terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Reduzir açúcar, sal e gorduras não chega: há mais medidas a caminho







Hoje, Diana Ferreira, de 33 anos, opta por produtos biológicos, frescos e, se possível, locais. Não consome laticínios, evita carnes vermelhas, sal ou açúcar em excesso. E vai ao ginásio com frequência. “Hoje sei que o nosso intestino é, sem dúvida, o nosso segundo cérebro”, diz ao DN




As taxas sobre as bebidas açucaradas levaram a uma redução do consumo de açúcar calculada em 5 500 toneladas
Oferecer água, fruta e produtos hortícolas nas cerimónias organizados pelo Estado; retirar os saleiros dos restaurantes e limitar a publicidade de produtos poucos saudáveis em eventos destinados a crianças. Estas são algumas das medidas previstas na Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), publicada no final do ano, que, tal como disse ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, visa também chegar a acordo com a indústria para a reformulação de produtos como cereais, tostas, batatas fritas, bolachas e laticínios. A ideia é reduzir as quantidades de sal, açúcar e gordura trans nestes alimentos.
"Vamos com eles (indústria) discutir objetivos concretos para determinado conjunto de gamas de produtos, ao longo de vários anos. A nossa proposta é de três anos com metas anuais de redução de sal e de açúcar nos produtos que consideramos mais importantes para ver se conseguimos por esta via melhorar a qualidade da alimentação dos portugueses", afirmou Fernando Araújo em entrevista à Lusa. A ideia, prosseguiu, é "colocar objetivos de redução anuais, de modo a que estejam alinhados com as boas práticas europeias".
Contactado pelo DN, Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, explicou que estas são apenas algumas das 51 medidas que fazem parte da Estratégia publicada no final do ano e elaborada com a colaboração de sete ministérios. Um documento, frisa, que já mereceu elogios por parta da Organização Mundial de Saúde (OMS).




"Um dos objetivos é chegar a um consenso sobre os valores de redução a atingir em cada categoria de alimentos. Quando os acordos estiverem finalizados, haverá uma entidade externa que irá verificar se o que se acordou chega a bom porto", adiantou ao DN o nutricionista, acrescentando que esta medida "parte do princípio que há interesse de ambas as partes - Estado e empresas - para a mudança". No entanto, sublinhou, a "modificação terá de ser gradual, de forma a que a indústria não perca consumidores".
Os nutricionistas veem com bons olhos a intenção de reformular alguns alimentos. "Acho que o Estado está a ser sensato na tentativa de chegar a acordo com a indústria. É um diálogo que já provou ser muito útil em Inglaterra, por exemplo, onde o consumo de sal é mais baixo", afirmou Nuno Borges, da direção da Associação Portuguesa de Nutrição, destacando que, no caso do sal, a "margem de redução é brutal", pois os portugueses consomem mais do dobro do que é recomendado pela OMS.
Já Isabel do Carmo, endocrinologista, reconheceu que "chegar a acordo com indústria é sempre muito difícil", mas espera que "o Governo tenha força suficiente para impor níveis mais baixos do que os praticados atualmente". Contudo, destacou, é importante lembrar que os resultados, nomeadamente "a redução das doenças cardiovasculares, "só vão surgir a longo prazo". E as medidas só têm impacto integradas "num programa geral em que a publicidade a alimentos hipercalóricos seja condicionada, por exemplo, e os estabelecimentos de comida rápida estejam longe da escola".
Entre as medidas previstas na EIPAS, destacou Pedro Graça, está precisamente a limitação da publicidade destinada a menores de idade de produtos alimentares com excesso de sal, açúcar e gordura trans. Mas há muito mais, nomeadamente estender a todos os organismos do Estado as restrições de venda de alimentos nas máquinas automáticas, incentivar as opções pela produção biológica nas compras públicas, alargar orientações alimentares a todos os ciclos de ensino e incentivar as empresas do setor agroalimentar a reduzir o tamanho das porções dos alimentos e bebidas pré-embalados.
O diretor do PNPAS reconheceu ao DN que "algumas medidas são muito fáceis de implementar, outras demorarão mais tempo e outras não sabemos se serão concretizadas na totalidade". No entanto, frisou, "é o primeiro passo para termos uma estratégia concertada" em Portugal com vista a uma alimentação mais saudável, sendo que a educação assume também um lugar de destaque nas medidas. "Não podemos trabalhar apenas na reformulação dos produtos, se as pessoas não quiserem comprar esses produtos", sublinhou o responsável.
Menos 5.500 toneladas de açúcar

Em 2017, os portugueses consumiram menos 5 500 toneladas de açúcar, uma descida associada à medida que taxou as bebidas açucaradas. Segundo o secretário de Estado da Saúde, esta diminuição deveu-se à redução do consumo, mas também à "reformulação dos produtos". Para o nutricionista Nuno Borges, "não é [uma redução] extraordinária, mas é um passo positivo e é possível que se atinjam valores mais relevantes no futuro". O dinheiro das taxas, prossegue, "devia ser aplicado em medidas eficazes de promoção de alimentação saudável e favorecimento de alimentos saudáveis".

Amazon, nos EUA, lança a 'loja do futuro'

