O meu blog é HOLÍSTICO, ou seja, está aberto a todo tipo de publicação (desde que seja interessante, útil para os leitores). Além disso, trata de divulgar meu trabalho como economista, escritor e compositor. Assim, tem postagens sobre saúde, religião, psicologia, ecologia, astronomia, filosofia, política, sexualidade, economia, música (tanto minhas composições quanto um player que toca músicas de primeira qualidade), comportamento, educação, nutrição, esportes: bom p/ redação Enem
Clientes com origens e fontes de receita diversas em mais de 30 mil
contas secretas reforçam incoerência do sistema bancário suíço
Fachada do banco Credit Suisse (Foto: REUTERS/Arnd Wie
247 - Em um escândalo sem precedentes, o Credit Suisse
teve revelada por um consórcio de jornalistas do mundo todo uma fortuna
de mais de US$ 100 bilhões em nome de personalidades suspeitas, como
traficantes, políticos corruptos, torturadores, espiões e até
representantes do Vaticano de diferentes nacionalidades e com diversas
fontes de receitas.
A publicação dos nomes aconteceu neste domingo (20) pelo Organized
Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), sob o comando do jornal
alemão Süddeutsche Zeitung. 160 jornalistas de 48 meios de comunicação
analisaram os dados nos últimos meses, noticiou o jornalista Jamil Chade, em sua coluna no UOL.
O vazamento “expõe a incoerência do sistema bancário suíço e aumenta a
pressão para que um ponto final seja dado ao uso das instituições do
país europeu para a lavagem de dinheiro”, escreve Jamil Chade. O Credit
Suisse é um dos maiores bancos do mundo, com ativos de US$ 1,5 trilhão.
“Nos dados obtidos pelos jornalistas, são mais de 30 mil contas
secretas, incluindo o chefe da espionagem do Iemen, acusado de tortura,
filhos de ditadores, traficantes de seres humanos, políticos corruptos e
funcionários públicos acusados de desviar milhões de dólares da receita
do petróleo venezuelano”, descreve o jornalista. Há ainda autoridades
ligadas aos governos de Angola e Quênia.
O banco respondeu às alegações indicando que gestão de risco estava
“no centro” de sua ação. “Embora se recusasse a discutir clientes
individuais, o banco disse que eles eram "predominantemente históricos" e
que uma "maioria esmagadora" de contas problemáticas identificadas por
jornalistas "estão hoje fechadas ou estavam em processo de fechamento
antes do recebimento das consultas da imprensa".
Biblioteca na escola estadual República da Venezuela II, em Guarulhos. FOTO: TABA BENEDICTO/ESTADÃO
A
importância da leitura é indiscutível quando o assunto é educação.
Afinal, mesmo com o surgimento de tantas novidades tecnológicas, os
livros continuam sendo uma ferramenta essencial para o processo de
ensino, aprendizagem e a formação dos estudantes.
Nesse
sentido, a Biblioteca Escolar exerce um papel fundamental para engajar
os alunos no despertar da leitura e na formação do leitor. Por meio de
diferentes atividades, a Biblioteca pode servir como apoio ao professor
em suas diferentes práticas pedagógicas.
A
seguir, elencamos algumas estratégias que o professor pode promover, em
parceria com a Biblioteca Escolar, para engajar seus alunos na leitura
durante a Educação Básica, desde a Educação Infantil.
Incentivar
visitas periódicas à Biblioteca, com a finalidade de apresentar
diferentes portadores de texto de vários gêneros literários;
Proporcionar
momentos de encantamento das crianças com os livros, apresentando a
obra de uma forma diferente, conversando sobre o autor, propondo a
teatralização dos textos, fazendo debates, adotando atitudes e posturas
que criem afinidade entre livro e leitor;
Contar histórias para os pequenos;
Mostrar
os livros às crianças, contando parte do enredo e criando suspense
sobre o desenrolar dos acontecimentos, aguçando a curiosidade do leitor;
Incentivar concursos de leitura e premiação de leitores;
Fomentar
projetos culturais que incentivem a leitura, como momentos de bate-papo
com a presença de autores, Feira de Livros, Sarau Lítero-Musical, Dia
do Livro, Dia da Poesia e outros projetos envolvendo a proposta
pedagógica da escola;
Proporcionar condições para que os alunos
experimentem a leitura por meio de diferentes materiais, que vão muito
além dos formatos mais tradicionais;
Explorar a tecnologia como
fator de favorecimento, recorrendo a aplicativos móveis, grupos de
leitura no Facebook, postagens interessantes nas mídias sociais, leitura
de blogs, jogos educativos e vídeos que analisam obras literárias.
