O meu blog é HOLÍSTICO, ou seja, está aberto a todo tipo de publicação (desde que seja interessante, útil para os leitores). Além disso, trata de divulgar meu trabalho como economista, escritor e compositor. Assim, tem postagens sobre saúde, religião, psicologia, ecologia, astronomia, filosofia, política, sexualidade, economia, música (tanto minhas composições quanto um player que toca músicas de primeira qualidade), comportamento, educação, nutrição, esportes: bom p/ redação Enem
Hoje,
Diana Ferreira, de 33 anos, opta por produtos biológicos, frescos e, se
possível, locais. Não consome laticínios, evita carnes vermelhas, sal
ou açúcar em excesso. E vai ao ginásio com frequência. “Hoje sei que o
nosso intestino é, sem dúvida, o nosso segundo cérebro”, diz ao DN
As taxas sobre as bebidas açucaradas levaram a uma redução do consumo de açúcar calculada em 5 500 toneladas
Oferecer
água, fruta e produtos hortícolas nas cerimónias organizados pelo
Estado; retirar os saleiros dos restaurantes e limitar a publicidade de
produtos poucos saudáveis em eventos destinados a crianças. Estas são
algumas das medidas previstas na Estratégia Integrada para a Promoção da
Alimentação Saudável (EIPAS), publicada no final do ano, que, tal como
disse ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, visa também
chegar a acordo com a indústria para a reformulação de produtos como
cereais, tostas, batatas fritas, bolachas e laticínios. A ideia é
reduzir as quantidades de sal, açúcar e gordura trans nestes alimentos.
"Vamos
com eles (indústria) discutir objetivos concretos para determinado
conjunto de gamas de produtos, ao longo de vários anos. A nossa proposta
é de três anos com metas anuais de redução de sal e de açúcar nos
produtos que consideramos mais importantes para ver se conseguimos por
esta via melhorar a qualidade da alimentação dos portugueses", afirmou
Fernando Araújo em entrevista à Lusa. A ideia, prosseguiu, é "colocar
objetivos de redução anuais, de modo a que estejam alinhados com as boas
práticas europeias".
Contactado
pelo DN, Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da
Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, explicou que estas são
apenas algumas das 51 medidas que fazem parte da Estratégia publicada no
final do ano e elaborada com a colaboração de sete ministérios. Um
documento, frisa, que já mereceu elogios por parta da Organização
Mundial de Saúde (OMS).
"Um
dos objetivos é chegar a um consenso sobre os valores de redução a
atingir em cada categoria de alimentos. Quando os acordos estiverem
finalizados, haverá uma entidade externa que irá verificar se o que se
acordou chega a bom porto", adiantou ao DN o nutricionista,
acrescentando que esta medida "parte do princípio que há interesse de
ambas as partes - Estado e empresas - para a mudança". No entanto,
sublinhou, a "modificação terá de ser gradual, de forma a que a
indústria não perca consumidores".
Os
nutricionistas veem com bons olhos a intenção de reformular alguns
alimentos. "Acho que o Estado está a ser sensato na tentativa de chegar a
acordo com a indústria. É um diálogo que já provou ser muito útil em
Inglaterra, por exemplo, onde o consumo de sal é mais baixo", afirmou
Nuno Borges, da direção da Associação Portuguesa de Nutrição, destacando
que, no caso do sal, a "margem de redução é brutal", pois os
portugueses consomem mais do dobro do que é recomendado pela OMS.
Já
Isabel do Carmo, endocrinologista, reconheceu que "chegar a acordo com
indústria é sempre muito difícil", mas espera que "o Governo tenha força
suficiente para impor níveis mais baixos do que os praticados
atualmente". Contudo, destacou, é importante lembrar que os resultados,
nomeadamente "a redução das doenças cardiovasculares, "só vão surgir a
longo prazo". E as medidas só têm impacto integradas "num programa geral
em que a publicidade a alimentos hipercalóricos seja condicionada, por
exemplo, e os estabelecimentos de comida rápida estejam longe da
escola".
Entre as medidas
previstas na EIPAS, destacou Pedro Graça, está precisamente a limitação
da publicidade destinada a menores de idade de produtos alimentares com
excesso de sal, açúcar e gordura trans. Mas há muito mais, nomeadamente
estender a todos os organismos do Estado as restrições de venda de
alimentos nas máquinas automáticas, incentivar as opções pela produção
biológica nas compras públicas, alargar orientações alimentares a todos
os ciclos de ensino e incentivar as empresas do setor agroalimentar a
reduzir o tamanho das porções dos alimentos e bebidas pré-embalados.
O
diretor do PNPAS reconheceu ao DN que "algumas medidas são muito fáceis
de implementar, outras demorarão mais tempo e outras não sabemos se
serão concretizadas na totalidade". No entanto, frisou, "é o primeiro
passo para termos uma estratégia concertada" em Portugal com vista a uma
alimentação mais saudável, sendo que a educação assume também um lugar
de destaque nas medidas. "Não podemos trabalhar apenas na reformulação
dos produtos, se as pessoas não quiserem comprar esses produtos",
sublinhou o responsável.
Menos 5.500 toneladas de açúcar
Em 2017, os portugueses consumiram menos 5 500 toneladas de açúcar, uma
descida associada à medida que taxou as bebidas açucaradas. Segundo o
secretário de Estado da Saúde, esta diminuição deveu-se à redução do
consumo, mas também à "reformulação dos produtos". Para o nutricionista
Nuno Borges, "não é [uma redução] extraordinária, mas é um passo
positivo e é possível que se atinjam valores mais relevantes no futuro".
O dinheiro das taxas, prossegue, "devia ser aplicado em medidas
eficazes de promoção de alimentação saudável e favorecimento de
alimentos saudáveis".
Loja modelo em Seattle não tem
caixas nem carrinhos de supermercado; chamado de Amazon Go,
estabelecimento tem câmeras para registrar quando usuário retira item de
gôndola
21/01/2018
Por Nick Wingfield, de Seattle
- The New York Times
A primeira pista de que há algo pouco usual a
respeito da “loja do futuro” da Amazon está logo na porta de entrada.