Loja modelo em Seattle não tem caixas nem carrinhos de supermercado; chamado de Amazon Go, estabelecimento tem câmeras para registrar quando usuário retira item de gôndola
21/01/2018 
 Por Nick Wingfield, de Seattle - The New York Times
Loja em Seattle tem 167 metros quadrados. 
A primeira pista de que há algo pouco usual a respeito da “loja do futuro” da Amazon está logo na porta de entrada. Parece que você não está entrando numa loja, mas sim em uma estação de metrô, com direito a portões e tudo mais. No lugar de um bilhete, porém, só entra na loja – chamada de Amazon Go – quem tiver instalado no seu celular o aplicativo oficial do estabelecimento.
Dentro dela, há um minimercado de 167 metros quadrados, com estantes repletas de comida que você poderia encontrar em qualquer loja de conveniência, como refrigerantes, batatas chips e catchup. Também tem alguns dos produtos que podem ser encontrados na Whole Foods, a cadeia de mercados que a Amazon comprou no ano passado.
Mas é a tecnologia presente dentro da loja – e na maior parte das vezes, fora das vistas dos consumidores – que permite uma experiência de compras como nunca antes vista. Não há caixas em nenhum lugar. Ao finalizar a compra, os consumidores simplesmente saem pelos mesmos portões que entraram, sem nem precisar sacar o cartão de crédito da carteira. Tudo o que está na sacola vai direto para a cobrança na conta do usuário na Amazon.
Na próxima segunda-feira, 22, a loja, no centro de Seattle, será aberta ao público pela primeira vez. Não há carrinhos ou cestas de mercado: uma vez que o processo de pagamento é automático, esses artefatos do século passado não são necessários. No lugar disso, basta apenas colocar as coisas na sacola que o usuário preferir.
Toda vez que um consumidor pegar um item da estante, a Amazon interpreta que o produto já está no “carrinho de compras” online da conta do cliente. Se o produto voltar à gôndola, a Amazon o retira da cestinha virtual.
O único sinal de tecnologia que torna isso possível está bem acima das estantes: são fileiras de pequenas câmeras, centenas delas espalhadas pela loja. A Amazon não explica exatamente como o sistema funciona, mas diz que envolve reconhecimento de imagem e softwares de aprendizado de máquina. Ou seja, em bom português: a tecnologia da loja consegue ver e identificar todos os itens presentes nas estantes, sem precisar adicionar um chip a cada loja de sopa ou pacote de salgadinhos.
Em 2016, os Estados Unidos tinham pelo menos 3,5 milhões de pessoas empregadas como caixas de supermercado. É bem fácil pensar que seus empregos estão em risco se a tecnologia da Amazon se espalhar pelo varejo. Por agora, a empresa diz apenas que a tecnologia muda o papel dos empregados – da mesma forma que descreve o papel da automação para seus funcionários em centros de distribuição espalhados pelos EUA.
“Colocamos nossos funcionários em diferentes tipos de tarefas que podem ser úteis à experiência dos consumidores”, diz Gianna Puerini, a executiva responsável pela loja.
Entre essas tarefas, estão a reposição de itens nas estantes e prestar auxílio a consumidores com qualquer problemas técnicos. Há um grupo dedicado a ajudar os clientes a encontrar seus produtos favoritos, bem como uma cozinha em uma porta próxima, com chefs preparando refeições à venda na loja. Como não há caixas, um empregado fica à disposição na seção de vinhos e cervejas da loja, checando as identidades dos consumidores que podem retirar bebidas alcóolicas das estantes.
A maioria das pessoas que já passaram tempo em uma fila de caixa de supermercado entendem o quanto esse processo pode ser atrapalhado, com gente furando fila ou empacando o ritmo com problemas no cartão de crédito. Na Amazon Go, por outro lado, o processo de pagamento – vá lá, não tem outro jeito de se dizer isso – se parece com roubar uma loja. É só depois de alguns minutos depois que o consumidor sai da loja e recebe um recibo eletrônico em seu email é que esse sentimento vai embora.
Repórter do NYT tenta 'furtar' pacote de refrigerante da loja da Amazon, mas acaba sendo cobrado pela empresa minutos depois
Por outro lado, tentar furtar a Amazon Go não é exatamente algo fácil. Com a permissão da loja, tentei enganar o sistema de câmeras ao esconder um pacote de latas de refrigerante, no valor de US$ 4,35, dentro da minha sacola quando ela ainda estava nas estantes. A ideia era puxar a sacola com o produto, esconder debaixo do meu braço e simplesmente sair. Recebi a cobrança em poucos minutos.
Uma pergunta, porém, paira sem resposta: aonde a Amazon vai usar essa tecnologia? A empresa não diz se vai abrir mais lojas do tipo ou se é apenas um teste localizado. Uma possibilidade intrigante é usar a tecnologia nas lojas do Whole Foods, mas Puerini diz que a Amazon não tem planos de fazer isso.
Especula-se ainda que a Amazon poderia vender o sistema para varejistas, da mesma forma que faz com serviços de nuvem para outras empresas. Por agora, é importante fazer um último aviso: sem um caixa para assustar o consumidor na hora de pagar, é fácil gastar mais do que o necessário na Amazon Go. Fique de olho na sua carteira. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Militar pesa 16 vezes mais no rombo da previdência que segurado do INSS

Buraco nas contas da Previdência chegou a R$ 268,8 bi no ano passado, em meio às discussões sobre a votação da reforma no Congresso

Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo
23 Janeiro 2018 
O rombo na Previdência atingiu a marca recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017, justamente um ano marcado por sucessivos adiamentos na votação da reforma proposta pelo governo para endurecer regras de aposentadoria e pensão no País. O déficit é 18,5% maior do que em 2016 e inclui os regimes do INSS e dos servidores da União. Os dados foram revelados ontem pelo governo e mostram que a Previdência dos servidores segue tendo um peso proporcional maior nas contas. Um beneficiário militar federal, por exemplo, custa 16 vezes mais do que um segurado do INSS.
Reforma da Previdência
Mesmo tendo um peso maior nos cofres públicos, militares estão fora da reforma da Previdência em debate Foto: Wilton Junior/Estadão
O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, contra R$ 6,25 mil no INSS. Entre os servidores civis da União, a necessidade de financiamento do rombo também é mais elevada, de R$ 66,2 mil. Os dados foram calculados com base no déficit de 2017 e no número de beneficiários de 2016, já que não há dados mais recentes sobre a quantidade de benefícios em todos os regimes.
Em termos absolutos, o déficit na Previdência aumentou R$ 41,9 bilhões no ano passado. Para o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, o resultado lança mais um alerta sobre a necessidade de aprovar a reforma. Segundo ele, sem o enfrentamento do problema, o Brasil poderá viver uma situação semelhante ao que aconteceu com a Grécia e Portugal, onde a solução acabou sendo a redução dos benefícios.
O governo ainda não tem os votos necessários para aprovar a proposta, mas Caetano demonstrou confiança na capacidade de negociação. “O governo trabalha com a aprovação da reforma em meados de fevereiro”, disse diversas vezes durante a entrevista coletiva. O secretário defendeu que a reforma é essencial para o equilíbrio das contas públicas. “Observem os números. Os déficits crescem na ordem de dezenas de bilhões por ano. Temos que enfrentar”, afirmou.
++ BASTIDORES: Vazamento do Caged indica disputa entre Planalto e técnicos do Trabalho
O avanço do déficit não é o único dado alarmante na avaliação do consultor legislativo do Senado Pedro Nery. O ritmo de crescimento da despesa previdenciária é o que mais preocupa, em sua avaliação. O aumento foi de 6,7% no ano passado, já descontada a inflação do período. “Mesmo em um ano em que praticamente não houve reajuste no benefício, ela continuou aumentando porque o crescimento vegetativo (maior número de beneficiários) é muito forte”, disse Nery.
Caetano alertou que o processo de envelhecimento populacional tende a se acelerar na próxima década, um indicativo de que a janela para o Brasil fazer mudanças nas regras previdenciárias sem cortar benefícios pode estar se fechando.
O forte crescimento do déficit previdenciário urbano reforça essa mensagem. O aumento do rombo foi de 54,7% no ano passado, para R$ 71,7 bilhões. Até 2015, essa conta era positiva, mas a avaliação do secretário é que há uma tendência estrutural de resultados negativos a partir de agora. “O envelhecimento populacional acontece em ritmo muito acelerado”, disse.
++ 'Déficit da Previdência é trágico'
O governo espera uma economia de cerca de R$ 588 bilhões nas despesas com aposentadorias e pensões em 10 anos com a aprovação da reforma da Previdência, a maior parte do impacto concentrada no longo prazo. Caso a proposta seja aprovada até março deste ano, a economia em 2018 seria de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões para as contas públicas. O secretário negou previsões de um impacto de R$ 10 bilhões neste, como fontes do Palácio do Planalto tentaram disseminar para sinalizar com espaço no Orçamento para mais gastos com emendas das parlamentares.