Esses
são alguns exemplos de como envolver os alunos na leitura, permitindo
também que o professor se aproxime mais dos estudantes.
A tecnologia também traz novas formas de explorar e conhecer obras antes inacessíveis, como por exemplo:
O Domínio Público, que dá acesso a diversos títulos livres de direitos autorais em português;
O Project Gutemberg, que fornece e-books gratuitos em diversas línguas;
O
Gallica, portal da Biblioteca Nacional da França, que conta com livros,
manuscritos, imagens e documentos históricos de livre acesso.
O
importante é saber que, para que a criança desenvolva desde cedo o
hábito e o gosto pela leitura, é preciso que ela tenha sido exposta aos
livros, e veja exemplos de leitores por onde passa. A criança aprende
pelo exemplo, e professores leitores geralmente são bons incentivadores
da leitura.
Em casa, os pais também podem — e devem — colaborar,
realizando a leitura junto com os filhos para que vejam essa prática
como algo que faz parte de sua rotina, como uma atitude natural. O
prazer de ler um livro também está muito ligado à relação que os pais
constroem com seus filhos, como o hábito de ler um livro para a criança
antes de dormir, a conversa sobre livros que já leram ou que gostariam
de ler.
É importante salientar que a leitura gera reflexões,
interação e crescimento intelectual. Daí a importância dessa prática no
cotidiano escolar. Professores de todas as áreas devem incentivar a
leitura e tratá-la como pré-requisito essencial para a aquisição de
novos conhecimentos, pois é por meio dela que os alunos estudam e se
aprofundam nos assuntos de seu interesse, tanto na escola quanto fora
dela.
*Lucimara Soriano é bibliotecária do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré
A busca por criptoativos tem crescido e, com ela, golpes ligados à negociação das moedas digitais
Alguns cuidados simples são capazes de evitar a maior parte dos problemas que causam dor de cabeça nos investidores
Informação continua sendo a regra de ouro para quem quer comprar criptomoedas
Em
finanças, a melhor receita para colher bons frutos é informação. Tomar
decisões sem pesquisar o suficiente é o crime capital de quem começa a
investir. E as criptomoedas são o exemplo mais comum dos erros causados por precipitação.
Para
acertar, não basta conhecer os fundamentos dos criptoativos e pesquisar
sobre cada um deles. É necessário também que o ambiente de investimento
seja seguro. Os golpes existem e é fundamental ficar de olho.
Confira um checklist sobre as situações que devem acender o sinal vermelho do investidor.
1. Fuja de promessas de ganho
Investimentos envolvem risco. Promessas de ganho são um indício de
golpe ou amadorismo da operadora. (Fonte: Vitalii
Vodolazskyi/Shutterstock/Reprodução)
É impossível ter certeza garantia de rentabilidade robusta nos
investimentos. O mercado financeiro não é um tiro no escuro como uma
aposta de loteria, mas os riscos fazem parte do caminho. Por isso, é
preciso fugir dos produtos que prometem retorno certo.
Existem moedas estáveis, que demonstram boa liquidez e fundamentos seguros. O bitcoine
a ethereum, as duas mais comuns, ilustram isso. Mas mesmo elas são
passíveis de flutuação intensa. O bitcoin, por exemplo, caiu quase 50%
entre abril e junho de 2021.
2. Desconfie de lucros exorbitantes
Se
promessa de lucro é desconfiável, ganhos exorbitantes também devem ser
encarados com reservas. Ao encontrar um operador que venda criptomoedas
com anúncios como “Até 1000% de retorno em X tempo”, é hora de acender o
sinal de alerta. É até possível enriquecer com as criptomoedas, mas cautela é fundamental.
As
moedas digitais são ativos que variam livremente pela relação de oferta
e demanda. Não existe Banco Central, Ministério da Fazenda, política
cambial ou qualquer outro mecanismo que dê previsibilidade.
3. Fique atento às pirâmides financeiras
As
pirâmides financeiras são operações que dependem que novas pessoas
entrem para sustentar o ganho das primeiras. Mas em algum momento o
ciclo vai quebrar, pois ele se torna insustentável. Esse é um problema
que frequentemente ocorre com os criptoativos.
Quando
isso acontece, é comum que a empresa operadora capte clientes e os
remunere muito bem com a renda de quem entra no grupo. Isso atrai mais
pessoas, que também são bem remuneradas, e o ciclo se repete até que o
sistema quebre. Esse é o momento em que os operadores costumam “sumir”,
deixando os clientes com perdas enormes.