Parece que você não está entrando numa loja, mas sim em uma estação de
metrô, com direito a portões e tudo mais. No lugar de um bilhete, porém,
só entra na loja – chamada de Amazon Go – quem tiver instalado no seu
celular o aplicativo oficial do estabelecimento.
Dentro dela, há um minimercado de 167 metros
quadrados, com estantes repletas de comida que você poderia encontrar
em qualquer loja de conveniência, como refrigerantes, batatas chips e
catchup. Também tem alguns dos produtos que podem ser encontrados na
Whole Foods, a cadeia de mercados que a Amazon comprou no ano passado.
Mas é a tecnologia presente dentro da loja –
e na maior parte das vezes, fora das vistas dos consumidores – que
permite uma experiência de compras como nunca antes vista. Não há caixas
em nenhum lugar. Ao finalizar a compra, os consumidores simplesmente
saem pelos mesmos portões que entraram, sem nem precisar sacar o cartão
de crédito da carteira. Tudo o que está na sacola vai direto para a
cobrança na conta do usuário na Amazon.
Na próxima segunda-feira, 22, a loja, no
centro de Seattle, será aberta ao público pela primeira vez. Não há
carrinhos ou cestas de mercado: uma vez que o processo de pagamento é
automático, esses artefatos do século passado não são necessários. No
lugar disso, basta apenas colocar as coisas na sacola que o usuário
preferir.
Toda vez que um consumidor pegar um item da
estante, a Amazon interpreta que o produto já está no “carrinho de
compras” online da conta do cliente. Se o produto voltar à gôndola, a
Amazon o retira da cestinha virtual.
O único sinal de tecnologia que torna isso
possível está bem acima das estantes: são fileiras de pequenas câmeras,
centenas delas espalhadas pela loja. A Amazon não explica exatamente
como o sistema funciona, mas diz que envolve reconhecimento de imagem e
softwares de aprendizado de máquina. Ou seja, em bom português: a
tecnologia da loja consegue ver e identificar todos os itens presentes
nas estantes, sem precisar adicionar um chip a cada loja de sopa ou
pacote de salgadinhos.
Em 2016, os Estados Unidos tinham pelo menos
3,5 milhões de pessoas empregadas como caixas de supermercado. É bem
fácil pensar que seus empregos estão em risco se a tecnologia da Amazon
se espalhar pelo varejo. Por agora, a empresa diz apenas que a
tecnologia muda o papel dos empregados – da mesma forma que descreve o
papel da automação para seus funcionários em centros de distribuição
espalhados pelos EUA.
“Colocamos nossos funcionários em diferentes
tipos de tarefas que podem ser úteis à experiência dos consumidores”,
diz Gianna Puerini, a executiva responsável pela loja.
Entre essas tarefas, estão a reposição de
itens nas estantes e prestar auxílio a consumidores com qualquer
problemas técnicos. Há um grupo dedicado a ajudar os clientes a
encontrar seus produtos favoritos, bem como uma cozinha em uma porta
próxima, com chefs preparando refeições à venda na loja. Como não há
caixas, um empregado fica à disposição na seção de vinhos e cervejas da
loja, checando as identidades dos consumidores que podem retirar bebidas
alcóolicas das estantes.
A maioria das pessoas que já passaram tempo
em uma fila de caixa de supermercado entendem o quanto esse processo
pode ser atrapalhado, com gente furando fila ou empacando o ritmo com
problemas no cartão de crédito. Na Amazon Go, por outro lado, o processo
de pagamento – vá lá, não tem outro jeito de se dizer isso – se parece
com roubar uma loja. É só depois de alguns minutos depois que o
consumidor sai da loja e recebe um recibo eletrônico em seu email é que
esse sentimento vai embora.
Repórter do NYT tenta 'furtar' pacote de refrigerante da loja da Amazon, mas acaba sendo cobrado pela empresa minutos depois
Por outro lado, tentar furtar a Amazon Go
não é exatamente algo fácil. Com a permissão da loja, tentei enganar o
sistema de câmeras ao esconder um pacote de latas de refrigerante, no
valor de US$ 4,35, dentro da minha sacola quando ela ainda estava nas
estantes. A ideia era puxar a sacola com o produto, esconder debaixo do
meu braço e simplesmente sair. Recebi a cobrança em poucos minutos.
Uma pergunta, porém, paira sem resposta:
aonde a Amazon vai usar essa tecnologia? A empresa não diz se vai abrir
mais lojas do tipo ou se é apenas um teste localizado. Uma possibilidade
intrigante é usar a tecnologia nas lojas do Whole Foods, mas Puerini
diz que a Amazon não tem planos de fazer isso.
Especula-se ainda que a Amazon poderia
vender o sistema para varejistas, da mesma forma que faz com serviços de
nuvem para outras empresas. Por agora, é importante fazer um último
aviso: sem um caixa para assustar o consumidor na hora de pagar, é fácil
gastar mais do que o necessário na Amazon Go. Fique de olho na sua
carteira. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS
ter do NYT tenta 'furtar' pacote de refrigerante dacobrado pela empresa minutos depois
efrigerantes e salgadinhos
Sem carrinhos ou cestas do mercado, itens são considerados 'comprados' quando são coldor
Para saber o que cada consumidor está comprando, loja usa tecnologia de câmerasimagem
Loja em Seattle tem 167 metros quadrados.
