terça-feira, 4 de outubro de 2016

Tratamento para câncer de próstata nem sempre é necessário, aponta pesquisa médica

Vigilância ativa
Apenas ficar de olho nos exames de acompanhamento do câncer de próstata resulta na mesma taxa de sobrevivência que tratar o câncer.
Esta é a conclusão de pesquisadores das universidades de Oxford e Bristol (Reino Unido), que alertam que muitos homens estão passando por procedimentos desnecessários que resultam em danos sérios à saúde e à qualidade de vida, como prejuízos à sua vida sexual e incontinência urinária.
A conclusão veio depois que eles acompanharam, durante 10 anos, 1.643 homens diagnosticados com pequenos cânceres de próstata. Os resultados mostraram a mesma taxa de sobrevivência de 99% após uma década entre aqueles que se submeteram a cirurgia e radioterapia e aqueles que simplesmente acompanharam o tumor por meio de exames de PSA.
Reconfortante
Os especialistas afirmam que os resultados são "extremamente reconfortantes" para os homens.
"É um problema global que os pacientes estejam sendo sobretratados," explica o Dr. Freddie Hamdy, coordenador do estudo. "É compreensível, se homens de 55 anos de idade recebem um diagnóstico de câncer, e eles têm uma família, podem não querer correr riscos."
O problema é que essa ansiedade pelo tratamento, para o caso dos pacientes sem tumores agressivos, gera prejuízos na forma de efeitos colaterais, sem praticamente trazer benefícios, diz o especialista.
Além dos 10 anos
As taxas de sobrevivência foram as mesmas entre o grupo do acompanhamento e do tratamento, mas o grupo do tratamento apresentou o dobro do risco de apresentar incontinência e problemas de impotência sexual, que ocorreram principalmente naqueles que passaram por uma cirurgia. A radioterapia aumentou o risco de problemas intestinais.
Mas há um preço para a opção da chamada vigilância ativa - o câncer da próstata progrediu em um em cada cinco casos (20%) do grupo de acompanhamento. Estes homens puderam ainda ser tratados, e não tiveram redução na expectativa de vida durante os 10 anos do estudo - mas a equipe afirma que sua sobrevivência poderá ser afetada a longo prazo, sendo necessários estudos de acompanhamento mais longos para aferir essa possibilidade.
"Esta foi a primeira vez que tratamentos de radioterapia, cirurgia e vigilância ativa foram comparados diretamente para o câncer de próstata. Cada tratamento tem diferentes impactos e efeitos, e precisamos seguimentos mais longos para ver como isso se equilibra além dos 10 anos," explicou o Dr. Jenny Donovan, coautor do trabalho.
Os resultados, publicados no New England Journal of Medicine, aplicam-se apenas aos tumores em estágio inicial - aqueles descobertos em um estágio mais avançado devem ser tratados prontamente, dizem os pesquisadores.

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