4. Procure informação sobre os operadores
Investimento em criptomoedas não pode ser feito às escuras. Procure
empresas com governança baseada em transparência. (Fonte: TY
LIM/Shutterstock/Reprodução)
Apesar das críticas à falta de regulação,
as empresas de investimento precisam seguir algumas operações no
Brasil. No caso de criptomoedas, a Associação Brasileira de
Criptoeconomia (ABCripto) é responsável pela autorregulação do mercado
no País. Há regras que devem ser seguidas entre as empresas associadas,
como a prevenção de lavagem de dinheiro e o reporte de atividades
suspeitas ao Coaf.
Antes de investir em criptos, vale verificar se a empresa que você procurou é associada a ABCripto.
5. Atenção com o phishing
O phishing é um termo que fala de “pescar dados”, brincando com o termo em inglês para pesca (fishing).
Você encontrará no mercado sites falsos, que simulam ser de operadoras
financeiras bem-conceituadas. E também há apps que aplicam a fraude.
Se
você cair nesse golpe, além de ficarem com o dinheiro do investimento,
os criminosos poderão pedir senhas pela falsa plataforma e também por
WhatsApp. E há ainda o pedido de pagamentos adiantados.
Essas
empresas costumam ter métodos estranhos e menos dinheiro para investir
na comunicação. O design é um tanto tosco e os portais pouco funcionais.
Por isso, se você ficou com má impressão, vale a pena levar sua
intuição a sério.
6. Desconfie de superestruturas de criptografia
É
verdade que tecnologia e pouca funcionalidade é uma combinação
estranha, mas o mesmo vale para super sistemas difíceis de compreender e
que supostamente vão revolucionar o mercado. Esse é um dos golpes mais
comuns, pois eles dificultam que você se informe a respeito.
Se um sistema é capaz de monitorar de modo instantâneo uma queda abrupta de criptomoedas causada pela movimentação das “baleias”, ele conseguiria vendê-las rapidamente. Segundos são cruciais nesses momentos.
Ocorre
que isso costuma ser mentira. Se o mundo inteiro está atrás de sistemas
que otimizem o ganho, é improvável que uma empresa comum tenha
descoberto “o pulo do gato”.
Como
você pode perceber, a regra básica é informação. Com alguns cuidados, é
possível fugir dos golpes mais comuns envolvendo os criptoativos.
Apesar
de iniciativas, FMI cobra ação conjunta de países para evitar fluxos de
capital 'potencialmente desestabilizadores'; ativo chegou a movimentar
US$ 3 trilhões em novembro do ano passado
Thaís Barcellos, O Estado de S.Paulo
17 de fevereiro de 2022
BRASÍLIA
- O avanço das criptomoedas no mundo é inegável e parece irreversível. O
ativo chegou a movimentar US$ 3 trilhões (por volta de R$ 15,3
trilhões) em novembro do ano passado, segundo a plataforma CoinGecko,
valor que recuou nas últimas semanas. O fluxo provoca uma grande
discussão em todos os países: como regular esse mercado, prevenindo
riscos que as moedas digitais trazem – como a facilidade maior para a
lavagem de dinheiro –, mas sem perder as oportunidades que elas
oferecem?
Atualmente, poucas nações contam com legislações
abrangentes sobre o tema, mas o debate é intenso tanto entre autoridades
nacionais quanto nos organismos internacionais. Cada país adota uma
estratégia para manter esse mercado sob controle e as regras variam
bastante, apesar dos apelos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para uma atuação coordenada.
Na
maioria dos casos, as autoridades financeiras nacionais estão à frente
do processo, mas, como o universo de criptoativos é abrangente – podendo
funcionar como investimento, meio de pagamento ou ainda para acessar
algum benefício específico (utility tokens) –, é comum que algumas
atividades sejam reguladas e outras, não, dentro de um mesmo país.
Placa em café em Londres indica caixa eletrônico para a compra de bitcoins; ativo de alta volatilidade.
Foto: Luke MacGregor/Bloomberg - 4/2/2022
Dentre os locais com legislações mais avançadas, destacam-se Japão, Cingapura e outros países menores, que tentam se firmar como pioneiros na moedas digitais. El Salvador,
por exemplo, é a única nação que reconhece uma criptomoeda, o bitcoin,
como divisa nacional, desde o ano passado. Na outra ponta, a China proibiu, também no ano passado, atividades ligadas ao ativo, caminho que o Banco Central da Rússia gostaria de seguir, mas parece não ter o aval do presidente do país, Vladimir Putin.
