resultados insuficientes da medicina dividida em especialidades cada vez mais restritas.
"Este estudo representa a análise sistemática mais rigorosa e abrangente da literatura moderna sobre saúde e espiritualidade até hoje," disse a professora Tracy Balboni, da Escola de Medicina de Harvard (EUA). "Nossas descobertas indicam que a atenção à espiritualidade em doenças graves e na saúde deve ser uma parte vital do futuro cuidado centrado na pessoa, e os resultados devem estimular mais discussões e progressos nacionais sobre como a espiritualidade pode ser incorporada a esse tipo de cuidado sensível a valores."
"A espiritualidade é importante para muitos pacientes quando eles pensam sobre sua saúde," acrescentou seu colega Tyler VanderWeele. "Focar a espiritualidade na assistência à saúde significa cuidar da pessoa como um todo, não apenas de sua doença."
De acordo com a Conferência Internacional de Consenso sobre Cuidados Espirituais em Cuidados de Saúde, a espiritualidade é "a maneira como os indivíduos buscam o significado, propósito, conexão, valor ou transcendência supremos".
Isso pode incluir a religião organizada, mas se estende muito além, para incluir maneiras de encontrar o significado final conectando-se, por exemplo, à família, à comunidade ou mesmo à natureza.
Estudos científicos de qualidade
Balboni, VanderWeele e seus colegas identificaram e analisaram sistematicamente as evidências científicas envolvendo a espiritualidade tanto no cuidado de doenças graves quanto de cuidados clínicos gerais, publicadas entre janeiro de 2000 e abril de 2022, selecionando apenas os estudos que eles classificaram como "da mais alta qualidade".
De fato, dos 8.946 artigos científicos relacionados à espiritualidade e doenças graves encontrados pela equipe, apenas 371 artigos atenderam aos rigorosos critérios de inclusão para esta meta-análise; e, dos 6.485 artigos focados em tratamentos não envolvendo risco de vida, apenas 215 foram considerados de qualidade.
Um grupo estruturado e multidisciplinar de especialistas, chamado Painel Delphi, revisou as evidências mais fortes e ofereceu implicações consensuais para o envolvimento da espiritualidade na saúde e nos cuidados de saúde.
Os especialistas observaram que, para pessoas saudáveis, a participação em uma comunidade espiritual - participação em celebrações ou rituais religiosos - está associada a vidas mais saudáveis, incluindo maior longevidade, menos depressão e suicídio e menos uso de substâncias.
Para muitos pacientes, a espiritualidade é importante e influencia os principais resultados da doença, como qualidade de vida e decisões de a quais cuidados médicos se submeter.
Multidisciplinar e multirreligiosidade
As implicações do consenso tirado pelo Painel incluíram a incorporação de considerações de espiritualidade como parte dos cuidados de saúde centrados no paciente e o aumento da conscientização entre os médicos e profissionais de saúde sobre os benefícios protetores da participação da comunidade espiritual nesses cuidados.
Os 27 membros incluíam especialistas em espiritualidade e cuidados de saúde, especialistas em saúde pública e médicos clínicos, representando uma diversidade de visões espirituais/religiosas, incluindo espiritual-não-religiosa, ateu, muçulmana, católica, várias denominações cristãs e hindus.
De acordo com os pesquisadores, o simples ato de o profissional de saúde perguntar sobre a espiritualidade de um paciente pode e deve fazer parte de um cuidado centrado no paciente e sensível a valores.
As informações obtidas na conversa podem orientar a tomada de decisões médicas adicionais, incluindo - mas não se limitando a - notificar um especialista em cuidados espirituais. Especialistas em cuidados espirituais, como capelães, são treinados para fornecer cuidados pastorais clínicos a diversos pacientes - sejam espirituais-não-religiosos ou de várias tradições religiosas.
Os próprios capelães representam uma variedade de origens espirituais, incluindo seculares e religiosas.
"Negligenciar a espiritualidade deixa os pacientes se sentindo desconectados do sistema de saúde e dos médicos que tentam cuidar deles," disse o professor Howard Koh, coordenador do painel. "Integrar a espiritualidade aos cuidados de saúde pode ajudar cada pessoa a ter uma melhor chance de alcançar o bem-estar completo e seu mais alto padrão de saúde alcançável."
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