Funcionários são treinados para
auxiliar usuário quepode ou
não comprar bebidas alcóolicas
Para pagar, basta sair da loja; em instantes, empresa envia email detalhando as compras
Recibo aparece no smartphone de usuário minutos após o fim da compra na Amazon Go
Repórter do NYT tenta 'furtar' pacote de refrigerante da loja da Amazonpela empresadepois
Entrada da loja se parece com uma estação de metrô, com direito a catracas
Buraco
nas contas da Previdência chegou a R$ 268,8 bi no ano passado, em meio
às discussões sobre a votação da reforma no Congresso
Idiana Tomazelli e
Adriana Fernandes,
O Estado de
S.Paulo
23 Janeiro 2018
O rombo na Previdência atingiu a marca recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017,
justamente um ano marcado por sucessivos adiamentos na votação da
reforma proposta pelo governo para endurecer regras de aposentadoria e
pensão no País. O déficit é 18,5% maior do que em 2016 e inclui os
regimes do INSS e dos servidores da União. Os dados foram revelados
ontem pelo governo e mostram que a Previdência dos servidores segue
tendo um peso proporcional maior nas contas. Um beneficiário militar
federal, por exemplo, custa 16 vezes mais do que um segurado do INSS.
Mesmo tendo um peso maior nos cofres públicos, militares estão fora da reforma da Previdência em debate
Foto: Wilton Junior/Estadão
O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$
99,4 mil no ano passado, contra R$ 6,25 mil no INSS. Entre os
servidores civis da União, a necessidade de financiamento do rombo
também é mais elevada, de R$ 66,2 mil. Os dados foram calculados com
base no déficit de 2017 e no número de beneficiários de 2016, já que não
há dados mais recentes sobre a quantidade de benefícios em todos os
regimes.
Em termos
absolutos, o déficit na Previdência aumentou R$ 41,9 bilhões no ano
passado. Para o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, o resultado
lança mais um alerta sobre a necessidade de aprovar a reforma. Segundo
ele, sem o enfrentamento do problema, o Brasil poderá viver uma situação
semelhante ao que aconteceu com a Grécia e Portugal, onde a solução
acabou sendo a redução dos benefícios.
O
governo ainda não tem os votos necessários para aprovar a proposta, mas
Caetano demonstrou confiança na capacidade de negociação. “O governo
trabalha com a aprovação da reforma em meados de fevereiro”, disse
diversas vezes durante a entrevista coletiva. O secretário defendeu que a
reforma é essencial para o equilíbrio das contas públicas. “Observem os
números. Os déficits crescem na ordem de dezenas de bilhões por ano.
Temos que enfrentar”, afirmou.
++ BASTIDORES: Vazamento do Caged indica disputa entre Planalto e técnicos do Trabalho
O avanço do déficit não é o único dado alarmante na
avaliação do consultor legislativo do Senado Pedro Nery. O ritmo de
crescimento da despesa previdenciária é o que mais preocupa, em sua
avaliação. O aumento foi de 6,7% no ano passado, já descontada a
inflação do período. “Mesmo em um ano em que praticamente não houve
reajuste no benefício, ela continuou aumentando porque o crescimento
vegetativo (maior número de beneficiários) é muito forte”, disse Nery.
Caetano alertou que o processo de envelhecimento
populacional tende a se acelerar na próxima década, um indicativo de que
a janela para o Brasil fazer mudanças nas regras previdenciárias sem
cortar benefícios pode estar se fechando.
O forte crescimento do déficit previdenciário urbano
reforça essa mensagem. O aumento do rombo foi de 54,7% no ano passado,
para R$ 71,7 bilhões. Até 2015, essa conta era positiva, mas a avaliação
do secretário é que há uma tendência estrutural de resultados negativos
a partir de agora. “O envelhecimento populacional acontece em ritmo
muito acelerado”, disse.
++ 'Déficit da Previdência é trágico'
O governo espera uma economia de cerca de R$ 588 bilhões
nas despesas com aposentadorias e pensões em 10 anos com a aprovação da
reforma da Previdência, a maior parte do impacto concentrada no longo
prazo. Caso a proposta seja aprovada até março deste ano, a economia em
2018 seria de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões para as contas públicas. O
secretário negou previsões de um impacto de R$ 10 bilhões neste, como
fontes do Palácio do Planalto tentaram disseminar para sinalizar com
espaço no Orçamento para mais gastos com emendas das parlamentares.
Camisinha feminina e calcinha de látex são algumas das opções mais indicadas para essa prática
Toda vez que as palavras sexo e proteção estão citadas sempre pensamos
na camisinha. De fato, não há nada de errado nisso. Mas quando o assunto
é um pouco mais específico, como o sexo oral, é importante que a gente
saiba que existem vários outros tipos de preservativos no mercado.
A popular camisinha é o mais conhecido protetor do órgão genital
masculino e, apesar de não ser tão eficiente assim para o sexo oral, é a
mais usada atualmente quando o sexo oral é no homem
Foto: bikeriderlondon / Shutterstock
Esses preservativos existem, pois a prática do sexo oral pode
transmitir doenças como a sífilis, o HPV, o herpes genital, a gonorreia e
tantas outras que, sem tratamento, podem levar a morte.
Protetores
De cara é importante que se diga que todo tipo de barreira mecânica que
não seja permeável e impeça o contato direto da boca com a área
afetada, seja oral, genital ou anal é um tipo de protetor que pode ser
mais ou menos eficaz dependendo de alguns fatores que impeçam o máximo
de troca de fluídos durante o sexo.
A popular camisinha é o mais conhecido protetor do órgão genital
masculino e, apesar de não ser tão eficiente assim para o sexo oral, é a
mais usada atualmente quando o sexo oral é no homem. “Com ela, toda
região ao redor do pênis fica descoberta, portanto vários vírus como por
exemplo o HPV podem infectar a região da virilha e testículos”, diz
Kaue Campos Pavanello, cirurgiã-dentista e diretor clínico da Ome
Odontologia Integrada.
Agora, quando a intenção é fazer esse tipo de sexo nas mulheres, as
opções são menos famosas e pouco usadas, infelizmente. “No caso das
mulheres, algumas opções também podem ser utilizados para fazer sexo
oral no ânus. Uma das modalidades é a calcinha de látex, facilmente
encontrada na internet. Ela consiste em uma calcinha com uma abertura na
região genital e anal que é recoberta com látex. Esta calcinha também
pode ser encontrada totalmente em látex”, diz Kaue.