Volatilidade
Conhecido
por sua alta volatilidade, o mercado de criptoativos entrou em
trajetória de baixa acentuada desde o pico atingido em novembro,
especialmente por conta da perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, segundo a gestora de criptomoedas Hashdex. Ainda assim, o NCI (Índice de Criptoativos da Nasdaq), a bolsa americana de tecnologia, fechou 2021 com valorização de 102%.
O
FMI atesta o forte crescimento nos últimos anos e também a expansão das
conexões com o sistema financeiro regulado, o que coloca desafios à
estabilidade financeira. Há também receio do impacto da adoção dos
ativos como moeda oficial, especialmente em mercados emergentes e em
desenvolvimento.
Por ser um ativo de natureza global, o FMI
argumenta que as regras nacionais são limitadas e que medidas
regulatórias descoordenadas podem facilitar fluxos de capital
“potencialmente desestabilizadores”. Por isso, defende que o Comitê de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) desenvolva uma estrutura global com padrões para regulamentação.
Para
o fundo, seria adequado exigir autorização para prestação de serviços
com ativos digitais e conformidade de regras entre criptoativos e
produtos correlatos já regulados. Por exemplo, se usados para
pagamentos, deveriam ser regulados por bancos centrais.
“Os
países estão adotando estratégias muito diferentes, e as leis e
regulamentações existentes podem não permitir abordagens nacionais que
incluam de forma abrangente todos os elementos desses ativos”, diz o
FMI, em relatório de dezembro de 2021.
O Resumo de Regulação de Criptoativos de 2022 da bolsa de valores americana Nasdaq
aponta avanços recentes em 28 economias-chave. Segundo o documento, o
Japão foi o primeiro país a ter um sistema legal para regular a
negociação de criptoativos, em 2016. Cingapura, Abu Dhabi e Bermudas também têm legislações amplas sobre o tema.
Regulação
Dentre as propostas mais recentes, destacam-se Estados Unidos e Índia. Na maior economia do mundo, a SEC, xerife do mercado de capitais,
divulgou, em janeiro, proposta que pode colocar as plataformas de
negociação sob sua regulação, no caso de compra e venda de ativos
virtuais considerados valores mobiliários.
A proposta é que essas plataformas sejam caracterizadas como uma corretora ou sistema alternativo de negociação, segundo a chefe de regulação e design de produto da plataforma Mercado Bitcoin, Juliana Facklmann.“É
uma proposta muito interessante, porque o credenciamento para praticar a
atividade seria feito por um autorregulador, a autorização seria
descentralizada e mais simples, dando segurança ao mercado sem impedir a
concorrência.” O mercado futuro de criptoativos nos EUA já é regulado
pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities.
Na
Índia, o governo informou no início do mês que vai taxar em 30% os
lucros com moedas virtuais e que deve lançar sua CBDC, a rúpia digital,
até o ano que vem, movimento que foi visto no setor como um passo para
regulação. As CBDCs são um esforço de autoridades monetárias mundiais
para manter a soberania da moeda em um ambiente de crescimento de
criptomoedas em geral, mas, em especial, de stablecoins, criptoativo de
emissão privada com lastro em um ativo real, por isso mais estável.
“Hoje, o regulador já entendeu que é um caminho sem volta. Fazer uma
CBDC é uma forma de estar dentro da competição”, diz Rudá Pellini, presidente da Arthur Mining, mineradora de ativos digitais que opera nos Estados Unidos e autor do livro O Futuro do Dinheiro.
Dentre as propostas em estudo, Facklmann, do Mercado Bitcoin, destaca a União Europeia,
que tem projeto bastante abrangente em tramitação no Parlamento, mas se
destina a “utility tokens” e meios de pagamento, sem abarcar
investimentos. Dentro do bloco, a França quer se firmar como um país aberto ao mundo cripto e o governo também trabalha em uma legislação específica.
No Brasil, há projetos em discussão no Congresso
e a tendência é a criação de regras básicas para o mercado, que devem
ser mais bem detalhadas em regulamentação posterior, provavelmente a
cargo do Banco Central.
“Cada país está vivendo sua experiência, fazendo o melhor”, sintetiza
Facklmann, que, apesar disso, vê um “espírito confluente” até porque
nenhum país quer ficar para trás e perder oportunidades desse mercado.
El Salvador
O
FMI pediu a El Salvador, no final do mês passado, para abandonar o uso
do bitcoin como moeda legal, devido aos riscos à estabilidade
financeira. O pedido representa a mais recente reviravolta nas
negociações entre o fundo e o país altamente endividado da América Central,
que busca empréstimo de US$ 1,3 bilhão. O FMI afirmou que a adoção da
divisa digital também cria riscos para estabilidade financeira e
proteção de consumidores, além de impor dificuldades ao quadro fiscal.