Sexo oral: use protetores e fuja de doenças graves

Camisinha feminina e calcinha de látex são algumas das opções mais indicadas para essa prática

Toda vez que as palavras sexo e proteção estão citadas sempre pensamos na camisinha. De fato, não há nada de errado nisso. Mas quando o assunto é um pouco mais específico, como o sexo oral, é importante que a gente saiba que existem vários outros tipos de preservativos no mercado.
A popular camisinha é o mais conhecido protetor do órgão genital masculino e, apesar de não ser tão eficiente assim para o sexo oral, é a mais usada atualmente quando o sexo oral é no homem
A popular camisinha é o mais conhecido protetor do órgão genital masculino e, apesar de não ser tão eficiente assim para o sexo oral, é a mais usada atualmente quando o sexo oral é no homem
Foto: bikeriderlondon / Shutterstock
Esses preservativos existem, pois a prática do sexo oral pode transmitir doenças como a sífilis, o HPV, o herpes genital, a gonorreia e tantas outras que, sem tratamento, podem levar a morte.
Protetores
De cara é importante que se diga que todo tipo de barreira mecânica que não seja permeável e impeça o contato direto da boca com a área afetada, seja oral, genital ou anal é um tipo de protetor que pode ser mais ou menos eficaz dependendo de alguns fatores que impeçam o máximo de troca de fluídos durante o sexo.
A popular camisinha é o mais conhecido protetor do órgão genital masculino e, apesar de não ser tão eficiente assim para o sexo oral, é a mais usada atualmente quando o sexo oral é no homem. “Com ela, toda região ao redor do pênis fica descoberta, portanto vários vírus como por exemplo o HPV podem infectar a região da virilha e testículos”, diz Kaue Campos Pavanello, cirurgiã-dentista e diretor clínico da Ome Odontologia Integrada.
Agora, quando a intenção é fazer esse tipo de sexo nas mulheres, as opções são menos famosas e pouco usadas, infelizmente. “No caso das mulheres, algumas opções também podem ser utilizados para fazer sexo oral no ânus. Uma das modalidades é a calcinha de látex, facilmente encontrada na internet. Ela consiste em uma calcinha com uma abertura na região genital e anal que é recoberta com látex. Esta calcinha também pode ser encontrada totalmente em látex”, diz Kaue.
Também existe no mercado a camisinha lingual, mas segundo o especialista, esse item não fornece a proteção devida. “A camisinha lingual não tem função protetora por que só protege a língua e não a cavidade oral como um todo. A sua principal função é o estimulo durante o sexo oral, pois apresenta textura, sabores e pode até vir com um pequeno vibrador na ponta”, diz Kaue.
A camisinha feminina é um dispositivo bem interessante para o sexo oral na mulher uma vez que apresenta uma área grande de recobrimento e limita bastante a área de contato direto entre quem recebe o sexo oral e quem faz. Ela e a masculina são os métodos mais utilizados para evitar DSTs.
“Toda barreira mecânica induz a uma perda de sensibilidade mas, assim como a camisinha convencional, usá-la é uma questão de saúde”, diz Kaue.
Preconceitos
Infelizmente o sexo oral é uma das modalidades de sexo onde menos se encontra maneiras para prevenção de doenças e o diagnóstico ainda é cheio de preconceitos.
“Quando eu me deparo com um caso de doença sexualmente transmissível em meu consultório tenho dificuldades de conseguir falar com o meu paciente. Muitas vezes quando proponho a possibilidade de ser uma DST, o paciente não volta mais ou afirma que essa opção não é válida, sentindo-se envergonhado, principalmente quando atendo mulheres. As vezes preciso de alguns dias para convencer o paciente a voltar ao consultório para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento na cavidade oral”, diz o especialista.
Para Kaue, apesar da evolução da sociedade ainda é comum encontrar muita resistência para falar de sexo no mundo, isto torna a prevenção das doenças sexuais muito mais difícil.


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

UE quer acabar com plástico não reciclável

Comissão Europeia apresenta projeto para reduzir o desperdício de embalagens a partir da reciclagem e do reuso. Proposta seria a fundação de uma nova economia do plástico.
China Importstopp für Plastikmüll (picture-alliance/dpa) Menos de 30% do plástico produzido na União Europeia é reciclado.
A Comissão Europeia, poder executivo da União Europeia (UE), apresentou nesta terça-feira (16/01) um projeto que prevê que, até 2030, todas as embalagens plásticas do bloco sejam recicláveis.
Anualmente a Europa produz 25 milhões de toneladas de plástico, mas menos de 30% desse montante é reciclado.
Outro problema são os microplásticos, que contaminam o ar, a água e as cadeias alimentares e cujas consequências para a saúde humana e dos animais ainda são desconhecidas.
"Se não mudarmos a forma com que produzimos e usamos plástico, em 2050 haverá mais plástico do que peixes no oceano", afirmou o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. "A única solução a longo prazo é reduzir o desperdício de plástico a partir da reciclagem e do reuso."
Segundo a proposta da Comissão Europeia, até 2030 todas as embalagens plásticas em circulação no mercado da UE teriam que ser recicláveis. O uso de plásticos descartáveis também seria reduzido.
Microplásticos, que são encontrados em produtos como cosméticos e roupas, seriam severamente restringidos.
Além disso, o plano também impulsionaria o financiamento e investimento na produção de plásticos recicláveis mais amigáveis ao meio ambiente e na melhoria dos processos de reciclagem.
Agora o projeto da Comissão precisa ser aprovado tanto pelos governos dos países que compõem a UE quanto pelo Parlamento Europeu.
O objetivo da Comissão Europeia é fundar as bases para uma "nova economia do plástico" que, além de ser mais sustentável, geraria inovação, crescimento de empregos e ainda faria da Europa líder mundial de uma política de transição de plásticos.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Busca pela felicidade está nos tornando infelizes, diz pianista que sobreviveu a abusos e tentativa de suicídio

Em depoimento a programa da BBC, James Rhodes opina que "a busca pela felicidade parece nobre, mas fundamentalmente falha" e que as redes sociais não estão ajudando nisso.