Também existe no mercado a camisinha lingual, mas segundo o
especialista, esse item não fornece a proteção devida. “A camisinha
lingual não tem função protetora por que só protege a língua e não a
cavidade oral como um todo. A sua principal função é o estimulo durante o
sexo oral, pois apresenta textura, sabores e pode até vir com um
pequeno vibrador na ponta”, diz Kaue.
A camisinha feminina é um dispositivo bem interessante para o sexo oral
na mulher uma vez que apresenta uma área grande de recobrimento e
limita bastante a área de contato direto entre quem recebe o sexo oral e
quem faz. Ela e a masculina são os métodos mais utilizados para evitar
DSTs.
“Toda barreira mecânica induz a uma perda de sensibilidade mas, assim
como a camisinha convencional, usá-la é uma questão de saúde”, diz Kaue.
Preconceitos
Infelizmente o sexo oral é uma das modalidades de sexo onde menos se
encontra maneiras para prevenção de doenças e o diagnóstico ainda é
cheio de preconceitos.
“Quando eu me deparo com um caso de doença sexualmente transmissível em
meu consultório tenho dificuldades de conseguir falar com o meu
paciente. Muitas vezes quando proponho a possibilidade de ser uma DST, o
paciente não volta mais ou afirma que essa opção não é válida,
sentindo-se envergonhado, principalmente quando atendo mulheres. As
vezes preciso de alguns dias para convencer o paciente a voltar ao
consultório para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento na cavidade
oral”, diz o especialista.
Para Kaue, apesar da evolução da sociedade ainda é comum encontrar
muita resistência para falar de sexo no mundo, isto torna a prevenção
das doenças sexuais muito mais difícil.
Comissão Europeia apresenta projeto para reduzir o
desperdício de embalagens a partir da reciclagem e do reuso. Proposta
seria a fundação de uma nova economia do plástico.
Menos de 30% do plástico produzido na União Europeia é reciclado.
A Comissão Europeia, poder executivo da União Europeia (UE),
apresentou nesta terça-feira (16/01) um projeto que prevê que, até 2030,
todas as embalagens plásticas do bloco sejam recicláveis.
Anualmente a Europa produz 25 milhões de toneladas de plástico, mas menos de 30% desse montante é reciclado.
Outro
problema são os microplásticos, que contaminam o ar, a água e as
cadeias alimentares e cujas consequências para a saúde humana e dos
animais ainda são desconhecidas.
"Se não mudarmos a forma com que
produzimos e usamos plástico, em 2050 haverá mais plástico do que
peixes no oceano", afirmou o primeiro vice-presidente da Comissão
Europeia, Frans Timmermans. "A única solução a longo prazo é reduzir o
desperdício de plástico a partir da reciclagem e do reuso."
Segundo
a proposta da Comissão Europeia, até 2030 todas as embalagens plásticas
em circulação no mercado da UE teriam que ser recicláveis. O uso de
plásticos descartáveis também seria reduzido.
Microplásticos, que são encontrados em produtos como cosméticos e roupas, seriam severamente restringidos.
Além
disso, o plano também impulsionaria o financiamento e investimento na
produção de plásticos recicláveis mais amigáveis ao meio ambiente e na
melhoria dos processos de reciclagem.
Agora o projeto da Comissão
precisa ser aprovado tanto pelos governos dos países que compõem a UE
quanto pelo Parlamento Europeu.
O objetivo da Comissão Europeia é
fundar as bases para uma "nova economia do plástico" que, além de ser
mais sustentável, geraria inovação, crescimento de empregos e ainda
faria da Europa líder mundial de uma política de transição de plásticos.
Em depoimento a programa da BBC, James
Rhodes opina que "a busca pela felicidade parece nobre, mas
fundamentalmente falha" e que as redes sociais não estão ajudando nisso.
BBC BRASIL.com
14 jan 2018
A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e as redes sociais não estão ajudando.
Para pianista, a felicidade "é, simplesmente, um estado de ser,
que é fluido, passageiro e às vezes inatingível" | Foto: Reprodução
HARDtalk/BBC
Foto: BBCBrasil.com
A opinião é do pianista James Rhodes, que sobreviveu a anos de abuso sexual na infância seguidos de tentativas de suicídio.
"Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro
opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a
busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.
Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".
Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".
A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".
Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho.
"As selfies cuidadosamente escolhidas postadas no Instagram" e
outros aspectos vistos nas redes sociais, segundo o pianista, "não estão
ajudando"
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
Redes sociais
Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a
dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente
impraticável e insustentável".
"Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas
postadas no Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias
-inalcançável e extremamente 'photoshopada' - e o anonimato das redes
sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".
Especialistas já alertam que o uso de redes sociais pode causar ou agravar doenças mentais, como depressão.
O pianista defende que esse tipo de doença - com o qual sofre há 20
anos - seja urgentemente repensado e também classificado, enquanto
expressão, como simplesmente "condição humana" e não mais como doençal
mental.
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento
que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
"Sentimentos desafiadores"
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que
permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há
também o outro lado.
"Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos,
aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no
continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse
pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.
Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes".
Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".
"Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contra-intuitivo e contraproducente".
Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas
ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele
decidiu trilhar há alguns anos - quando resolveu contar em livro
episódios de abusos sexuais e outros problemas que enfrentou ao longo da
vida.
James Rhodes: Para ele, negar sentimentos e situações
tumultuados, desafiadores e difíceis é contraproducente | Foto:
Reprodução HARDtalk/BBC
Foto: BBCBrasil.com
Abusos
Rhodes foi vítima de abusos sexuais cometidos por um professor quando tinha entre 6 e 10 anos de idade.
Ele detalhou a história 30 anos depois no livro
"A Memoir of Madness, Medication and Music"
, publicado em 2015 e traduzido para o português como
"Instrumental: memórias de música, medicação e loucura"
.
Antes, no entanto, enfrentou 14 meses de batalha judicial com a
ex-mulher, que tentava impedir a publicação argumentando que o livro -
que relata não apenas os abusos como também os problemas psiquiátricos
que se seguiram - poderia traumatizar o filho do casal, na época com 12
anos de idade.