Em
setembro do ano passado, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo
a adotar o bitcoin como moeda local e exigiu que todas as empresas
aceitassem o ativo como meio de pagamento. A medida foi celebrada por
defensores da criptomoeda, mas economistas alertaram que o presidente Nayib Bukele não levou em conta os problemas que a divisa poderia trazer a uma economia de US$ 26 bilhões.
El
Salvador, que atualmente está negociando um programa de ajuda
financeira com o FMI, não consultou o fundo sobre seus planos, segundo
pessoas familiarizadas com as negociações. No ano passado, funcionários
do FMI disseram a empresas de classificação de risco que um acordo com
El Salvador estava próximo, mas as negociações pararam desde então, em
parte por causa da decisão-surpresa de Bukele de aprovar uma lei para
tornar o bitcoin moeda de curso legal. /COM INFORMAÇÕES DO DOW JONES NEWSWIRES
Fundador e presidente do Granito Group; professor
catedrático convidado na NOVA School of Business and Economics, em
Portugal. Nomeado Young Global Leader pelo Fórum Econômico Mundial, em
2017
Demonização da área debilitou nossa capacidade de fornecer múltiplas interpretações
"Quais os possíveis impactos das alterações climáticas
na gestão de uma carteira de investimentos?" Esta foi uma das perguntas
que 80 dos meus alunos tiveram que responder recentemente no exame
final da cadeira em finanças sustentáveis.
79 alunos, oriundos de todo o mundo, exímios em cálculo financeiro,
debruçaram-se sobre como o risco climático poderá impactar o cálculo do
Índice Beta. Outros olharam para a história e mencionaram o relatório
Stern, um estudo encomendado pelo governo britânico sobre os efeitos das alterações climáticas na
economia global nos próximos 50 anos. Alguns fizeram projeções de
cenários futuros. Vários fizeram uma diferenciação de acordo com a
classe de ativos. A maioria das respostas foi um repasto de sabedoria.
Mas a aluna que teve nota máxima foi a única que respondeu que as
alterações climáticas poderão, em alguns casos, não impactar a gestão de
ativos financeiros. Utilizou todas as referências que aprendeu na sala
de aula para deixar as suas impressões digitais numa visão contrastante e
densamente argumentada. Abdicou de ser um mero canal de transmissão e
passou a ser um veículo de emissão de informação original. Pensou, não
memorizou ou calculou.
Sala de aula pronta para receber alunos da Universidade Federal do Paraná
- André Filgueira/Divulgação UFPR
Os alunos que terminam agora os seus estudos em escolas de negócios mudarão de emprego, e possivelmente de área profissional, 7 ou 8 vezes. São a materialização de um mundo globalizado em constante agitação.
Ao invés de treinarmos os alunos para memorizarem a verdade, temos
que inspirá-los a criá-la; em oposição ao cultivo de uma única
especialidade, temos que fecundar a sua capacidade de adaptação; para
superar o seu natural autocentrismo, temos que dar-lhes a oportunidade
de experimentarem as ansiedades de terceiros.
Conhecimentos STEM –Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática– continuam sendo fundamentais,
mas o Fórum Econômico Mundial destaca que entre as 10 habilidades mais
valorizadas no futuro estarão também a capacidade de analisar
criticamente e de resolver problemas; a capacidade de mostrar
iniciativa, inovação e criatividade; e a capacidade de ser flexível,
tolerante e resiliente.
A demonização das Humanidades, iniciada com o Fordismo do século 20 e
agudizada ao longo do último século pela apologia à velocidade, pelas
respostas peremptórias e pontiagudas e pela robotização da produção,
debilitou a nossa capacidade de oferecer múltiplas interpretações para
tornar inteligível um problema complexo. Valorizamos mais a aptidão para
a resposta pronta, aquela que estala da boca com hálito a ciência, do que o virtuosismo de uma resposta multiforme.
Os mercados financeiro e corporativo precisam de mais
profissionais formados em Humanidades. Mas estes começam a escassear.
Nos EUA, apenas 5,4% das graduações e 3.4% dos mestrados são dedicados
às Humanidades, segundo a OCDE. Luxemburgo, França, Alemanha, Dinamarca e
Itália lideram este ranking, com percentagens que, ainda assim, não
ultrapassam os 13%.
A humanização do mercado corporativo e profissional pode conter um
elemento moral que é, geralmente, alvo de vandalismo ideológico e até
partidário. É também através desta lente que o mercado financeiro é
apresentado como um mecanismo de extração de valor e não de criação de
riqueza.
