segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Propriedade compartilhada: uma idéia inteligente que veio para ficar

Imóvel compartilhado já é oferecido no Brasil

Sabe dizer como funciona uma ¿propriedade compartilhada¿? Se o método é prático e viável financeiramente? E se está disponível para o setor imobiliário no Brasil? Se a resposta é não, fique tranquilo porque a expressão ainda é mais conhecida na aviação executiva, setor onde mais de 70% de todas as aeronaves produzidas no planeta são direcionadas para vendas dentro desse conceito.

Mesmo assim, vale ficar atento, porque o sucesso do sistema de compra de frações de helicópteros e aviões particulares fez com que o sistema fosse rapidamente visto como um método prático e financeiramente viável para também ser aplicado na adquisição de imóveis de luxo. 

¿A expectativa é de que este tipo de negócio cresça em torno de 30% ao ano nos próximos dez anos, principalmente em países da América Latina¿, comenta o advogado Marcelo Ruiz dos Santos, especialista em direito imobiliário. 

Ele explica que, em termos jurídicos, o sistema corresponde à co-propriedade de um bem. Um grupo, por exemplo, adquire cotas de um bem ou imóvel e, como cotista, recebe um certificado de direito de uso. 

¿Atualmente muitos preferem esse sistema por ter como objetivo passar somente determinado período de tempo no imóvel e, portanto, não faria sentido adquirir a propriedade por inteiro e arcar com os demais custos associados¿, diz Santos.


Opções

Apesar do grande potencial de crescimento, o sistema de propriedade fracionada começou a chegar há pouco tempo no Brasil e, por isso, ainda são poucas as opções. Uma delas é o Aguativa Privilège, resultado da parceria entre o Consórcio União e o Aguativa Golf Resort. O empreendimento está em fase final de construção. Localizado em Cornélio Procópio, Paraná, deve ser lançado a partir do dia 30 deste mês.

Formado por dez casas, o Privilège tem cada uma das unidades dividida em dez frações. 

¿Cada dono terá sua escritura do imóvel e poderá dispor dele como quiser: vender, doar, ceder, permutar, alienar ou transmitir para herdeiro¿, ressalta Rodolfo Montosa, do Consórcio União.

O diretor do Centro Universitário de Maringá, Willian Victor Matos Silva, é um dos que já compraram uma cota no Privilège e diz que a propriedade compartilhada é uma tendência de mercado e uma boa oportunidade para unir lazer e investimento.

¿Além de usufruir da infraestrutura do resort (já existente) para o lazer, posso ganhar com a valorização do imóvel e, ainda, pretendo alugar metade das cinco semanas que tenho direito de uso por ano, em períodos alternados, para pagar parte dos custos¿, diz. 

Em relação ao relacionamento com os co-proprietários, ele diz que não há problemas porque o resort administra de forma justa a escolha das datas de utilização. 

¿Também há regulamento e controle, não preciso me preocupar com manutenção, mobília e roupa de casa¿, acrescenta.

Segundo o advogado, outra vantagem do sistema é a possibilidade de trocar de destino. 

¿A maioria dos empreendimentos do gênero faz parte de programas que tornam possível usar diversas residências e destinos no mundo todo¿, afirma. No caso do Aguativa Privilège foi feita uma parceria com a The Registry Collection, do Group RCI, líder global em intercâmbio de férias. Com essa parceria, o proprietário pode escolher um dos mais de 130 empreendimentos afiliados no mundo inteiro, todos com serviços hoteleiros de alto padrão de qualidade.


Luxo compartilhado

Modelo de propriedade fracionada chega ao Brasil como opção para quem deseja desfrutar de mansões, aeronaves e iates sem pagar a conta sozinho