Entre os famosos que apoiaram o pianista na época estava o ator e amigo
de infância Benedict Cumberbatch, intérprete do detetive Sherlock
Holmes, na série Sherlock, da BBC, e indicado ao Oscar pelo filme "O
Jogo da Imitação".
O livro de Rhodes detalha que o pianista foi estuprado repetidas vezes
por seu professor de educação física e boxe em uma escola particular de
elite em Londres.
A isso seguiram-se anos de uso de drogas e álcool, comportamentos
autodestrutivos, tentativas de suicídio e uma temporada de internação em
um hospital psiquiátrico.
Uma reviravolta em sua vida só ocorreu quando ele, que havia deixado de
tocar havia dez anos, procurou um dos maiores agentes do mundo para
propor uma parceria.
O pianista James Rhodes sofreu abusos e sobreviveu a tentativas
de suicídio. Sua vida teria mudado a partir da música | Foto: Reprodução
HARDtalk/BBC
Foto: BBCBrasil.com
Salvo pela música
O agente ficou fascinado ao ouvi-lo tocar e decidiu que não se tornaria
seu sócio, mas que faria com que voltasse para a música.
Rhodes voltou então a ter aulas, com um dos mais reconhecidos
professores da Itália, e acabou mudando de vida. Foi salvo pelo piano.
Já conhecido no cenário musical, ele denunciou o homem que aponta como
autor dos abusos, identificado como Peter Lee. À época da denúncia, o
suspeito dava aulas de boxe para crianças de dez anos.
Ele tinha cerca de 70 anos quando foi preso e indiciado por abuso sexual. Morreu, no entanto, antes de ser julgado.
"Há períodos em que eu me desprezo, em que eu quero me machucar, em que
eu quero morrer. E há períodos em que eu me sinto bem no mundo e todas
essas coisas são naturais para mim", diz Rhodes no Viewsnight, da BBC,
ao abordar a questão da busca pela felicidade. Ele sugere: "Talvez nós
possamos focar em celebrar nossa bagunça individual e, ao fazer isso,
nos unir de uma maneira mais honesta".
A China
é, reconhecidamente, um dos países que mais retirou pessoas da linha de pobreza
nas últimas décadas. Foram 700 milhões de pessoas desde as reformas e a
abertura da década de 1970 até 2016, conforme o Escritório de Redução da
Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de Estado. São quase três Brasis. Mas, em
paralelo, aconteceram também as diferenças entre ricos e pobres, hoje
gritantes, e que se acentuaram. Segundo relatório recente do projeto World
Wealth and Income Database (WID, banco de dados coordenado, entre outros, pelo
economista francês Thomas Piketty), a fatia da riqueza nacional detida pelo 1%
mais rico dos chineses dobrou, em 20 anos, de 15% da renda nacional, em 1995, para
30% em 2015.
Affonso
Ritter.
A desigualdade na China
A China é, reconhecidamente, um dos países que mais retirou pessoas da
linha de pobreza nas últimas décadas. Foram 700 milhões de pessoas desde
as reformas e a abertura da década de 1970 até 2016, conforme o
Escritório de Redução da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de
Estado. São quase três Brasis. Mas, em paralelo, aconteceram também as
diferenças entre ricos e pobres, hoje gritantes, e que se acentuaram.
Segundo relatório recente do projeto World Wealth and Income Database
(WID, banco de dados coordenado, entre outros, pelo economista francês
Thomas Piketty), a fatia da riqueza nacional detida pelo 1% mais rico
dos chineses dobrou, em 20 anos, de 15% da renda nacional, em 1995, para
30% em 2015. - Jornal do Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/01/colunas/observador/605763-a-desigualdade-na-china.html)
A desigualdade na China
A China é, reconhecidamente, um dos países que mais retirou pessoas da
linha de pobreza nas últimas décadas. Foram 700 milhões de pessoas desde
as reformas e a abertura da década de 1970 até 2016, conforme o
Escritório de Redução da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de
Estado. São quase três Brasis. Mas, em paralelo, aconteceram também as
diferenças entre ricos e pobres, hoje gritantes, e que se acentuaram.
Segundo relatório recente do projeto World Wealth and Income Database
(WID, banco de dados coordenado, entre outros, pelo economista francês
Thomas Piketty), a fatia da riqueza nacional detida pelo 1% mais rico
dos chineses dobrou, em 20 anos, de 15% da renda nacional, em 1995, para
30% em 2015. - Jornal do Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/01/colunas/observador/605763-a-desigualdade-na-china.html)
Área degradada é estimada em 4 milhões de
hectares, o que, segundo especialistas, supera em muito a recuperação de
30 mil hectares com plantio de 73 milhões de árvores até 2023, prevista
no projeto.
BBC BRASIL.com
5 jan 2018
Uma área de pelo menos 4 milhões de hectares, equivalente ao tamanho da
Suíça ou a 4 milhões de campos de futebol, foi destruída na Amazônia
nas últimas décadas e essa degradação, segundo especialistas, criou um
abismo difícil de ser reduzido até mesmo parcialmente - como pretende
fazer um projeto alardeado como "incrivelmente audacioso" e "o maior da
história" nesse campo.
Vista aérea da Amazônia, no Brasil: Destruíção de áreas na
floresta é apontada como "alarmante", mesmo com ritmo reduzido
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
A iniciativa, anunciada na abertura do festival de música Rock in Rio,
em setembro, quer recuperar 30 mil hectares e devolver 73 milhões de
árvores à floresta brasileira até 2023. A previsão é de que as ações
sejam intensificadas em 2018.
A perspectiva significa, na prática, recompor 4,52% do que foi
desmatado somente entre agosto de 2016 e julho de 2017 (6.624
quilômetros quadrados, mais de 600 mil hectares) e resolver 0,75% do
desmatamento total acumulado que atinge uma área de pelo menos 4 milhões
de hectares.
"Apesar de ser sempre louvável que algo seja feito, ao invés da inação,
o projeto é completamente insuficiente para compensar, minimamente, o
que é destruído", diz o pesquisador senior do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), Antonio Donato Nobre.