Mas há aqui um aspecto utilitarista que precisa ser considerado. A
passagem de graduados em Humanidades pelo mercado financeiro,
habitando-o, poderá possibilitar a melhoria do desempenho corporativo,
mesmo que interpretado da forma mais percentualizada possível.
Podemos treinar os alunos a calcular fórmulas de desvio padrão para
determinar o valor nominal do risco de um ativo. Mas será mesmo possível
calcular o risco – de crédito, político, ambiental, social, de
governança – de uma empresa sem pularmos a cerca da equação matemática?
Podemos treinar profissionais para as linguagens de programação Python ou Java. Mas será que é possível criar tecnologia
sem entender a psicologia dos seus usuários ou sem explorar as
dimensões éticas e culturais que possibilitarão o usufruto dessa
engenharia?
Novas tecnologias como Machine Learning e Inteligência
Artificial provocam questões fundamentais sobre o significado de ser
humano. E para responder a essas questões precisamos de versatilidade
cognitiva, não de unilateralidade.
A bipolarização entre a Ciência e as Humanidades não é benéfica nem
para as Ciências nem para as Humanidades. Muitos conceitos financeiros
brotaram das Ciências Humanas. O mercado de opções foi proposto por Tales de Mileto,
o pai da filosofia grega e um homem de negócios. A lógica da
diversificação aparece no Talmude hebraico e no livro bíblico de
Eclesiastes. O princípio da equanimidade do filósofo político John Rawls
foi adaptado à gestão de um portfólio de investimentos por Dan Iancu,
da Universidade de Stanford.
Em São Paulo, os 450 metros a pé que separam a Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade (FEA) são medidos em quilómetros por quem
frequenta ambas as faculdades.
Mas, nos EUA, a Universidade de Stanford e o MIT –historicamente
conhecidas pelo seu enfoque em engenharias e economia– estão atualmente
posicionadas nos dois primeiros lugares do ranking das melhores
universidades em Humanidades e Artes (Times Higher Education World). O
mundo mudou e as universidades mudaram.
Também dispararam as contratações de especialistas em ética, filosofia e antropologia em empresas como Apple, Meta ou Alphabet. Na Google,
os projetos Oxygen e Aristotle, iniciados em 2009 e em 2012, visaram
analisar matematicamente todos os dados internos disponíveis para
identificar as qualidades que conduziam a um melhor desempenho
individual.
A resposta: os melhores profissionais são aqueles que têm sentido
crítico, criativo e empático mais vincado. Os estudos internos levaram a
que contratação de graduados em Humanidades crescesse como funções
exponenciais duplas.
O mundo mudou e as corporações mudaram.
Em homenagem ao meu filho Gabriel, estudante de Antropologia e de
Música, prestes a iniciar a carreira universitária em regime presencial.
Mudanças na tributação de combustíveis dependem de uma reforma mais ampla sobre bens e serviços
Bernard Appy*, O Estado de S.Paulo
15 de fevereiro de 2022
A tributação dos combustíveis
virou tema central no debate político nacional. Soluções mal desenhadas
podem ter, no entanto, custos sociais, ambientais e econômicos muito
elevados. Alguns pontos, enumerados a seguir, podem ajudar na discussão.
1) Num momento em que o mundo discute a transição para uma
economia menos intensiva em carbono, não faz qualquer sentido desonerar
combustíveis fósseis. Ao contrário, para estimular a ampliação do uso de
carros elétricos (processo em que o Brasil
está bastante atrasado), o ideal é que a carga incidente sobre os
combustíveis fósseis seja mais elevada que sobre os demais produtos.
Migração
para outro modelo de tributação pressupõe uma transição bastante longa,
para não haver um impacto traumático sobre as finanças estaduais e
municipais Foto: Werther Santana/ Estadão
2)
Para estabilizar a volatilidade dos preços dos combustíveis, seria
preciso elevar a tributação em períodos em que os preços estão baixos
para reduzi-la quando os preços sobem. O Brasil tem um instrumento para
fazer este ajuste, que é a Cide-Combustíveis, mas optou por não
utilizá-lo quando os preços estavam baixos.
3) A responsabilidade por uma política de redução da volatilidade dos preços dos combustíveis deveria ser da União,
e não dos Estados, cuja tributação apenas acompanha a variação dos
preços. Não faz qualquer sentido mudar a forma de cobrança de ICMS
sobre combustíveis por motivos conjunturais, até porque o efeito sobre
as finanças dos Estados e municípios tende a ser muito grande. Ninguém
reclamou do modelo de cobrança do ICMS quando o preço dos combustíveis
estava baixo.