14 jan 2018 

A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e as redes sociais não estão ajudando.
Para pianista, a felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível" | Foto: Reprodução HARDtalk/BBC
Para pianista, a felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível" | Foto: Reprodução HARDtalk/BBC
Foto: BBCBrasil.com
A opinião é do pianista James Rhodes, que sobreviveu a anos de abuso sexual na infância seguidos de tentativas de suicídio.
"Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.
Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".
Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".
A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".
Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho.
"As selfies cuidadosamente escolhidas postadas no Instagram" e outros aspectos vistos nas redes sociais, segundo o pianista, "não estão ajudando"
"As selfies cuidadosamente escolhidas postadas no Instagram" e outros aspectos vistos nas redes sociais, segundo o pianista, "não estão ajudando"
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Redes sociais

Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente impraticável e insustentável".
"Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas postadas no Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias -inalcançável e extremamente 'photoshopada' - e o anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".
Especialistas já alertam que o uso de redes sociais pode causar ou agravar doenças mentais, como depressão.
O pianista defende que esse tipo de doença - com o qual sofre há 20 anos - seja urgentemente repensado e também classificado, enquanto expressão, como simplesmente "condição humana" e não mais como doençal mental.
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

"Sentimentos desafiadores"

Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há também o outro lado.
"Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos, aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.
Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes".
Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".
"Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contra-intuitivo e contraproducente".
Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele decidiu trilhar há alguns anos - quando resolveu contar em livro episódios de abusos sexuais e outros problemas que enfrentou ao longo da vida.
James Rhodes: Para ele, negar sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis é contraproducente | Foto: Reprodução HARDtalk/BBC
James Rhodes: Para ele, negar sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis é contraproducente | Foto: Reprodução HARDtalk/BBC
Foto: BBCBrasil.com

Abusos

Rhodes foi vítima de abusos sexuais cometidos por um professor quando tinha entre 6 e 10 anos de idade.
Ele detalhou a história 30 anos depois no livro "A Memoir of Madness, Medication and Music" , publicado em 2015 e traduzido para o português como "Instrumental: memórias de música, medicação e loucura" .
Antes, no entanto, enfrentou 14 meses de batalha judicial com a ex-mulher, que tentava impedir a publicação argumentando que o livro - que relata não apenas os abusos como também os problemas psiquiátricos que se seguiram - poderia traumatizar o filho do casal, na época com 12 anos de idade.
Entre os famosos que apoiaram o pianista na época estava o ator e amigo de infância Benedict Cumberbatch, intérprete do detetive Sherlock Holmes, na série Sherlock, da BBC, e indicado ao Oscar pelo filme "O Jogo da Imitação".
O livro de Rhodes detalha que o pianista foi estuprado repetidas vezes por seu professor de educação física e boxe em uma escola particular de elite em Londres.
A isso seguiram-se anos de uso de drogas e álcool, comportamentos autodestrutivos, tentativas de suicídio e uma temporada de internação em um hospital psiquiátrico.
Uma reviravolta em sua vida só ocorreu quando ele, que havia deixado de tocar havia dez anos, procurou um dos maiores agentes do mundo para propor uma parceria.
O pianista James Rhodes sofreu abusos e sobreviveu a tentativas de suicídio. Sua vida teria mudado a partir da música | Foto: Reprodução HARDtalk/BBC
O pianista James Rhodes sofreu abusos e sobreviveu a tentativas de suicídio. Sua vida teria mudado a partir da música | Foto: Reprodução HARDtalk/BBC
Foto: BBCBrasil.com

Salvo pela música

O agente ficou fascinado ao ouvi-lo tocar e decidiu que não se tornaria seu sócio, mas que faria com que voltasse para a música.
Rhodes voltou então a ter aulas, com um dos mais reconhecidos professores da Itália, e acabou mudando de vida. Foi salvo pelo piano.
Já conhecido no cenário musical, ele denunciou o homem que aponta como autor dos abusos, identificado como Peter Lee. À época da denúncia, o suspeito dava aulas de boxe para crianças de dez anos.
Ele tinha cerca de 70 anos quando foi preso e indiciado por abuso sexual. Morreu, no entanto, antes de ser julgado.
"Há períodos em que eu me desprezo, em que eu quero me machucar, em que eu quero morrer. E há períodos em que eu me sinto bem no mundo e todas essas coisas são naturais para mim", diz Rhodes no Viewsnight, da BBC, ao abordar a questão da busca pela felicidade. Ele sugere: "Talvez nós possamos focar em celebrar nossa bagunça individual e, ao fazer isso, nos unir de uma maneira mais honesta".

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A desigualdade na China

A China é, reconhecidamente, um dos países que mais retirou pessoas da linha de pobreza nas últimas décadas. Foram 700 milhões de pessoas desde as reformas e a abertura da década de 1970 até 2016, conforme o Escritório de Redução da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de Estado. São quase três Brasis. Mas, em paralelo, aconteceram também as diferenças entre ricos e pobres, hoje gritantes, e que se acentuaram. Segundo relatório recente do projeto World Wealth and Income Database (WID, banco de dados coordenado, entre outros, pelo economista francês Thomas Piketty), a fatia da riqueza nacional detida pelo 1% mais rico dos chineses dobrou, em 20 anos, de 15% da renda nacional, em 1995, para 30% em 2015.
Affonso Ritter.