Rodrigo Medeiros, da Conservation International: Articulação de
parceiros é vantagem em projeto na floresta | Foto: Flavio
Forner/Conservação Internacional
Foto: BBCBrasil.com
"Muvuca"
O projeto prevê a utilização de uma técnica de semeadura chamada
"muvuca", uma mistura de sementes espalhada na terra para tentar chegar o
mais próximo possível ao comportamento da floresta.
O custo médio por hectare chega a ser 3 a 4 vezes menor do que os
métodos mais tradicionais, como o plantio de mudas, diz Rodrigo
Medeiros, da CI-Brasil. "Além da escala, o que torna o custo menor é o
mix de técnicas que serão utilizadas, que vai desde a semeadura direta
de sementes até a condução de regeneração natural", acrescenta.
Na maioria das áreas a mistura é semeada com a ajuda de máquinas. Nas menos extensas, é feita manualmente.
"Por meio dessa técnica, cada uma das espécies vai cumprindo uma função
dentro do ecossistema, que vai desde ajudar a enriquecer o solo, até
trazer mais diversidade, propiciar condições para que os dispersores de
sementes (pássaros, insetos, répteis e mamíferos), possam entrar nessa
área e o princípio básico é: tentar imitar a dinâmica da floresta.
Imitar como ela faria por conta própria", descreve Junqueira, do
Instituto Socioambiental.
Segundo ele, será possível ver que as sementes viraram floresta - ou
caminham para isso - depois de três anos, quando as árvores estarão com
um porte mais avantajado. Em 10 anos, estima, será possível identificar
as espécies que predominam.
"Parte da solução"
Lançadas oficialmente à terra em novembro de 2016, as primeiras
sementes da iniciativa começam a brotar na bacia do rio Xingu, onde
122,6 mil hectares de florestas foram desmatadas entre agosto de 2016 e
julho de 2017.
Agora, 2 milhões de árvores estão sendo restauradas em uma área de 800 hectares.
"Hoje sabemos que no mínimo 4 milhões de hectares de florestas foram
destruídos na Amazônia de maneira ilegal e desnecessária nas últimas
décadas e precisam ser restaurados", diz Rodrigo Medeiros,
vice-presidente da Conservation International para o Brasil (CI-Brasil),
uma das entidades que conduzem o projeto. "Queremos ser parte dessa
solução".
O reflorestamento é feito em parceria com o braço ambiental do Rock in
Rio, o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Socioambiental e o Banco
Mundial. A restauração de cada hectare envolve, em média, cerca de 2
mil pessoas, em atividades que incluem coleta e beneficiamento de
sementes, preparação das áreas, semeadura e monitoramento.
Articulação
"A maioria das experiências anteriores de restauração registradas na
Amazônia não alcançam 30 mil hectares, sem contar com o fato de que eram
iniciativas singulares, sem a articulação que estamos promovendo
agora", diz Medeiros.
Quando oficialmente anunciada, em setembro de 2017, o CEO da
Conservation, M. Sanjayan, descreveu a iniciativa como "incrivelmente
audaciosa".
A declaração foi propagada por diversos veículos nacionais e
internacionais, e acrescentava: "Juntamente com uma aliança de
parceiros, estamos realizando o maior projeto de restauração de
florestas tropicais no mundo, reduzindo o custo de restauração no
processo".
E a ideia, segundo o vice-presidente da Conservation no Brasil, é agregar mais parceiros e recursos para ampliar as ações.
"Temos um horizonte de 6 anos com recursos garantidos, mas não podemos
esquecer que a meta assumida pelo Brasil no Acordo de Paris, com
restauração, vai até 2030. Então, temos muito trabalho pela frente".
Árvore na Amazônia: Segundo especialista, "para que recuperação
de florestas tenha chance de fazer frente às mudanças climáticas",
passivo do desmatamento deve ser eliminado
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
Acordo
O acordo de Paris, que ele cita, é um compromisso mundial para reduzir a emissão de gases que causam mudanças no clima.
Por meio desse acordo, o Brasil quer restaurar 12 milhões de hectares
de vegetação, até 2030 - número que corresponde a 60% dos 20 milhões de
hectares estimados como passivo, ou tamanho do problema gerado pelo
desmatamento em todo o território nacional. E isso vai além da Amazônia.
Medeiros considera que o objetivo do projeto que conduz é "grande" se
comparado à escala do que foi feito anteriormente, mas admite que "pode
parecer pequeno" se considerada "a escala do compromisso assumido pelo
Brasil".
Embora não zere o passivo que existe, a expectativa é que os 30 mil
hectares da iniciativa se somem a outros para que os 12 milhões
pretendidos como parte do Acordo sejam atingidos.
A meta brasileira é chegar ao ano 2025 com emissões de gases 37% menores que em 2005 e alcançar 43% de queda em 2030.
Para isso, além de estimular o replantio e a restauração da vegetação, o
governo se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia
sustentável na matriz energética para aproximadamente 18% e a alcançar
uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da
matriz.
Hoje, energia eólica, energia solar e biomassa, que integram a lista
das fontes renováveis, representam uma fatia somada de 16,75% da
potência instalada, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel).
Antonio Donato Nobre, pesquisador senior do INPE, alerta para a
necessidade de soluções na Amazônia | Foto: Cedida / Inpe
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País teria que plantar 2 mil árvores por minuto
Mesmo que do ponto de vista do reflorestamento não seja o único caminho
vislumbrado para o cumprimento desse acordo, o projeto da Conservation
International é usado como base por especialistas para mostrar o longo
caminho que o país tem a percorrer.
De acordo com Antonio Donato Nobre, do INPE, as 73 milhões de árvores
previstas no projeto "representam apenas 25 dias de destruição pelo
ritmo médio do desmatamento nos últimos 40 anos" e, se plantadas em um
ano, corresponderiam a algo em torno de 13% do requerido para repor o
que foi destruído no mesmo período.
O cálculo considera a perda provocada por corte raso, que é a
eliminação da vegetação, normalmente para dar lugar a pastos ou
plantações.