4) Mesmo no caso do governo federal, a desoneração
tributária ou a concessão de subsídios para reduzir o preço de
combustíveis precisa ser bem ponderada, pois seu custo é muito alto.
Recursos públicos são escassos e, certamente, há carências sociais mais
urgentes e relevantes que a redução do preço da gasolina.
Isso
posto, entendo que faz sentido mudar, estruturalmente, o modelo de
cobrança do ICMS sobre combustíveis, adotando valores fixos por litro
nacionalmente uniformes. A migração para esse modelo pressupõe uma
transição bastante longa, para não haver um impacto traumático sobre as
finanças estaduais e municipais. A mudança também deveria contemplar a
recuperação do imposto, na forma de crédito, quando o combustível é
usado como insumo – resolvendo de forma definitiva o debate sobre o
impacto da tributação dos combustíveis para os caminhoneiros.
Para
fazer essas mudanças, no entanto, é necessária uma reforma ampla da
tributação dos bens e serviços, na linha das propostas atualmente em
discussão no Congresso Nacional.
Todas as propostas apresentadas até o momento carregam problemas e parecem não atacar as origens da alta dos combustíveis
Celso Ming*, O Estado de S.Paulo
16 de fevereiro de 2022 | 20h29
Governo e Congresso estão batendo cabeças para encontrar regras destinadas abaixar os preços dos combustíveis neste ano eleitoral. Todas as propostas carregam problemas.
A melhor saída talvez seja a criação de um fundo de estabilização,
que funcionaria como uma bateria elétrica. Quando os preços
disparassem, como agora, os recursos acumulados seriam usados para pagar
parte da conta. Quando voltassem a nível suportável, o fundo voltaria a
ser carregado.
Outras propostas defendem que esse fundo seja composto por dividendos da Petrobras e outras receitas provenientes dos leilões e da produção. Mas, se for por aí, então é preciso dar condições ideais para que a Petrobras
produza esses dividendos, sem tentar tungar a empresa, como muitos
querem. Essa ideia carrega um custo fiscal. São recursos que o setor
público perderia.
Há ainda aqueles que pretendem
empurrar a conta para a Petrobras, sob o argumento de que opera a
custos baixos e que, portanto, poderia suportar uma sangria. Essa
história de fixar preços pelos custos é velha de guerra e sempre tromba
no barranco. Seria punir a eficácia.
Afora isso, empurrar a conta
sobre a Petrobras esbarraria no problema de que o País não é
autossuficiente em combustíveis. Importa cerca de 30% do óleo diesel.
Como empurrar o subsídio para o importador?
O problema de fundo
não é o ICMS nem os demais impostos. São os preços do petróleo que se
avizinham dos US$ 100 por barril e da cotação do dólar que reflete as
mazelas da economia e as lambanças do governo. E os projetos em
discussão não consertam isso.
Quer dar aquele saborzinho a mais no suco de frutas? Confira esta
receita de suco especial com frutas que vai deixar sua bebida muito mais
saborosa. Fica pronta em apenas 5 minutinhos e é ótima para
complementar a sua refeição do dia!
Pessoas que retrataram o Black Lives Matter como ameaça estão deliciadas com protestos antivacina no Canadá
No domingo (13), a polícia canadense finalmente dispersou os manifestantes antivacina que bloqueavam a Ponte Ambassador,
entre Detroit (EUA) e Windsor (Canadá), uma rota comercial importante
por onde normalmente passam mais de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) em
comércio internacional diário. Outras pontes continuam fechadas, e parte
de Ottawa, a capital canadense, ainda está ocupada.
A hesitação das autoridades canadenses diante dessa disrupção foi
alarmante aos olhos dos americanos. Também alarmante, embora não
surpreendente de fato, foi o uso do vandalismo econômico e da
intimidação por grande parte da direita americana —especialmente pessoas
que criticaram as manifestações em favor da justiça racial.
O que estamos vendo aqui é uma lição objetiva sobre o que algumas
pessoas realmente querem dizer quando falam em "lei e ordem".
Vamos falar sobre o que está acontecendo no Canadá e por que eu chamo isso de vandalismo.
Manifestantes do 'Comboio da Liberdade' bloqueiam ruas diante do Parlamento canadense, em Ottawa
- Ed Jones/AFP
O "Comboio da Liberdade" foi divulgado como uma reação dos caminhoneiros irritados com a vacinação obrigatória contra a Covid-19.