A desigualdade na China A China é, reconhecidamente, um dos países que mais retirou pessoas da linha de pobreza nas últimas décadas. Foram 700 milhões de pessoas desde as reformas e a abertura da década de 1970 até 2016, conforme o Escritório de Redução da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de Estado. São quase três Brasis. Mas, em paralelo, aconteceram também as diferenças entre ricos e pobres, hoje gritantes, e que se acentuaram. Segundo relatório recente do projeto World Wealth and Income Database (WID, banco de dados coordenado, entre outros, pelo economista francês Thomas Piketty), a fatia da riqueza nacional detida pelo 1% mais rico dos chineses dobrou, em 20 anos, de 15% da renda nacional, em 1995, para 30% em 2015. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/01/colunas/observador/605763-a-desigualdade-na-china.html)
A desigualdade na China A China é, reconhecidamente, um dos países que mais retirou pessoas da linha de pobreza nas últimas décadas. Foram 700 milhões de pessoas desde as reformas e a abertura da década de 1970 até 2016, conforme o Escritório de Redução da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho de Estado. São quase três Brasis. Mas, em paralelo, aconteceram também as diferenças entre ricos e pobres, hoje gritantes, e que se acentuaram. Segundo relatório recente do projeto World Wealth and Income Database (WID, banco de dados coordenado, entre outros, pelo economista francês Thomas Piketty), a fatia da riqueza nacional detida pelo 1% mais rico dos chineses dobrou, em 20 anos, de 15% da renda nacional, em 1995, para 30% em 2015. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/01/colunas/observador/605763-a-desigualdade-na-china.html)

sábado, 6 de janeiro de 2018

COMPOSIÇÃO 34

PELO REINO DA FANTASIA


Fantasiei-me de Batman
Mas faltou ao homem-morcego
Uma certa dose de chamego
Uma certa dose de chamego

Fantasiei-me de Pateta
Mas estava muito magro, de dieta
E nem se lembrava mais da passagem secreta
Da passagem secreta

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)


Fantasiei-me de Salsicha
Mas estava meio estranho
Mais com jeito de linguiça
E também fora de tamanho
Fantasiei-me de Zé Colmeia
Mas logo de estreia
Parecia alguém com diarreia
Sem qualquer epopeia

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Patolino
Mas estava mais parecendo com o Virgulino
O famoso Lampião
Que liderou uma legião no sertão

Fantasiei-me de Super-homem
Mas parecia mais o Lobisomem
Mais com cara de lobo do que de homem
Do que de homem


Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Pica-pau
Mas parecia mais o ursinho Blau-blau
E na maior cara-de-pau
Cara-de-pau

Fantasiei-me de Homem-aranha
Mas fiquei com a pecha de homem que de mulher apanha
Ao dar um beijo roubado na mulher maravilha
Que tem um baita sangue que fervilha

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Drácula
Mas fiquei com a mácula
De aproveitador de pescoço de mulher
Coisa que ninguém quer

Fantasiei-me de Pirata
Mas era tão pobre
Que não tinha uma única moeda de prata
E muito menos de cobre

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de a Fera
Mas era tão feio
Que espantei toda a galera
Assim eu sacaneio!

Fantasiei-me de Capitão América
Mas parecia mais uma moleca histérica
E também disentérica
Éh, disentérica!


Fantasiei-me de Batman
Mas faltou ao homem-morcego
Uma certa dose de chamego
Uma certa dose de chamego

Fantasiei-me de Pateta
Mas estava muito magro, de dieta
E nem se lembrava mais da passagem secreta
Da passagem secreta

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Salsicha
Mas estava meio estranho
Mais com jeito de linguiça
E também fora de tamanho

Fantasiei-me de Zé Colmeia
Mas logo de estreia
Parecia alguém com diarreia
Sem qualquer epopeia

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Patolino
Mas estava mais parecendo com o Virgulino
O famoso Lampião
Que liderou uma legião no sertão

Fantasiei-me de Super-homem
Mas parecia mais o Lobisomem
Mais com cara de lobo do que de homem
Do que de homem


Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Pica-pau
Mas parecia mais o ursinho Blau-blau
E na maior cara-de-pau
Cara-de-pau

Fantasiei-me de Homem-aranha
Mas fiquei com a pecha de homem que de mulher apanha
Ao dar um beijo roubado na mulher maravilha
Que tem um baita sangue que fervilha



Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Drácula
Mas fiquei com a mácula
De aproveitador de pescoço de mulher
Coisa que ninguém quer

Fantasiei-me de Pirata
Mas era tão pobre
Que não tinha uma única moeda de prata
E muito menos de cobre

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de a Fera
Mas era tão feio
Que espantei toda a galera
Assim eu sacaneio!

Fantasiei-me de Capitão América
Mas parecia mais uma moleca histérica
E também disentérica
Éh, disentérica!

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Fantasiei-me de Mônica
Mas não tinha o gás de água tônica
De água tônica

Fantasiei-me de Cascão
Mas deixei cair o cuecão
Ah, não, que papelão!
Que chamava muito a atenção

Fantasiei-me de Cebolinha
Mas estava muito galinha
Traçava tudo o que vinha
Até vadiazinha

Enamorei-me pelo reino da fantasia
Mas apenas por um dia
Para ver como seria
Um festival de amena bizarria
(Refrão)

Mas, enfim, acho que não gostei, não
Prefiro uma realidade dura
Do que a fantasia e o alarde de uma sala escura
Repleta de ilusão
(Refrão final)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Ainda é pouco: 'Maior projeto de reflorestamento da história' recupera menos de 5% do desmatamento anual na Amazônia

Área degradada é estimada em 4 milhões de hectares, o que, segundo especialistas, supera em muito a recuperação de 30 mil hectares com plantio de 73 milhões de árvores até 2023, prevista no projeto.