"Para plantar um número de árvores equivalente ao que foi destruído
seria necessário, em um ano, plantar por volta de um bilhão de árvores
ou 2 mil por minuto", estima. Pelo projeto, entretanto, seriam cerca de
14,16 milhões de árvores por ano, até 2023.
Segundo o pesquisador, "para que a recuperação de florestas na Amazônia
tenha qualquer chance de fazer frente às mudanças climáticas locais e
regionais - decorrentes do próprio desmatamento - é preciso que o
passivo de desmatamento seja eliminado.
"A não recuperação desse passivo continuará a permitir a degradação de
florestas devido à mudança climática em curso (mortalidade por secas
sucessivas e degradação por fogo), e esta degradação comprometerá - e já
está comprometendo - o compromisso mínimo do Brasil no acordo de
Paris".
Rodolfo Coelho Prates, pesquisador: "Direitos de propriedade e
outras questões influenciam degradação na Amazônia" | Foto: Cedida
Foto: BBCBrasil.com
Área maior que a Paraíba estaria em risco
Em um cenário em que a marcha pró-recuperação da floresta mede forças -
em posição de desvantagem - com uma escala enorme de desmatamento, a
realidade descrita por pesquisadores é avaliada como "alarmante". E a
tendência preocupa.
"Se houver um comportamento futuro igual ao do passado, significa que,
entre 2023 e 2030 (anos considerados marcos para o projeto da
Conservation International e para o Acordo de Paris), teremos um
desmatamento de 65 mil a 75 mil quilômetros quadrados, uma área bastante
superior a todo território da Paraíba e mais de 3 vezes o território de
Sergipe", diz o doutor em economia, professor visitante do Middlebury
College (EUA) e pesquisador da Universidade Federal do Paraná, com
trabalhos sobre a Amazônia, Rodolfo Coelho Prates.
O cálculo toma por base uma média de desmatamento de 11 mil quilômetros
quadrados por ano, ou de 1 milhão e 100 mil hectares, que ele diz ter
sido alcançada nos últimos 15 anos.
Só no período de agosto de 2016 a julho de 2017, dados do INPE mostram
que a taxa atingiu 6.624 quilômetros quadrados de corte raso.
O resultado indica uma diminuição de 16% em relação a 2016, quando
ficou em 7.893 quilômetros quadrados, e de 76% ante a taxa registrada em
2004, quando o Governo Federal lançou o Plano para Prevenção e Controle
do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).
Nobre, do INPE, afirma que não há, porém, o que comemorar. "Há que se
confrontar o passivo", diz, avaliando a degradação de florestas como
"catastrófica".
Muvuca, como é chamada a mistura de sementes de diferentes
espécies para recuperação ambiental de áreas degradadas | Foto: Rogério
Assis/ISA
Foto: BBCBrasil.com
Cabeceira dos rios
Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre estão entre os Estados onde o
problema é mais crítico. Estão também entre os alvos prioritários no
projeto que a Conservation International desenvolve na floresta, com
parceiros.
O projeto abrange áreas nas cabeceiras e ao longo dos rios considerados
essenciais para manter a regularidade hídrica na região.
O ponto de partida das ações foi a bacia do rio Xingu, onde o plantio
começou em novembro de 2016 e se estendeu até 2017, na porção da bacia
situada no Mato Grosso.
O plantio chegou a 1,5 milhão de árvores, com sementes colhidas e
beneficiadas por índios e agricultores familiares, diz Rodrigo
Junqueira, coordenador do programa Xingu - do Instituto Socioambiental
(ISA) - e conselheiro da Associação Rede de Sementes do Xingu, que
forneceu as sementes usadas nessa etapa do projeto.
Semente de espécie nativa da Amazônia: Diversidade é uma das
características em reflorestamento que está em curso na área | Foto: Tui
Anandi/ISA
Foto: BBCBrasil.com
Na área, foi utilizada a técnica muvuca de plantio, mais adequada às características locais.
Na lista das que foram plantadas estão, por exemplo, Abóbora, Angelim
da Mata, Angico Cuiabano, Jatobá, Ipê Amarelo, Ipê Roxo, Baru,
Carvoeiro, Caroba da Mata, Mirindiba, Murici, Guadu, Banana Brava, Oi da
Mata, Feijão de Porco e Urucum.
Área em restauração no Mato Grosso: especialistas reconhecem
importância de projetos, mas apontam que força do desmatamento é maior |
Foto: Eduardo Malta Campos Filho/ISA
Foto: BBCBrasil.com
Reflorestamento demandará US$ 10 milhões
Para chegar à área pretendida de 30 mil hectares, o projeto demandará
um investimento total de US$ 10 milhões, equivalente a R$ 33 milhões. O
custo médio por hectare gira em torno de US$ 3 mil (R$ 9,93 mil).
O custo do primeiro milhão de árvores foi bancado pelo Rock in Rio, com
recursos próprios e angariados junto ao público. O segundo milhão será
pago pela CI e os demais pelo projeto Paisagens Sustentáveis da
Amazônia, iniciativa financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente
(GEF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado no
Brasil pelo Banco Mundial tendo a CI e o Funbio como executores.
Em 2018, diz Medeiros, serão selecionadas as áreas e organizações que
irão trabalhar na restauração dos próximos 28 mil hectares. A escolha
será feita nos Estados do Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. A expectativa
é que os trabalhos em campo comecem no segundo semestre.
"Esse é de fato o início do processo de destravamento dessa agenda no
Brasil e esperamos que, dentro dos próximos anos, a área em restauração
cresça exponencialmente com várias iniciativas como essa", ressalta o
executivo.
Coleta de frutos em área na Amazônia: Sementes para projeto de
reflorestamento são colhidas e beneficiadas por índios e agricultores
familiares | Foto: Tui Anandi/ISA
Foto: BBCBrasil.com
"Divisor de águas"
Para o governo federal, políticas lançadas em 2017 são "um divisor de
águas" do ponto de vista da restauração da vegetação e ações como o
projeto da Conservation International não são inexpressivas. Mas há
desafios.