Paula Rocha
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ACESSÍVEIS
Walterson Carvajal Jr. com alguns bens gerenciados por sua empresa
O conceito de propriedades fracionadas começa a ganhar força no Brasil. O sistema, que existe nos Estados Unidos há mais de 20 anos, é um pouco diferente do time share, ou uso compartilhado de bens, que já está disponível no País há pelo menos uma década. Nesse modelo, sócios dividem bens de luxo, como carros, barcos e aeronaves, enquanto durar o contrato, que geralmente leva de um a seis anos. Na nova modalidade de negócio, imóveis, iates, carros e jatos podem ser adquiridos por até um décimo do preço original, desde que repartidos entre vários proprietários. Cada comprador é dono de uma cota do bem total e tem direito a usufruir de sua propriedade durante determinado período do mês ou do ano, como num rodízio. A maior vantagem é tornar acessíveis à classe média alta confortos como um vôo de helicóptero, uma casa na paradisíaca praia de Itacaré, na Bahia, ou passeios nos desejados modelos de máquinas da Ferrari, Maserati, Bugatti e Bentley.
Desde 2010 pelo menos cinco empresas decidiram investir nesse filão aqui no Brasil. O fortalecimento da economia brasileira e o sucesso dessa modalidade de propriedade compartilhada na Europa e no Oriente Médio foram os motivos que fizeram a empresa Prime Fraction Club entrar nesse ramo. No início de 2011, a companhia começou a oferecer o gerenciamento de quatro categorias de bens: jatos, helicópteros, barcos e carros. “A propriedade fracionada é uma opção de investimento para aqueles que têm muito patrimônio, mas poucas oportunidades de desfrutá-lo”, diz Walterson Carvajal Jr., um dos cinco sócios. Pensando na demanda de executivos que desejam ter um barco de passeio, mas contam com pouco tempo para navegar, a família Schürmann, conhecida por suas expedições marítimas, também criou um modelo de compra compartilhada de veleiros. “O brasileiro ainda é muito apegado à propriedade particular, mas creio que esse estilo de negócio tem todas as chances de se fortalecer no País a longo prazo”, afirma David Schürmann, sócio-diretor da Schürmann Yatchs.
A mesma opinião tem Alejandro Moreno, diretor da RCI, empresa de intercâmbio de viagens que disponibiliza casas compartilhadas em destinos paradisíacos, com até 12 proprietários. “Aos poucos as vantagens do sistema de frações vão superar o receio inicial dos consumidores”, diz Moreno. O advogado Ivo Galli, 62 anos, é um dos que já desfrutam das conveniências da propriedade fracionada. Ele comprou uma parte de uma mansão no condomínio Itacaré Paradise, na Bahia, por R$ 183 mil. Gostou tanto que adquiriu mais uma fração do imóvel. “Tenho todo o conforto de uma casa particular, mas com serviço de hotel cinco-estrelas”, diz Galli. “E, além da comodidade, fico tranquilo por saber que meu dinheiro não está parado num único bem.”
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MORDOMIA
Ivo Galli e família relaxam em casa compartilhada em condomínio de luxo na Bahia
Para quem não tem interesse em adquirir um barco, carro, aeronave ou casa de luxo, mas mesmo assim deseja desfrutar desses benefícios, o sistema de time share continua sendo a melhor opção. A companhia Sky Club iniciou suas atividades oferecendo o aluguel partilhado de helicópteros na cidade de São Paulo a custos mais baixos do que a locação tradicional. Um voo entre o aeroporto de Guarulhos e um centro financeiro na avenida Jus­celino Kubitschek, por exemplo, custa em média R$ 1.380. Já o sócio do Sky Club paga menos de um quarto disso, cerca de R$ 272, di­vidindo a aeronave com mais três pessoas. Para comparação, uma corrida de táxi no mesmo trajeto não sai por menos de R$ 112. O corte no preço, aliado ao benefício de poder usar o bem sempre que quiser, atraiu o engenheiro Waldemir Lucentini, 63 anos. “Antes eu gastava muito mais e perdia oportunidades, pois tinha de adequar minha agenda ao horário dos voos”, diz Lucentini. “Agora utilizo o helicóptero quando realmente preciso e não me importo nem um pouco de dividi-lo com outros sócios.”
Focada no sistema de uso compartilhado, a empresa Four Private Group, como o nome já indica, possibilita que quatro clientes, conhecidos ou não, dividam o direito de utilização de artigos durante dois anos, no caso dos carros, e seis anos, no caso dos bar­cos e aviões. Na modalidade automotiva, as cotas começam em R$ 289 mil e garantem aos participantes o uso de uma Ferrari F430 Spider, uma Mercedes SL63 IWC, um Corvette Gran Sport e um Mini Cooper Cabrio, revezados a cada semana (leia quadro). “Nossos clientes desfrutam da mesma liberdade que teriam se o ativo fosse deles, aliada ao benefício de não se preocuparem com a desvalorização”, diz Ricardo Jardim, CEO da Four Private. Um alívio para aqueles que possuem muito capital, mas não desejam arcar com os custos (nem as dores de cabeça) de manter esses bens.
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Fonte: Istoe