5 jan 2018

Uma área de pelo menos 4 milhões de hectares, equivalente ao tamanho da Suíça ou a 4 milhões de campos de futebol, foi destruída na Amazônia nas últimas décadas e essa degradação, segundo especialistas, criou um abismo difícil de ser reduzido até mesmo parcialmente - como pretende fazer um projeto alardeado como "incrivelmente audacioso" e "o maior da história" nesse campo.
Vista aérea da Amazônia, no Brasil: Destruíção de áreas na floresta é apontada como "alarmante", mesmo com ritmo reduzido
Vista aérea da Amazônia, no Brasil: Destruíção de áreas na floresta é apontada como "alarmante", mesmo com ritmo reduzido
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
A iniciativa, anunciada na abertura do festival de música Rock in Rio, em setembro, quer recuperar 30 mil hectares e devolver 73 milhões de árvores à floresta brasileira até 2023. A previsão é de que as ações sejam intensificadas em 2018.
A perspectiva significa, na prática, recompor 4,52% do que foi desmatado somente entre agosto de 2016 e julho de 2017 (6.624 quilômetros quadrados, mais de 600 mil hectares) e resolver 0,75% do desmatamento total acumulado que atinge uma área de pelo menos 4 milhões de hectares.
"Apesar de ser sempre louvável que algo seja feito, ao invés da inação, o projeto é completamente insuficiente para compensar, minimamente, o que é destruído", diz o pesquisador senior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Antonio Donato Nobre.
Rodrigo Medeiros, da Conservation International: Articulação de parceiros é vantagem em projeto na floresta | Foto: Flavio Forner/Conservação Internacional
Rodrigo Medeiros, da Conservation International: Articulação de parceiros é vantagem em projeto na floresta | Foto: Flavio Forner/Conservação Internacional
Foto: BBCBrasil.com

"Muvuca"

O projeto prevê a utilização de uma técnica de semeadura chamada "muvuca", uma mistura de sementes espalhada na terra para tentar chegar o mais próximo possível ao comportamento da floresta.
O custo médio por hectare chega a ser 3 a 4 vezes menor do que os métodos mais tradicionais, como o plantio de mudas, diz Rodrigo Medeiros, da CI-Brasil. "Além da escala, o que torna o custo menor é o mix de técnicas que serão utilizadas, que vai desde a semeadura direta de sementes até a condução de regeneração natural", acrescenta.
Na maioria das áreas a mistura é semeada com a ajuda de máquinas. Nas menos extensas, é feita manualmente.
"Por meio dessa técnica, cada uma das espécies vai cumprindo uma função dentro do ecossistema, que vai desde ajudar a enriquecer o solo, até trazer mais diversidade, propiciar condições para que os dispersores de sementes (pássaros, insetos, répteis e mamíferos), possam entrar nessa área e o princípio básico é: tentar imitar a dinâmica da floresta. Imitar como ela faria por conta própria", descreve Junqueira, do Instituto Socioambiental.
Segundo ele, será possível ver que as sementes viraram floresta - ou caminham para isso - depois de três anos, quando as árvores estarão com um porte mais avantajado. Em 10 anos, estima, será possível identificar as espécies que predominam.

"Parte da solução"

Lançadas oficialmente à terra em novembro de 2016, as primeiras sementes da iniciativa começam a brotar na bacia do rio Xingu, onde 122,6 mil hectares de florestas foram desmatadas entre agosto de 2016 e julho de 2017.
Agora, 2 milhões de árvores estão sendo restauradas em uma área de 800 hectares.
"Hoje sabemos que no mínimo 4 milhões de hectares de florestas foram destruídos na Amazônia de maneira ilegal e desnecessária nas últimas décadas e precisam ser restaurados", diz Rodrigo Medeiros, vice-presidente da Conservation International para o Brasil (CI-Brasil), uma das entidades que conduzem o projeto. "Queremos ser parte dessa solução".
O reflorestamento é feito em parceria com o braço ambiental do Rock in Rio, o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Socioambiental e o Banco Mundial. A restauração de cada hectare envolve, em média, cerca de 2 mil pessoas, em atividades que incluem coleta e beneficiamento de sementes, preparação das áreas, semeadura e monitoramento.

Articulação

"A maioria das experiências anteriores de restauração registradas na Amazônia não alcançam 30 mil hectares, sem contar com o fato de que eram iniciativas singulares, sem a articulação que estamos promovendo agora", diz Medeiros.
Quando oficialmente anunciada, em setembro de 2017, o CEO da Conservation, M. Sanjayan, descreveu a iniciativa como "incrivelmente audaciosa".
A declaração foi propagada por diversos veículos nacionais e internacionais, e acrescentava: "Juntamente com uma aliança de parceiros, estamos realizando o maior projeto de restauração de florestas tropicais no mundo, reduzindo o custo de restauração no processo".
E a ideia, segundo o vice-presidente da Conservation no Brasil, é agregar mais parceiros e recursos para ampliar as ações.
"Temos um horizonte de 6 anos com recursos garantidos, mas não podemos esquecer que a meta assumida pelo Brasil no Acordo de Paris, com restauração, vai até 2030. Então, temos muito trabalho pela frente".
Árvore na Amazônia: Segundo especialista, "para que recuperação de florestas tenha chance de fazer frente às mudanças climáticas", passivo do desmatamento deve ser eliminado
Árvore na Amazônia: Segundo especialista, "para que recuperação de florestas tenha chance de fazer frente às mudanças climáticas", passivo do desmatamento deve ser eliminado
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Acordo

O acordo de Paris, que ele cita, é um compromisso mundial para reduzir a emissão de gases que causam mudanças no clima.
Por meio desse acordo, o Brasil quer restaurar 12 milhões de hectares de vegetação, até 2030 - número que corresponde a 60% dos 20 milhões de hectares estimados como passivo, ou tamanho do problema gerado pelo desmatamento em todo o território nacional. E isso vai além da Amazônia.
Medeiros considera que o objetivo do projeto que conduz é "grande" se comparado à escala do que foi feito anteriormente, mas admite que "pode parecer pequeno" se considerada "a escala do compromisso assumido pelo Brasil".
Embora não zere o passivo que existe, a expectativa é que os 30 mil hectares da iniciativa se somem a outros para que os 12 milhões pretendidos como parte do Acordo sejam atingidos.
A meta brasileira é chegar ao ano 2025 com emissões de gases 37% menores que em 2005 e alcançar 43% de queda em 2030.
Para isso, além de estimular o replantio e a restauração da vegetação, o governo se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética para aproximadamente 18% e a alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz.
Hoje, energia eólica, energia solar e biomassa, que integram a lista das fontes renováveis, representam uma fatia somada de 16,75% da potência instalada, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Antonio Donato Nobre, pesquisador senior do INPE, alerta para a necessidade de soluções na Amazônia | Foto: Cedida / Inpe
Antonio Donato Nobre, pesquisador senior do INPE, alerta para a necessidade de soluções na Amazônia | Foto: Cedida / Inpe
Foto: BBCBrasil.com