Segundo o diretor do Departamento de Florestas e Combate ao
Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Jair Schimitt, a lista
inclui fortalecer a cultura de recuperação no país, viabilizar fontes de
financiamento e criar - além de dar musculatura - a uma cadeia
produtiva, com produção de mudas, coleta de sementes e aperfeiçoamento
das técnicas usadas, por meio de pesquisa e desenvolvimento.
Iniciativas nesse sentido são previstas no Plano Nacional de
Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em novembro de 2017
como principal instrumento de implementação da Política Nacional para
Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg), instituída em janeiro.
Tais políticas, diz Schimitt, dão diretrizes e estímulos para que mais ações aconteçam.
"Agora que temos instrumentos políticos robustos queremos induzir a
disponibilidade financeira (para projetos na área)", exemplifica o
diretor.
Com base em estimativas da academia, ele afirma que seriam necessários
R$ 50 bilhões ou mais para recuperar os 12 milhões de hectares previstos
no Acordo de Paris. "Mas não quer dizer que o governo tenha que aportar
esse recurso. Grande parte desse desmatamento é ilegal e é dever de
quem fez isso recuperar o que foi destruído."
Jair Schimitt, do Minsitério do Meio Ambiente: Políticas
lançadas em 2017 devem estimular recuperação de florestas | Foto:
Gilberto Soares/MMA
Foto: BBCBrasil.com
Schimitt estima que os projetos de recuperação no Brasil somem,
atualmente, 70 mil hectares. Mas afirma que a lista deverá crescer.
Por meio do "Paisagens Sustentáveis", por exemplo, a pretensão é
recuperar 28 mil hectares nos próximos seis anos, o que deverá demandar
um aporte de US$ 60 milhões (R$ 198 milhões) junto ao GEF, principal
fundo de financiamento ambiental no mundo.
Também foi lançada uma chamada pública da ordem de R$ 200 milhões para
recuperação da vegetação na Amazônia. "Espera-se (com isso) de 15 mil a
20 mil hectares ou mais sendo financiados", diz, ressaltando que, "na
história do país, recuperar a vegetação nunca esteve em uma agenda
prioritária", mas que "o assunto começou a se tornar importante" ao ser
posto como compromisso dentro do Acordo de Paris e ao ser objeto de
novas políticas.
"Essa iniciativa da Conservation International, se olharmos outras que
estão em execução, é bastante robusta, porque promover a recuperação da
vegetação nativa não é algo simples e fácil, que vai acontecer da noite
para o dia", diz Schimitt. "Então, a exemplo dessa iniciativa, o que a
gente quer é fomentar outras dessa natureza ou ainda maiores para que,
gradativamente, possamos atingir os resultados almejados".
Árvore derrubada na Amazônia: Desmatamento ameaça o clima e também traz outros riscos, segundo especialistas
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
Por que preservar e reflorestar importa?
Pós-doutor em Ecologia e Gestão da Biodiversidade, Rodrigo Medeiros, da
Conservation International, explica que manter a floresta em pé traz
benefícios como a regulação do clima do planeta e do ciclo hidrológico -
o movimento contínuo da água dos oceanos, continentes (superfície, solo
e rocha) e na atmosfera.
"Cada hectare de floresta restaurada funciona como uma espécie de bomba
dupla que ao mesmo tempo absorve carbono da atmosfera, reduzindo os
efeitos das mudanças climáticas, enquanto bombeia para a atmosfera
milhares de litros de água, sob a forma de vapor, essencial para a
manutenção do regime hidrológico do continente", explica.
A retirada de árvores contribui para tornar o clima "inóspito", segundo
os especialistas, e pode transformar grandes extensões territoriais do
Brasil em desertos.
"Devemos lembrar que aproximadamente 60% das chuvas que caem sobre o
Sudeste, Sul e Centro Oeste são provenientes da Amazônia. E sem floresta
a chuva não alcança tais regiões", diz o pesquisador Rodolfo Coelho
Prates.
Zerar
Mas mais importante do que recuperar a vegetação é zerar o
desmatamento, reforça o pesquisador. Mas ele opina que o ambiente atual
não conspira a favor disso.
"Atualmente, é possível observar que, no ambiente institucional, o
setor ruralista enfrenta um momento favorável, que reflete em segurança
jurídica e políticas voltadas ao setor. Isso propicia o aumento do
desmatamento", afirma.
Ele faz referência, por exemplo, ao "Novo Código Florestal, que
anistiou desmatamentos anteriores e flexibilizou restrições,
principalmente a área de reserva legal; o perdão de dívidas
previdenciárias (Funrural) - o que eleva a capacidade financeira dos
produtores potencializando a expansão das atividades e,
consequentemente, elevando o desmatamento - e mudanças na legislação
trabalhista".
Na visão do especialista, políticas públicas ligadas à questão envolvem
ações para coibir o desmatamento ao mesmo tempo em que, de outro lado, o
levam a avançar. Como exemplo do que gera a expansão das áreas
desmatadas, ele cita o crédito rural e gastos para ampliação do sistema
rodoviário que possibilitam, segundo o pesquisador, o avanço e a
penetração de atividades econômicas em áreas que não alcançavam.
"Mas o maior problema na Amazônia é em relação aos direitos de
propriedade. Pelo fato dos direitos não estarem bem definidos, há um
imenso conflito pelas terras e suas riquezas minerais e florestais,
envolvendo indígenas, ribeirinhos, madeireiros e grandes produtores
rurais", diz, acrescentando que "os dois últimos grupos detêm capital e
consequentemente poder econômico e poder político e têm grande interesse
no desmatamento".
Prates também analisa que o Planaveg, na sua concepção geral, não tem
novidades em relação ao Plano Nacional de Florestas, de 2000, por
exemplo. E aponta: "Apenas nesses 17 anos o desmatamento totalizou
452.302 quilômetros quadrados, o que representa uma área superior a todo
o território da Suécia". "Portanto, é mais um que se soma a tantos
outros planos ineficazes".