Propriedades compartilhadas ganham adeptos no país


O conceito de propriedade compartilhada foi originalmente concebido para compra de frações em aeronaves particulares, mas rapidamente foi visto como um método prático e financeiramente viável para adquirir um imóvel de luxo.
Comum nos Estados Unidos, Caribe e Europa, as vendas de frações estão ganhando adeptos no Brasil e uma série de atividades relacionadas a programas de propriedades compartilhadas nos últimos meses, já que o declínio imobiliário global tem forçado as incorporadoras a procurar novas formas de alavancar suas vendas.
Este é o segmento do mercado imobiliário que mais cresce no mundo atualmente e é representado por residências de luxo para lazer, incorporadas a um hotel de alto padrão e que são vendidas na forma de frações para grupos de 8 a 12 famílias, de modo que cada uma pagará apenas o período de semanas que usarão a mesma. As mais procuradas estão em destinos de férias e lazer e que tenham atrativos locais e ainda possuam estrutura de restaurantes, piscinas, campos de golfe, marina, hípica e spa.
A propriedade compartilhada oferece uma fração da propriedade, incluindo de lucro ou perda se a unidade for algum dia vendida. Os donos de propriedades compartilhadas também se beneficiam com a divisão dos custos de manutenção e impostos. A principal vantagem deste tipo de empreendimento fracionado é a flexibilização do uso e a possibilidade de trocar de destino, pois a maioria faz parte de programas onde é possível intercambiar semanas com diversas residências de luxo e destinos no mundo todo.
No ano passado, 250 empreendimentos deste tipo já estavam em operação nos Estados Unidos fazendo milhares de dólares em vendas. Segundo especialistas do mercado imobiliário, estima-se que este tipo de negócio cresça em torno de 30% ao ano nos próximos 10 anos, principalmente em países da America Latina. Atualmente existem no Caribe, 35 projetos em andamento e o Brasil tem pelo menos três — o mais adiantado encontra-se na cidade de Itacaré, no litoral sul da Bahia: a mesma casa será vendida 12 vezes, ou seja, as oito casas que formam o empreendimento serão vendidas a 96 diferentes proprietários.
Em termos jurídicos a propriedade compartilhada é a co-propriedade de um bem, normalmente um número de cotistas adquirem cotas de uma empresa e esta por sua vez adquire o bem ou imóvel e o cotista recebe um certificado de seu direito de uso. Cada cotista possui um número igual de semanas no ano para uso do imóvel. Por exemplo, o proprietário terá o direito de usar o imóvel até quatro semanas por ano, mediante reserva. O direito de uso nas épocas de maior procura, como feriados e alta temporada, chamadas de semanas premium, é definido no momento da compra, conforme uma tabela pré-estabelecida, e entra em um sistema de rodízio: quem reserva a semana premium de Natal deste ano, por exemplo, no próximo ano usará a semana premium do Ano Novo, no ano seguinte a da Páscoa e assim por diante.
Ainda, existem estruturas onde o imóvel é adquirido diretamente em nome dos co-proprietários e estes passam a integrar a escritura em conjunto. Em ambos os casos, é um ativo que pode ser revendido a qualquer momento.
O investidor pode vender suas cotas diretamente para terceiros e sem maiores limitações. Entretanto, algumas empresas podem convencionar que o investidor notifique os demais co-proprietários para que possam exercer uma espécie de direito de preferência na compra da cota ou ainda que não será permitida a venda dentro de determinado período de carência, por exemplo no primeiro ou segundo ano.
A gestão e manutenção é efetuada por terceiros ou pela própria empresa que cobrará dos proprietários uma taxa mensal. Existem algumas regras do condomínio que os cotistas devem aderir e ainda existe a possibilidade dos proprietários alugarem ou permitirem amigos ou familiares usarem seu período, mas ficam responsáveis por qualquer dano no imóvel.
Outra vantagem da propriedade compartilhada é que o condomínio tem todos os serviços de um hotel cinco estrelas, ou seja, o futuro morador não terá que se preocupar com a manutenção da casa, que será feita por uma equipe especializada, e tampouco com os serviços diários, como lavar louças, limpar a casa e arrumar as camas, que serão feitos pelas camareiras. As casas são entregues totalmente mobiliadas, decoradas e equipadas com eletrodomésticos, eletroeletrônicos, louças, roupas de cama, mesa e banho de alto padrão e tudo o mais necessário para uma hospedagem de luxo e em alguns casos existe a troca de todo mobiliário a cada período de cinco anos.
Os proprietários geralmente não se conhecem, mas reuniões anuais são realizadas para aprovação das contas e socialização. Ainda, a empresa disponibiliza um website exclusivo, onde os proprietários e gestores do condomínio podem se corresponder e interagir.
Como este tipo de negócio imobiliário ainda é recente no país, ainda não existe linhas de financiamento imobiliário para os compradores em bancos comerciais, entretanto existem instituições financeiras especializadas que estão considerando o crédito imobiliário, incluindo o projeto de construção. Em mercados mais maduros este tipo de financiamento está disponível em escala comercial.
Em tempo, os próximos empreendimentos deste tipo no país serão um residencial que um grupo português está construindo junto ao seu resort em Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco e um condomínio junto ao resort Aguativa Golf Resort, em Cornélio Procópio, região norte do Paraná.

OBSERVAÇÃO Á PARTE: Resta esclarecer que a propriedade compartilhada não beneficia ou melhora em nada a vida dos pobres mas, sim, a da classe média (principalmente a alta) e os ricos - que lucram quando não estão usando seus bens de luxo. Portanto, estes últimos são os grandes beneficiários de tal propriedade (compartilhada).

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