País teria que plantar 2 mil árvores por minuto

Mesmo que do ponto de vista do reflorestamento não seja o único caminho vislumbrado para o cumprimento desse acordo, o projeto da Conservation International é usado como base por especialistas para mostrar o longo caminho que o país tem a percorrer.
De acordo com Antonio Donato Nobre, do INPE, as 73 milhões de árvores previstas no projeto "representam apenas 25 dias de destruição pelo ritmo médio do desmatamento nos últimos 40 anos" e, se plantadas em um ano, corresponderiam a algo em torno de 13% do requerido para repor o que foi destruído no mesmo período.
O cálculo considera a perda provocada por corte raso, que é a eliminação da vegetação, normalmente para dar lugar a pastos ou plantações.
"Para plantar um número de árvores equivalente ao que foi destruído seria necessário, em um ano, plantar por volta de um bilhão de árvores ou 2 mil por minuto", estima. Pelo projeto, entretanto, seriam cerca de 14,16 milhões de árvores por ano, até 2023.
Segundo o pesquisador, "para que a recuperação de florestas na Amazônia tenha qualquer chance de fazer frente às mudanças climáticas locais e regionais - decorrentes do próprio desmatamento - é preciso que o passivo de desmatamento seja eliminado.
"A não recuperação desse passivo continuará a permitir a degradação de florestas devido à mudança climática em curso (mortalidade por secas sucessivas e degradação por fogo), e esta degradação comprometerá - e já está comprometendo - o compromisso mínimo do Brasil no acordo de Paris".
Rodolfo Coelho Prates, pesquisador: "Direitos de propriedade e outras questões influenciam degradação na Amazônia" | Foto: Cedida
Rodolfo Coelho Prates, pesquisador: "Direitos de propriedade e outras questões influenciam degradação na Amazônia" | Foto: Cedida
Foto: BBCBrasil.com

Área maior que a Paraíba estaria em risco

Em um cenário em que a marcha pró-recuperação da floresta mede forças - em posição de desvantagem - com uma escala enorme de desmatamento, a realidade descrita por pesquisadores é avaliada como "alarmante". E a tendência preocupa.
"Se houver um comportamento futuro igual ao do passado, significa que, entre 2023 e 2030 (anos considerados marcos para o projeto da Conservation International e para o Acordo de Paris), teremos um desmatamento de 65 mil a 75 mil quilômetros quadrados, uma área bastante superior a todo território da Paraíba e mais de 3 vezes o território de Sergipe", diz o doutor em economia, professor visitante do Middlebury College (EUA) e pesquisador da Universidade Federal do Paraná, com trabalhos sobre a Amazônia, Rodolfo Coelho Prates.
O cálculo toma por base uma média de desmatamento de 11 mil quilômetros quadrados por ano, ou de 1 milhão e 100 mil hectares, que ele diz ter sido alcançada nos últimos 15 anos.
Só no período de agosto de 2016 a julho de 2017, dados do INPE mostram que a taxa atingiu 6.624 quilômetros quadrados de corte raso.
O resultado indica uma diminuição de 16% em relação a 2016, quando ficou em 7.893 quilômetros quadrados, e de 76% ante a taxa registrada em 2004, quando o Governo Federal lançou o Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).
Nobre, do INPE, afirma que não há, porém, o que comemorar. "Há que se confrontar o passivo", diz, avaliando a degradação de florestas como "catastrófica".
Muvuca, como é chamada a mistura de sementes de diferentes espécies para recuperação ambiental de áreas degradadas | Foto: Rogério Assis/ISA
Muvuca, como é chamada a mistura de sementes de diferentes espécies para recuperação ambiental de áreas degradadas | Foto: Rogério Assis/ISA
Foto: BBCBrasil.com

Cabeceira dos rios

Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre estão entre os Estados onde o problema é mais crítico. Estão também entre os alvos prioritários no projeto que a Conservation International desenvolve na floresta, com parceiros.
O projeto abrange áreas nas cabeceiras e ao longo dos rios considerados essenciais para manter a regularidade hídrica na região.
O ponto de partida das ações foi a bacia do rio Xingu, onde o plantio começou em novembro de 2016 e se estendeu até 2017, na porção da bacia situada no Mato Grosso.
O plantio chegou a 1,5 milhão de árvores, com sementes colhidas e beneficiadas por índios e agricultores familiares, diz Rodrigo Junqueira, coordenador do programa Xingu - do Instituto Socioambiental (ISA) - e conselheiro da Associação Rede de Sementes do Xingu, que forneceu as sementes usadas nessa etapa do projeto.
Semente de espécie nativa da Amazônia: Diversidade é uma das características em reflorestamento que está em curso na área | Foto: Tui Anandi/ISA
Semente de espécie nativa da Amazônia: Diversidade é uma das características em reflorestamento que está em curso na área | Foto: Tui Anandi/ISA
Foto: BBCBrasil.com
Na área, foi utilizada a técnica muvuca de plantio, mais adequada às características locais.
Na lista das que foram plantadas estão, por exemplo, Abóbora, Angelim da Mata, Angico Cuiabano, Jatobá, Ipê Amarelo, Ipê Roxo, Baru, Carvoeiro, Caroba da Mata, Mirindiba, Murici, Guadu, Banana Brava, Oi da Mata, Feijão de Porco e Urucum.
Área em restauração no Mato Grosso: especialistas reconhecem importância de projetos, mas apontam que força do desmatamento é maior | Foto: Eduardo Malta Campos Filho/ISA
Área em restauração no Mato Grosso: especialistas reconhecem importância de projetos, mas apontam que força do desmatamento é maior | Foto: Eduardo Malta Campos Filho/ISA
Foto: BBCBrasil.com

Reflorestamento demandará US$ 10 milhões

Para chegar à área pretendida de 30 mil hectares, o projeto demandará um investimento total de US$ 10 milhões, equivalente a R$ 33 milhões. O custo médio por hectare gira em torno de US$ 3 mil (R$ 9,93 mil).
O custo do primeiro milhão de árvores foi bancado pelo Rock in Rio, com recursos próprios e angariados junto ao público. O segundo milhão será pago pela CI e os demais pelo projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, iniciativa financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado no Brasil pelo Banco Mundial tendo a CI e o Funbio como executores.
Em 2018, diz Medeiros, serão selecionadas as áreas e organizações que irão trabalhar na restauração dos próximos 28 mil hectares. A escolha será feita nos Estados do Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. A expectativa é que os trabalhos em campo comecem no segundo semestre.
"Esse é de fato o início do processo de destravamento dessa agenda no Brasil e esperamos que, dentro dos próximos anos, a área em restauração cresça exponencialmente com várias iniciativas como essa", ressalta o executivo.
Coleta de frutos em área na Amazônia: Sementes para projeto de reflorestamento são colhidas e beneficiadas por índios e agricultores familiares | Foto: Tui Anandi/ISA
Coleta de frutos em área na Amazônia: Sementes para projeto de reflorestamento são colhidas e beneficiadas por índios e agricultores familiares | Foto: Tui Anandi/ISA
Foto: BBCBrasil.com