Na realidade, não parece haver muitos caminhoneiros entre os
manifestantes na ponte (cerca de 90% dos caminhoneiros canadenses estão
vacinados). Na semana passada, um repórter da agência Bloomberg viu
apenas três carretas entre os veículos que bloqueavam a Ponte
Ambassador, que eram na maioria caminhonetes e carros particulares;
fotos tiradas no sábado também mostram muito poucos caminhões
comerciais.
Colunas e Blogs
O sindicato Teamsters, que representa muitos caminhoneiros dos dois lados da fronteira, denunciou o bloqueio.
Portanto, esse não é um levante da base dos caminhoneiros. É mais como um 6 de janeiro
em câmera lenta, uma disrupção causada por um número relativamente
pequeno de ativistas, muitos deles extremistas de direita. Em seu pico,
as manifestações em Ottawa supostamente envolveram apenas cerca de 8.000
pessoas, enquanto os números em outros locais foram muito menores.
Apesar de seu pequeno número, porém, os manifestantes estão
infligindo um volume notável de prejuízos econômicos. As economias dos
Estados Unidos e do Canadá são estreitamente integradas. Em particular, a
indústria fabril norte-americana, especialmente mas não somente a de
automóveis, conta com um fluxo constante de peças entre fábricas dos
dois lados da fronteira. Em consequência, a interrupção desse fluxo
atrapalhou a indústria, forçando cortes na produção e até o fechamento
de fábricas.
O bloqueio da Ponte Ambassador também gerou grandes custos indiretos,
pois os caminhões são desviados para rotas secundárias e obrigados a
esperar em longas filas em pontes alternativas.
Qualquer tentativa de definir um número para os custos econômicos do
bloqueio é enganosa e especulativa. No entanto, não é difícil chegar a
números como US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) ou mais por dia; combine
isso com a disrupção em Ottawa, e os protestos de "caminhoneiros" já
podem ter infligido prejuízos econômicos de alguns bilhões de dólares.
É um número interessante, porque é aproximadamente comparável às
estimativas da indústria de seguros sobre as perdas totais associadas
aos protestos do Black Lives Matter, após o assassinato de George Floyd —protestos que parecem ter envolvido mais de 15 milhões de pessoas.
Essa comparação sem dúvida surpreenderá os que obtêm suas
notícias da mídia de direita, que retratou o movimento como uma orgia de
saques e incêndios criminosos. Eu ainda recebo emails de pessoas que
acreditam que grande parte da cidade de Nova York foi reduzida a ruínas
fumegantes. Na verdade, as manifestações foram notavelmente não
violentas; houve vandalismo em poucos casos, mas foi relativamente raro,
e o dano foi pequeno considerando o tamanho enorme dos protestos.
Em contraste, causar danos econômicos
foi e é simplesmente do que tratam os protestos no Canadá —porque
bloquear fluxos de bens essenciais, ameaçando o ganha-pão de pessoas, é
exatamente tão destrutivo quanto quebrar uma vitrine de loja. E ao
contrário de, por exemplo, uma greve contra uma determinada empresa,
esse dano coube indiscriminadamente a qualquer pessoa que tivesse o
infortúnio de depender do livre comércio.
E com que finalidade? As manifestações do Black Lives Matter foram
uma reação ao assassinato de pessoas inocentes pela polícia; o que está
acontecendo no Canadá é, aparentemente, sobre rejeitar medidas de saúde
pública destinadas a salvar vidas. É claro, até isso é principalmente
uma desculpa: é na verdade uma tentativa de explorar o cansaço da
pandemia para reforçar a habitual agenda da guerra cultural.
Como se poderia esperar, a direita americana está adorando isso.
Pessoas que retrataram protestos pacíficos contra mortes praticadas pela
polícia como uma ameaça existencial estão deliciadas com o espetáculo
de ativistas de direita infringindo a lei e destruindo riqueza. A Fox
News dedicou muitas horas à cobertura elogiosa dos bloqueios e
ocupações. O senador Rand Paul, que chamou os ativistas do Black Lives
Matter de "turba enlouquecida", pediu protestos no estilo do Canadá para
"congestionar as cidades" dos Estados Unidos, especificamente dizendo
que esperava ver caminhoneiros perturbando a final do campeonato de
futebol, o Super Bowl (eles não fizeram isso).
Suponho que a reabertura da Ponte Ambassador seja o início de uma
repressão mais ampla a protestos destrutivos. Mas espero que não
esqueçamos este momento — e em particular que nos lembremos dele na
próxima vez que um político ou alguma figura da mídia falar em "lei e
ordem".
Os acontecimentos recentes confirmaram o que muitos suspeitavam: a
direita fica perfeitamente à vontade, na verdade entusiasmada, com atos
ilegais e desordem, desde que sirvam aos fins da direita.