"Divisor de águas"

Para o governo federal, políticas lançadas em 2017 são "um divisor de águas" do ponto de vista da restauração da vegetação e ações como o projeto da Conservation International não são inexpressivas. Mas há desafios.
Segundo o diretor do Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Jair Schimitt, a lista inclui fortalecer a cultura de recuperação no país, viabilizar fontes de financiamento e criar - além de dar musculatura - a uma cadeia produtiva, com produção de mudas, coleta de sementes e aperfeiçoamento das técnicas usadas, por meio de pesquisa e desenvolvimento.
Iniciativas nesse sentido são previstas no Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em novembro de 2017 como principal instrumento de implementação da Política Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg), instituída em janeiro.
Tais políticas, diz Schimitt, dão diretrizes e estímulos para que mais ações aconteçam.
"Agora que temos instrumentos políticos robustos queremos induzir a disponibilidade financeira (para projetos na área)", exemplifica o diretor.
Com base em estimativas da academia, ele afirma que seriam necessários R$ 50 bilhões ou mais para recuperar os 12 milhões de hectares previstos no Acordo de Paris. "Mas não quer dizer que o governo tenha que aportar esse recurso. Grande parte desse desmatamento é ilegal e é dever de quem fez isso recuperar o que foi destruído."
Jair Schimitt, do Minsitério do Meio Ambiente: Políticas lançadas em 2017 devem estimular recuperação de florestas | Foto: Gilberto Soares/MMA
Jair Schimitt, do Minsitério do Meio Ambiente: Políticas lançadas em 2017 devem estimular recuperação de florestas | Foto: Gilberto Soares/MMA
Foto: BBCBrasil.com
Schimitt estima que os projetos de recuperação no Brasil somem, atualmente, 70 mil hectares. Mas afirma que a lista deverá crescer.
Por meio do "Paisagens Sustentáveis", por exemplo, a pretensão é recuperar 28 mil hectares nos próximos seis anos, o que deverá demandar um aporte de US$ 60 milhões (R$ 198 milhões) junto ao GEF, principal fundo de financiamento ambiental no mundo.
Também foi lançada uma chamada pública da ordem de R$ 200 milhões para recuperação da vegetação na Amazônia. "Espera-se (com isso) de 15 mil a 20 mil hectares ou mais sendo financiados", diz, ressaltando que, "na história do país, recuperar a vegetação nunca esteve em uma agenda prioritária", mas que "o assunto começou a se tornar importante" ao ser posto como compromisso dentro do Acordo de Paris e ao ser objeto de novas políticas.
"Essa iniciativa da Conservation International, se olharmos outras que estão em execução, é bastante robusta, porque promover a recuperação da vegetação nativa não é algo simples e fácil, que vai acontecer da noite para o dia", diz Schimitt. "Então, a exemplo dessa iniciativa, o que a gente quer é fomentar outras dessa natureza ou ainda maiores para que, gradativamente, possamos atingir os resultados almejados".
Árvore derrubada na Amazônia: Desmatamento ameaça o clima e também traz outros riscos, segundo especialistas
Árvore derrubada na Amazônia: Desmatamento ameaça o clima e também traz outros riscos, segundo especialistas
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Por que preservar e reflorestar importa?

Pós-doutor em Ecologia e Gestão da Biodiversidade, Rodrigo Medeiros, da Conservation International, explica que manter a floresta em pé traz benefícios como a regulação do clima do planeta e do ciclo hidrológico - o movimento contínuo da água dos oceanos, continentes (superfície, solo e rocha) e na atmosfera.
"Cada hectare de floresta restaurada funciona como uma espécie de bomba dupla que ao mesmo tempo absorve carbono da atmosfera, reduzindo os efeitos das mudanças climáticas, enquanto bombeia para a atmosfera milhares de litros de água, sob a forma de vapor, essencial para a manutenção do regime hidrológico do continente", explica.
A retirada de árvores contribui para tornar o clima "inóspito", segundo os especialistas, e pode transformar grandes extensões territoriais do Brasil em desertos.
"Devemos lembrar que aproximadamente 60% das chuvas que caem sobre o Sudeste, Sul e Centro Oeste são provenientes da Amazônia. E sem floresta a chuva não alcança tais regiões", diz o pesquisador Rodolfo Coelho Prates.

Zerar

Mas mais importante do que recuperar a vegetação é zerar o desmatamento, reforça o pesquisador. Mas ele opina que o ambiente atual não conspira a favor disso.
"Atualmente, é possível observar que, no ambiente institucional, o setor ruralista enfrenta um momento favorável, que reflete em segurança jurídica e políticas voltadas ao setor. Isso propicia o aumento do desmatamento", afirma.
Ele faz referência, por exemplo, ao "Novo Código Florestal, que anistiou desmatamentos anteriores e flexibilizou restrições, principalmente a área de reserva legal; o perdão de dívidas previdenciárias (Funrural) - o que eleva a capacidade financeira dos produtores potencializando a expansão das atividades e, consequentemente, elevando o desmatamento - e mudanças na legislação trabalhista".
Na visão do especialista, políticas públicas ligadas à questão envolvem ações para coibir o desmatamento ao mesmo tempo em que, de outro lado, o levam a avançar. Como exemplo do que gera a expansão das áreas desmatadas, ele cita o crédito rural e gastos para ampliação do sistema rodoviário que possibilitam, segundo o pesquisador, o avanço e a penetração de atividades econômicas em áreas que não alcançavam.
"Mas o maior problema na Amazônia é em relação aos direitos de propriedade. Pelo fato dos direitos não estarem bem definidos, há um imenso conflito pelas terras e suas riquezas minerais e florestais, envolvendo indígenas, ribeirinhos, madeireiros e grandes produtores rurais", diz, acrescentando que "os dois últimos grupos detêm capital e consequentemente poder econômico e poder político e têm grande interesse no desmatamento".
Prates também analisa que o Planaveg, na sua concepção geral, não tem novidades em relação ao Plano Nacional de Florestas, de 2000, por exemplo. E aponta: "Apenas nesses 17 anos o desmatamento totalizou 452.302 quilômetros quadrados, o que representa uma área superior a todo o território da Suécia". "Portanto, é mais um que se soma a tantos outros planos ineficazes".